O Consumismo e os Seus Males

Por: Ahmed Ismail

O estilo de vida que se tornou predominante nas sociedades modernas, marcado pelo consumismo, tem sido objeto do estudo e da preocupação dos cientistas sociais e filósofos nas últimas décadas. Especialmente agora que se verifica a sua expansão por todos os continentes, formando algo que seus adeptos e propagandistas afirmam ser a nova cultura global que reflete, segundo eles, a marca da vida moderna.

Há uma forte tendência entre os intelectuais críticos da cultura de massa a concordar em torno de certas características deletérias presentes nos padrões comportamentais típicos da sociedade de consumo. Padrões que parecem sugerir uma “nova religião” que substitui os templos pelos shopping centers e que, mais do que isso: “transforma os templos e a própria experiência místico-religiosa numa reprodução do mercado submetida à mesma lógica do capital e da competição.

Ao mesmo tempo, seus efeitos têm contribuído de modo considerável para a desestruturação dos valores éticos e a identidade cultural dos povos, para o agravamento das desigualdades e de quase todos os males sociais. A estreita relação entre consumismo e violência torna-se um tema desconcertante para uma sociedade que venera o dinheiro e que assume o consumismo como um ritual dessa veneração; e que por outro lado, se vê submersa numa condição crônica de sintomas ameaçadores, tais como a violência e a criminalidade.

Se na década de 60 do século passado, filósofos e cientistas sociais se dedicaram a entender os mecanismos sociais, econômicos e políticos que produziram a cultura de massa e o consumismo, na atualidade, os mesmos se encontram voltados para as conseqüências a médio e a longo prazo de uma progressiva e global onda de consumismo.

A adoção, numa escala jamais vista, do que se pode denominar de um estilo predatório de vida, o qual demanda um consumo incessante de recursos naturais, maior do que o planeta pode suportar, torna-se agora um novo e mais ameaçador sintoma. Estudiosos do meio ambiente sustentam que no caso de um país como a China, o mais populoso da terra, integrar-se a onda consumista de maneira a que todos os seus cidadãos alcancem o mesmo poder de consumo do cidadão médio americano, será uma catástrofe planetária.

Uma Percepção Distorcida da Realidade

Tais evidências nos parecem suficientes para demonstrar que esse estilo de vida é essencialmente pecaminoso e contrário às diretrizes divinas. Sua origem reside numa distorcida percepção da realidade e da condição espiritual do ser humano. A perspectiva do comportamento consumista é a do acúmulo e do estabelecimento do valor da vida nos bens materiais. Essa perspectiva só se torna possível com a ausência dos valores espirituais superiores; e isso explica o processo de degeneração dos valores éticos que acompanha uma sociedade submetida à lógica do consumo.

O Alcorão Sagrado aborda esse tema a partir de uma descrição de um conjunto de características que definem esse estado de concepção materialista da vida, e que se tornam predominantes nos indivíduos quando reduzem suas expectativas a vida neste mundo. O Livro de Allah, orientação por excelência para nossa felicidade neste mundo e no além, descreve a vida neste mundo para despertar nossa consciência e nos libertar das falsas expectativas e diz:

“Sabei que a vida terrena é tão-somente jogo e diversão, veleidades, mútua vanglória e rivalidade, com respeito à multiplicação de bens e filhos; é como a chuva, que compraz aos cultivadores, por vivificar a plantação; logo, completa-se o seu crescimento e a verás amarelada e transformada em feno. Na outra vida haverá castigos severos, indulgência e complacência de Deus. Que é vida terrena, senão um prazer ilusório?” (C.57 – V.20)

Com toda clareza o versículo sagrado define em poucas palavras, o resumo do que é o esforço humano em alcançar metas que satisfaçam seu ego neste mundo e o quão inúteis são suas pretensões, desde que não esteja atento para o significado maior de sua vida. Vemos pois, que a tendência materialista que produziu o consumismo no mundo moderno se baseia numa total inconsciência quanto ao verdadeiro propósito da vida, e isso leva o indivíduo a tomar a si próprio como medida para todas as coisas. Esta visão hedonista o incapacita de perceber o profundo engano que o move.

