Seu discurso sobre a escolha

Imam Al-Redha (A.S.) compareceu a uma reunião em que participavam os mais destacados eruditos do Iraque e de Khurasan (região do Irã). Al Ma’mun perguntou a eles sobre a exegese das palavras de Allah: “Então fizemos herdar o Livro a quem elegemos dentre os Nossos servos, porém, entre eles há os que se condenam, outros que são parcimoniosos e outros que se emulam na bondade, com o beneplácito de Allah. Eis a magnífica graça”. (Alcorão Sagrado, C.35 – V.32)

Responderam que o versículo fazia referência a toda a ummah (comunidade). Então, Al Ma’mun se dirigiu ao Imam Al-Redha (A.S.) e pediu sua opinião.

O Imam respondeu: “Eu não concordo com eles. Eu digo que Allah o Abençoado se refere na passagem exclusivamente à descendência do Profeta (S.A.A.S.).

Al Ma’mun solicitou uma explicação.

O Imam (A.S.) esclareceu: “Se Allah se referisse à ummah, todos deveriam estar no paraíso. Em vista de Suas palavras, “…entre eles há os que se condenam, outros que são parcimoniosos e outros que se emulam na bondade, com o beneplácito de Allah. Eis a magnífica graça”. (Alcorão Sagrado, C.35 – V.32) Em seguida, Allah informa que todos aqueles a quem se refere estarão no Paraíso. Ele, o Majestoso, diz: “Os Jardins do Éden, nos quais adentrarão…” (Alcorão Sagrado, C.35 – V.33) Portanto, o versículo se refere exclusivamente à imaculada descendência do Profeta (S.A.A.S.).

O Imam Al-Redha (A.S.) acrescentou: “A imaculada descendência é formada por aqueles que Allah descreve: “…Ó gente da Casa, Allah deseja afastar de vós a abominação, bem como puri car-vos integralmente”. (Alcorão Sagrado, C.33 – V.33) O Profeta (S.A.A.S.) disse sobre eles: “Deixo entre vós os dois encargos: O Livro de Allah e minha descendência; minha família. Não se separarão um do outro até que se juntem a mim no Haud’. Sede cuidadosos de que maneira tratareis a eles. Ó povo, não pretendais ensinar algo a eles, pois são mais sábios do que vós”.”

Os sábios perguntaram a Abul Hassan (A.S.) se a descendência e a família do Profeta (S.A.A.S.) eram a mesma coisa. O Imam (A.S.) respondeu: “São a mesma coisa”.

Os sábios mencionaram que se narrara que o Profeta (S.A.A.S.) teria dito: “Minha ummah é minha família”, e que os companheiros do Profeta haviam concordado de modo unânime que sua família era a ummah. Imam Al-Redha (A.S.) disse: “Bem, então respondei a mim se é lícito para a família de Mohammad receber alguma caridade”. “Não, é ilícito”, disseram eles. O Imam (A.S.) comentou: “Eis uma diferença entre a família de Mohammad e a ummah. Ai de vós! Para onde se desviam? Ignorais o Alcorão Sagrado ou sois transgressores? Não sabeis que essa narrativa é obviamente direcionada de modo exclusivo aos escolhidos que foram orientados?” “Como podes provar isso, Abul Hassan?” perguntaram os sábios.

O Imam (A.S.) respondeu: “É o que está evidente no que Allah diz: “E enviamos também Noé e Abraão, e estabelecemos a profecia e o Livro entre seus descendentes, entre eles há os encaminhados, porém, a maioria é iníqua”. (Alcorão Sagrado, C.57 – V.26) Portanto, a herança do Livro é destinada aos encaminhados, não aos iníquos. Em sua súplica ao Senhor, Noé disse, como relata Allah no Alcorão Sagrado: “Ó Senhor meu, meu filho é da minha família, e tua promessa é veraz, pois Tu és o mais equânime dos juízes”. (Alcorão Sagrado, C.11 – V.45) Disse isso porque Allah havia prometido salvar a ele e a sua família. Todavia, Allah o Exaltado respondeu: “Ó Noé, em verdade ele não é da tua família, porque sua conduta é injusta; não Me perguntes, pois, acerca daquilo que tu ignoras; exorto-te a que não sejas um dos insipientes”. (Alcorão Sagrado, C.11 – V.46)

Al Ma’mun perguntou: “Allah distinguiu de alguma forma a família do Profeta em relação as demais pessoas?”

