O Xiismo na visão do Imam Al-Baqir (A.S.): Os Atributos de um Xiita

Por: Ayatullah Sayyed M.H. Fadlullah
Tradução: Ali Sivonaldo

Na religião Islâmica, o xiismo não é algo separado da crença, mas esta crença representa o Islam em todas as suas questões morais e sensações humanas de responsabilidade em direção ao próximo.

Abu Ismail disse para o Imam Al-Baqir (A.S.): Temos muitos xiitas! O Imam perguntou-lhe: “Os ricos dão aos pobres, o ofendido desculpa seu ofensor e eles visitam um ao outro para oferecer cumprimentos”?

Quando Abu Ismail disse que eles não fazem isso, o Imam disse: “Eles não são xiitas”. “Porque os xiitas são aqueles que cumprem as morais Islâmicas nas relações sociais, assim, eles ajudam os pobres, desculpam o ofensor, consolam seu irmão solitário, ajudam seu irmão através de sua riqueza, e aqueles que não fazem assim, serão desviados do caminho do Islam que é o caminho do xiismo…”.

Imam Al-Baqir (A.S.) enviou Khaithama Bin Abd El-Rahman Al-Jaa’fi, um dos seus companheiros com uma carta aos seus seguidores xiitas e para todos os muçulmanos. Ele diz na carta: “Transmita os meus cumprimentos aos nossos seguidores e aconselhe-os”. O que é um conselho para nós também porque estamos entre os seus seguidores e aderimos ao seu Imamato.

“… Tema a Deus, Magnífico, diga-lhes que o rico deve compartilhar os sentimentos dos pobres, e o forte deve compartilhar os sentimentos do débil. Eles devem assistir aos funerais e visitar um ao outro, já que a sua reunião guarda a nossa causa… viva. E que eles não podem ficar entre os nossos seguidores exceto por piedade, comunicação, unidade, amor, e lembrança de todas as questões vitais que reúnem todas as pessoas. E o seu assunto principal é o Islam em todas as suas doutrinas, decisões, valores, e morais…

O Imam também disse: “Kahithama. Diga aos nossos seguidores que nada os salvará quando ele encontrar-se com Deus e sim os seus bons feitos, a pessoa mais triste no Dia do Juízo é o homem que louva a justiça, mas atua contra ela.”.

Assim, a lealdade não é uma batida no coração nem uma outra sensação, mas devem ser leais a Deus, obedecer-lhe, seguir o Profeta e a sua sagrada familia.

O Imam Al-Baqir (A.S.) clarifica o que são os xiitas: “ser leal para nós é trabalhar pela causa de Deus e a do seu Profeta, e do Imamato no caminho do Islam, isto significa que você fala com as pessoas sobre a justiça e que esta lealdade representa o direito em que é baseado. E se você violar essas crenças, você será a pessoa mais triste no Dia do Juízo porque você estará falando com as pessoas sobre a justiça agindo contra ela, e aqueles que observaram o que você tinha dito irão para o paraíso, enquanto você irá ao inferno, porque você não cumpriu a justiça sobre que você tinha falado.

Revestimento de exagero

O Imam quis pôr as fundações da base intelectual e estabelecer planos práticos detalhados por valores e pelas relações sociais, portanto percebemos como ele se precaveu do exagero na crença xiita em conseqüência do amor inconsciente. Ele diz-nos: “Ó seguidores dos Ahl Al Beit! Sejam moderados para que tanto aqueles que exageram como aquele quem diminuem o sigam”. Quando perguntado por um homem dos Al-Ansar sobre aqueles que exageram, ele respondeu: “Esses são aqueles que nos atribuem coisas que não temos (em outras palavras dão-nos uma posição mais alta do que Deus nos deu)”. “Essa gente não nos pertence e não lhes pertencemos. Por Deus; não temos nenhuma garantia da salvação, não temos nenhuma relação especial com Deus que obriga a salvar-nos. O nosso único modo de se aproximar mais perto de Deus é pela obediência. Por isso, somente aqueles dentre vocês que obedecem a Deus beneficiarão de ser os nossos seguidores. Não sejam enganados. Não sejam enganados”.

O significado de xiismo

O xiismo não representa um individuo que pertence a Ali (A.S.) e a sua família (Ahl-lul beit), mas sim representa a pertinência ao caminho do Profeta que eles seguiram, trabalharam e lutaram por ele. Ele também diz para as pessoas como serem verdadeiros xiitas. Ele disse á Jabir Ibn Abdallah: “Será o bastante para uma pessoa ser um xiita (seguidor) professando amor por nós, Ahl lul beit? Não! Por Deus, uma pessoa não é o nosso seguidor a menos que ele tema Deus e lhe obedeça. Os nossos seguidores só são reconhecidos, Ó Jabir, por sua humildade, submissão, honestidade, louvor abundante á Deus, jejuando e fazendo orações; bondade para com os seus pais; atenção aos pobres, indigentes, devedores e órfãos que vivem próximos; fala a verdade; recita o Alcorão; de sua língua saem boas palavras; e probidade em direção aos parentes em todos os assuntos”.

“Se um homem disser que ama o Mensageiro de Deus, mas não segue os seus ensinamentos, o seu amor terá um efeito negativo. Por isso, seja piedoso e conheça ter uma relação especial com Deus. Deus ama aqueles que são mais piedosos e obedientes. Não temos nenhum poder para salvá-lo do fogo! Deus não é obrigado em nenhuma circunstância a salvá-lo também. Seja quem for que obedece a Deus é um dos nossos seguidores e seja quem for que o desobedece é um dos nossos inimigos. Ser um dos nossos seguidores não pode ser alcançado senão pelo trabalho difícil e pela piedade”.

“Ó Jabir, sem ‘ita’ah’ (obediência e submissão), ninguém pode alcançar proximidade de Deus. Nós não gostamos daqueles que reclamam ser os nossos amigos se eles não cumprem todas as condições. Uma pessoa pecadora é o nosso inimigo. Sem bons feitos e abstinência de pecados, qualquer reclamação de amizade para nós não é de nenhum proveito”.

O sacrifício pelo Imam Ali (A.S.) é a lealdade

O Imam Al-Baqir (A.S.) clarifica as características dos xiitas de outro modo. Ele diz: “Os xiitas de Ali são aqueles que ajudam, tem amor e visitam um a ou outro – aqueles que visitam um a ou outro e não conspiram arruinar as pessoas ou deformar a imagem de uma pessoa, mas reanimam a religião de Deus que o Profeta e os Imames viveram pela causa, são aqueles que mesmo zangados não comentem injustiça, eles ficam bem equilibrados, e não praticam o mal aos outros, eles não exageram no seu amor e não dão àqueles que amam mais do que eles merecem. Mas, infelizmente, levantamos aqueles que amamos, às filas mais altas, e suprimimos aqueles que nós gostamos às filas mais baixas. Por essa razão, devemos ser pessoas bem equilibradas que dão a todo o mundo o seu direito. Deste modo, não deveríamos dar o direito de alguém incorretamente ou levantar alguém mais do que ele merece, aqueles que seriam uma bênção aos seus vizinhos e pacífico àqueles com quem eles tratam”.

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