É interessante notar que o Islam, diferentemente da maioria dos filósofos modernos, aborda o problema de uma ótica focada no indivíduo e no âmago de seu ser. Isto é, não se limita aos sintomas (dos quais o consumismo é apenas um exemplo) ou às manifestações que terminam por surgir no tecido social. Ao contrário, diagnostica o problema essencial que habita o coração do homem e que o arrasta a um estado de miséria existencial e mais do que isso, oferece os meios de saná-lo. A abordagem sociológica e filosófica tende a situar o problema nos fenômenos históricos e econômicos que produziram o que se denomina “cultura de massa”. Não há dúvida sobre a importância dos mecanismos cada vez mais eficientes dessa cultura global do consumo, que em menos de um século tornou-se um poder que desafia culturas e tradições milenares impondo seus valores. Contudo, o Islam identifica o processo dessa degeneração cultural e social dentro dos indivíduos, ressaltando que a solução disso se encontra na vontade e na natureza do homem.

Entender o padrão psicológico que define esse estado de distorção da realidade espiritual, nos parece fundamental para que percebamos o que é essencialmente esta tendência materialista que se manifesta na forma do consumismo. Esse padrão psicológico possui um conjunto de características, das quais as principais são:

• o condicionamento ao desperdício
• o culto ao supérfluo e o gosto pela frivolidade
• a ostentação e a vaidade
• a inclinação ao que é falso
• a busca incessante do lazer
• o limitado entendimento da realidade da vida

Estas seis características resumem a essência do comportamento humano condicionado e submetido ao que chamamos hoje de “cultura de massa”. Essa incessante máquina de produzir “o Novo” e transformar desejos em “necessidades” num processo de sedução das mentes e dos corações no qual os indivíduos se tornam também “mercadoria”. Sem o sentirem se tornam desprovidos de um senso crítico ao ponto que seus valores e aspirações não são senão os valores e as aspirações da “massa” definidos pela máquina de produção e propaganda.

Na realidade, essas características tornaram-se predominantes a medida que as sociedades sofreram um processo de decadência em seus valores tradicionais e os laços comunitários foram substituídos pela competição individualista. Como resultado, o que temos verificado é um irônico estado de infelicidade, frustração e solidão instalado na sociedade moderna, a despeito de tanto consumo de bens materiais e das inovações e comodidades ao alcance de tantas pessoas.

A diretriz divina do Islam foi proporcionada pela misericórdia de Allah para libertar o gênero humano de todas as formas de escravidão. E esse padrão psicológico acima descrito é sem dúvida, uma prisão produzida na mente e no coração. Agora que abordamos o processo desse padrão psicológico que escraviza o homem a uma visão materialista, vejamos como o Islam nos orienta para que nos libertemos dele.

O Condicionamento ao Desperdício

A desconexão com a sabedoria tradicional que se fundamentava numa relação direta com a natureza produziu o condicionamento ao desperdício. O Islam nos ensina que tudo o que a natureza nos proporciona é um bem, uma dádiva divina em relação a qual estamos comprometidos em fazer uso sábio. A inclinação ao desperdício surge a partir de uma incorreta noção da natureza e do valor dos benefícios que nos cercam. Diz o Sagrado Alcorão:

“Deus foi Quem criou os céus e a terra e é Quem envia a água do céu, com a qual produz os frutos para o vosso sustento! Submeteu, para vós, os navios que, com a Sua anuência, singram os mares, e submeteu, para vós, os rios. (C.14 – V.32)

e diz ainda:

“Ó filhos de Adão, revesti-vos de vosso melhor atavio quando fordes às mesquitas; comei e bebei; porém, não vos excedais, porque Ele não aprecia os perdulários.” (C.7 – V.31)

Assim, somos lembrados de que os benefícios e dádivas provém de Allah e não são produtos do acaso. Não podemos viver dirigidos por um sentido destrutivo de esbanjar tudo o que está a nosso alcance. Não detemos a posse absoluta de nenhuma das dádivas que provém de Deus, e portanto, devemos lembrar que as mesmas foram criadas para todas as criaturas, o que naturalmente não nos dá o direito de agirmos como “donos exclusivos”. É lamentável que tenha se tornado comum, por exemplo, o desperdício de água, pela simples razão de que “se possa pagar por ela”. O Islam nos ensina que tal atitude é uma forma de desrespeitar os direitos dos outros, não importa o pretexto que se use para tal.

