No Caminho da Verdade

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

O Islam é a mensagem celestial que Deus revelou ao Profeta Mohammad ibn Abdillah (S.A.A.S.) através do Anjo Gabriel. É o resumo de todas as mensagens celestiais que se baseia no Alcorão Sagrado e na abençoada tradição do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e sua Purificada Linhagem (A.S.). Esta grandiosa religião busca preencher todos os campos da vida do ser humano num laço entre ele e Deus, o criador do Universo.

A Mensagem do Islam se divide em dois aspectos: o aspecto da crença e o aspecto jurídico, que estão ligados a todos os campos da vida; tanto material quanto espiritual. A crença Islâmica consiste nos seguintes pilares:

A) O MONOTEISMO

A religião Islâmica sempre pregou e confirmou o monoteísmo, negando qualquer tipo de divindade ou associações a Deus criadas pelo ser humano. Seu principal lema é “o testemunho sobre a divindade de Deus, o Único”. Ele é Único, Eterno, Absoluto, jamais gerou ou foi gerado e ninguém é comparável a Ele. Por isso, somente Deus é a fonte da jurisprudência e da legislação que envolvem o ser humano em qualquer lugar e época.

Através desta crença o ser humano faz uma aliança com o seu Senhor e com a profecia. Por isso, podemos dizer que testemunhar a unicidade de Deus é uma filosofia de vida e não apenas palavras na língua ou teorias na mente.

B) A JUSTIÇA

A injustiça é um atributo maléfico, e por Deus ser isento deste atributo, representa a justiça em si, e nos convida sempre a praticá-la e pregá-la entre as pessoas. Assim, devemos completar esta tarefa nos opondo a qualquer tipo de injustiça e opressão na sociedade. Dessa forma, a doutrina Islâmica objetiva uma vida repleta de paz e segurança para toda a humanidade.

Baseado nisso, o Islam condena o terrorismo, em todas as formas que é praticado, seja através de uma pessoa, de grupos ou de um Estado, pois o terrorismo significa a ofensa sobre os direitos dos outros, tanto materiais quanto espirituais.

C) A PROFECIA

É o meio de ligação entre o ser humano e Deus. É através dela que são reveladas as jurisprudências divinas para o ser humano. Aceitar a profecia é um dos pilares da religião, e crer no Profeta Mohammad (S.A.A.S.) é crer em todos os profetas que o antecederam, já que eles foram enviados com a finalidade de ensinar e guiar a humanidade, e transmitir o que Deus espera deles.

Por isso, o segundo lema mais importante do Islam é “testemunhar que Mohammad é o mensageiro e servo de Deus”, já que ele é o último dos profetas e mensageiros, e é também o resumo de todos eles.

Foi ele quem nos transmitiu o Alcorão Sagrado, este que não foi redigido por ele, mas revelado por Deus ao seu profeta e mensageiro Mohammad (S.A.A.S.) por intermédio do Anjo Gabriel durante 23 anos, em Meca e em Medina.

D) O IMAMATO

Para que a última mensagem divina revelada pelo concludente dos profetas continue como foi exposta, foram nomeados e escolhidos, por Deus, Doze Imames sucessores para dar continuidade à função do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) em divulgar, proteger e ensinar os fundamentos do Islam para a humanidade. O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) anunciou, sob a ordem de Deus, a vinda destes Doze Imames (A.S.) para liderar a nação e para serem protetores e conservadores desta grande mensagem após o seu falecimento.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Esta religião permanecerá elevada até quando vocês forem liderados pelos Doze Imames”.

“A nação estará bem orientada quando estiver liderada por doze homens … todos são de Quraish”.

“Os Imames após a mim serão em número dos Discípulos Israelitas, e dos Apóstolos de Jesus. É fiel quem os amar, e hipócrita quem os odiar, são os sinais de Deus entre suas criaturas … ”.

A nomeação dos sucessores após sua morte é algo muito relevante e lógico pelo tamanho da importância que o Islam representa na vida da humanidade, e isso para que a nação não entrasse em conflitos após o falecimento do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.). O Alcorão Sagrado e o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) os nomeiam como os Ahlul Bait (A.S.).

O Islam crê que o décimo segundo Imam, Al-Mahdi, dos Imames dos Ahlul Bait (A.S.), nascido em 868 D.C., está vivo e vive entre nós, entretanto, está oculto dos olhares. Ele está vivo por um milagre divino igual ao Profeta Noé (A.S.), o qual viveu por mais de mil anos, e o Profeta Jesus Cristo (A.S.), que vive até os dias presentes.

O Imam (A.F.) observa todos os acontecimentos do mundo, e na sua ausência, a liderança é dos líderes sábios e tementes, que governam com o conhecimento e as jurisprudências Islâmicas, as quais se baseiam nos ensinamentos do Alcorão Sagrado e na tradição do Profeta Mohammad (S.A.A.S.).

No final dos tempos, é justo que a justiça e a verdade sejam vitoriosas e a integridade tome conta do mundo. É isto que a humanidade aguarda e deseja, e com a força e proteção de Deus, o Imam Al-Mahdi (A.F.), será o salvador que aparecerá com a ordem de Deus e junto a ele virá o Profeta Jesus Cristo (A.S.), que rezará atrás dele.

Deus disse no seu livro Sagrado:

“Temos prescrito, nos Salmos, depois da Mensagem (dada a Moisés), que a Terra, herdá-la-ão os Meus servos virtuosos”. (C 21 – V 105)

E) O JUIZO FINAL

Por Deus ser Justo, cada um será recompensado ou castigado pelos seus próprios atos. Crer na ressurreição após a morte e no retorno do espírito ao corpo pela ordem de Deus, não para viver novamente, mas sim para ser julgado e viver eternamente, é o quinto pilar da crença Islâmica.

Assim, Deus recompensará os fiéis, os que O obedeceram, com o paraíso, e castigará os infiéis, que O desobedeceram, com a punição do fogo infernal. Isto foi pregado por todos os profetas e mensageiros, e em todas as doutrinas celestiais.

Deus disse no Alcorão Sagrado:

“7. Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á, 8. E quem tiver feito o mal, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á”. (C 99)

As Características do Islam

A religião conservada

A religião Islâmica sempre foi e será conservada e protegida de qualquer tipo de modificação e desvios. Seus princípios e regulamentos nunca foram modificados desde o dia de sua revelação e permanecerá assim até o dia do juízo final.

Deus, louvado seja, disse no Alcorão Sagrado:

“Nós revelamos a Mensagem e somos o seu Preservador” (C 15 – V 9).

A conservação do Alcorão Sagrado

A estabilidade desta grandiosa mensagem é resultado da conservação dos versículos do Alcorão, que há quinze séculos permanecem intactos. Este Sagrado Livro contém 114 capítulos e 6348 versículos, os quais tratam dos mais diversos assuntos: históricos, jurídicos, educacionais, sociais, econômicos, políticos, relativos a crença e a tudo que está ligado a esta e a outra vida.

O Alcorão Sagrado foi revelado pelo Anjo Gabriel ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.) que, cumprindo sua função, o transmitiu à sociedade.

O primeiro sucessor do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), o Príncipe dos Fiéis, Imam Ali ibn abi Taleb (A.S.), compilou e registrou, de acordo com a ordem de revelação, todos os versículos alcorânicos revelados por Deus ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.).

A religião totalmente praticada pelo seu mensageiro

O Islam foi ponto de partida de todas as atitudes e práticas do Profeta Mohammad (S.A.A.S.). Ele se baseou nas leis e jurisprudências Islâmicas para fundar o Estado Islâmico, o primeiro Estado Divino na face da Terra, na cidade de Medina, em Hijaz, o qual protegeu os oprimidos, injustiçados, pobres e fracos.

A religião eterna

O Islam, por ser a última mensagem celestial que foi preservada por Deus, permanecerá intacta até o Dia do Juízo Final. Ao contrário de outras mensagens de profetas que a antecederam, aquelas cujos milagres são restringidos a determinados lugares e épocas.

A religião ampla e universal

O Islam não se limita à geografia, cor, nacionalidade, idioma, etnia, sexo, idade e etc, o Islam inclui qualquer ser humano pelo fato dele ser parte da humanidade. Os ensinamentos Islâmicos são universais, e beneficiam toda a humanidade, pois são fonte da verdadeira religião divina, o Islam, que inclui em si todos os campos da vida, e se baseia no equilíbrio entre estes diversos campos, tanto material quanto espiritual.

Assim, a doutrina Islâmica liga a mesquita à universidade, o trabalho à casa, a devoção à política, se infiltra em diversas áreas, tais como a medicina, sociologia, educação, devoção, política, economia, esporte, planejamento, direitos e deveres, legislação e etc.

A religião que orienta os povos

O Islam teve uma grande contribuição em levantar e ensinar as fortes nações que carregam a bandeira da orientação e da verdade. Isso não se limita somente na época e no lócus de sua revelação, mas sim, propaga-se em diversos lugares do mundo e épocas distintas. Nunca restringiu sua grandiosa civilização a um certo povo, mas a divulgou para toda humanidade.

Deste modo, a civilização Islâmica foi seguindo, até chegar aos povos europeus e asiáticos, que os levantou e guiou para o caminho da felicidade, e com isso o Islam teve um grande papel em civilizar e ensinar os povos do mundo.

A religião do conhecimento e da sabedoria

Os primeiros versículos que foram revelados ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.) são:

“1. Lê, em nome do teu Senhor que criou;
2. Criou o homem de algo que se agarra (coágulo);
3. Lê, que o teu Senhor é o mais Generoso;
4. Que ensinou através da pena;
5. Ensinou ao homem o que este não sabia”. (C 96)

Buscar o conhecimento é obrigatório no Islam, conhecimentos estes que beneficiem a sociedade e a humanidade, e que não sejam maléficos e destrutivos, pois os mesmos são proibidos e considerados ilícitos no Islam.

O Islam nos convida a não seguir cegamente os costumes e as culturas dos antepassados, mas incentiva a meditação, o pensamento e o equilíbrio mental. Pois somente assim não seremos ignorantes e sempre seguiremos a verdade. Ele nos ordena a evoluir com os nossos pensamentos, incentiva a descoberta e o estudo das ciências humanas para que possamos correlacionar o ser humano ao seu Criador.

A religião da virtude e da ética

Um dos atributos mais importantes do Islam é sua amplitude moral e ética, sempre presente no nosso dia-a-dia, família, relacionamentos, casa, escola, trabalho, rua, escritório, comércio, arte, criatividade, medicina, governo, política, e todos os outros campos da vida. Ao mesmo tempo, o Islam nos convida a nos afastarmos dos maus hábitos e atributos.

A religião do diálogo

O Islam é a mensagem da mente, da razão, da ciência, do diálogo e do esclarecimento, uma vez que elucida qualquer assunto. No Islam não existe uma pergunta sem resposta e por isso o Islam não aceita o terrorismo teórico, ou seja, não aceita a imposição de uma opinião e idéia sobre o próximo, pois isto é repudiado pela religião Islâmica.

A religião da igualdade

Perante o Islam todos são iguais e não há diferença entre as classes sociais. O Islam condena qualquer tipo de discriminação contra a raça, cor, sexo, idade, situação física, posição social e etc.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Os seres humanos são como o pente, todos os dentes estão nivelados”.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Em verdade, Deus louvado seja eliminou o prazer ignorante do orgulho da ascendência, pois as pessoas são de Adão e Adão é de terra, o mais querido para Deus é o mais temente a ele”.

A religião do respeito perante a vida

O Islam considera a vida humana inviolável. A ofensa sobre esta criação é considerada uma ofensa contra a humanidade. E a mensagem Islâmica proibiu tirar a vida da alma humana inocente, até se for um bebê recém-nascido ou dentro do útero da mãe. O que é chamado de aborto, para o Islam é um assassinato, e o responsável deverá pagar a punição por isto.

Da mesma forma, o Islam condena a ofensa contra si próprio, e a classifica como um insulto contra toda humanidade, pois o ser humano não tem poder sobre si, este poder é apenas de Deus. Por isso a religião Islâmica crê que o assassino e o suicida permanecerão eternamente no fogo do inferno.

Deus disse no seu Livro Sagrado, o Alcorão:

“Por isso, prescrevemos aos israelitas que quem matar uma pessoa, sem que esta tenha cometido homicídio ou semeado a corrupção na terra, será considerado como se tivesse assassinado toda a humanidade. Apesar dos Nossos mensageiros lhes apresentarem as evidências, a maioria deles comete transgressões na terra.” (C 5 – V 32).

E o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Para Deus acabar com o universo todo é mais fácil do que testemunhar o derramamento de sangue sem justiça”.

O Imam Assádeq (A.S.) disse: “O Profeta Musa ibn Imran foi inspirado por Deus: Diga aos homens de Israel que se abstenham de matar a alma inocente. Pois quem matar uma pessoa na Terra, o matarei cem mil vezes da mesma forma que matou o próximo”.

A Casa sagrada de Deus

Durante os primeiros 17 meses da revelação da religião Islâmica os Muçulmanos direcionavam-se em suas orações à Masjedol Aqsa, localizada na Palestina, na cidade de Jerusalém, que foi a primeira Qiblah e é considerada o terceiro templo sagrado para os Muçulmanos.

Pelo fato dos Muçulmanos rezarem na direção desta sagrada mesquita o Profeta Mohammad (S.A.A.S.), juntamente com eles, estavam sendo pressionados pelos Judeus. Por isso, em um certo dia, Deus, louvado seja, ordenou ao Profeta que se direcionasse a Masjedol Haram, e isso aconteceu no momento da oração, e é registrado no Alcorão Sagrado, no seguinte versículo:

“Vimos-te (ó Mensageiro) orientar o rosto para o céu; portanto, orientar-te-emos até uma Qiblah que te satisfaça. Orienta teu rosto (ao cumprires a oração) para a Sagrada Mesquita (de Meca)! E vós (crentes), onde quer que vos encontreis, orientai vossos rostos até ela. Aqueles que receberam o Livro, bem sabem que isto é a verdade de seu Senhor; e Allah não está desatento a quanto fazem”. (C 2 – V 144).

Atualmente todos os muçulmanos do mundo rezam as cinco orações diárias e obrigatórias, em direção à Kába, localizada em Meca na Arábia Saudita, a qual é o destino de milhões de peregrinos Muçulmanos de todos os continentes, em todos os anos.

