Os Méritos da Ziarah – A Visita aos Túmulos dos Ahlul Bait (A.S.)

Por: Ahmed Ismail

Em Nome de Allah, O Clemente, O Misericordioso

Diz Allah, Exaltado Seja, no Alcorão:

“… Dize (Ó Mohammad): Não vos peço recompensa alguma por isso, exceto o amor por meus parentes próximos”. (42 – 23)

A visita aos túmulos do Santo Profeta (S.A.A.S.) e dos Ahlul Bait (A.S.) é uma das práticas tradicionais firmemente estabelecidas no coração dos fiéis. Muito embora não seja um ato devocional de caráter obrigatório, há uma vasta e confiável quantidade de tradições bem fundamentadas que a destacam como um ato meritório e amado por Allah e por seu Profeta (S.A.A.S.).

De fato, dentre os seus objetivos, destaca-se a busca da proximidade de Allah por meio de manter viva a memória, o amor e a gratidão por aqueles a quem Allah ordenou o amor incondicional. Há um forte caráter de busca de unidade e fortalecimento dos laços de comunidade e irmandade nessa prática, os quais despertam nos fiéis a lembrança dos benefícios de Allah, que chegaram ao mundo por meio de seu Mensageiro (S.A.A.S.) e de seus Imames (A.S.). De igual importância é o caráter de consciência política, que lembra aos fiéis o compromisso de luta pela justiça e pela verdade que nos liga a Mensagem de Nosso Profeta (S.A.A.S.) e a Divina liderança de nossos Imames (A.S.).

Com a visitação, todo fiel demonstra o laço eterno de gratidão àqueles que nos deixaram os seus magníficos exemplos de Amor a Allah, seus sacrifícios em defesa da verdade e da honra do Islam e sua inesgotável fonte de ensinamentos.

No decorrer de suas vidas, todos os Imames purificados (A.S.) reafirmaram o mérito da visitação aos túmulos dos Ahlul Bait (A.S.) não deixando qualquer dúvida sobre isso. Imam Ar rida (A.S.) disse sobre essa questão: “Em verdade, há para todos os imames um pacto, que pende no pescoço de seus mais próximos e seguidores; certamente a visita correta a seus mausoléus é uma maneira de cumprir fielmente o pacto. Assim, se uma pessoa os visita, tendo a intenção de realizá-la; crendo em tal ação, para esta pessoa, serão os imames intercessores no Dia da Ressurreição”.

A essência desse princípio de “realizar a visita de um modo correto” é ter plena consciência de que os atos devocionais pertencem somente a Allah e que se realizam apenas para seu aprazimento, tal como uma oração tradicional para essas ocasiões demonstra: “Ó Allah, orei para ti, me inclinei diante de ti, me prostrei diante de ti; só tú não tens nada que se possa comparar, por isso não foi a oração, nem a inclinação, nem a prostração, senão para ti. Porque tu és Allah, não há nenhum Deus senão tu. Ó Allah, abençoa Mohammad e a família de Mohammad, aceita de mim esta visita e concede-me o que te peço, (em virtude do teu amor) a Mohammad e a sua Família purificada”.

Seria absolutamente sem sentido que o Mensageiro de Allah (S.A.A.S.) e os membros de sua família (A.S.), os quais Allah, Exaltado Seja, purificou de toda mácula e que deram seu sangue pela causa do Islam, fossem capazes de ensinar ao povo algo que não se conformasse ao Monoteísmo. Portanto, eles próprios praticaram a Zi’arah e sempre ressaltaram a essência dessa prática tal como foi explicado acima.

As Origens e as Razões das Objeções a Zia’rah

Desde a ascensão ao califado do clã Muwayyda, os ferrenhos inimigos dos Ahlul Bait (A.S.) se empenharam de todas as formas para suprimir da comunidade muçulmana as manifestações de amor e respeito aos familiares do Profeta (S.A.A.S.). A memória de Ali “o Emir dos crentes” (A.S.) foi por décadas combatida por ordem de Muwayah nos púlpitos das mesquitas. Sucessivas ondas de perseguição foram perpetradas contra os xiitas e a vergonhosa mancha de Karbala permanece indelével na história islâmica como uma prova mais do que irrefutável disso. A ascensão do clã Abássida não mudou essa situação de opressão e século após século as tentativas de afastar o povo da memória e do amor a Família do Profeta perduraram. Naturalmente, a tradição da Zia’rah aos túmulos sagrados significava algo muito incômodo para os tiranos e opressores que se sucediam no poder.

Outro elemento viria se agregar a essa insidiosa tentativa: o surgimento da seita herética Wahhabita. Seu fundador Mohammad Ibn Abd Al Wahhab, descendente de uma família de religiosos sunitas, se empenhou na propagação de suas idéias; segundo seu modo de pensar uma série de costumes e tradições seriam alheias e inovadoras (dentre elas a Zi’arah aos túmulos). Mesmo seu pai e seu irmão se opuseram a suas idéias, seu irmão inclusive, foi o seu maior opositor e chegou a escrever um livro chamado As Sawa’iq Al ilahyyah fiir Raddy contrariando os ensinamentos de Wahhab. A seita wahhabita, contando com influência no governo da época, chegou mesmo a ordenar a destruição de todos os sepulcros das grandes figuras do Islam em Hijáz no ano de 1344 (hij.), com exceção do túmulo do Profeta (S.A.A.S.), por temor da ira de todos os muçulmanos. Essa seita tem se empenhado em imiscuir suas crenças confusas ao pensamento islâmico autêntico, incitando os irmãos sunitas a discriminar os xiitas, alimentando a discórdia no seio dos muçulmanos. Com tal objetivo, muitos maus sábios e muitos dos que não possuem um correto conhecimento, são influenciados por tais idéias e erroneamente têm entendido a Zia’rah segundo o pensamento fanático dos wahhabitas que a condenam como uma forma de politeísmo.

Considerações Finais

É absolutamente fundamentada a prática da Zi’arah aos túmulos dos Ahlul Bait (A.S.) e nenhuma evidência racional pode ligá-la a costumes politeístas. Trata-se de uma prática meritória (não obrigatória) que proporciona aos muçulmanos uma ocasião propícia para estreitar os laços comunitários e para a leitura das súplicas legadas pelos Imames (A.S.). A visita aos túmulos dos Awliullah (santos e sufis) possui o mesmo caráter de busca da aproximação de Allah e de manter a memória dos virtuosos no coração das pessoas. Queira Allah manter vivo o respeito e o amor dos muçulmanos ao Profeta e a sua Ahlul Bait (A.S.) o que o próprio Profeta (S.A.A.S.) reiterou como um sinal de fé; e queira Allah nos manter longe da condição dos que se esquecem ou dos que se opõem a isso, o que o próprio Profeta (S.A.A.S.) reiterou como sendo um sinal de hipocrisia.

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