O remédio para esse condicionamento ao desperdício é adquirir a consciência de que todos os benefícios e recursos materiais que nos são dados provém da bondade de Allah e que a moderação no usufruto deles é um meio de adquirir felicidade neste mundo e no além.

O Culto ao Supérfluo e o gosto pela Frivolidade

Trata-se de uma extensão natural do condicionamento ao desperdício. É um elemento importante do consumismo um apelo a eleger o supérfluo como uma necessidade vital. O Islam nos ensina a buscar a paz de espírito no cultivo da reflexão e na prática da bondade. Reflexão é o melhor antídoto para não fazermos de nossa própria mente o nosso pior inimigo. Isto é, considerar corretamente os nossos desejos e inclinações, descobrir qual o propósito que nos move, e então buscar o que for melhor e não o que seja conveniente aos nossos caprichos. Saibamos que não alcançaremos paz de espírito e felicidade segundo o número de peças de roupa que tenhamos em nosso guarda-roupa ou a quantidade de objetos que consigamos comprar e acumular em nossas casas. E é exatamente nisso que consiste o culto ao supérfluo e o gosto pela frivolidade: depositar expectativas de que essas coisas nos farão felizes e satisfeitos quando, na verdade, isso é impossível. Tal escolha e modo de pensar não leva senão a frustração, a angústia e ao medo da vida. Não por acaso, os que não crêem no que Deus revelou e que vivem segundo suas próprias concepções, são os que fazem dessas coisas a meta de suas vidas. Despendem grandes esforços e recursos para buscar satisfação naquilo que é supérfluo ou em preocupações com o que é leviano, até que a morte lhes chegue e reduza tudo isso a nada.

Alguém que deseje escapar dessa armadilha da mente, deve preencher seu coração com a lembrança de Deus, examinar seu próprio coração à luz da orientação divina e se o fizer sinceramente, encontrará satisfação e clareza de entendimento. Substituir maus hábitos por bons embora nos pareça difícil, é uma tarefa que é facilitada quando substituímos nossos conceitos sobre a importância das coisas, e isso é possível quando adotamos o conhecimento correto proveniente do Livro de Allah, dos ensinamentos do Profeta (saas) e dos Imames de sua Casa (as).

A Ostentação e a Vaidade

Como conseqüência lógica da anterior, esta característica se faz presente e se fundamenta na mesma visão incorreta sobre a condição humana no mundo. A busca de afirmação e segurança nos leva de maneira equivocada a acreditar que o nosso valor como pessoa é o resultado do quanto possamos incrementar nossa aparência e ostentar perante os demais os bens materiais que adquirimos. A palavra “sofisticação” ganhou uma posição de prestígio e distinção no mundo moderno; sintetiza a medida predominante que distingue o valor das coisas, ou ao menos a medida consagrada pela máquina de consumo. O grande equívoco neste caso se encontra na própria palavra “sofisticação” que significa apenas “falsidade, falácia, aparência enganosa”. Similar equívoco nos induz a supor que seremos mais felizes do que hoje somos se amanhã possuirmos mais e melhores bens de consumo, e, no entanto, esta é uma competição perdida; o culto ao “novo” decreta que tal esforço está fadado a frustração na medida que jamais há um fim para a “necessidade” de adquirir e ostentar.

Então o que vemos é uma constante insatisfação e infelicidade instalada nas pessoas que, ironicamente possuem muito e do melhor e que não podem dizer-se de modo algum mais felizes do que aquelas que pouco ou nada tem. Esta constatação deveria por si só servir as pessoas para despertarem desse estado de auto-engano. Não há qualquer possibilidade de libertar-se desse jugo senão reconhecer que toda Grandeza e Majestade pertence a Deus . O islã nos alerta para o fato de que a ostentação e a vaidade em qualquer maneira que se manifeste estão condenadas a encontrarem a ruína neste mundo ainda , desde que o tempo desfaz a boa aparência e o acúmulo de bens não nos livra do envelhecimento , da doença ou da morte.