O Imam (A.S.) respondeu: “Allah, o Majestoso, o Onipotente, distinguiu a família do Profeta no Livro Sábio”.

Al Ma’mun solicitou exemplos do Alcorão Sagrado.

O Imam (A.S.) citou: “Allah preferiu Adão, Noé, a família de Abraão e a de Imran, aos seus contemporâneos. Famílias descendentes umas das outras…” (Alcorão Sagrado, C.3 – V.33 e 34) Em outra passagem do Alcorão Sagrado, Allah diz: “Ou invejam seus semelhantes por causa do que Allah lhes concedeu de Sua graça? Já tínhamos concedido à família de Abraão o Livro, a sabedoria e um poderoso reino”. (Alcorão Sagrado, C.4 – V. 54). Em seguida, Allah se refere a isso para os crentes a quem se dirigiu: “Ó fiéis, obedecei a Allah, ao Mensageiro e às autoridades decisivas entre vós”. (Alcorão Sagrado, C.4 – V.59) No versículo anterior, Allah se refere aos líderes qualificados a quem Ele entregou o Livro e a sabedoria como herança, porém, as pessoas os invejaram por essas duas coisas, como Ele afirma em suas palavras: “Ou invejam seus semelhantes por causa do que Allah lhes concedeu de Sua graça? Já tínhamos concedido à família de Abraão o Livro, a sabedoria e um poderoso reino”. (Alcorão Sagrado, C.4 – V.54) Os favores significam a obediência obrigatória aos escolhidos imaculados e o poderoso reino representa essa obediência”.

Allah explicou tal escolha no Livro?” perguntaram os sábios.

O Imam (A.S.) respondeu: “Allah obviamente explica essa escolha em doze versículos no Livro e se refere ao tema em muitos versículos cujo sentido é oculto. Primeiro, a escolha é explicada nas palavras de Allah: “E admoesta os teus parentes mais próximos”. (Alcorão Sagrado, C.26 – V.214) E Ubay bin Ka’b acrescenta6 e tua família escolhida”, e a adição está registrada na cópia de Abdullah bin Mas’ud. Quando Othman ordenou a Zaid bin Thabit a compilação do Alcorão Sagrado ele omitiu a afirmação, que é certamente uma sublime posição, uma magnífica distinção e uma grande honra para a família do profeta que é exclusivamente declarada no versículo mencionado. O segundo versículo sobre a escolha é o seguinte: “Ó gente da Casa, Allah somente deseja afastar de vós a abominação bem como puri car-vos integralmente”. (Alcorão Sagrado, C.33 – V.33) Com exceção dos obstinados, ninguém nega esse mérito pois é evidente. O terceiro versículo da escolha é aquele em que Allah distingue os purificados acima de todos os outros e ordena a Seu Profeta: “Aqueles que discutem contigo a respeito dele (do Alcorão Sagrado) de te haver chegado o conhecimento, dize-lhes: “Vinde, convoquemos os nossos filhos e os vossos, as nossas mulheres e as vossas e nós mesmos, então deprecaremos para que a maldição de Allah caia sobre os mentirosos”. (Alcorão Sagrado, C.3 – V.61) O Profeta (S.A.A.S.) cumpriu essa ordem quando trouxe Ali, al Hassan, al Hussein e Fátima para que Allah amaldiçoasse o grupo que estivesse mentindo. Assim, Allah juntou eles ao Profeta. Sabeis a indicação da palavra de Allah: “nós mesmos”?

Os sábios disseram: “Trata-se da pessoa do Profeta”.

O Imam Al-Redha (A.S.) comentou: “Não, não é correto. Trata-se de uma menção a Ali (A.S.). O que pode ser provado pelo que disse o Profeta: “Que os Luhai continuem a agir assim e eu os subjugarei com um homem que é como se fosse eu mesmo: Ali”. Ninguém pode ter precedência nessa particularidade, nem discordar sobre essa virtude tampouco superar essa honra. Portanto, o Profeta (S.A.A.S.) comparou a pessoa de Ali a sua própria pessoa.

O quarto versículo da escolha é aquele em que o Profeta ordenou a que todos saíssem da Mesquita, exceto sua família. As pessoas ficaram insatisfeitas com tal procedimento e Al Abbas discutiu com o Profeta (S.A.A.S.) sobre o assunto, mas o Profeta respondeu: “Não fui eu quem mandou todos vós embora, com exceção de Ali, mas foi Allah Quem o fez”. Esta é uma evidente explicação das palavras do Profeta a Ali: “Tu és em relação a mim como Arão foi em relação a Moisés”.