Esta Casa Sagrada, que foi construída pelo Profeta Abraão (A.S.) junto com seu filho Ismael (A.S.), é considerada o Templo Sagrado mais antigo da Terra. A mesma foi reconstruída inúmeras vezes, em diferentes épocas, as mais significativas delas foram na época do avô do Profeta Mohammad (S.A.A.S.), Quçai ibn Kilab, e antes do Profeta receber a Mensagem Islâmica. As reconstruções continuaram e atualmente, o Masjedol Haram, suporta mais de um milhão de fiéis e encontra-se aberta em todos os dias e todas as horas durante todo o ano. As ampliações e reformas que atingiram o Masjedol Haram incluíram dentro do seu espaço duas pequenas montanhas, Safa e Marwa, locais estes que fazem parte do ritual da peregrinação no Islam. Na cidade de Meca e suas proximidades há outros pontos históricos que são considerados sagrados e religiosos, e recebem a visita de milhões de fiéis em todos os anos por fazerem parte do ritual da peregrinação.

Em Masjedol Haram há vários pontos históricos sagrados, tais como Al-Hajar Al-Açuad ou a Pedra Negra, que é oriunda do Paraíso e localiza-se em uma das quatro colunas da Kába. Há também o Maqam Ibrahim, que representa o local onde o Profeta Abraão (A.S.) orava, e o Hejer Esma’il, local onde ele (A.S.) residia com a sua família. A fonte de água Zam-Zam, que surgiu sob os pés do Profeta Ismael (A.S.), é um outro ponto histórico, visitado pelos peregrinos à Casa de Deus.

Entre Masjedol Haram, ou Mesquita de Ka’ba, e Masjedol Aqsa, ou Mesquita de Al-Aqsa, ocorreu a viagem noturna do Profeta Mohammad (S.A.A.S.).

Deus disse no seu livro sagrado:

“Glorificado seja Aquele que, durante a noite, transportou o seu servo, tirando-o da Sagrada Mesquita (em Meca) e levando-o à Mesquita de Al-Aqsa (em Jerusalém), cujo recinto bendizemos, para mostrar alguns dos Nossos sinais. Sabei que Ele é o Oniouvinte, o Onividente”. (C 17 – V 1).

Deus disse no Alcorão Sagrado:

“96. A primeira Casa (Sagrada), erguida para o gênero humano, é a de Bakka, bendita seja, servindo de orientação para a humanidade. 97. Encerra sinais evidentes: lá está a Estância de Abraão, e quem quer que nela entre estará em segurança. A peregrinação à Casa é um dever para com Allah, por parte de todos os seres humanos que estejam em condições de empreendê-la, entretanto, quem se negar a isso saiba que Allah pode prescindir de todas as criaturas” (C 3).

Através desta breve introdução, buscamos desenhar uma imagem da religião Islâmica, a qual atualmente não apenas é a religião que mais cresce no mundo, mas também é o foco de extensa discussão e debate nos mais variados campos e meios.

O livro que carrega em mãos, “No Caminho da Verdade”, é o sétimo volume da coleção “Da Orientação do Islam”, que busca apresentar de forma prática e ampla a religião Islâmica. Este livro foi organizado pelo Centro Islâmico no Brasil, o qual uniu os quatorze livretos que antes formavam a coleção “Lições Fundamentais da Religião”, e os enriqueceu com versículos, ditos e capítulos específicos versando sobre o casamento provisório, zena e homossexualismo.

Pedimos a Deus, Todo-Poderoso, que nos oriente ao Caminho da Verdade e nos ajude e dê forças para que possamos seguir com o trabalho de edição de novos volumes desta abençoada série.

Louvado seja Deus, o Senhor do Universo. Que a paz e a benção de Deus estejam com o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e sua Purificada Linhagem (A.S.), e seus Bons Companheiros (R.A.).

Sheikh Taleb Hussein Al-Khazraji
Centro Islâmico no Brasil – São Paulo
Dezembro de 2005 – Zul-Quida 1426.

1) A NECESSIDADE DO CONHECIMENTO RELIGIOSO.

Os seres humanos acreditam que não existe a responsabilidade da busca da religião. Eles indagam a respeito da obrigatoriedade que os impele a pensar nesse assunto. Esclarecemos a seguir, o modo de pensar errôneo desses seres humanos, procurando basear a necessidade de discutir a religião em dois pontos:

1- O juízo da razão que determina que o ser humano seja agradecido pelo que foi agraciado (a vida e todos os favores inerentes à existência).

2- O juízo da razão que determina a precaução contra os danos embora prováveis.

DA RESPONSABILIDADE DO AGRADECIMENTO

Todos nós usufruímos das características da vida neste mundo material: nosso corpo físico e toda a complexidade de seus sistemas e órgãos. Cada um deles sendo precioso no papel que desempenha, e seu valor ultrapassa os limites de nossa imaginação e de nosso conhecimento.

Gozamos também, dos benefícios do mundo material, a luz do sol, as plantas, o ar, os minérios e as fontes de água que jorram da terra. Todas essas coisas são grandes bênçãos que podem ser aproveitadas através da ciência e da capacidade humana, as quais foram concedidas à humanidade. E acima de tudo, existem a consciência e a disposição maravilhosa doadas aos seres humanos; capacitando-os a explodir montanhas e fazer da água e do ferro as maiores forças, e retirar deles benefícios.

Então seria lógica a pergunta: Não deveríamos conhecer este Grande Agraciador e agradecê-lo?

Se um homem que por acaso queira fazer o bem e ajudar os fracos, adotasse um órfão e proporcionasse a ele todos os meios de vida e boa educação, e se ele, ao ver esta criança atingir a idade escolar, a entregasse aos cuidados dos melhores professores, desse-lhe os melhores livros e colocasse a sua disposição uma grande riqueza financeira, isto é, se ele satisfizesse todas as necessidades desta criança; não seria correto que este filho adotivo fosse, antes de qualquer coisa, agradecido a este homem do fundo de seu coração pelas graças recebidas?

Deus, Louvado seja, disse no seu Livro Sagrado:

“Agraciamos Lucman com a sabedoria, (dizendo-lhe): Agradece a Allah, porque quem agradece, o faz em benefício próprio; por outro lado, quem desagradece, (saiba) que certamente Allah é, por Si, Opulento, Laudabilíssimo”. (C.31 – V.12)

Assim sendo, a busca e o aprofundamento, visando o conhecimento da religião verdadeira são juízos insuspeitos da razão. O ser humano que ainda não conseguiu achar a senda reta, mas que se extraviou carregado pela perdição, não deve permanecer quieto, e sim, deve agir e se esforçar na busca da vereda da verdade e da religião, com provas e indicações precisas.

O Imam Ali (A.S.) disse: “Não há vida senão com a religião, e não há morte senão com a negação da certeza”.

Quando alguém chega à fonte da vida moral e da religião verdadeira, arca com o dever do agradecimento e da obediência às exigências do seu Criador com prazer e vigor.

DA PRECAUÇÃO QUANTO AO PERIGO E DANOS PROVÁVEIS

Se uma criança o avisasse que um escorpião tivesse entrado nas dobras de suas vestes, você pularia rapidamente, tiraria sua roupa e procuraria com todo cuidado até achar o escorpião ou ficaria tranqüilo e indiferente?

Do mesmo modo, se antes de uma viagem noturna, você ouvir falar de emboscadas de um grupo de salteadores prontos a atacar os viajantes no caminho, daria um só passo sem antes se certificar da não existência de salteadores ali?

Ambos os exemplos esclarecem perfeitamente que a precaução e a prevenção contra o perigo provável são necessárias por juízo da razão.

É comum vermos que alguns dos danos não sejam importantes. Por isso, alguns não se importam com eles. Entretanto, se o perigo desses danos se dirigisse à alma e pusesse em risco a vida, não se poderia deixar de levá-los em conta.

OS MAIORES DANOS

Sabemos, através da história da humanidade, que existiram pessoas conhecidas por sua fidelidade e retidão, e que se identificaram como Mensageiros e Profetas de Deus, convocando os seres humanos a crerem nisso e a seguirem as leis divinas. Como resultado de seus esforços e de seu grande empenho nas pregações em diversas partes do mundo, grandes multidões creram neles, passando o dia de nascimento de Jesus (A.S.) a ser uma data comemorativa de destaque no calendário dos cristãos e o dia da emigração do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) a ser o início do calendário dos muçulmanos.

E agora nos perguntamos: Acaso os dizeres desses profetas, que convocaram os humanos para a religião e para seguirem os mandamentos divinos, prevenindo-os das penas de seus maus atos, e assegurando-lhes que o grande julgamento perante um Juiz Sábio e Justo é uma coisa certa e decidida, e que descreveram, com lástimas e tristeza, os rigores do Dia da Ressurreição e seus tormentos, prevenindo-os contra isso, não se assemelham com o aviso da criança no exemplo dado, quanto a existência do perigo e de danos contra a existência?

Seria correto ignorarmos as palavras e os atos dos verdadeiros mestres da fé quando sabemos que eles suportaram todas as contrariedades e permaneceram firmes em sua convicção e fé até o último suspiro de vida, sem se negarem a dar o que lhes era caro e precioso em sacrifício e em nome de sua fé?

Deus, Louvado seja, disse no seu Livro Sagrado:

“Dizei: Cremos em Allah, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele”. (C.2 – V.136)

É evidente que se os dizeres dos virtuosos profetas não dessem a certeza ao ser humano, no mínimo levariam a suposição de que “é possível que eles tenham dito a verdade”. Portanto, se os fatos são como os profetas dizem, então qual seria a nossa responsabilidade? Qual será a nossa resposta no tribunal divino da justiça?

É justamente neste ponto que a razão determina o que é chamado de precaução e prevenção para repelir o dano “que ao menos, é provável” e nos leva a buscar a religião e procurar conhecê-la. Além disso, os profetas convocaram os seres humanos para uma vida sã, e confirmaram a existência de um vasto mundo e graças eternas para os obedientes após a morte, mundo este que transborda de tranqüilidade e quietude espirituais onde não há doença, tristeza, inquietação e temor.

Será que nossa razão autoriza-nos a ignorar e deixar de considerar essas informações importantes? Acaso, não seria nosso dever procurar conhecer a religião e meditar a seu respeito com atenção e profundidade? Assim, ficaremos cientes que nossa razão e intuição são o que nos leva a conhecer a realidade universal e descobrir seu significado.

Disse Deus, no Alcorão Sagrado:

“Ele foi Quem enviou Seu Mensageiro com a Orientação e a verdadeira religião, para fazê-la prevalecer sobre todas as outras, embora isso desgostasse os idólatras”. (C.9 – V.33)

2) COM AS COISAS IMPERCEPTÍVEIS PELOS SENTIDOS.

Quando vemos um edifício suntuoso dotado de linhas arquitetônicas harmoniosas, percebemos facilmente que o engenheiro, o arquiteto e os construtores que o fizeram são pessoas hábeis em seus trabalhos e passamos da apreciação da vista do edifício à evocação do grande conhecimento e da apurada habilidade daqueles que o construíram.

De modo similar, a visão de um carro, de um avião, de um computador e dos demais artefatos industriais, nos conduz, sem dúvida, a acreditarmos nos vastos conhecimentos de seus inventores e fabricantes. E não seria necessário vermos esses inventores ou construtores com nossos próprios olhos como prova do reconhecimento de sua existência. Ademais, mesmo vendo-os, sua ciência e seus conhecimentos não podem ser percebidos pelos sentidos aparentes.

No entanto, cremos perfeitamente em sua ciência e em seus conhecimentos, embora não perceptíveis pela visão. Por que isso?

Disse Deus, no Alcorão Sagrado:

“35. Porventura, não foram eles criados do nada, ou são eles os criadores? 36. Ou criaram, acaso, os céus e a terra? Qual! Não se persuadirão!” (C.52)

“Não existem seres alguns que andem sobre a terra, nem aves que voem, que não constituam nações semelhantes a vós. Nada omitimos no Livro; então, serão congregados ante seu Senhor”. (C.6 – V.38)

As harmoniosas imagens desses produtos são o que nos transmite a verdade sobre a ciência e os conhecimentos de seus inventores e fabricantes. Daí, ficamos sabendo que não é absolutamente necessário que algo seja perceptível pelos sentidos para que sua existência seja reconhecida. Quão numerosas são, as realidades que não são acessíveis à visão e aos sentidos, mas que conhecemos e cremos nelas por meio da observação e da apreciação de seus efeitos. Qualquer ser racional percebe com o mínimo de observação que não existe efeito sem causa e que não existe nada harmoniosamente organizado sem ter atrás dele um organizador racional. Assim, podemos dividir as coisas existentes neste mundo em duas categorias:

1- As que podem ser percebidas pelos sentidos. Isto é: o que pode ser visto, ouvido, tocado ou provado pelo olfato e o paladar.

2- As que não podem ser percebidas pelos sentidos, mas que conhecemos pela observação de seus efeitos, embora essas realidades não sejam homogêneas, podendo ser materiais ou não-materiais, desprovidas da natureza da matéria e suas propriedades, como por exemplo:

A ELETRICIDADE: Não podemos distingui-la pela simples visão dos fios por onde passa a corrente elétrica, mas podemos constatar isso vendo os efeitos, tais como a luz em uma lâmpada. Por conseguinte, é uma realidade, embora não a vejamos diretamente com os olhos.

A FORÇA DA GRAVIDADE: Soltando este livro ele cairá no chão, isto é, a Terra o atrairá. O que é esta força de atração que sentimos diretamente? Ela é, também, uma das tantas coisas que não vemos, mas que acreditamos em sua existência depois de observarmos seus efeitos.

O MAGNETISMO: Ao colocar uma barra magnética ao lado de uma outra de ferro veremos apenas as barras. Quando a barra magnetizada atrai a de ferro ficamos cientes do campo magnético ao redor do imã.

AS RADIAÇÕES INVISÍVEIS: Dirigindo a luz solar a um prisma veremos do outro lado sete cores diferentes: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Todavia, não vemos qualquer cor na parte anterior da cor vermelha e nem na parte posterior da cor violeta, partes nas quais os cientistas afirmam existir outras cores de raios solares que não podem ser vistas a olho nu e que possuem efeitos caloríficos e químicos. Essas cores são denominadas de “infravermelho” e “ultravioleta”.

Em 1800 (D.C.) o físico e astrônomo Herschel pensou em procurar outras radiações com o uso do prisma. Ao medir com um termômetro a temperatura de cada uma das cores produzidas constatou a existência de diferentes temperaturas. Ao passar além da cor vermelha percebeu que o termômetro indicava uma temperatura mais alta. Assim descobriu-se a radiação do “infravermelho”. Tal temperatura distinta das demais radiações no espectro solar foi o que levou o ser humano a acreditar na existência do infravermelho. Na mesma época, um cientista chamado Wollaston colocou uma quantidade de um concentrado de cloreto de prata na região situada além da cor violeta e constatou ao contrário do que esperava, no local onde não se via a luz, um fator que escurecia o cloreto de prata. Desde então, os cientistas ficaram sabendo que os efeitos deixados pelos raios solares na pele, escurecendo-a, são efeitos químicos da radiação ultravioleta. Dessa forma é admitida como certa a existência de radiações invisíveis.