A Inclinação ao Que é Falso

Esta inclinação tem como principal fundamento a inconsciente tendência a negar aquilo que não “corresponde aos nossos desejos”. Enquanto uma pessoa elege seus próprios caprichos e desejos como “medida para a verdade” estará submetido a influência de tudo o que é falso e enganoso; porque a natureza da falsidade é conformar-se aos desejos humanos para atrair e dominar os incautos. Assim, vemos que a essência da propaganda e da publicidade é manipular nossos medos, nossos complexos e problemas pessoais. E atualmente essas técnicas tem sido empregadas mesmo em nome da “religião”; seitas e organizações religiosas com cuidadosas “encenações” prometem a “solução fácil” para os problemas e a satisfação dos desejos utilizando os mesmos métodos da publicidade.

O Islam nos ensina que “soluções fáceis” e satisfação dos desejos são as principais armas que Xaitan utiliza para iludir os humanos e arrastá-los para a perdição neste mundo e no além. Ninguém pode livrar-se dessas armadilhas a menos que busque a compreensão da Verdade Revelada, não segundo seus caprichos pessoais tampouco com o intuito de conformar a Orientação Divina a seus desejos. Ou seja, somente renegando a adoração a nossos desejos e caprichos e buscando a adoração sincera a Deus alguém pode ser liberto dessa prisão da mente e do coração que o submete a falsidade.

Ao contrário das características anteriores, esta não é um hábito a ser substituído, é, antes, uma má inclinação que sugere um desvio de caráter. Requer uma reforma pessoal a partir de uma atenta auto-crítica, que possibilite a pessoa abandonar a visão egocêntrica que a leva a rejeitar o que não esteja de acordo com seus desejos.

A Busca Incessante do Lazer

Esta característica, que tem sido explorada pela máquina de consumo, se apóia na reconhecida necessidade humana de um tempo para o lazer no qual a mente se refaça das atividades e tarefas da vida. Contudo, o que se constata em nossa época é uma obsessiva busca de lazer e entretenimento que reflete uma inconsciente e constante “fuga” da realidade. Como resultado, podemos dizer a visão da vida e do mundo que essas pessoas possuem é mais o produto

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de uma mescla de sonhos, projeções, sensações induzidas artificialmente e desejos inconscientes do que percepção da realidade.

O Islam nos orienta a não negligenciarmos nem a necessidade do lazer e da distração tampouco renunciarmos a nossa obrigação de raciocinar sobre as questões essenciais da vida. Nos orienta a buscarmos o conhecimento da realidade espiritual e pautarmos nossas ações e escolhas segundo a diretriz divina, e não vivermos como se a nossa existência se passasse num imenso playground.

Não há outro remédio para libertar o humano desse engodo para o qual sua própria mente o induz senão o reconhecimento da efemeridade da vida terrena e de seu objetivo real, tal como os profetas e mensageiros (as) predicaram. Ninguém, pois, que seja sensato tratará sua própria vida com semelhante descaso se tornar-se consciente de seu verdadeiro propósito.

O Limitado Entendimento da Realidade da Vida

Sendo a fonte de todas as características anteriores, esta é, na verdade, a que se puder ser eliminada, todas as outras o serão. O Sagrado Alcorão exemplifica a essência dessa mentalidade tacanha dizendo:

“Distinguem tão-somente o aparente da vida terrena; porém, estão alheios quanto à outra vida. Porventura não refletem em si mesmos? Deus não criou os céus, a terra e o que existe entre ambos, senão com prudência e por um término prefixado. Porém, certamente muitos dos humanos negam o comparecimento ante o seu Senhor (quando da Ressurreição). (C.30 V.7 e 8)