Qual a relação disso com o Alcorão Sagrado?” perguntaram os sábios.

O Imam Al-Redha (A.S.) respondeu: “Se encontra no Alcorão Sagrado, nas palavras de Allah: “E revelamos a Moisés e a seu irmão: Erigi abrigos para o vosso povo no Egito e fazei dos vossos lares um templo…” (Alcorão Sagrado, C.10 – V.87) Esse versículo demonstra a relação de Arão com Moisés. Também demonstra a posição de Ali em relação ao Profeta (S.A.A.S.). Além disso, há uma evidência nas palavras do Profeta: “Com exceção de Mohammad e da família de Mohammad, todos os cerimonialmente impuros e as mulheres no período menstrual estão proibidos de entrar nesta Mesquita”.

Tal explicação e evidência não pode ser encontrada com ninguém senão convosco, a família do Profeta”, disseram os sábios.

O Imam Al-Redha (A.S.) comentou: “Quem pode negar esse fato? O Profeta (S.A.A.S.) disse: “Eu sou a cidade do conhecimento e Ali é a sua porta. Aquele que desejar entrar nela deverá fazê-lo por sua porta”. A explicação anterior da virtude, honra, preferência, escolha e pureza não pode ser negada senão pelos obstinados. Todo louvor, portanto, pertence a Allah. O quinto versículo da escolha é o seguinte dizer de Allah: “Concede a teus parentes o que lhes é devido…” (Alcorão Sagrado, C.17 – V.26) Allah o Onipotente deu a exclusividade disso à família do profeta como um sinal de sua distinção em relação a ummah. Quando este versículo foi revelado ao Profeta (S.A.A.S.), ele chamou Fátima, sua filha, e disse: “Fadak é um dos territórios onde não fatigamos nossas montarias para sua conquista, portanto, pertence somente a mim. Agora, eu o concedo a ti e a tua descendência de acordo com a instrução de Allah”.”

O sexto versículo da escolha é o dizer de Allah: “Não vos exijo recompensa alguma exceto o amor aos meus parentes próximos”. (Alcorão Sagrado, C.42 V.23) Essa é uma peculiaridade do Profeta (S.A.A.S.) e de sua família. Com relação aos dizeres de Noé (A.S.), Allah o Majestoso diz: “Ó povo meu, não vos exijo, por isso, recompensa alguma, porque minha recompensa só procede de Allah e jamais rechaçarei os fiéis, já que comparecerão diante de Seu Senhor. Porém, vejo que sois um povo de insipientes”. (Alcorão Sagrado, C.11 – V.29) Com relação aos dizeres de Hud o profeta (A.S.), Allah diz: “Ó povo meu, não vos exijo, por isso, recompensa alguma, porque minha recompensa só procede de Quem me criou. Não raciocinais?” (Alcorão Sagrado, C.11 – V.51) Ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.) Allah ordena a ele: “Dize: Não peço a vós pagamento algum exceto o amor aos meus parentes próximos”. Allah impôs o amor aos parentes do Profeta somente quando soube que eles nunca se tornariam apóstatas e que nunca se desviariam.

É comum que um homem carregue algo de rancor em seu coração por outro, que seja um amigo íntimo, quando um membro de sua família é um oponente daquele homem. Por conta disso, Allah deseja fazer o coração do Profeta completamente livre do rancor em relação aos crentes, por conseguinte, Ele ordenou o amor à família do Profeta. O Profeta então não odiará ninguém que ame a sua família e a ele. Da mesma maneira, o Profeta (S.A.A.S.) odiará aqueles que não gostarem de sua família; pois estarão ignorando um dos deveres impostos por Allah. Trata-se da mais destacada honra. Quando o versículo anterior foi revelado, o Profeta (S.A.A.S.) fez um sermão aos seus companheiros. Ele disse: “Todo louvor e gratidão pertencem a Allah. Ó povo, Allah vos impôs algo. Executareis o que vos foi ordenado?” Ninguém respondeu a ele. Assim, o Profeta (S.A.A.S.) repetiu a mesma coisa no dia seguinte. Porém, ninguém lhe respondeu. No terceiro dia, ele acrescentou: “Ó povo, não é ouro, prata, víveres nem bebida que devereis pagar”. Então, eles perguntaram do que se tratava. O Profeta (S.A.A.S.) recitou o versículo: “Dize: Não peço a vós pagamento algum exceto o amor aos meus parentes próximos”. Eles concordaram em cumprir essa ordem. Infelizmente, a maior parte deles não o fez.