OS SONS INAUDÍVEIS: Existem muitos sons que não podemos ouvir e que são chamados ultra-sons, ou seja, as oscilações que acreditamos em sua existência através de seus efeitos.

A PERCEPÇÃO: Cada um de nós possui a faculdade de perceber a si mesmo, isto é, a faculdade de perceber que ele existe e possui uma série de percepções sucessivas em relação às coisas externas. Vemos também que o ser humano é consciente de suas percepções. A percepção não é algo visível ou audível e sim uma realidade invisível. Além da capacidade da visão e da audição reconhecidas por seus efeitos. Se um cientista, por exemplo, esclarecesse o método de solução de uma questão científica, ficaria evidente que ele a percebeu. Se perguntássemos a um cientista sobre suas noções matemáticas e seu conhecimento sobre elas e ele respondesse que possui conhecimento delas, então, concluiríamos que ele é consciente de suas noções, isto é, é sabedor que conhece as questões matemáticas.

O PLANEJAMENTO NA MEMÓRIA: O ser humano pode traçar em sua memória desenhos de quaisquer formas que ele queira. Pode construir em sua memória num instante, por exemplo, uma torre igual a Torre Eiffel cuja construção real necessitaria de muitos anos, toneladas de materiais e centenas de trabalhadores. Aliás, ele pode em sua própria memória construir num instante uma torre mil vezes maior sem qualquer trabalho. Podemos inclusive, criar na memória figuras inexistentes no mundo exterior. E é evidente que os outros não podem conhecer as imagens formadas em nossa mente por estas serem invisíveis e inaudíveis. Eles só podem conhecê-las através das informações dadas sobre as mesmas.

O AMOR, O ÓDIO E A DECISÃO: Cada um de nós pode sentir prazer com certas coisas e aversão a outras, e é necessário um elemento de decisão para fazer ou deixar de fazer, decidindo fazer o que lhe apraz, deixando de fazer o que detesta, sem pensar. Nenhum ser humano consegue saber diretamente a decisão de qualquer outro ser humano, e o que este ama ou odeia a não ser por meio dos efeitos e das reações exercidas diante das coisas, já que o amor, o ódio e a decisão não são visíveis, audíveis ou sensíveis aos demais sentidos.

A VIDA: Um animal cai num tanque de água diante de nossos olhos e morre antes que haja tempo para salvá-lo. O que se modificou em sua constituição naquele instante? Qual é a diferença em seu corpo antes e depois da morte? É evidente dizer que havia algo no animal vivo e que falta ao animal morto. Esse algo é a vida, que é invisível e imperceptível senão pela observação de seus efeitos.

Tais realidades científicas provam claramente que existem, além das coisas perceptíveis, outras que não podem ser percebidas diretamente, mas que reconhecemos somente através de seus efeitos. Com isso, concluímos que é um grande erro negarmos um fato porque não o vemos ou não o sentimos, já que a impossibilidade de ver é uma coisa e a inexistência é outra, e que o meio de conhecer a existência das coisas não se limita aos sentidos. A mente pode perceber as coisas por meio da observação de seus efeitos, conforme foi verificado por nós de que as realidades mencionadas não admitem sua negação por quem quer que seja, muito embora nós as conheçamos somente por meio de seus efeitos.

Deus disse no seu Livro:

“Pergunta-lhes: Que vos pareceria se Allah vos prolongasse a noite até ao Dia da Ressurreição? Que outra divindade, além de Allah, poderia trazer-vos a claridade? Não atentais para isso?” (C.28 – V.71)

Não queremos dizer que Deus é semelhante a essas realidades, por ser Ele uma realidade acima de todas as demais, sendo coisa alguma comparável a Ele. Afirmamos sim, que do mesmo modo que conhecemos essas realidades por seus efeitos, Deus pode ser conhecido também por meio de seus efeitos. Entretanto, aqueles que só percebem através de seus olhos negam Deus tão somente porque não podem vê-Lo. Eles têm seus corações cegos e suas mentes cegas, já que sabemos, por julgamento da mente sã, que se pode chegar a acreditar em Deus Altíssimo pela observação do sistema universal.

Quanto a você caro leitor, pode olhar com perspicácia e o coração aberto e verá o que não pode ser visto pelo olho, porque tudo o que existe é um sinal e uma benção maravilhosa que nos conduz a Deus. O ponto essencial é que a meditação nos efeitos do Poder de Deus, ou seja, o universo e tudo o que há nele, além de conduzir a Deus, nos faz conhecer outra verdade: quando todas as coisas que existem no universo são efeitos Dele estes seus efeitos não se limitam a uma fonte específica nem a um lugar específico, já que todos os fenômenos são sinais e provas de sua existência. Assim sendo, Ele, o Altíssimo, é uma outra realidade ímpar, transcendente, sem limites, possuindo todas as qualidades da perfeição, e é isento de toda e qualquer imperfeição. Ele é Uno, existente sem limites do tempo e espaço, embora não possamos compreender e perceber sua Realidade.

Mohammad, filho de Abdullah Al-Khurassani, empregado do oitavo Imam, Ali ibn Mussa Al-Redha (A.S.) relata que um homem dos maniqueístas foi ao conselho do Imam Al-Redha (A.S.) na presença de um grupo de pessoas e travou o seguinte diálogo com o mesmo:

Imam Al-Redha (A.S.) disse: “Ò homem! Tu já viste que se as máximas são conforme vós dizeis – e não são mesmo -, não seríamos nós e vós iguais legalmente, nada nos prejudicando se orássemos, jejuássemos, pagássemos o Zakat e reconhecêssemos a existência de Deus?”.

O homem permaneceu calado.

Então o Imam (A.S.) disse: “Se as máximas são nossas – e são nossas realmente – não perecereis miseravelmente enquanto nós nos salvaremos?” (É natural que a razão determina que o ser humano, mesmo considerando como probabilidade a existência de um outro mundo além deste, deva seguir os ensinamentos religiosos para se livrar da desgraça, do infortúnio e do perecimento neste outro mundo). O maniqueísta disse: “Que Deus tenha misericórdia de ti! Enriqueça-me dizendo como Ele é e onde está?”.

O Imam Al-Redha (A.S.) respondeu: “Ó infeliz! O que tu pensaste é errado; Ele foi quem fez o onde sem o onde e fez o como sem o como. Ele não se conhece pelo como nem pelo onde, não se percebe pelos sentidos e não se mede por coisa alguma”.

O homem perguntou: “Então, Ele não é nada se não for percebido pelos sentidos?”

O Imam (A.S.) respondeu: “Ó infeliz! Porque teus sentidos são incapazes de percebê-lo tu negas sua divindade? Quanto a nós, se os nossos sentidos forem incapazes de percebê-lo teremos a certeza de que Ele é o nosso Senhor, contrariamente a qualquer coisa”.

O homem perguntou: “Então conte-me, quando Ele foi? (Isto é, em que época passou a existir).

O Imam Al-Redha (A.S.) respondeu: “Dize-me quando Ele não foi e aí contar-te-ei quando Ele foi. (O que quer dizer que Deus existia antes do tempo e que Ele criou o tempo).

Perguntou o Maniqueísta: “Qual a prova disso?”

O Imam (A.S.) respondeu: “Quando olhei meu corpo e percebi que não podia acrescentar nada a ele nem diminuir nada dele, tanto na largura como no comprimento, e que nem sequer podia protegê-lo do mal ou trazer benefício a ele (aliás, pode não ser útil qualquer tentativa ou esforço para se livrar de uma doença) fiquei sabendo que esta estrutura deve ter um construtor e reconheci este Construtor. E ao ver, ainda, a rotação da terra, a formação das nuvens, as mudanças dos ventos, o círculo do zodíaco e tantos outros prodígios maravilhosos e evidentes operando com o Poder Dele, percebi que estes têm um Criador poderoso, sábio e Onipotente.”

3) EXEMPLOS DO SISTEMA UNIVERSAL.

Ao observarmos este vasto mundo e suas partes componentes, desde a menor partícula até o maior dos corpos celestes, percebemos os sinais patentes de um sistema perfeito e precisamente calculado, o que deixa os grandes cientistas maravilhados.

Deus disse no Alcorão:

“E entre os Seus sinais está o da criação dos céus e da terra, e de todos os seres que aí disseminou, e poderá congregá-los quando Lhe aprouver”. (C.42 – V.29)

Cil B. Hammann, professor de ciência ambiental na Universidade de Asbury, escreve: “Quando vejo uma gota d’água pelo microscópio e quando olho os astros mais afastados pelo telescópio fico extremamente deslumbrado”. O sistema da natureza é tão exato que baseados nele podemos prever a ocorrência de muitos acontecimentos apoiando-nos nas leis fixas. Devido ao fato das leis que regem a natureza serem definidas e constantes, os cientistas se esforçam para descobri-las, pois do contrário, qualquer procedimento nos campos regidos por tais leis seria inútil.

Esta Terra onde vivemos é precisamente organizada quanto a seu tamanho, a distância do sol, a velocidade da rotação e tantas outras coisas. Tudo isso proporciona a ela as condições para ser um centro de vida, sendo que, qualquer alteração dessas condições seria suficiente para provocar danos irreparáveis à marcha da vida na superfície terrestre.

Esta atmosfera constituída em sua maior parte de gases vitais é formada em proporções tais, tanto em espessura de sua camada como em densidade de seus componentes, que constitui um tipo de couraça ou escudo, que protege a terra do ataque destrutivo de vinte milhões de meteoritos que se precipitam diariamente sobre ela com velocidades que alcançam aproximadamente cinqüenta quilômetros por segundo. As funções de regulação do grau de temperatura da superfície terrestre de forma conveniente a vida são, também, da competência da atmosfera. Além disso, a atmosfera desempenha o papel de transportar o vapor das águas dos oceanos para os continentes, vapor este sem o qual os continentes tornar-se-iam desertos áridos e inabitáveis.

Disse Deus no Alcorão:

“Ele fez-vos da terra um leito, e do céu um teto, e envia do céu a água, com a qual faz brotar os frutos para o vosso sustento. Não atribuais rivais a Allah, conscientemente”. (C.2 – V.22)

Por que irmos tão longe quando a coisa mais próxima e a nossa própria existência? Os segredos da criação do ser humano são incalculáveis e imensuráveis ao ponto que os cientistas não conseguiram até agora conhecer todas as maravilhas da criação do ser humano, apesar dos extensos estudos e pesquisas. O professor Dr. Alexis Karl passou anos a fio pesquisando e escreveu um livro que intitulou: “O Ser Humano, este Desconhecido”, livro no qual confessa que a ciência ambiental e as demais ciências não conseguiram compreender a realidade do sistema do corpo humano, tendo ficado perplexas diante dos muitos segredos que não foram desvendados ainda. Eis alguns exemplos das maravilhas de nosso corpo merecedoras de observação.

AS CÉLULAS DO CORPO HUMANO

O corpo humano é constituído, como qualquer outra estrutura, de minúsculas estruturas chamadas “células”, cada qual constituindo um ser vivo. Essas células vivem, alimentam-se, digerem, atraem, repelem e reproduzem-se de forma perfeita, exatamente como todos os seres vivos. Na construção das células entra a maioria dos metais, tais como ferro, cobre, cálcio, bem como a maioria dos não-metais, como o oxigênio, o hidrogênio, nitrogênio, etc. O número das células do corpo humano normal chega a dez milhões de bilhões, as quais cooperam entre si, todas elas participam em conjunto, na realização de um só objetivo. Como seres vivos, sofrem dores e devem receber alimentos continuamente.

Quem desempenha de modo eficiente as funções de suprir as células com a alimentação necessária é o sangue com a ajuda do coração cuja estrutura é bem equipada para que possa fazer o sangue chegar a todas as partes do corpo através das veias e artérias. O sangue, depois de levar os alimentos para as células, carrega os materiais venenosos acumulados nelas para o coração com uma coloração escura. Então, o coração transfere o sangue chegado para o sistema de purificação, os pulmões, e o recebe de volta com coloração clara e maior força para distribuí-lo em todas as partes do corpo. O sangue ainda passa nos rins onde se livra das substâncias tóxicas para que não aconteça qualquer desequilíbrio no funcionamento do organismo.

Por acaso, a constituição das células de metais e não-metais em proporções definidas, e a estrutura impressionante do coração e seu funcionamento, os quais chamaram a atenção dos intelectuais da atualidade, não expressam um sistema completo e minucioso? Estaríamos falando a esmo quando dizemos que o corpo humano é um conjunto de mistérios que são, ao mesmo tempo, ordenados sistematicamente? Decerto que não.

Assim sendo, devemos reconhecer que o mundo subsiste com base em um perfeito sistema e planejamento, sendo natural que cada micro sistema e planejamento isolado seja proveniente de um Criador calculador, sábio e poderoso. Este assunto será desenvolvido extensamente no capítulo seguinte.

Deus disse no Alcorão Sagrado:

“Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado do pó; logo, sois, seres que se espalham (pelo globo)”. (C. 30 – V.20)

4) QUEM É O CRIADOR DO SISTEMA UNIVERSAL?

O ser humano depende, hoje, para execução de grande parte de seus trabalhos, de máquinas e aparelhos variados. Um desses aparelhos extremamente deslumbrantes é o computador, cujo modo de funcionamento acreditamos ser de vosso conhecimento até certo ponto. Existem alguns desses aparelhos que fornecem ao médico, em poucos minutos, relatório completo dos antecedentes de um doente, os quais tinham sido armazenados neles. No campo de identificação das doenças tal aparelho pode expor os mínimos detalhes de qualquer estado patológico armazenados nele durante o ano anterior ou no decorrer de muitos anos, bem como os respectivos modos de tratamento aplicado e tipos de medicamentos convenientes. Tal aparelho pode, quando necessário, incumbir a farmácia do hospital a fornecer o remédio necessário e informar a enfermeira para ministrá-lo ao doente.

O computador é usado, também, em algumas das grandes fábricas para organização e controle do funcionamento dos demais aparelhos naquelas fábricas. Será que esse aparelho maravilhoso pôde ser feito por mera coincidência? Ou será que sua precisão e seu sistema fascinante podem ser considerados como prova da inteligência e dos vastos conhecimentos de seu fabricante?