Os versículos sagrados descrevem a condição dessas pessoas definindo sua limitação de entendimento quer sobre a vida, sobre si próprios e sobre o mundo que os cerca; o que os leva a não acreditar na promessa divina do acerto de contas no dia do juízo. Em razão disso vivem de modo similar aos animais irracionais: para comer, beber, acumular, acasalar e satisfazer suas paixões, sem jamais considerar seriamente a razão de sua estada no mundo. É precisamente essa alienação da realidade espiritual que produziu inúmeras falsas concepções sobre o significado da existência; todas elas em harmonia com as conveniências e as inclinações pessoais. Quer os sistemas filosóficos ateístas ou a pura amoralidade, preconizam algo que pode se definir como “a ideologia do viver bem”. Segundo os que a seguem desde que “não há outra vida senão esta, o ser humano deve gozar o máximo dos prazeres do mundo”. O Sagrado Alcorão menciona a estes dizendo:

“Não tens reparado, naquele que idolatrou a sua concupiscência! Deus extraviou-o com conhecimento, sigilando os seus ouvidos e o seu coração, e cobriu a sua visão. Quem o iluminará, depois de Deus (tê-lo desencaminhado)? Não meditais, pois? E dizem: Não há vida, além da terrena. Vivemos e morremos, e não nos aniquilará senão o tempo! Porém, com respeito a isso, carecem de conhecimento e não fazem mais do que conjecturar”. (C.45 – 23 e 24)

Embora tal mentalidade não seja algo novo na história humana, podemos dizer que nessa como em nenhuma outra época tornou-se predominante. Alguns dos filósofos e cientistas sociais defendem a tese de que em razão da decadência do pensamento religioso e da ética revolucionária no ocidente, a chamada ideologia do “viver bem” efetivada pela lógica do consumo tornou-se algo como uma “nova religião” que prega a “felicidade possível nesse mundo”.

Costumes e modas como o consumismo, a troca de casais, a gastronomia, o culto ao entretenimento, os esportes de alto risco, o consumo de drogas ou os jogos de azar são alguns exemplos da manifestação dessa mentalidade. Chega a ser impressionante que mesmo pessoas que se dizem religiosas quando perguntadas sobre suas concepções sobre a vida após a morte e um possível julgamento de Deus ou a existência do paraíso e do inferno, respondem que não acreditam senão na vida neste mundo. O Sagrado Alcorão resume a condição e o destino dessas pessoas dizendo:

“Aqueles que não esperam o Nosso encontro, comprazem-se com a vida terrena, conformando-se com ela, e negligenciam os Nossos versículos.” (C.10 – V.7)

“Quanto àqueles que preferem a vida terrena e seus encantos, far-lhes-emos desfrutar de suas obras, durante ela, e sem diminuição. Serão aqueles que não obterão não vida futura senão o fogo infernal; e tudo quanto tiverem feito aqui tornar-se-á sem efeito e será vão tudo quanto fizerem.”(C.11 – V.15 e 16)

Assim, receberão no além na medida da conseqüência de sua descrença e suas obras más perdurarão enquanto suas eventuais boas obras se desvanecerão.

Diante de tudo o que foi exposto aqui, percebemos que a oportunidade que nos é dada neste mundo deve ser aproveitada antes que a morte nos surpreenda. Não resta outra solução senão despertarmos para a realidade espiritual, e esse despertar significa libertar-se de todas as visões limitadas e falsas que pretendem escravizar nossa mente e nosso coração. Sanar a alma, tal como sanar o corpo significa adotar o tratamento adequado. Um homem fisicamente doente se apressa e se preocupa em buscar a cura, e, no entanto, prevalece no ser humano uma incompreensível tendência a negligenciar a doença de sua própria alma.

Ao olhar ao nosso redor, vemos a todo instante os efeitos maléficos da mentalidade materialista e irreligiosa, vemos uma infelicidade que se aprofunda a despeito de tanta “alegria e prazer artificiais que o sistema proporciona”. Julgamos que a paz e a segurança possam ser garantidas pelo poder do cartão de crédito e, no entanto, não podemos explicar a depressão, a angústia e mesmo o suicídio de tantos “bem sucedidos”.

Imam Asssadeq (as) disse: “aquele que devota seu coração a este mundo estará sujeito a três condições: preocupação sem fim, insaciáveis desejos e fútil esperança.”

Possa Allah nos conceder a compreensão correta das coisas tal como são e nos guiar para o melhor neste mundo e no além.

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