Sermão de sexta-feira da Mesquita do Brás – A grande batalha de Badr – Sheikh Youssef Ajordi – 30/04/2021

Primeiro sermão

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os seus profetas e mensageiros.

Servos de Deus, recomendo a vós e a mim mesmo temer a Deus pois Ele disse no Alcorão Sagrado: “Ó fiéis, temei a Deus! E que cada alma considere o que tiver oferecido, para o dia de amanhã; temei, pois, a Deus, porque Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis (18) E não sejais como aqueles que se esqueceram de Deus e, por isso mesmo, Ele os fez esquecerem-se de si próprios. Estes são os depravados! (19) Jamais poderão equiparar-se os condenados ao inferno com os diletos do Paraíso, porque os diletos do Paraíso serão os ganhadores (20)” (59).

O mês de Ramadan é o mês da temência a Deus. Em verdade, este mês é uma escola em que ensina como se deve temer a Deus. Devemos aproveitar os dias que ainda faltam do Ramadan, cujo seus dias, suas horas, suas noites e seus momentos são os para podermos fazer uma boa bagagem para o nosso dia do juízo final. O objetivo principal e central do jejum é a obedecer a Deus pois Ele disse: “Ó fiéis, está-vos prescrito o jejum, tal como foi prescrito a vossos antepassados, para que temais a Deus” (2:183). O temor a Deus é o único caminho e a única salvação do castigo do dia final.

Batalha de Badr

Neste dia, na sexta-feira, que corresponde ao dia 17 de Ramadan, ocorreu um grande acontecimento que foi crucial para a história do islam. Esta batalha traçou a glória e a honra para os muçulmanos. Depois desta batalha, o islam teve uma nova história cheia de orgulho.

No dia 2 após a migração do profeta a Medina, no dia 17 de Ramadhan, numa sexta-feira ocorreu a batalha de Badr a 170 km de distância de Medina. De um lado estava o exército do Islam e do outro, o exército da incredulidade e do ateísmo. O comandante  do exército do Islam era o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) e o líder do exército da ignorância era  Abu Sufiyan.

Como começou a batalha

Inicialmente o alvo era uma caravana cujos muçulmanos iriam atacar vinda do Sham. Esta caravana pertencia a Abu Sufiyan e estava carregada de mercadorias e o objetivo era atacar e tomar as mercadorias dela.

Uma dúvida que fica é: qual era a justificativa do profeta em autorizar este ataque e a tomada de mercadorias dos incrédulos?

Existem várias razões por trás deste acontecimento entre tais:

1)    Recuperar os danos cujo os incrédulos tinham causado aos muçulmanos por anos em Meca confiscando e tomando suas propriedades e bens materiais e comerciais

2)    Demonstração de força aos outros.

3)    Mandar uma mensagem de força a todos que os muçulmanos estavam usando novas estratégias.

Quando Abu Sufiyan soube que os muçulmanos iriam atacar as caravanas, mudou de rota e se safou. Chegando em Meca o Abu Jahl insistiu que deveriam atacar os muçulmanos como retaliação senão a batalha não iria ocorrer.

O número de soldados dos incrédulos eram 1000 e dos muçulmanos eram 313. Fora a diferença enorme da força humana, havia uma grande diferença na força militar entre os muçulmanos e os Coraixitas, que na época representavam uma grande força que ninguém se atrevia a enfrentar.

A batalha aconteceu numa região próxima aos poços de Badr e terminou com a vitória devastadora dos muçulmanos. Houve mais de 70 mortos entre os incrédulos e dezenas de prisioneiros. Do lado dos muçulmanos houve aproximadamente 10 mártires e nenhum prisioneiro. A vitória dos muçulmanos foi citada por Deus o Deus o altíssimo disse no alcorão sagrado: “Sem dúvida que Deus vos socorreu, em Badr, quando estáveis em inferioridade de condições. Temei, pois, a Deus e agradeci-Lhe” (3:123). Nesse episódio Deus disse ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.): “Ó Profeta, estimule os fiéis ao combate. Se entre vós houvesse vinte perseverantes, venceriam duzentos, e se houvessem cem, venceriam mil do incrédulos, porque estes são insensatos (65) Deus tem-vos aliviado o peso do fardo, porque sabe que há um ponto débil em vós; e se entre vós houvesse cem perseverantes, venceriam duzentos; e se houvesse mil, venceriam dois mil, com o beneplácito de Deus, porque Ele está com os perseverantes (66)” (8).

Os resultados da batalha de Badr

Primeiro: O fortalecimento da fé e da confiança dos muçulmanos. Os muçulmanos sentiram a fraqueza pois ainda eram uma nova nação e perseguidos e marginalizados até então. Esta vitória concedeu uma grande força aos muçulmanos, sejam eles os Muhajerin* ou os Ançar*. Além disso rebateu a alegação de alguns que duvidavam da força do Islam e de sua glória.

Segundo: Tornou os muçulmanos uma força forte entre as tribos ou até mesmo entre os judeus que viviam na região.

Terceiro: Incentivou e encorajou muitos a abraçarem a fé islâmica.