É indiscutível que qualquer pessoa, presenciando o funcionamento de tal aparelho de perto, há de louvar a grandiosidade da inteligência do fabricante e seu pensamento criativo.

Em outro exemplo temos o “Oryes” que é a denominação de um aparelho que pode preparar, no prazo de uma hora, um almoço farto para mais de mil pessoas. Tais aparelhos são efetivamente usados em restaurantes ao longo de rodovias em alguns países. O trabalho executado por esse aparelho equivale ao de vinte cozinheiros juntos. O carro para perto do restaurante e o cliente aperta um botão e uma voz pergunta o que deseja. Feita a encomenda, dentro de oito a onze minutos, o garçom traz a refeição encomendada. Quando o cliente aperta o botão e um funcionário atende, este aciona os botões da máquina para que esta execute o pedido. Isto é feito automaticamente em cada fase do processo até que o alimento separado é conduzido ao forno e em quatro minutos e sete segundos, cozido, e então acondicionado em uma embalagem e servido. É possível que esse aparelho de cozinhar, “Oyres”, tenha existido por acaso sem fabricante ou programador? Ou será que é produto de idéias e esforços de um grupo de cientistas que o inventaram por meio de cálculos cuidadosos?

Sem dúvida, os sistemas precisos, as disposições metódicas e as coordenações certas dos exemplos dados são criações do pensamento do organizador e inventor, isso quer dizer que se não houvesse um inventor que procurasse fabricar tais aparelhos, baseado em cálculos precisos, os mesmos jamais existiriam por si. Temos prova geral e insofismável de que o sistema e a coordenação devem ser produto de um princípio sábio e poderoso, e que o acaso e a coincidência não podem dar origem a maravilhas da organização e da coordenação, porque cada coisa tem seu efeito correspondente.

Do mesmo modo que a expectativa da queimadura pela água fria é algo absurdo e vão, assim também o é esperar que do acaso ou da coincidência surja uma disposição sistemática ordenada ou alguma organização. Assim, o sistema maravilhoso que observamos no crânio, nos nervos, no coração, no aparelho digestivo, no olho, no ouvido e nos milhares de outros exemplos é considerado prova cabal e testemunho vivo de que o mundo tem um Criador e organizador sábio e poderoso.

À medida que observamos cuidadosamente os segredos do sistema universal da criação, percebemos mais e mais a grandiosidade e a magnificência do Criador. Acaso, podemos dizer que o crânio humano e as maravilhas do corpo são menos importantes, significantes e dignos do que a fabricação de um computador? Naturalmente você há de acreditar que todas essas criações no universo são o mais magnífico testemunho da grandeza do princípio supremo e organizador, de sua sabedoria e poder. Além disso, o que podemos observar no ser humano de inteligência e faculdades de compreensão e sentimentos é testemunho claro e insofismável da existência do Criador Sábio, sensível e compreensivo, senão, como é que um ente privado de qualquer entendimento ou sentimento pode conceder semelhante capacidade de inteligência e sentimento às suas criaturas?

Deus no seu Livro Sagrado:

“17. Porventura, não reparam nos camelídeos, como são criados?
18. E no céu, como foi elevado?
19. E nas montanhas, como foram fixadas?
20. E na terra, como foi dilatada?
21. Admoesta, pois, porque és tão-somente um admoestador!
22. Não és, de maneira alguma, guardião deles.
23. E, àquele que te for adverso e incrédulo,
24. Allah infligirá o maior castigo.
25. Em verdade, o seu retorno será para Nós;
26. E o seu cômputo Nos concerne”. (C.88)

O Alcorão Sagrado refere-se a esse princípio supremo, que é prodigioso e inegável e que constitui uma realidade patente, em muitos de seus versículos, dentre eles:

“Foi Allah Quem erigiu os céus sem colunas aparentes; logo assumiu o Trono e submeteu o sol e a lua (à Sua vontade); cada qual prosseguirá o seu curso, até um término prefixado. Ele rege os assuntos e elucida os versículos para que fiqueis persuadidos do comparecimento ante o vosso Senhor”. (C.13 – V.2)

5) DESVENDANDO OS SEGREDOS DA NATUREZA.

As ciências humanas prosseguem em seus magníficos avanços, desvendando os segredos um após outro e mudando os conceitos errôneos na fisiologia e nas ciências experimentais.

Observamos, por exemplo, que alguns órgãos do corpo humano eram tidos, de modo equivocado, como inúteis quando as ciências modernas confirmam, depois de uma série de pesquisas aprofundadas, as importantes funções de cada um desses órgãos. Espera-se que outras funções desses órgãos do corpo sejam reveladas no futuro com a evolução dos meios científicos. Procuraremos neste estudo expor alguns exemplos para melhor elucidação do assunto:

O TIMO: É uma pequena glândula endócrina situada na caixa torácica, na parte inferior do pescoço, acima do esôfago. As suas funções eram desconhecidas até recentemente, tendo alguns cientistas antigos chegado a considerá-lo um órgão inútil. Entretanto, sabe-se hoje que ele desempenha um papel importante proporcionando resistência, proteção e defesa do corpo contra elementos estranhos. Alguns cientistas acreditam que o timo tem grande efeito sobre a capacidade sexual e o crescimento do corpo a partir da puberdade. Extirpando-o, os órgãos genitais ficam em estado de indolência e a puberdade é retardada.

A EPÍFISE: É uma glândula endócrina mais complicada que o timo e que se situa no centro do encéfalo. Cientistas do passado não imaginavam qualquer função dessa glândula. Atualmente, os cientistas acreditam que ela exerça efeitos sobre as atividades sexuais e que impede a puberdade precoce, além de possuir outros efeitos, podendo o seu mau funcionamento acarretar a morte em alguns casos.

AS AMÍDALAS: São um aglomerado de tecidos linfóides que os médicos antigos consideravam como órgãos inúteis e recomendavam sua extirpação em virtude de eventuais processos inflamatórios. Todavia, os médicos especializados chegaram ao conhecimento da sua importância para o corpo. Por isso, não recomendam sua extirpação a não ser em casos de extrema necessidade quando a cirurgia é indispensável. Na realidade, as amídalas suprem o corpo de leucócitos e têm como função defender o corpo e enfrentar micróbios. Elas constituem postos avançados de proteção higiênica ou fortificações bem guarnecidas na entrada das vias respiratórias, purificando o ar respirado das impurezas e aniquilando os germes invasores. Quando a poluição do ar é muito alta ou quando os germes no ambiente são fortes, as amídalas aumentam suas atividades efetivas, o que geralmente causa o aumento de sua estrutura. Sua extirpação é errada pelos seguintes motivos:

1- Deixa margem para os germes afetarem a boca e se propagarem pela laringe, esôfago e pulmões, o que pode causar doenças como a laringite e a pneumonia.

2- Depois da sua extirpação a pele interna da cavidade nasal e da laringe torna-se mais transparente do que o normal, o que resulta em boca e garganta secas.

Além disso, o aumento do volume de sua estrutura é considerado como um sinal de aviso da ocorrência de infecções e inflamações laringianas, enquanto a estomatite e as lesões orais podem não ser diagnosticadas nos casos de amídalas extirpadas, o que pode dar origem ao reumatismo com comprometimento cardíaco e outros.

O APÊNDICE VERMIFORME: Depois de muitas pesquisas, alguns cientistas chegaram ao resultado de que é possível que o apêndice vermiforme desempenhe um papel efetivo no cérebro contra o câncer, podendo sua extirpação conduzir ao aparecimento dessa doença. A revista médica “Gama” relata: “A extirpação do apêndice vermiforme de pessoas propensas a serem acometidas de câncer tem efeito decisivo no desenvolvimento da doença nesses pacientes”.

Observar os exemplos ora apresentados e centenas de outros semelhantes nos esclarece uma verdade importante: Não devemos apressar-nos a qualificar de indolentes ou inúteis as coisas cujas utilidades não sejam conhecidas. Devemos aguardar a revelação dos segredos e efeitos dessas coisas com o avanço permanente da ciência. É claro que o ser humano, embora tenha evoluído bastante em seus conhecimentos, continua a trilhar as primeiras etapas do conhecimento com a leitura de somente uma linha do volumoso livro da natureza.

Em sua obra “A Filosofia da Relatividade”, Albert Einstein escreveu o seguinte: “O que lemos até agora do Livro da Natureza ensinou-nos muitas coisas, mas sabemos que ainda estamos longe do descobrimento total dos segredos da natureza”.Willian James diz: “O nosso conhecimento é em proporção ao nosso desconhecimento como uma gota d’água é em proporção ao oceano”.

Assim sendo, podemos perguntar: Não seriam os materialistas errados quando julgam uma coisa existente como inútil apenas porque desconhecem seus segredos e propriedades? Se esses materialistas raciocinassem com cuidado perceberiam facilmente a grande diferença e a longa distância entre o desconhecimento e a inexistência. É absolutamente absurdo e incorreto que o ser humano faça da inconsciência prova da inexistência. No seguinte versículo alcorânico testemunhamos a promessa de Deus com um severo castigo a quem nega Sua Existência e Seus Sinais:

“Afastarei dos Meus versículos aqueles que se envaidecem sem razão, na terra e, mesmo quando virem todo o sinal, nele não crerão; e, mesmo quando virem a senda da retidão, não a adotarão por guia. Em troca, se virem a senda do erro, tomá-la-ão por guia. Isso porque rejeitaram os Nossos sinais e os negligenciaram”. (C.7 – V.146)

“ E o destino daqueles que cometeram o mal será pior, pois desmentiram os versículos de Allah e deles escarneceram!”. (C.30 – V.10)

É imprescindível dizer que o desconhecimento das propriedades de uma ou outra coisa dos milhões de coisas existentes no universo não deve impedir o ser humano de chegar por meio de seu conhecimento do universo ao Sábio e Poderoso criador deste Universo. Sem dúvida, a observação e o conhecimento das coisas existentes ou de qualquer parte delas é suficiente para guiar o ser humano em direção ao Criador do Universo: o Onipotente.

Se encontrássemos um livro repleto de assuntos científicos e lógicos e nos víssemos incapazes de entender algumas de suas expressões, qual seria o nosso critério com respeito a esse livro? Poderíamos deixar de considerar todos os úteis assuntos científicos procedentes de um pensamento brilhante e uma percepção de longo alcance? Decerto que não. Quão grandioso seria repetir os versos de um poeta persa: “Este universo é parecido com o olho, a face, a pinta e o supercílio cuja beleza ímpar se destaca somente quando cada um estiver no seu devido lugar”.

6) A VISÃO DE UMA DIMENSÃO ÚNICA.

Indubitavelmente, aqueles que focalizam sua vida em uma única dimensão são pessoas carentes de conhecimento, porque sua existência se resume à dimensão focalizada e desconhecem as outras várias necessidades do ser humano. Medem todas as realidades da vida por uma única perspectiva a partir de uma visão restrita a uma só direção.

Tais pessoas se dividem em dois grupos:

1- Aqueles que supõem que um determinado impulso psicológico é o motivador genuíno das atividades do ser humano e o único influenciador nas relações sociais.

2- Aqueles que consideram que existem vários impulsos psicológicos, afirmando que um deles é o motivador principal que tem influência absoluta e vêem que a humanidade é influenciada em sua conduta por este impulso decisivo.

Não procuraremos aqui discutir as posições de ambos, nem relacionar, distinguir ou classificar as escolas radicais num ou noutro grupo, mas queremos esclarecer as falhas e acomodações básicas dessas maneiras de pensar. Folheando as páginas da história, saltam subitamente diante de nossos olhos manchas negras desses dois grupos e constatamos que em cada época apareciam visões de uma “Dimensão Única”.

Na época de Saadi, o teólogo e poeta de Shiraz, e seus semelhantes, o padrão de medida da personalidade era baseado na capacidade literária. O valor e a grandeza eram medidos pelo conhecimento da gramática e da literatura, sendo o dono dessa personalidade, considerado professor consciente e profundo quando bem dotado dessa bagagem intelectual.

Assim, a integridade humana era medida nesta base; sob a égide do conhecimento e da capacidade. Por causa disso, as pessoas viviam alheias aos problemas da época, as conseqüências drásticas do domínio estrangeiro sobre a religião, ao pensamento na melhoria do nível de vida dos pobres que tinham o chão como cama e as dezenas de outras questões necessárias. Aliás, quando uma epidemia numa sociedade é generalizada, as pessoas podem não perceber os danos provocados por ela e passar a supor que vivem em uma sociedade sã.

A ESCOLA MARXISTA

Podemos dizer que a maior crise e o maior exemplo da dimensão única é representado pela doutrina de Karl Marx, a qual supõe, que as forças de produção constituem a base de todas as questões políticas e de direitos, bem como todos os fenômenos intelectuais, religiosos e sociais. Perguntamos: Se numa sociedade de economia sã os indivíduos gozassem de seus direitos econômicos, poderiam prescindir de todas as demais coisas? Será que deixariam de ter outra esperança, desejo ou objetivo? Será que não ficaria aberto o campo da indagação na boca e na consciência dos seres humanos sobre o princípio e o enigma da criação ou sobre para onde se caminha?

O marxismo, com as suas concepções errôneas sobre o universo, não pode, sem dúvida, abranger todas as dimensões do ser humano, porque restringe a vida à matéria totalmente desconexa com as dimensões espirituais e morais e as profundas necessidades internas do homem, que é, do ponto de vista de Marx, um meio de produção ao lado da foice, do martelo e dos seus similares. Na verdade, o marxismo não foi a primeira nem a última escola de pensamento na história a focalizar uma determinada faceta sem tomar conhecimento das demais, atribuindo a ela todos os tipos de amor e ódio, atração e repulsa, respeito e desacato, e todos os acontecimentos e mudanças na história da humanidade.

A ESCOLA FREUDIANA

De modo similar, a escola Freudiana. Uma escola libertina, torpe e horrenda, vítima caída na rede de um outro aspecto restrito, focalizando o mundo somente com a visão do instinto sexual, observando os fenômenos aparentes, os padrões comportamentais, as aversões e as tendências a procura de algum efeito do fator sexual para interpretá-lo somente segundo o sexo. Freud acreditava que todos os complexos e sentimentos de inferioridade constituem reações da repressão sexual, quando sabemos que o ser humano é um conjunto de instintos e impulsos que exercem, todos eles, os seus efeitos sobre a personalidade humana, não podendo ser negligenciados qualquer um deles para a completa satisfação das necessidades humanas e para assegurar-lhe a felicidade individual e social.

