Súplica XXXVII (37)

Sua Súplica na confissão da incapacidade de alcançar o agradecimento.

01 – Ó Deus, certamente, ninguém pode alcançar o fim de Teu agrade- cimento sem adquirir de Tua beneficência e requerer de Ti outro agradeci- mento, e ninguém chega ao elevado grau de Tua obediência, ainda que se esforce bravamente, sem ser negligente a respeito do que Tu mereces por Tua virtude e favor.

Então, o mais agradecido de Teus servos é incapaz de agradecer-Te, e o mais devoto deles é negligente a respeito de obedecer-Te.

02 – Ninguém é digno ao ser perdoado por Ti pelo que ele merece, bem como também não é comprazido por Ti pelo que ele pratique, quem ficou perdoado é por Tua bondade e Tua graça, e quem ficou comprazido é por Tua virtude e Teu favor.

Tu dás uma abundante recompensa por uma obra escassa, aceitas e remuneras amplamente por um pouco de obediência, ao ponto que pare- cesse que o agradecimento de Teus servos – pelo qual fizeste obrigatória a remuneração e o agradecimento de suas recompensas – é um assunto cujo impedimento está sob o poder deles e não em Teu poder? e por isso os recompensaste amplamente; ou como se sua causa não estivesse em Teu poder e por isso os remuneraste pelo pouco que agradeceram?

Não é assim! Senão que pelo contrário, Tu, ó meu Deus, é o Soberano de seus assuntos antes que eles fossem possuidores de Tua devoção, e Tu lhes preparaste suas recompensas antes de iniciarem a Tua obediência.

Isto é assim porque Tua conduta é a bondade, Teu costume é a benfeitoria e Teu habito é o perdão.

03 – Pois, toda a humanidade reconhece que Tu não tratas injustamente a quem castigas, e ela atesta que foste Abundante Generoso com quem favoreceste em bem-estar.

Todos confessam contra si mesmo ao ser negligentes com aquilo do que Tu merece.

Se o demônio não lhes enganasse a respeito de obedecer-Te, ninguém Te desobedeceria, e se ele não enfeitasse a falsidade, configurando-a como verdade ante seus olhos, ninguém se descaminharia de Teu caminho.

04 – Então, Glorificado sejas! É claro e evidente a nobreza de Teu comportamento com quem tem Te obedece ou desobedece, recompensando ao obediente com o que Tu mesmo preparaste para ele, e concedendo ao desobediente um prazo em seu castigo, cuja execução está em Tuas mãos. A cada um deles concedeste algo que não merece e o favoreceste com algo maior do que podem atingir suas obras.

Se recompensásseis ao obediente pelo o que lhe encarregásseis, sem dúvida, perderia a Tua recompensa, e desapareceria dele a Tua graça.

Mas Tu! pela Tua generosidade o recompensas pelo curto e efêmero tempo (da vida terrena), com um longo e permanente tempo (da vida derradeira), e o recompensas pelo um objetivo próximo e (inacabado) perecível pelo outro destino eterno e constante.

05 – Ademais, não lhe cobraste a compensação pelo que consumiu de Teu sustento, que o fortalece em obedecer-Te.

Nem foste exigente com o uso dos recursos físicos que ele tem estabelecido como meios para chegar ao Teu perdão.

Se Tu tivesses comportado assim com ele, tudo o que tivesse obtido e o resultado de seus esforços desapareceriam frente as mais pequenas de Tuas graças e dádivas.

E em consequência, ele mesmo resultaria preso e cobrado perante Ti, pelas Suas graças. Por isso, quando seria digno de algo de Tua recompensa? Nunca! Nunca!

06 – Ó Meu Deus, este é o estado de quem Te obedece e o destino de quem se esforça em Tua devoção.

Quanto a quem desobedece Tua ordem e comete o que proibiste, Tu não Te apresses em Tua raiva para que ele substitua o estado da desobediência pelo o estado de Tua obediência. Na realidade, ele, no primeiro momento em que se propôs à desobedecer a Ti, fez-se merecedor de todos os castigos que preparaste para todos os desobedientes entre Tuas criaturas.

Em consequência, todo os castigos que lhe tenhas atrasado e quanto Te tenhas afastado dele de Teu tormento e Tua ira, é uma tolerância em relação a Teu direito, e a Tua complacência com menos do que Tu mereces.

Pois, quem é mais nobre do que Tu, ó meu Deus? E quem é mais desafortunado do que aquele que resulta indigno por Tua oposição?

Não, ninguém!

07 – Glorificado Sejas, Tu não mereces ser descrito, senão com a benfeitoria. E também Tu sejas Glorificado ao ser temido por algo, e apenas por Tua justiça.

Não se deve temer que Tu trates injustamente quem Te desobedeceu, nem que sejas negligente a respeito da recompensa a quem age para comprazer-Te.

08 – Então, abençoe a Mohammad e a sua família, e concede-me minha esperança, e aumenta para mim de Tua orientação, através da qual possa atingir o bom êxito em minha ação. Certamente, Tu és O Munifico Generoso.

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