Meu pai relatou a mim o relato feito por seu pai, que Al Hussein bin Ali (A.S.) havia narrado o seguinte: “Os muhajirin e os ansar vieram até o Profeta (S.A.A.S.) para oferecerem suas propriedades e suas almas já que, como afirmavam, ele tinha que gastar grandes somas de sua própria riqueza com suas despesas pessoais além das visitas contínuas das delegações. Em vista disso, Allah o Majestoso enviou o Espírito Fiel (o Anjo Gabriel) para comunicar o Profeta as Suas palavras: “Dize (ó Mohammad) não peço a vós pagamento algum exceto o amor aos meus parentes próximos”. O significado disso é que não deveis magoar meus parentes depois de minha morte. Quando foram embora, alguns murmuraram, “Ele rejeitou nossas ofertas somente para nos forçar a aceitar a liderança de seus parentes depois de sua morte. Certamente que isso é algo que ele inventou naquela reunião”. Eles também disseram coisas horríveis que zeram com que Allah revelasse o seguinte: “Dizem: “Ele o forjou! Dize-lhes: Se o forjei nada podereis obter de Allah para mim. Ele conhece, melhor do que ninguém, o que tentais difamar. Basta ele por testemunha entre vós e mim. Ele é o Indulgente, o Mui Misericordioso”. (Alcorão Sagrado, C.46 – V.8)

Por conseguinte, o Profeta (S.A.A.S.) convocou-os e disse que queria saber se eles tinham feito algo para que aquele versículo fosse revelado. Eles confessaram que haviam dito coisas horríveis. Quando o Profeta (S.A.A.S.) recitou o versículo diante deles, choraram copiosamente. Então, Allah revelou: “É Ele Quem aceita o arrependimento dos Seus servos, absolve-lhes as faltas, bem como está sempre ciente de tudo o que fazem”. (Alcorão Sagrado, C.42 – V.25)

O sétimo versículo da escolha é o seguinte dizer de Allah: “Em verdade, Allah e Seus anjos abençoam o profeta. Ó fiéis, abençoai-o e saudai-o reverentemente”. (Alcorão Sagrado, C.33- V.56) Todos os obstinados perceberam que quando esse versículo foi revelado, algumas pessoas vieram até o Profeta e pediram que lhes ensinassem como enviar a benção sobre ele. O Profeta (S.A.A.S.) ensinou, “Recitai, Ó Allah, abençoa a Mohammad e a família de Mohammad como abençoaste a Abraão e a família de Abraão. Sois em verdade digno de louvor e Glorioso”. Acaso alguém pode discordar disso?

Não, ninguém pode”, responderam os sábios.

Al Ma’mun disse, essa é uma questão unânime. Contudo, precisamos de algo mais evidente sobre a família do profeta que possa ser extraído do Alcorão Sagrado.

Imam Al-Redha (A.S.) disse: “Allah diz: “Ya Sin. Pelo Alcorão Sagrado da sabedoria. Que tu és um dos mensageiros, numa senda reta”. (Alcorão Sagrado, C.36 – V.1 a 4) Quem é Ya Sin?

Sem dúvida que se trata de Mohammad”, responderam.

Imam Al-Redha (A.S.) comentou: “Allah concedeu a Mohammad e a sua família uma característica que, exceto os atentos, ninguém mais pode apreender seu significado. No Alcorão Sagrado, Allah abençoa somente os profetas (A.S.). Ele, o Exaltado, diz: “Que a paz esteja com Noé entre todas as criaturas”. (Alcorão Sagrado, C.37 – V.79) e “Que a paz esteja com Abraão” (Alcorão Sagrado, C.37 – V.109) e “Que a paz esteja com Moisés e Arão!” (Alcorão Sagrado, C.37 – V.120) Allah, portanto, não abençoa a família de Noé, de Abraão ou de Moisés. Porém, Ele abençoa a família de Mohammad em suas palavras: “Que a paz esteja com a família de Ya Sin” (Alcorão Sagrado, C.37 – V.130) Ya Sin é Mohammad (S.A.A.S.).

