Sermão de sexta-feira da Mesquita do Brás – As leis da recompensa e do castigo no dia do juízo final (Parte 2) – Sheikh Wissam Issa – 15/03/2019

Em nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso.

Louvado seja Deus o senhor do universo. Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), sua purificada família e seus leias companheiros.

Ó Deus nosso abençoe os anjos e os Teus servos virtuosos!

Ó Deus nosso perdoe os crentes e as crentes!

Ó servos de Deus temei a Deus com o temor na fala e na ação.

Dando continuidade ao nosso assunto da semana passada, sobre as leis da recompensa e dos castigos no dia do juízo final, que partem da justiça e da sabedoria divina mas são muito diferentes das leis desta vida, sejam elas leis naturais ou constitucionais, chegamos aos seguintes pontos:

A quarta lei: multiplicação do castigo

Por exemplo: se uma pessoa comete um pecado será responsável somente por ele, mas se este mesmo pecado for cometido por outra pessoa o castigo é multiplicado. O exemplo deste tipo de castigo foi mencionado no Alcorão Sagrado em forma de uma suposição. Deus disse no Alcorão Sagrado: “Deus o Altíssimo disse: “E se não te tivéssemos firmado, ter-te-ias inclinado um pouco para eles (74) Neste caso, ter-te-íamos duplicado (o castigo) nesta vida e na outra, e não terias encontrado quem te defendesse de Nós (75)” (17). Todos sabemos que o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) é infalível e jamais se inclinou ao pecado e a idolatria. Isso porque o profeta Mohammad (S.A.A.S.) não dava atenção para os idólatras devido a fé que Deus louvado seja introduziu em seu coração, e ele jamais se inclinaria para os incrédulos. O profeta (S.A.A.S.) não via nada além da verdade e jamais se submeteria a falsidade e a injustiça. Agora, o exemplo e a suposição de Deus neste versículo é que caso venha a ocorrer uma inclinação dele para com a mentira e a injustiça ele teria o castigo multiplicado, porque ele não era uma pessoa normal, era o infalível que não deveria se inclinar nem se fosse por um instante para a idolatria. Deus dá uma posição especial para uma categoria de pessoa, porque elas são privilegiadas, e por isso, caso venham a descumprir Sua ordem serão mais castigadas ainda.

O mesmo vale para com as esposas do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), isso porque elas se vincularam a grandeza do Profeta (S.A.A.S.). Deus disse no Alcorão Sagrado: “Ó esposas do Profeta, se alguma de vós for culpada de uma má conduta evidente, ser-lhe-á duplicado o castigo, porque isso é fácil a Deus” (33:30). Este versículo não significa que elas cometeram algum indecência, ele é uma suposição apenas. Se elas praticarem alguma indecência terão o dobro do castigo. O motivo do castigo delas ser multiplicado seria por estarem vinculadas a infalibilidade.

A quinta lei: multiplicação por dez

A lei da recompensa no dia do juízo final diz que a pessoa receberá por cada boa ação dez vezes mais. Isso não por merecimento e sim por generosidade e misericórdia de Deus sobre suas criaturas, mesmo que não mereçam. Deus disse no Alcorão Sagrado: “Quem tiver praticado o bem receberá o décuplo pelo mesmo; quem tiver cometido um pecado receberá um castigo equivalente, e não serão defraudados (nem um, nem outro).” (6:160). Isso significa que se o indivíduo por exemplo merecer um palácio ele terá dez recompensas no lugar de uma.

Já sobre a caridade e a dádiva é diferente. Por que a caridade é muito recomendada no Islam? Porque a pessoa se sacrifica para dar algo ao seu irmão, algo que ela se esforçou para conseguir. Talvez a dádiva e o pagamento da caridade são a transferência da pureza e da essência do ser humano. É uma mínima demonstração de um dos atributos de Deus, que é a generosidade. Deus o Altíssimo disse: “O exemplo daqueles que gastam os seus bens pela causa de Deus é como o de um grão que produz sete espigas, contendo cada espiga cem grãos. Deus multiplica mais ainda a quem Lhe apraz, porque é Munificente, Sapientíssimo.” (2:261)

Talvez podemos dar um outro exemplo diferente deste no dia do juízo final, que é um exemplo da atribuição. No dia do juízo final os filhos e os pais vão entrar no paraíso, mas em posições diferentes, sendo que os pais estarão em posições mais elevadas do que os filhos. Nesta situação os pais pedem e orem para Deus para que eles possam se encontrar e viver juntos dos filhos, e então Deus ao invés de colocar o pai na posição inferior o coloca na mesma posição do filho, e assim ergue o filho para a posição do seu pai, isso porque aquele pai é uma pessoa do bem e generosa. Deus atende a súplica do pai pois é uma pessoa grandiosa e digna, e adorou a Deus verdadeiramente. Deus o Altíssimo disse: “E aqueles que creram, bem como as suas proles, que os seguirem na fé, reuni-los-emos às suas famílias, e não os privaremos de nada, quanto à sua recompensa merecida. Todo o indivíduo será responsável pelos seus atos!” (52:21). O Imam Assadeq (A.S.) disse: “Os filhos praticaram menos que os pais e então Deus os alcançaria com seus pais para que os vejam e se seus olhos fiquem satisfeitos”.