O RACISMO

O racismo é um outro exemplo das teorias do fator de visão única focalizada numa só dimensão por considerar uma só raça como pura e todas as demais subdesenvolvidas e atrasadas na escala da evolução social. Eis os judeus, que se denominam “O Povo Escolhido de Deus!” E que consideram os demais povos escravos ou animais possuídos por eles; dão a si mesmos o direito de dispensar o tratamento que quiserem aos seus inimigos. E eis a sua Torá adulterada a testemunhar os seus crimes desumanos e massacres públicos cruéis nas terras alheias nos seguintes termos:

“E o Senhor Nosso Deus no-lo deu diante de nós e o ferimos (Seom, Rei de Hesbom) e a seus filhos e a todo seu povo. E naquele tempo tomamos todas suas cidades e as destruímos, homens, mulheres, crianças; não deixamos a ninguém”. (Deuteronômio C 2 – V. 33-35).

Eis também Hitler, o líder nazista, que considerava a raça germânica superior e a mais forte entre as demais e que governar o mundo, dirigindo-lhe o destino, era algo digno somente de sua pessoa. Todos nós sabemos como provocou uma guerra impetuosa contra a humanidade para fazer valer suas idéias em nome de sua obsessão em conduzir a Alemanha à vitória e à Hegemonia, e de como perdeu e causou a divisão de seu país em duas partes (Alemanha Ocidental e Oriental) e a dispersão do povo alemão depois da derrota e da humilhação diante dos Aliados.

Vemos efetivamente a questão racista em certos países europeus e nos Estados Unidos da América como um dos principais problemas que ainda não foram resolvidos. Pois, em alguns estados norte-americanos os brancos se recusam a conviver com os negros, que passam privações e sofrem humilhações somente por causa da cor de sua pele, quando nenhum ser racional pode admitir isso. Ademais, a raça ou a cor da pele não tem qualquer influência na essência da natureza humana e a “superioridade racial” não passa de um mito. O ser humano é o que é com suas virtudes, razão e conhecimentos, não com a cor de sua pele, seu porte ou força física.

Voltemos a nossa sociedade contemporânea e esclareçamos alguns exemplos de visão de uma única dimensão. Alguns entenderam e aceitaram o Islam como sendo simples rituais de culto e não prestaram atenção a quaisquer dos demais deveres Islâmicos: estes resumem o Islam a um tapete e um terço. Na realidade, não negamos que os rituais pertencem aos pilares do Islam e constituem por si só uma parte da vida que promove a salvação e com influência na marcha humana para a civilização; mas não da maneira em que são negligenciadas as demais questões da vida (por tais pessoas) com a desistência do trabalho, do ganho, da esposa, dos filhos e das demais tarefas. São gastas todas as capacidades nos rituais com o desprezo dos demais deveres sob diversos pretextos, deixando, por exemplo, de dispensar pensamento a ordem do bem e a dissuasão do mal, procurar a formação pessoal e a educação dos outros, mesmo na proporção de um só por cento do pensamento dispensado ao tapete e ao terço é um grande erro e é uma visão de dimensão única que negligencia os demais aspectos da vida humana.

Vemos um outro grupo concentrar-se na purificação corporal com a ablução, que é das mais fáceis disposições Islâmicas, chegando nela ao ponto da obsessão, enquanto não o vemos importar-se com dizer mal dos outros, mentir e praticar outros atos abomináveis. Um terceiro grupo considera a religião como mera “pureza de coração”, achando desnecessárias as atividades e a busca de conhecimento. Esta concepção constitui-se de uma simples justificativa para fugir das responsabilidades e tarefas. Este grupo não possui argumento senão que seja o objetivo da religião a “pureza de coração”. Dizendo a alguém deste grupo: “Não consuma bebidas alcoólicas”, ele responde: “deixe disso e que teu coração seja puro!”, assim tal culto vazio se esquiva de arcar com as responsabilidades e se isenta, imaginando estar purificado, apesar de sua impureza com milhares de pecados e vícios morais; e acreditando ter um íntimo polido e puro como um espelho, embora esteja claramente mau e poluído. Vemos, ainda, alguns falar sempre do amor que dedicam ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.). Imaginam ser este seu amor como fundamento de seu Islamismo, à sombra deste afeto, a ética e os preceitos Islâmicos, e dizem: “Sê amoroso e faz o que quiseres. Que teu olho derrame uma lágrima por Hussein e não temas qualquer pecado”. Isso não pode ser considerado como seguir os ensinamentos do Islam nem ser partidário do Príncipe dos Fiéis (A.S.). Na realidade, esses não conhecem o verdadeiro significado do amor, porque quem realmente ama não segue o caminho inadmissível para quem ele ama. Reconhecemos que o amor e os vínculos cordiais com o magnânimo Profeta (S.A.A.S.) são das primeiras tarefas do Muçulmano consciente e constituem salvação do ser humano, mas não na forma que esse afeto seja mal explorado e tomado como desculpa para desdenhar e negligenciar a ética e os preceitos Islâmicos e descuidar em se afastar dos pecados.

Imam Al-Báquer (A.S.) diz: “Aquele que for desobediente a Deus é nosso inimigo; o nosso companheirismo só pode ser obtido com trabalho, crença em Deus e abstenção dos atos proibidos”.

O MATERIALISMO

A calamidade que domina atualmente a vida dos seres humanos mais do que qualquer outra coisa, e que arrasta a humanidade à extinção e à vida maquinal, pois constatamos, no campo das relações entre máquina e a sociedade que o ser humano se transformou até certo ponto em uma máquina, e a vida maquinal restringe as raízes principais dos diversos fenômenos e relações na sociedade moderna à mecanismos da avançada tecnologia. O ser humano é uma criatura com várias necessidades. Entretanto a vida maquinal leva-o a tomar uma forma específica e um contorno definido, a exercer um trabalho determinado e a permanecer neste trabalho até o fim de sua vida, trabalhando e trabalhando, a rodar e rodar como uma máquina para só parar quando ela para. Ele gira como um ventilador sem poder satisfazer as suas outras necessidades. Tal ser humano é um aparelho a serviço da máquina em lugar da máquina estar em serviço dele. Ele age sempre para comer e come para trabalhar: produção para consumo e consumo para produção. Nas sociedades dirigidas pela maquinaria, os indivíduos são escravizados sem pensarem nesta sua condição de escravos e deixam de buscar por sua integridade. Passam todos os dias da mesma forma que vinham fazendo há milhares de dias.

Tais sociedades caminham a passos largos para que o sistema industrial substitua todas as formas do pensamento espiritual e ideológico, com os indivíduos se moldando, sem perceberem, com os trabalhos que exercem, e as suas personalidades tornam-se desleixadas. Preocupam-se somente com a única coisa que lhes inquieta, ou seja, as questões financeiras resumidas no montante de renda, na produção e no consumo. Nessas sociedades os indivíduos vestem-se de maneira semelhante e têm um só aspecto. Quando decidem fazer modificações, dão ouvidos aos veículos de informação e fazem essas modificações de acordo com as orientações desses veículos. Eles não são mais os agentes realizadores, pensadores, conhecedores e criativos. Possuem em geral, um só tipo da liberdade da produção maquinal, ficam alegres com isso e colocam em suas mãos as algemas da máquina e da mecânica sem perceberem isso.

Se pensarmos em salvar a sociedade dessas doenças, será indispensável olharmos todas as dimensões do ser humano e de sua existência, porque negligenciar suas realidades e negar suas necessidades, ou menosprezar os seus vários impulsos, tudo isso de fato é uma das tantas doenças que infelizmente afligem nosso tempo em grande escala. Por acaso, existe coisa mais grave que ter a riqueza e muito dinheiro como o único padrão geral da essência da vida e das relações humanas na sociedade? Em tais circunstâncias vemos todos se preocuparem somente em encher os bolsos de dinheiro e gozar de mais e mais recursos materiais ao invés de procurar conhecer melhor as reais necessidades sociais, promover a cooperação religiosa e solidária, e buscar com seriedade a harmonia e a convivência, e dirigir-se a horizontes de virtude, abnegação e de amor ao próximo.

O médico que não se volta às suas responsabilidades religiosas se transforma em um explorador que busca somente o lucro; o juiz que aceita propinas e se preocupa somente com a construção de palácios luxuosos; o comerciante em que em lugar de negociar coisas úteis para a sociedade não pensa em nada a não ser no que seja lucrativo; o capitalista que não vê o que o impeça de construir centros de corrupção e extravio de jovens somente para acumular maiores riquezas; o estudante que se empenha em aprender não para servir a sociedade, mas para apenas ganhar dinheiro.

Em tal sociedade, as preferências e os valores são tomados por medidas falhas e fúteis. A existência do ser humano em tal sociedade é representada por sua conta bancária e suas propriedades, enquanto os valores humanos verdadeiros são esquecidos. Na arena desta corrida financeira, os pensamentos e as capacidades ficam acometidos de esterilidade moral, os exemplos de genialidade se dissipam e os pensamentos medíocres e as concepções fúteis flutuam na superfície enquanto as pedras preciosas vão ao fundo e ficam enterradas na areia.

Deus disse no Alcorão Sagrado:

“Afastarei dos Meus versículos aqueles que se envaidecem sem razão, na terra e, mesmo quando virem todo o sinal, nele não crerão; e, mesmo quando virem a senda da retidão, não a adotarão por guia. Em troca, se virem a senda do erro, tomá-la-ão por guia. Isso porque rejeitaram os Nossos sinais e os negligenciaram”. (C.7 – V.146)

A ESCOLA ISLÂMICA

Ao contrário dos pontos de vista apresentados, o Islam leva em consideração todas as necessidades do ser humano, quer sejam físicas, espirituais, emocionais, de caráter individual ou social, relacionadas com esta vida ou a outra. De acordo com o ponto de vista Islâmico é indispensável para assegurar a felicidade humana que a visão se dirija a todas as dimensões da vida humana, devendo as necessidades básicas serem satisfeitas na base de regras gerais que assentam a vida individual e social em bases justas, o que conduzirá a uma caminhada moral integrada e progressiva com a exploração dos recursos do universo com a maior felicidade, destreza e resolução para que a caminhada acabe na vida eterna.

Que código é este que pode abranger a vida humana repleta de enigmas e segredos em suas diversas etapas em todos os sentidos? Ele só pode ser o código divino estabelecido por Deus, o Onividente, o que conhece as profundezas da existência de todos os seres humanos.

O Islam é o código de Deus, o Onividente, conhecedor de cada indivíduo neste vasto mundo e de todos os problemas que todos os seres humanos enfrentam em todos os séculos, sob todas as circunstâncias das diversas épocas e diferentes lugares, e nos variados ambientes; que conhece mais que a criatura necessitada as batidas e palpitações dos corações de todos os viventes e o que o embrião necessita no útero da mãe e o morto em sua sepultura; que conhece o passado e o futuro de cada criatura e as situações e condições de cada sociedade em todos os tempos; que, com seu conhecimento infinito, está com cada ser existente; e que conhece todos os segredos ocultos em todas as criaturas. Aliás, semelhante Legislador tem o poder de instituir um código permanente para a felicidade do ser humano, e o Islam é o seu código. O Alcorão Sagrado menciona:

“Volta o teu rosto para a religião monoteísta. É a obra de Allah, sob cuja qualidade inata Allah criou a humanidade. A criação feita por Allah é imutável. Esta é a verdadeira religião; porém, a maioria dos humanos o ignora”.(C. 30 – V.30)

O Islam observa o corpo e o espírito do ser humano, se preocupa com as necessidades de cada um deles e considera a satisfação das necessidades espirituais, a promoção da integridade moral e a obtenção da felicidade eterna no além mais importante que as demais coisas, olhando para elas como objetivo genuíno. O Islam dirige-se às necessidades do corpo porque se este não existisse o espírito não poderia se aperfeiçoar. Ele manda preservar o corpo e a respectiva saúde porque se não existisse corpo são o espírito deixaria de ser ativo e efetivo.

O Islam vê a repressão dos instintos com a recusa a satisfazê-los, inadmissível. Proíbe o celibato e os retiros espirituais vãos a seus seguidores, e formula métodos corretos e genuínos para responder as necessidades dos instintos e ao mesmo tempo fazer frente à dissolução e a liberdade desenfreada, as quais prejudicam a marcha da humanidade. Os ensinamentos do Islam nas questões econômicas, sociais, políticas, de culto e outras, são o maior testemunho de que a fé Islâmica monoteísta não deixou de levar em conta qualquer necessidade da vida humana.

Para atender as questões econômicas, o Islam ordena o trabalho, a obtenção lícita dos ganhos, a agricultura, a doma dos animais, a vivificação das terras impróprias para o plantio, a construção, a prática do comércio, o exercício de profissões e a formação de indústrias, e reprova a ociosidade. Por outro lado, para assegurar a equidade aos seres humanos em seu trabalho, e promover a aproximação entre as classes, ele traçou meios para a justa distribuição das riquezas e ensina a seus seguidores que o trabalho e o dinheiro são meios e não objetivos, para que não se fixem somente nas riquezas e não se desliguem de seus deveres legais e do pagamento dos impostos que asseguram equilíbrio no campo social. O Islam não vê possível o crescimento das riquezas por todo e qualquer meio. Ele proíbe a usura e a exploração do capital alheio e condena a cobrança de juros como um dos maiores pecados e uma ofensa a Deus, o Altíssimo.

O Islam ordena a realização das orações para que os laços permaneçam entre o ser humano e Deus, e para que o crente não se entregue aos bens materiais. Ordena o jejum para que o fiel não se acostume com os prazeres e se transforme em cativo de seu estômago, e para que seu espírito e sua razão sejam os orientadores do seu corpo. O Islam pede aos Muçulmanos a invocação a Deus e a prática dos cultos aprazíveis, porque invocar a Deus Altíssimo e recorrer a Ele, constitui-se em alimento ao espírito, aproxima a alma da Providência Divina, salvando-a dos entraves terrenos e concede ao ser humano a força, a esperança e a paciência diante dos problemas da vida.

Entretanto, ele vê no exagero dos cultos (a ponto de afetar o cumprimento dos deveres) algo indesejável. Ao mesmo tempo, o Islam vê que o afeto cordial para com Deus, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e os membros dos Ahlul Bait (A.S.) e seus respectivos partidários, bem como a aversão e o afastamento dos inimigos de Deus, do Profeta (S.A.A.S.) e dos Ahlul Bait (A.S.), são das coisas necessárias a ponto da fé ser considerada “amor e ódio”.