Al Ma’mun disse: “Eu já sei que somente o âmago da profecia pode explicar isso com clareza”.

Imam Al-Redha (A.S.) continuou: “O oitavo versículo da escolha é o dizer de Allah: “E sabei que de tudo que adquirirdes de despojos, a quinta parte pertencerá a Allah, ao Mensageiro e aos seus parentes, aos órfãos, aos indigentes e ao viajante”. (Alcorão Sagrado, C.8 – V.41). No versículo Allah adiciona a parte da família do profeta à parte Dele e à parte de Seu Mensageiro. Essa é a distinção entre a família do Profeta e a ummah que foi colocada num lugar e a família do Profeta numa posição superior. Ademais, Allah o Onipotente escolhe para a família do Profeta o que ele escolhe para Si mesmo da mesma forma que os escolheu. Ele inicia mencionando a si mesmo, Seu Mensageiro e em seguida seus parentes. (Tal ordem) é efetiva não apenas na distribuição dos espólios mas também em tudo que Allah aceita para Si e para eles. Allah diz: “…sabei que de tudo que adquirirdes de despojos, a quinta parte pertencerá a Allah, ao Mensageiro e aos seus parentes…” Essas palavras sagradas constituem uma declaração afirmativa e uma ordem perpétua para eles no Livro de Allah que, “A falsidade não se aproxima dele (o Livro) nem pela frente, nem pela retaguarda; é a revelação do Prudente, Laudabilíssimo”. (Alcorão Sagrado, C.41 – V.42)

Com respeito a referência de Allah aos órfãos e aos necessitados, é natural que a parte dos órfãos seja cancelada quando a condição de orfandade deixe de existir. O mesmo pode ser dito sobre a parte dos necessitados. Quando, por outro lado, a parte da família do profeta, quer eles sejam necessitados ou não, é permanente até o Dia da Ressurreição, porque ninguém é mais abastado do que Allah ou o Profeta, contudo, suas partes são permanentes. Allah o Majestoso determinou para a família do Profeta o que Ele determinou para Si mesmo e para o Seu Mensageiro. Uma vez que determinou para Si mesmo e para o Seu mensageiro uma parte dos espólios, ele determinou uma parte para a família do Profeta. Portanto, ele inicia por Si mesmo, Seu Mensageiro e em seguida menciona a família do Profeta. O mesmo pode ser dito sobre a ordem de obediência. Allah o Exaltado diz: “Ó fiéis, obedecei a Allah, a Seu Mensageiro e as autoridades fundamentais entre vós”. (Alcorão Sagrado, C.4 – V.59). No versículo, Allah começa por si mesmo, Seu Mensageiro e em seguida menciona a família do Profeta. O mesmo ocorre no versículo da Wilaya. Allah diz: “Vossos reais confidentes são Deus, Seu Mensageiro e os fiéis que observam a oração e pagam o zakat, genuflectindo diante de Allah”. (Alcorão Sagrado, C.5 – V.55) No versículo, torna a liderança da família do Profeta e a obediência ao Profeta ligadas à obediência a Ele. De modo idêntico, Ele torna Sua parte e a parte do Profeta nos espólios ligadas a parte da família do Profeta. Todo louvor a Allah Que concedeu à família do Profeta a maior de todas as graças. Quando Allah se refere às classes a quem devem ser entregues as doações em caridade, Ele se coloca, coloca Seu Mensageiro e sua família acima disso. Ele o Exaltado, diz: “As doações em caridade são somente para os pobres, os necessitados, os funcionários empregados em sua administração, para aqueles cujos corações têm de ser conquistados, para a redenção dos escravos, os endividados, para a causa de Allah e para o viajante; isso é um preceito emanado de Allah, porque é Sapiente, Prudentíssimo”. (Alcorão Sagrado, C.9 – V.60)

Ninguém pode encontrar qualquer indicação de Allah, de Seu Mensageiro ou da família do Profeta nas classes acima mencionadas. A razão disso é que Allah colocou a Si Mesmo, Seu Mensageiro e a família do Mensageiro acima da condição de receber caridade. Além disso, Ele considerou ilícito que Mohammad e sua família recebessem qualquer coisa em caridade, pois a caridade cabe unicamente aos não-purificados, e é ilícito para o Profeta e sua família partilhar da impureza das pessoas porque foram purificados de toda impureza. Em suma, porque Allah purificou e escolheu a família do profeta, Ele aceita para eles somente o que aceita para Si mesmo e rejeita para eles tudo o que rejeita para Si mesmo.