Numa outra situação Deus relata a situação daqueles que se convertem ao Islam e que sofreram perseguição e pressão por abraçarem o Islam e abandonarem suas doutrinas anteriores. Deus o Altíssimo disse: “ (São) aqueles a quem concedemos o Livro, antes, e nele crêem (52). E quando lhes é recitado (o Alcorão), dizem: Cremos nele, porque é a verdade, emanada do nosso Senhor. Em verdade, já éramos muçulmanos, antes disso (53). A estes lhes será duplicada a recompensa por sua perseverança, porque retribuem o mal com o bem e praticam a caridade daquilo com que os agraciamos (54).” (28) Estas pessoas serão também recompensadas de forma multiplicada no dia do juízo final.

A sexta lei: A substituição das más ações pelas boas

Deus disse no Alcorão Sagrado: “(Igualmente o são) aqueles que não invocam, com Deus, outra divindade, nem matam nenhum ser que Deus proibiu matar, senão legitimamente, nem fornicam; (pois sabem que) quem assim proceder, receberão a sua punição (68). No Dia da Ressurreição ser-lhes-á duplicado o castigo; então, aviltados, se eternizarão (nesse estado) (69). Salvo aqueles que se arrependerem, crerem e praticarem o bem; a estes, Deus computará as más ações como boas, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo (70)”. (25)

As pessoas que não invocam outra divindade além de Deus, não matam e não cometem o adultério. A pessoa que praticar isso terá o castigo multiplicado, exceto aqueles que:

1) Pedem perdão

2) Tem fé

3) Praticam a boa ação

Para estes Deus substituirá suas más ações por boas. O que significa isso?

A alma do ser humano só tem um caminho que é visto por meio de suas ações. Por exemplo, o congelamento vem do frio não do calor, e é dessa forma que percebemos as sensações térmicas. Como sentimos a alma das pessoas? Certamente que pelas suas práticas. Uma pessoa injusta, que mata pessoas, mente, maltrata os próximos e até mesmo os animais e meio ambiente nos expõe elementos como a impiedade, agressividade, tirania e etc… que existem nesta pessoa, e com isso percebemos a essência da sua alma. Então, se a alma for uma alma boa e pura nada além disso pode ser exposto, e se a alma for agressiva, injusta e má isso também será exposto. Já as almas que misturam bondade e maldade, sucesso e derrota, luz e escuridão, quando tenta aos poucos mudar essas características negativas para as características positivas, como fé, bondade e justiça Deus, passa a trocar as más ações por boas. São estes os referidos nos versículos acima, porque eles possuem boas almas e querem se erguer e se purificar. Quando a pessoa decide mudar e se empenha neste caminho, pouco a pouco, a partir do momento que pede o perdão extrai de si os atributos negativos, e com isso suas ações pouco a pouco irão se endireitar e começarão a passar de negativas para positivas. A pessoa começa a seguir um caminho da orientação ao invés do desvio e do mal. Então percebemos que esta lei é mais ligada a esta vida do que a outra. Está certo que seus efeitos irão ser vistos na outra vida, mas eles dependem desta vida.

O ser humano deve procurar fazer o bem e procurar o conhecimento sempre. Todo ser humano tem a chance de ser piedoso e justo, e nada é imposto sobre ele. Deus honrou o ser humano e este deve preservar essa honra. Os profetas e mensageiros alcançaram essa posição por seus esforços e méritos, e este grau não foi alcançada sem esforço. Advirto a todos e a mim mesmo a que não gastemos nossas energias com coisas mundanas. Que mudemos nossas más ações por boas, que sejamos exemplos e boas pessoas, e alcancemos os graus elevados, porque estes graus não são monopólio de uma categoria de pessoas e podem ser atingidos por todos.

Ó Deus, buscamos refúgio em Ti das práticas ruins. Buscamos a Tua ajuda na prática do bem e o Vosso perdão para ter a honra de nos encontrar com o profeta Mohammad (S.A.A.S.) e seus Ahlul Bait (A.S.).

A paz esteja com todos.

 

 

 

 

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