Quatro: Enfraqueceu a imagem e a influência de Quraixitas entre os árabes e isso permitiu que o profeta fizesse acordo com algumas destas tribos para aliarem-se a ele.

Quinto: Abrir mais espaço e vários caminhos para a divulgação e a expansão do Islam por ali.

Sexto: Fortaleceu a fraternidade entre os muçulmanos Muhajerin e os Ançar.

Os elementos da vitória

Primeiro: A existência da liderança sábia, verdadeira e confiante representada no Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) além da sua coragem e bravura. O Imam Ali (A.S.) dizia: “Quando fechavam-se as portas perante nós, todos nos abrigamos no Mensageiro de Deus de maneira em que ele era o mais próximo entre nós”.

Que belo exemplo o profeta dá para nós. As lideranças justas e legítimas não comandam as batalhas distantes dos campos e sim próximos dos inimigos.

Segundo: A coragem, a bravura de Ali (A.S.), seu total sacrifício e dedicação neste dia. Dizem que ele foi o responsável pela morte de mais do que um terço dos inimigos mortos naquela batalha.

Terceiro: A crença e a fé forte dos muçulmanos pois se não houvesse isso não ocorreria a vitória.

Quarto: A ajuda celestial cujo Deus a inspirou aos muçulmanos tanto enviando os anjos para combater ao lado dos muçulmanos ou introduzir a fraqueza e o medo no coração dos inimigos.

Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a benção e Deus esteja com Mohammad e sua purificada linhagem.

Que a paz e as bênçãos de Deus estejam com todos.

Segundo sermão

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os seus profetas e mensageiros.

Depois de ter falado da grande batalha de Badr, neste sermão gostaria de falar sobre a mais importante de todas as batalhas. Queridos irmãos, quando falamos sobre as diferentes batalhas, qual vocês acham que seria a mais importante das batalhas?

A resposta desta pergunta é clara. A mais importante das batalhas é contra a própria vontade e paixões e desejos do homem. Esta guerra não é nem com o Satã e sim contra a própria alma, a qual é proposta ao mal. Esta batalha requer muita atenção e possui diversos meios e armas para enfrentá-los.

Foi narrado que o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) enviou alguns soldados para uma batalha e quando eles retornaram disse a eles: “Bem-vindo aos soldados cujo cumpriram o dever a pequena batalha e então ficou a grande batalha”. Então perguntaram ao profeta o que seria a grande batalha. O profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Batalha contra a própria paixão”.

E onde está o campo desta batalha? É esta vida.

Existe uma ajuda divina para nos ajudar nesta batalha? Sim, a ajuda seria este mês de Ramadhan. Isso porque Deus prende as mãos dos satã neste mês. Mas mesmo assim a pessoa pode ainda praticar o pecado pois o inimigo verdadeiro ainda existe que é a própria paixão do homem e o Satã só conduz o homem a praticar o ilícito.

Resumindo, a realidade da alma humana tem duas dimensões. A primeira é externa e a segunda interna. A externa seria este corpo, o físico o qual Deus criou o homem da melhor forma e com o melhor formato. A segunda dimensão do homem é uma dimensão espiritual interna cujo Deus criou o homem com ela. Existem soldados que podem conduzir o homem ao bem ou para o mal.

O mais interessante é que os soldados nessa batalha podem ser os mesmos tanto para conduzir o homem ao bem quanto para o mal. São eles os principais sete soldados: o ouvido, o olho, a língua, o estomago, o sexo, a mão, a perna. Estes são os soldados que são conduzidos pela vontade e pela ilusão do homem. se esta vontade for conduzida pela doutrina e pela fé irá erguer o homem ao céu e a misericórdia, mas se a ignorância e as paixões forem os condutores destes soldados, então irão conduzir o homem ao declínio e as ruínas.

As três forças

1)    Forças ilusórias

É a pior força que existe dentro do homem. A pessoa se ilude que pode viver para sempre ou pode fazer o que quiser ou etc… esta força da ilusão que o homem vive o conduz a ruínas.

2)    Forças raivosas

A raiva pode levar o homem ao desvio também. Mas a raiva pessoal e particular sendo que é a pessoa sentir raiva por Deus e pela vontade de Deus isso é aceitável.

3)    Forças de paixões e desejos

A fome é uma delas. O sexo e demais paixões, todas elas são soldados duplos.

Se estes soldados forem conduzidos  pela razão e pela doutrina aquele homem será melhor que os anjos. Já se o homem permitir que estes soldados o conduzem por meio de seu ego, então será o seu fim.

Louvado seja Deus, o senhor do universo, que a paz e a benção de Deus estejam com o profeta Mohammad e sua purificada linhagem.

Que a paz e a benção de Deus estejam com todos vocês.

Muhajerian: São os muçulmanos que viviam em Meca e deixaram todos os seus pertences e propriedades em Meca e migraram para Medina a fim de começarem uma nova vida.

Ançar: São os muçulmanos habitantes de Medina e que acolheram os migrantes de Meca e dividiram suas riquezas e bens com eles.

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