O nono versículo da escolha é o dizer de Allah: “Perguntai, pois, aos adeptos da Mensagem, se o ignorais”. (Alcorão Sagrado, C.16 – V.43) Nós, a família do Profeta, somos os adeptos da Mensagem.

Nesse versículo”, falaram os sábios, “Allah se refere aos cristãos e aos judeus”.

Imam Al-Redha (A.S.) respondeu: “Como se pode aceitar tal coisa?” Se fosse assim, então Allah estaria nos pedindo para seguir a religião deles, e poderiam sustentar que sua religião é melhor do que o Islam!”

Ó Abul Hassan”, disse al Ma’mun, “Tens uma explicação oposta a dos sábios?”

O Imam Al-Redha (A.S.) falou: “O adepto da Mensagem no versículo é o mensageiro de Allah. Nós somos os seus. Isso está evidente no Livro de Allah. Vede o que Allah diz na sura At Talaq: “Temei, pois, a Allah, ó fiéis sensatos pois Allah lhes enviou uma mensagem, por um mensageiro que vos recita os lúcidos versículos de Allah”. (Alcorão Sagrado, C.65 – V.10 e 11) Assim, o adepto da mensagem é o mensageiro de Allah e nós somos os seus.

O décimo versículo da escolha é o que diz Allah na sura An Nisa’ versículo 23 a 25. Supondo que o Profeta estivesse vivo, seria lícito para ele tomar em casamento a minha filha, minha neta ou alguma mulher de minha descendência? “Não”, responderam eles, “seria ilícito”.

Imam Al-Redha (A.S.) continuou: “Seria lícito que ele tomasse em casamento a filha de qualquer um de vós?” Responderam, “Sim, seria lícito”. O Imam (A.S.) disse: Essa é uma prova su ciente de que eu sou um dos membros da família do profeta enquanto vós, não. Se fosseis membros da família do Profeta, então seria ilícito para ele casar com vossas filhas. Seria ilícito que ele se casasse com minha filha pois eu sou um dos membros de sua família e vós sois membros da ummah. Essa é outra distinção entre a família do Profeta e a ummah. A família do Profeta é parte dele enquanto que a ummah não é, a menos que seus integrantes sejam os de sua família.

O décimo primeiro versículo da escolha é o dizer de Allah: “E um homem el da família do Faraó, que ocultava sua fé, disse: “Mataríeis um homem somente porque diz: Meu Senhor é Allah, não obstante ter-vos apresentado as evidências de vosso Senhor? Ademais, se for um impostor, a sua mentira recairá sobre ele; por outra, se for veraz, vos atingirá algo daquilo com que ele vos ameaça. Em verdade, Allah não encaminha quem é transgressor, mentiroso”. (Alcorão Sagrado, C.40 – V.28) O homem citado era o primo maternal do Faraó. Portanto, Allah o menciona em conexão ao Faraó devido a relação deles, não pela religião. O mesmo pode ser dito sobre nós. Somos do profeta porque somos sua família, no sentido particular, e seguidores de sua religião, no sentido geral. Essa é outra distinção entre a família do Profeta e a ummah.

O décimo segundo versículo da escolha é o dizer de Allah: “E recomenda aos teus a oração e seja constante, tu também…” (Alcorão Sagrado, C.20 – V.132) Nesse versículo, Allah nos reúne ao Profeta na mesma ordem. Essa é uma distinção em relação a ummah. Após a revelação desse versículo, o Profeta (S.A.A.S.) adotou como costume se aproximar da porta da casa de Ali e Fátima e dizer em voz alta: “A oração! Que a misericórdia de Allah esteja convosco”. O que ele fez cinco vezes ao dia por nove meses. Allah não agraciou a descendência de nenhum outro profeta com semelhante virtude, o que concedeu somente a nós. Essa é outra distinção entre a família do Profeta e a ummah. Louvado seja Allah, o Senhor dos mundos. A paz esteja com Mohammad, o Profeta de Allah”.


6 O que se deve inferir da narrativa é que a adição citada se tratava de um comentário pessoal do copista, não algo que foi adicionado como parte do Alcorão Sagrado e que mais tarde foi suprimido.

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