Todavia, para que alguns não cheguem a imaginar que o amor sem os bons atos seja um meio de salvação, ele ordena que sejam seguidas as suas outras ordens e prevenções, e avalia o amor pela medida em que ele se materializa na prática efetiva do bem e na obediência a Deus, ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e aos Ahlul Bait (A.S.). Deus disse no Alcorão Sagrado:

“Dize: Se verdadeiramente amais a Allah, segui-me; Allah vos amará e perdoará as vossas faltas, porque Allah é Indulgente, Misericordiosíssimo”. (C. 3 – V.31)

O Imam Jafar Assádeq (A.S.) disse na hora de sua morte: “A nossa intercessão não alcançará quem faz pouco caso da oração”.

O Islam é um código completo e compatível com a realidade do ser humano e sua natureza, e leva em consideração todas as dimensões da existência, tendo em todos os assuntos, mandamentos definidos e completos.

Esperando a chegada daquele dia em que nós deixaremos, depois de dirigir-nos a esta verdade, de olhar para uma única dimensão, mas procuraremos estabelecer a nossa vida com base no exemplo correto que o grandioso Islam elaborou para nós. Vivemos e pedimos a Deus para que isso se realize.

7) O PLANEJAMENTO E A ORDEM NA VIDA.

Sem dúvida, o índice organizado de um livro facilita a leitura do mesmo e o rápido reconhecimento dos assuntos nele contidos. Por exemplo, se os vocábulos das enciclopédias e dicionários não fossem dispostos em ordem alfabética, seria muito difícil achar as palavras, os termos e matérias procuradas. A biblioteca provida de índices precisos e dispostos de acordo com os temas, títulos dos livros ou outros, pode ser considerada como o melhor orientador dos pesquisadores e leitores. Se as repartições públicas possuem arquivos e dossiês para guardar documentos de forma organizada, podem dar andamento aos serviços dos interessados mais rapidamente e com maior precisão. Um só único lapso, uma simples confusão ou um pequeno equívoco nos cálculos do lançamento dos grandes satélites artificiais pode resultar em perdê-los no espaço longínquo.

A ordem tem seu papel importante no êxito do ser humano. Se organizássemos em bases corretas os horários de nossos trabalhos e atividades, de nossos descansos e folgas, de nossas rendas e gastos financeiros, e de todos nossos assuntos materiais e morais, gozaríamos de uma vida feliz e frutífera nesta vida e na outra. Se observássemos tudo com precisão, descobriríamos que o universo segue, desde o átomo até a via-láctea, uma ordem universal precisa, que constitui um exemplo para nós, criaturas de Deus, para organizarmos nossa vida e todos nossos assuntos. A grande ordem que rege todas as partes do universo é tão precisa e grandiosa que as ciências modernas surpreendem-se a cada passo dado por elas em suas pesquisas.

Algo importante é o inter-relacionamento e a adequação apropriada entre o sistema do microcosmo com suas partes constitutivas de astros e galáxias, bem como entre todos esses e os seres animados. As moléculas e os grupamentos de átomos, que constituem as coisas, como a gota de água, por exemplo, parecem extraordinariamente precisos e admiráveis quando observados pelos microscópios, como os astros e galáxias também parecem quando observados pelos potentes telescópios. A perfeição primorosa e esmerada do sistema dos grupamentos de átomos e do universo, com seu movimento e sua rotação, e do mundo dos seres vivos e das plantas, bem como da existência da existência do ser humano e dos filamentos de seus nervos; tudo isso expressa uma maravilhosa criatividade na formação, de modo que o indivíduo possa imaginar o universo com todas suas partes constitutivas, conforme disse o poeta, como um rosto com olhos, face, supercílio e todas as demais partes em seu devido lugar. Pois tudo tem sua beleza ímpar e seu devido lugar.

O SEGREDO DO SUCESSO

Os bem-sucedidos entre os seres humanos são aqueles que organizam suas vidas de acordo com planos precisos, progredindo na vida dentro de um método correto. As grandes vitórias e conquistas obtidas pelas nações e pelos grandes personagens, de outrora e de agora, nos campos da chefia, política, ciências, artes e nos outros campos da vida social, política e econômica foram condicionadas ao planejamento preciso da vida e ao trabalho organizado.

Seria possível imaginar os grandes cientistas, como Avicena, Al-Bayruni, Ar-Rázi, Al-Túsi, Al-Farabi e outros, chegarem a tão altos conceitos no campo do conhecimento, sem organização ou planejamento da leitura, da pesquisa e do modo de viver? Será que os alemães e japoneses, que perderam tudo na Segunda Guerra Mundial, conseguiriam erguer-se, reconstruir tudo, reativar sua indústria e economia, e restituir sua existência, a não ser sob a égide da ordem e do planejamento preciso?

OS DANOS DO CAOS

Na realidade, é absolutamente tolo e desprovido de lógica e razão considerarmos a ordem como um tipo de entrave para o homem e dizermos que a pessoa livre de quaisquer obstáculos em sua vida é efetivamente uma pessoa feliz. Essa só pode ser a lógica dos preguiçosos e indolentes que recorrem a essa hipótese para justificar sua desistência de arcar com as responsabilidades individuais e sociais. Nenhum exército triunfa sem organização, porque cada triunfo ou êxito realizado por ele se baseia em seu planejamento e organização, e nenhum princípio ou partido político consegue triunfar sem ter concepções precisas e organizadas, e formações definidas. Porquanto, o caos é o aniquilamento e a dissolução. Os fatores de separação e preocupação provenientes do caos são os que determinam a perdição das coisas e seu aniquilamento. Uma olhada na vida dos homens de Deus e dos grandes líderes religiosos confirma efetivamente a aceitação desta verdade.

Eis que vemos o Príncipe dos Fiéis, Imam Ali (A.S.), que teve os dissabores de observar os maus resultados da dispersão e da desordem em ambos os campos, intelectual e prático, dos Muçulmanos de sua época, a convocar seus filhos e a todos os Muçulmanos à organização do trabalho, em sua última mensagem ao mundo, nas últimas horas de sua honrosa vida, antes de desfalecer como mártir, dizendo:

“Recomendo-vos e a todos os meus descendentes e familiares, bem como a todos os que tomarem conhecimento desta minha mensagem, crer em Deus, obedecê-Lo e honrá-Lo, e organizar seus próprios assuntos.”

Da mesma forma, vemos o magnânimo Profeta Mohammad (S.A.A.S.), nas guerras Islâmicas, especialmente nas campanhas de Badr e Uhud, empreender uma organização completa do exército Muçulmano de modo que esse exército pequeno em número e armas parecesse grande aos olhos do inimigo, de modo que o inimigo não encontrasse acesso a suas fileiras sem ser enfrentado com as espadas dos Muçulmanos.

A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO

Agora, observe a ordem precisa dos cultos Islâmicos a Deus, com horários certos que organizam as orações de dia e a noite, e horários fixados para o jejum em um mês definido, de modo que se o ser humano quebrar o jejum um minuto antes do horário para o desjejum o seu jejum se anula. A mesma coisa se aplica a peregrinação no mês lunar Islâmico de Zul Hijjah e aos demais cultos.

Por acaso, não constituiriam tais organizações dos cultos a Deus advertência aos Muçulmanos para organizarem suas próprias vidas no mesmo método? Vemos muitos das várias classes sociais indagarem: “Que faremos para nos livrarmos do peso dos estudos, dos encargos das funções, dos problemas de auferir ganhos e dos demais problemas da vida e conseguirmos assistir as reuniões religiosas construtivas ou freqüentar os lugares de culto a Deus?” Eles afirmam não possuir tempo suficiente para descansar, alimentar-se, dormir e atender as lidas do lar e suas necessidades e as necessidades da esposa e dos filhos, e indagam como poderiam ter tempo suficiente para as outras questões, tais como fazer o bem aos parentes, cumprir os compromissos, visitar os doentes e perguntar pelos necessitados, etc. Na verdade, se eles tivessem organizado seu tempo sabiamente, sem dúvida, conseguiriam, sob quaisquer circunstâncias ou trabalhos, achar horas de folga durante as quais empreenderiam muitos trabalhos, especialmente a leitura atenta e compreensiva de livros úteis como o Alcorão Sagrado e o Nahjul Balaghah. O estudante que organiza seu tempo pode preparar seus estudos em horários determinados e cumprir suas tarefas de casa, bem como se recrear em outros horários, arranjando parte do seu tempo, ainda, para gastar na leitura útil, especialmente quando ele acorda de madrugada. Tal estudante não terá intranqüilidade nem inquietação nos exames, os quais prestará fácil e calmamente, nem ficará vazio de cultura Islâmica.

O Príncipe dos Fieis, Imam Ali (A.S.) disse: “O tempo é igual a uma espada, se não cortá-lo te cortará”.

Decerto que a magnífica e maravilhosa vida do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) constitui-se em um grande exemplo para todos nós. Pois ele arcou com dezenas de responsabilidades, apesar de todas as dores sofridas e de todos os problemas enfrentados. Ele transmitia a mensagem de Deus e dirigia a vida social dos Muçulmanos. Conduzindo-os em suas batalhas e defendendo-os como um soldado de vanguarda, e atendia as necessidades internas e externas de sua gente, bem como as suas próprias necessidades familiares, além do cumprimento dos seus árduos cultos a Deus, o Altíssimo. Poderia tudo isso ter sido possível se não existisse planejamento e organização bem claros e definidos?

O Príncipe dos Fiéis, Imam Ali (A.S.), dividia também o dia e a noite em determinados horários, cumprindo de forma organizada os cultos e obrigações a Deus, acompanhando os assuntos dos Muçulmanos, ajudando os necessitados e exercendo trabalhos e atividades, tais como a cultura de jardins, promoção dos negócios da casa, criação de filhos e demais tarefas, e desempenhava tudo com boa performance. Assim sendo, é conveniente tomarmos a vida de ambos como modelo perfeito para uma vida feliz.

Como organizarmos a nossa vida cotidiana e não desperdiçar tempo?

O Imam Al-Kadhem (A.S.) disse: “Deus ficará irado com o servo vazio e que dorme excessivamente”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Três atributos são amados por Deus, falar pouco, dormir pouco e comer pouco. E três são odiados por Deus, falar muito, comer muito e dormir muito”.

O Imam Al-Kadhem (A.S.) disse: “Esforçai-vos para que o vosso tempo seja de quatro horas: Uma hora para dirigir-vos a Deus, uma hora para os assuntos de ganhar a vida, uma hora para a convivência com os irmãos e amigos dignos de confiança, que apontam para vós os vossos defeitos e que são sinceros a vós no íntimo, e uma hora que dedicais aos vossos prazeres não proibidos e com esta última possais com as outras três”.

Se conseguíssemos organizar nossa vida desta forma encontraríamos o tempo suficiente para todos os nossos trabalhos, porque assim impediríamos o desperdício de tempo e das oportunidades. Um dos sábios, o falecido Ayatullah Assayed Mohammad Kadhem Al-Yazdi (K.S.), dizia: “A distribuição do tempo constitui sua ampliação e a dispersão do tempo, sua perda”.

A ORGANIZAÇÃO DOS PENSAMENTOS

Evidentemente, a organização dos trabalhos começa com a organização dos pensamentos, pois precisamos primeiro pensar com precisão e organizar os pensamentos para passarmos a aplicação prática. Aquele cujos pensamentos não são organizados não poderá ser organizado em sua vida e em seus assuntos pessoais e sociais; vive, sem dúvida, a inquietude, a intranqüilidade e a dispersão em suas tarefas. Outrossim, o caos na fala ou na escrita tem sua causa no caos dos pensamentos. Por isso, para que sejamos organizados nos assuntos individuais e sociais de nossa vida, e para que possamos transformar nossa vida distribuída em vida integrada e consistente, necessitamos de correta organização nos pensamentos e correta organização na aplicação prática.

O DESEQUILÍBRIO ENTRE OS GANHOS E OS GASTOS

Há um ditado que diz: “é digno de compaixão aquele cuja renda é dezenove e cujos gastos são vinte”.

A falta de organização e planejamento de gastos constitui o motivo principal que desfaz os vínculos da vida e leva a estrutura econômica individual e social à ruína, a pobreza e ao caos. A maioria das pessoas não sabe como gastar suas rendas ou promover a harmonia do equilíbrio entre seus ganhos e seus gastos. Quão numerosos são os casos em que vemos indivíduos, embora possuindo grandes rendas, se arruinarem e terem suas vidas esmagadas em conseqüência da jogatina, do passa-tempo, da inveja e dos esbanjamentos inúteis até atingirem a situação de privação dos meios necessários para viver, enquanto vemos outros que não possuem como renda senão um salário mínimo levarem uma vida tranqüila e dinâmica somente devido a existência de um programa organizado, cálculo preciso e abstenção dos desperdícios financeiros.

O Príncipe dos Fiéis, Imam Ali (A.S.), disse: “Considera o bom cálculo na vida como sinal da perfeição e da marcha no caminho certo”.

Neste dito ele se refere a precisão, a organização e ao equilíbrio entre os ganhos e os gastos.

O Imam Jafar Assádeq (A.S.) diz: “Não se deve pensar que dirigimos apelo aos Muçulmanos para não procurarem melhorar as suas condições de vida e ampliar as suas rendas ou que pregamos a avareza e a restrição das despesas da família para viver. Não, não se trata disso. O que queremos dizer é que se deve evitar olhar os outros com angústia negativa, e combater as custosas cerimônias erradas criadas pelos materialistas para levar a sociedade a atolar na usura até as orelhas”.

Com efeito, é um dever desviar-se dessas custosas e fúteis cerimônias que transformam os povos em escravos dependentes economicamente e consumidores cegos dos produtos supérfluos do ocidente.

A respeito da tradição acima referida, o Imam Al-Kadhem (A.S.) diz: “Estabelecei para vossas almas uma parcela deste mundo, dando-lhe o que ela deseja do que é lícito, do que não fere a dignidade e do que não contém prodigalidade e buscai nisso a ajuda nos assuntos da religião”.

O Príncipe dos Fiéis, Imam Ali (A.S.), diz: “O esbanjador tem três sinais: compra, veste e come o
que não esta dentro de suas possibilidades”.

A proibição do esbanjamento na alimentação, nas necessidades da vida e no vestuário pode fazer um país ou um povo renascer e cortar todas as mãos imperialistas estendidas para dominá-lo econômica e politicamente, indo, assim, a depender somente de seus recursos.

A NECESSIDADE DA ORDEM

Não devemos nos iludir imaginando que estamos a defender a rotina administrativa austera que absorve o tempo e os orçamentos. Ao contrário, somos contra tal rotina, que se opõe a ordem correta das coisas, pois muitos dos modelos da rotina, das cerimônias erradas e dos sistemas austeros conduzem ao acúmulo dos trabalhos e impedem o andamento dos assuntos pessoais e administrativos. Todos esses modelos passam por modificações nas sociedades conscientes e desenvolvidas, dando espaço a ordem correta e isenta de complicações.

Aliás, a ordem correta e livre de complicações pode exigir que percamos nosso descanso, nossa tranqüilidade e até, em certos caos, nosso ser, sacrificando-nos pelos outros. Por exemplo, vemos um médico, que trabalha em horas determinadas em sua clínica ou em hospitais governamentais, na obrigação de atender, no fim do expediente ou fora dele, a um doente com risco de perder a vida, mas que não se importa com isso sob a alegação de que seu expediente se encerrou, deixando, desta maneira, de se interessar pelo destino do doente. Tal sistema é uma traição e não se pode efetivamente denominá-lo como sistema.

É lamentável vermos que alguns médicos deixam os lugares onde desempenham suas funções por motivos fúteis, inclusive durante o expediente, ficando os doentes a mercê da sorte e chegando alguns deles até a morrer. A disciplina não deve visar somente um modo de auferir maior renda e assegurar proveito material, mas deve levar em conta o proveito moral e as questões humanas, que devem constituir o espírito de toda e qualquer organização.

O ser humano não é uma mera máquina que trabalha e come, para em seguida descansar e renovar as forças. Ao contrário, é um ser acima de tudo com um mar de sentimentos, tendências e necessidades espirituais e morais. Podemos acrescentar a isso, que esse ser humano não foi criado somente para esta vida terrena, mas para que nela labute e caminhe para a outra vida, que é ampla e infinita, onde viverá até a eternidade, e que sua conduta nesta vida determina a sua situação e as suas condições na outra.

Desta forma, do mesmo jeito que necessitamos satisfazer as necessidades corporais, necessitamos, também, atender as necessidades dos sentimentos, as necessidades morais e humanas dentro do planejamento organizado da vida. O objetivo que o Islam tem da organização é expresso por um modelo que possa satisfazer as necessidades materiais deste mundo da mesma maneira que possa cumprir os deveres humanos e morais exigidos pelo mundo que virá depois, sem o sacrifício de um pelo outro.

O Imam Jafar Assádeq (A.S.) diz: “Não é um de nós aquele que desiste deste mundo em prol
do outro ou que desiste do outro em prol deste”.

Sabemos, que do ponto de vista do Islam, a vida neste mundo é passageira e efêmera, devendo os Muçulmanos procurar, durante esta curta oportunidade, assegurar as necessidades materiais e melhorar a vida terrena sem negligenciar o outro mundo, que é o objetivo principal da vida, se esforçando para aproveitar este mundo em prol da vida eterna. O crente não pode atingir esses objetivos durante sua curta existência no mundo a não ser de acordo com um planejamento exato e plena organização. Daí é que os relatos Islâmicos exortam os Muçulmanos ao ganho, ao comércio e ao profissionalismo, mas impede-os de só terem como objetivo o acúmulo de bens e riquezas, ordenando que o ganho seja por meios lícitos e adequados, e recomendando que se madrugue a procura de ganhar a vida.

Nossos líderes disseram: “Que tua procura de ganhar a vida seja abaixo do ganho do esbanjador e acima do pedido de quem é previdente, satisfeito com tua vida e tranqüilo com teu mundo”.

Em outras palavras, seja moderado em tua marcha neste mundo para não ficares assolado pelo excesso, de um lado, nem pela preguiça, do outro.

Devemos mencionar que o que lemos neste capítulo a respeito dos efeitos da ordem e das providências para moldar uma vida melhor não se incompatibiliza de modo algum com a entrega à proteção de Deus e a confiança nele; esta recomendação Islâmica tem como verdadeiro significado o fato de que o Muçulmano deve aplicar todas as suas capacidades, fazer os planejamentos, estudar todos os fatores, causas e motivos possíveis e avaliar os resultados, para, depois, encomendar-se a Deus, o Senhor do êxito, em quem ele crê.

Assim, o Muçulmano empreende o trabalho sem vacilação, intranqüilidade e inspiração de coisas vãs e inúteis quanto as possíveis ocorrências, e age corretamente como aquele que “amarra o animal e o entrega à proteção de Deus e à confiança nele para que não fuja”, pois já foi dito que não se deve esquecer, “no ato da entrega à Deus e à confiança Nele, das causas que possam resultar em falhas”. Aliás, depois do ser humano estudar o andamento do trabalho e preparar todos os meios para realizá-lo, ele o empreende, entregando-se a proteção de Deus, o Altíssimo.

Deus disse: “(…) E quando te decidires, encomenda-te a Allah, porque Allah aprecia aqueles que (a Ele) se encomendam”. (C.3 – V.159)

8) DEUS, O AUTO-SUFICIENTE.

Neste mundo, uma das leis experimentais básicas, é um mundo material composto de átomos, e cada um dos seus seres viventes tem seu lugar e seu efeito específico. Por isso, as reações e os efeitos desses seres viventes são diferentes e não se apresentam em um só nível em todos os lugares e em diversas circunstâncias.

A distância, por exemplo, influi na sujeição aos efeitos ou a atração. À medida que nos aproximamos de algumas coisas o efeito delas aumenta, e diminui quando nos afastamos até desaparecer totalmente.

Esclareceremos o assunto com a apresentação de alguns exemplos:

1- O efeito da força magnética não é igual em todas as posições; ficando a barra de ferro sujeita a maior atração pelo imã quando estiver mais próxima. Se colocássemos um prego a uma distância de dois centímetros de um imã, ele seria atraído com força maior do que se fosse colocado a uma distância maior.

2- A temperatura dos raios solares na superfície do planeta Vênus não é igual à temperatura na superfície terrestre, porque Vênus é mais próximo do sol que a Terra e, conseqüentemente, a temperatura dos raios solares é mais intensa em sua superfície do que na superfície da Terra.

3- A luz de uma lâmpada pode cobrir uma distância de cem metros por exemplo, mas sua intensidade não é igual ao longo de toda esta distância. À medida que nos aproximamos dela a intensidade de sua luz vai aumentando.

4- A voz de um poeta ou orador pode alcançar a distância de 50 metros, mas não estaria na mesma intensidade em toda esta distância. À medida que nos aproximamos dele sua voz se torna mais nítida e a medida que nos afastamos fica menos nítida e clara.

5- Se um governante resolvesse contentar-se com suas atividades e administração pessoal, sem recorrer ao auxilio de qualquer outra pessoa e sem a utilização dos meios modernos, a sua influência será limitada porque as suas atividades abrangeriam um lugar específico e não se estenderia a lugares mais distantes. Ao contrário, se recorresse a outros e à utilização de meios modernos, conseguiria estender sua influência à todas as regiões alcançadas pela ação dessas pessoas e desses meios. Embora, a ação e a influência nesse caso não fosse das suas atividades pessoais, na realidade, conseqüência da capacidade de seus auxiliares, agindo de acordo com suas tendências e desejos. Contudo, a distância não deixa de ter seus efeitos sobre a expansão da área das atividades dos auxiliares, efeitos que são perceptíveis.

Os exemplos apresentados esclarecem o fato de que qualquer coisa existente, e influente, e que ocupa um lugar, seja qual for, seu efeito não é igual em todos os lugares, aumentando a medida em que nos aproximamos do centro de influência e diminuindo a medida em que nós nos afastamos desse centro.

SERÁ QUE DEUS TAMBÉM TEM UM CENTRO?

É possível que alguns cheguem a imaginar que Deus tem, como o sol e as demais coisas materiais existentes, um lugar no céu de onde administra o universo, enquanto a realidade não é absolutamente assim, já que a boa disposição coordenada e a precisão deste mundo, que é uma criação de Deus, são iguais em todas as partes dele, desde as profundezas do oceano até as mais longínquas galáxias, não existindo nenhum lugar que a “mão” da Providência divina não abranja e não lhe conceda a disposição suficiente.

O sistema universal não possui um centro a partir do qual a boa disposição coordenada vai diminuindo à medida que nós nos afastamos dele até atingirmos um ponto em que esta boa disposição desapareça e a desordem e o caos passem a reinar. Se Deus fosse igual a essas coisas materiais existentes, os seus efeitos não seriam iguais no universo. Prestando atenção a esse fato, ficaremos sabendo que o criador do universo não tem lugar nem centro específico.

Além disso, sendo Deus, o Altíssimo, o criador do lugar e sendo impossível que o criador precise de suas criações, então, a sua condição não se assemelha a dos inventores que, conforme o que foi dito em lições anteriores, não são criadores, mas que a melhor definição para eles seja que compreenderam os efeitos de algumas coisas existentes e tiveram êxito em combinar esses elementos existentes, fabricando um meio prático de utilização. Todavia, é impossível que Deus Altíssimo, que criou todas as coisas existentes, seja dependente do que criou de alguma maneira.

Deus, o Altíssimo, disse: “35. Porventura, não foram eles criados do nada, ou são eles os criadores? 36. Ou criaram, acaso, os céus e a terra? Qual! Não se persuadirão!” (C.52)

DEUS É VISTO?

Agora que sabemos que Deus não tem lugar, fica claro que Ele não possui corpo, porque o corpo necessita de lugar, não existindo qualquer corpo sem lugar próprio. Desde que Deus é incorpóreo, Ele não pode ser visto.

DEUS NÃO NECESSITA DE COISA ALGUMA

Por ser Deus o criador de todas as necessidades existentes, bem como de todas as criaturas, deve-se dizer que Ele não precisa absolutamente de nada do que tenha criado. Alguém pode perguntar: O que é Deus então, se Ele não tem corpo nem lugar e é invisível? Como podemos dizer que Ele existe?

A NECESSIDADE DE DEUS

Ao respondermos, daremos o seguinte exemplo:

A energia elétrica não é sólida, líquida ou gasosa. Esses “nãos”, no entanto, não se incompatibilizam com a crença na existência da energia elétrica. Seria incorreto dizermos que a energia elétrica não existe por não ser sólida, líquida ou gasosa, quando devemos dizer que a eletricidade é uma realidade diferente das realidades que mencionamos.

Assim, podemos dizer de Deus, o Altíssimo que: Deus, o auto-suficiente, não tem corpo; Deus, o auto-suficiente não tem lugar; Deus, o auto-suficiente, não é visível e, Deus, o auto-suficiente não necessita de nada. Nenhuma dessas negativas afeta a existência de Deus, perfeito e infinito e que é a origem da existência. O que há é somente a perfeição e a auto-suficiência em todos os sentidos, qualidades estas que O distinguem dos demais seres e coisas existentes.

Muitos versículos alcorânicos e ditos do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e sua linhagem falam sobre a Unicidade de Deus e sua Independência de qualquer tipo de apoio, ajuda, auxílio e etc. Aqui mencionamos um capítulo alcorânico que ilustra e reflete perfeitamente esta questão.

“1. Dize: Ele é Allah, o Único! 2. Allah! O Absoluto! 3. Jamais gerou ou foi gerado! 4. E ninguém é comparável a Ele!”(C.112)

Esse é o Deus em quem devemos crer e essa é a imagem da deidade que a razão e a natureza do ser humano aceitam, não podendo absolutamente qualquer ser racional, que age com justiça, negar a existência Dele. A comparação dessa crença com a daqueles que colocam Deus, o Altíssimo, no mesmo nível do ser humano, falam em sua encarnação, dizem que Ele é gerado e atribuem a Ele as demais características humanas, esclarece a Grandeza da religião correta, o Islam.

Podemos dizer, para encerrar, que muitos materialistas negaram a existência de Deus porque não lhes foi dada uma explicação racional da deidade, tal como o Islam o faz, e porque tudo o que ouviram a respeito de Deus não passava de flagrantes idealizações lendárias de uma divindade irreal.

9) A CIÊNCIA QUE NÃO TEM INÍCIO NEM FIM.

Os tratores utilizados para abrir estradas e pavimentá-las, que desempenham tantos serviços importantes são magníficos testemunhos vivos da ciência de seus fabricantes e engenheiros. Deve-se dizer que os inventores e fabricantes de tais tratores são bons conhecedores das leis da mecânica, das proporções de mistura e fusão dos metais e das equações físicas. Da mesma forma, todos os produtos industriais fabricados pelo ser humano revelam a inteligência e a capacidade mental de seus fabricantes. E quanto maior e mais complexo for o produto, mais se constituirá num testemunho de que a ciência do fabricante é mais ampla e completa.

Todavia, não se pode comparar a grandeza do mundo de criações e seus segredos, com a construção de um trator ou de qualquer dos demais produtos industrializados fabricados pelo ser humano. As deslumbrantes leis precisas que observamos na existência dos seres do universo, nos exprimem claramente a ciência infinita de Deus. A seguir, vamos observar minuciosamente alguns exemplos:

1- Newton diz: “Como é que foram constituídos os corpos dos animais nesta forma maravilhosa! Quais são os objetivos para os quais os diversos órgãos do corpo foram planejados. É acreditável que o olho que vê tenha sido feito sem o conhecimento da ciência e das leis da ótica e o ouvido que ouve tenha sido feito sem as noções das leis da acústica? E esses seres, todos eles, constituídos nas suas melhores e mais perfeitas formas, não provariam a existência de um Deus vivo e sábio, e isento de forma corpórea?”

2- A constituição estrutural e os órgãos vitais do morcego formam um sistema cheio de maravilhas. Esse animal, para achar seu caminho na escuridão e não se esbarrar com obstáculos irradia ondas específicas no espaço exatamente igual ao radar, ondas essas que, ao se chocarem com o obstáculo, voltam ao morcego para orientar-lhe o vôo. Dessa maneira que o morcego voa procurando seu caminho na mais sombria escuridão.

3- O córtex cerebral, que é considerado como a parte mais extensa do sistema nervoso, formado por várias camadas celulares finíssimas com diâmetro entre 0,2 e 0,4 milímetros, envolve todo o cérebro com uma área de aproximadamente 2.300 centímetros quadrados. Ele contém entre 3 e 9 bilhões de células nervosas formadas em camadas superpostas.

4- Os insetos, embora pequenos em seu tamanho, possuem sistemas muito precisos. Por exemplo, em lugar dos olhos simples, certos insetos possuem olhos compostos. Cada um deles composto de unidades óticas chamadas “omatídios”, sendo cada omatídio formado, como qualquer olho normal, de fora para dentro, de córnea, lente e retina. Tais omatídios variam em número de uma espécie para outra, existindo em certos insetos, chamados vaga-lumes, 2.500 deles, enquanto outros insetos chegam a ter de 10.000 a 28.000 desses omatídios. Além do mais, embora não podendo movimentar as cabeças, os insetos conseguem enxergar, através dessas unidades óticas, coisas situadas lateralmente ou atrás.

Os exemplos citados esclarecem para nós como Deus, o Altíssimo, criou o universo com sua ciência infinita e visão perspicaz e absoluta.

Surge a seguinte pergunta: Será que Deus tem conhecimento de todas as coisas no mundo depois de sua criação por Ele? Indubitavelmente, a resposta é sim. Deus tem conhecimento de todas as coisas em todos os lugares, não importa onde estejam. Ele tem conhecimento do nascimento do mais distante astro na abóbada celeste, nas extremidades do espaço sideral; da propagação das ondas azuis, sem serenidade nem sossego, nos pontos mais afastados dos oceanos; do mais estranho vale nas montanhas íngremes e escarpadas; do mais leve movimento da folha vibrada pela brisa no meio de milhões de folhas; da melodia afetiva e apaixonada do pássaro voando na aurora, como o rouxinol e o melro, no sossego silencioso da mata; do brilho do vaga-lume no meio dos ramos e folhas das amoras silvestres na escuridão das noites; do número incalculável dos peixes de cores diferentes e várias espécies em todas as águas do mundo; do nascimento dos filhotes das gazelas de pelagem parda nas florestas densas; do movimento das gotas brilhantes e transparentes do orvalho nas folhas e botões das anêmonas prestes a desabrochar na sombra das rochas; dos zunidos sibilantes da montanha elevada; do céu abobadado; dos mares imensos; dos minérios nas profundezas da Terra; da desconhecida caverna oculta. Tudo e todos são do conhecimento Dele, Louvado Seja.

Deus disse no iluminado Alcorão:

“Ele possui as chaves do incognoscível, coisa que ninguém, além d’Ele, possui; Ele sabe o que há na terra e no mar; e não cai uma folha (da árvore) sem que Ele disso tenha ciência; não há um só grão, no seio da terra, ou nada verde, ou seco, que não esteja registrado no Livro lúcido”. (C. 6 – V.59)

POR QUE DEUS É ONIVIDENTE?

Porque o Criador, que dá a existência, tem conhecimento perfeito de tudo o que ele cria, e se dirige sempre a suas criações. Nós não nos esquecemos de nossas imagens mentais e conseguimos conservá-las na mente durante o período de tempo que quisermos. Permanecerão em nossas mentes e ficaremos dirigidos a elas. Entretanto, quando desviamos nossa atenção, as mesmas se extinguem. Se você imaginar um ser humano em sua mente, estará decididamente dirigido a todos seus movimentos e paradas, e os atos dele não estarão ocultos a você. Tal imagem terá sido criada por você, isto é, não existia antes de você imaginá-la, você deu existência a ela com a sua imaginação.

Deus Altíssimo, também, criou o mundo e tudo o que há nele e derramou sobre sua criação a graça da existência. Ele o observa e não o negligencia. A diferença entre nós, que podemos dar existência a nossas imagens mentais e Ele, o Altíssimo, que criou o universo, é que precisamos Dele no princípio de nossa existência e em nossa sobrevivência, porque a nossa existência vem Dele, enquanto Ele é auto-suficiente em todos os sentidos, e doador da existência a todos os viventes. Por isso, é o Verdadeiro Criador, o Onipotente.

Deus disse no Alcorão:

“1. Louvado seja Allah que criou os céus e a terra, e originou as travas e a luz. Não obstante isso, os incrédulos têm atribuído semelhantes ao seu Senhor. 2. Ele foi Quem vos plasmou do barro e vos decretou um limite, um termo fixo junto a Ele. E, apesar disso, duvidais! 3. Ele é Allah, tanto na terra, como nos céus. Ele bem conhece tanto o que ocultais, como o que manifestais, e sabe o que ganhais”. (C.6)

A DIFERENÇA ENTRE O CRIADOR E O INVENTOR

O fabricante do computador não é uma divindade que deu existência ao cérebro eletrônico, igual ao Criador, porque o máximo que conseguiu fazer foi unir de modo técnico elementos já existentes para dar a eles uma forma específica. Ele desconhece o que esse aparelho eletrônico fará de trabalhos e cálculos, e o que armazenará de dados no futuro. A mesma coisa se aplica aos demais inventores, descobridores e fabricantes. Eles não têm conhecimento das particularidades dos movimentos que serão desempenhados por seus produtos, porque não deram existência a esses produtos nem os trouxeram a existência oriundos do nada, já que a matéria-prima desses produtos se encontrava pronta e eles apenas aproveitaram-na, analisando e montando, transformando-a adequadamente.

O avião, por exemplo, é fabricado de materiais extraídos do seio da Terra, fundidos de forma específica e sujeitos a outros processos até chegarem a forma do avião. Portanto, os inventores e fabricantes não criam seus produtos, mas sim, modificam as formas dos componentes dos mesmos. Por conseguinte, não possuem conhecimento do que seria feito desses produtos nem do que desempenhariam, sendo impróprio chamar o fabricante de criador. E se, a denominação “criador” for dada ao fabricante, isso só pode ser no sentido figurado. Quanto a Deus, o Altíssimo, que deu existência a todas as coisas, Ele sempre tem conhecimento de tudo o que for desempenhado por elas e de tudo que lhes venha a ocorrer, porque é o verdadeiro Criador, o Onividente.

O Alcorão Sagrado menciona:

“Porventura, Quem criou os céus e a terra não será capaz de criar outros seres semelhantes a eles? Sim! Porque Ele é o Criador por excelência, o Onisciente”. (C.36 – V.81)

Então sabemos agora, que nós, e todas as demais criaturas do mundo, não estamos longe do palco da majestade de Deus, o Altíssimo, e que seja onde estivermos e para onde viajemos, quer seja ao fundo dos oceanos, aos céus ou para as passagens estreitas no meio dos vales, estaremos envolvidos por seu Conhecimento, porque Ele é bem inteirado a nosso respeito e a respeito de todos os nossos movimentos.

Deus disse no Alcorão:

“Ele (Allah) conhece os olhares furtivos e tudo quanto ocultam os corações”. (C.40 – V.19)

E também disse:

“7. Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á. 8. Quem tiver feito o mal, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á”. (C. 99)

Isso porque Deus é Onividente, que tudo vê e que tudo conhece. Será possível que quem tenha semelhante deidade, grande e onisciente, poderá cair na desgraça da desobediência e da prática dos maus atos sem procurar refúgio em Deus?

10) VALOR DO TRABALHO E A POSIÇÃO DO TRABALHADOR.

“A quem praticar o bem, seja homem ou mulher, e for fiel, concederemos uma vida agradável e premiaremos com uma recompensa, de acordo com a melhor das ações”. (C.16 – V.97)

Se examinarmos o sistema universal com atenção, constataremos que Deus estabeleceu o universo convenientemente com base no movimento e no trabalho, e fez com que as coisas existentes seguissem o caminho de sua integração a esta mesma base sólida. Verificaremos, pois, que as coisas existentes, do átomo até o sol, dos pequenos aos grandes, desempenham um papel no sistema geral e que quando um deles deixa de cumpri-lo, afeta a marcha do sistema na proporção correspondente, além de tolher sua própria marcha rumo a perfeição.

O ser humano não deve ficar inativo, pois faz parte de um universo em permanente atividade. Não é justo nem razoável que uma coisa existente se beneficie dos efeitos das demais sem dar algo de si, tornando-se assim um fardo para elas. Sabemos que a chegada à evolução moral e material só é possível através do trabalho e do esforço. Aquele que não suporta o peso do trabalho e não quer provar o esforço fica inerte em sua caminhada. As leis do Islam atribuem ao trabalho o devido valor, porque estas leis foram estabelecidas em bases naturais e fortes, numa visão real e ampla que satisfaz todas as necessidades da vida humana; ao contrário de algumas crenças que proíbem seus seguidores de trabalhar e exercer atividades determinando a solidão e a vida monástica.

Os sábios Islâmicos diziam: “Cuidado com a preguiça… porque o humano vive neste mundo e não pode dispensar o trabalho para viver”.

O Imam Ali (A.S.) disse: “Quem trabalhar, se fortalecerá, e quem deixa de trabalhar, se enfraquecerá ”.

Lembrando que quando falamos sobre o trabalho, nos referimos ao trabalho lícito, e não aos ilícitos, os que desagradam e atraem a ira e o ódio de Deus, o Altíssimo.

Deus disse no Alcorão Sagrado: “ Quem cometer algum mal receberá o que tiver merecido e, afora Allah, não achará protetor, nem defensor”. (C.4 – V.123)

O Imam Ali (A.S.) disse: “A honra para Deus está nos bons trabalhos, e não nos bons dizeres”.

ESTA VIDA E A VIDA DO ALÉM

É natural que o ser humano não deve atrelar todas suas esperanças a esta vida, como também, não deve ignorá-lo totalmente. Em outras palavras, esta vida não deve ser todo o objetivo, fazendo com que a outra fique esquecida; e o ser humano não deve fugir dela e refugiar-se nas cavernas como fazem os monges cristãos, mas deve fazer desta vida um meio para a vida eterna no além. A desistência total da participação nesta vida significa lutar contra o sistema universal, e tal desistência concorre para a extinção da sociedade. Tal atitude retarda o alcance dos altos objetivos e propósitos da vida do homem rumo à vida eterna. O raciocínio correto sobre a vida futura não pode desenvolver-se senão pela serenidade do espírito com respeito à vida neste mundo e da libertação de suas inquietações.

O Magnânimo Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “A alma fica tranqüila quando adquire sua força”.

O Imam Jafar Assádeq (A.S.) disse: “O melhor auxílio a outra vida é esta”.

E também disse: “O agrado a Deus é o paraíso na outra vida e a fartura dos meios de vida e do bom caráter nesta”.

A VISÃO ISLÂMICA DO TRABALHO

O Islam é a religião da atividade e do trabalho e não a religião do desalento, da preguiça e da fraqueza. Para provar esta verdade, que passou desapercebida por alguns observadores, devemos fazer um rápido levantamento do valor do trabalho e do trabalhador, do ponto de vista Islâmico.

Primeiramente, gostaríamos de mencionar que o trabalho tem o sentido de arte, profissão e ocupação para o ganho da vida. Assim sendo, qualquer arte, profissão ou ocupação que requeira tempo do indivíduo e que tenha resultado e retorno é considerada trabalho, seja ele corporal ou mental. O cientista que dirige a sociedade e a orienta com sua ciência e suas realizações, o médico que cuida dos enfermos, o engenheiro que elabora as plantas de construção, o conferencista que faz suas preleções para orientar o povo, o escritor que serve a nação e a civilização com suas obras, o estudante que suporta a fadiga a procura do conhecimento, todos eles trabalham, embora o trabalho exercido por eles seja diferente dos desenvolvidos pelos outros quanto a avaliação.

Eis alguns versículos alcorânicos e relatos do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e dos Ahlul Bait (A.S.) a respeito do trabalho.

Deus Altíssimo diz no Alcorão Sagrado: “Temo-vos enraizado na terra, na qual vos proporcionamos subsistência. Quão pouco agradeceis”. (C.7 – V. 10)

Em um versículo alcorânico é mencionado o dito do Profeta Saléh (A.S.) ao seu povo:

“E ao povo de Samud enviamos seu irmão Sáleh, que lhes disse: Ó povo meu, adorai a Allah porque não tereis outra divindade além d’Ele; Ele foi Quem vos criou a terra e nela vos enraizou. Implorai, pois, Seu perdão; voltai a Ele arrependidos, porque meu Senhor está próximo e é Exorável”. (C.11 – V.61)

Com respeito a esse versículo, Imam Ali (A.S.) diz:

“Glorificado Seja! Nos fez saber que ele nos mandou habitar na Terra para que isso seja motivo para nossa subsistência do que saem da terra de grãos, frutos e similares do que Allah o Altíssimo, fez como meios de subsistência para as criaturas”.

O Alcorão também diz: “Porém, uma vez observada a oração, dispersai-vos pela terra e procurai as graças de Allah, e mencionai muito Allah, para que prospereis”. (C.62 – V.10)

O Príncipe dos Fiéis, Imam Ali (A.S.), diz: “Deus ama a quem ganha sua vida honestamente com a ajuda de um ofício”.

Um homem chegou a Imam Jafar Assádeq (A.S.) e disse-lhe: “Certo indivíduo disse: ficarei em minha casa, jejuarei e adorarei meu Senhor, quanto a meus víveres, estes virão a mim”.

O Imam (A.S.) comentou: “Este é um dos três que não serão atendidos”. E acrescentou: “Tu já viste se um homem entra em sua casa e fecha a porta, algo cairá sobre ele do céu?”

Imam Al-Kadhem (A.S.) disse: “Quem procura os meios lícitos da vida como ganha-pão para si e seus familiares é igual aquele que luta pela causa de Deus”.

Mohammad ibn Al-Munkadir conta: “Saí por algumas áreas da cidade numa hora de muito calor e encontrei-me com Mohammad Al-Báquer (A.S.), que era um homem corpulento e pesado. Ele estava apoiado em dois jovens servos. Pensei comigo mesmo: Glória a Deus! Um Sheikh dos Sheikhs da tribo de Quraish, nesta hora, neste estado, em busca deste mundo! Procurarei pregar-lhe um sermão. Aproximei-me dele e o saudei. Ele respondeu-me secamente enquanto deitava suor pelos poros”.

Eu disse-lhe: “Que Deus te faça o bem! Um Sheikh dos Sheikhs da tribo de Quraish, a esta hora, neste estado, em busca deste mundo! Tu já pensaste o que seria se chegasse a tua hora enquanto tu estiveres neste estado?”

Ele respondeu: “Se a morte me vier enquanto estou neste estado, virá quando estou em uma obediência das obediências a Deus, que é Poderoso e Grande, com a qual satisfaço a mim e a minha família para não precisarmos de ti e dos outros. Eu temeria se a morte viesse enquanto eu estivesse numa desobediência das desobediências a Deus”.

Então eu disse: “Falas a verdade. Que Deus te cubra com a Sua misericórdia! Eu quis te pregar um sermão e foste tu que me pregaste um!”

Abdullah diz: “Encontrei-me com o Imam Jafar Assádeq (A.S.) num dia muito quente de verão e perguntei-lhe: “Que eu sirva de resgate para ti! Com tuas condições perante Deus, que é Poderoso e Grande, e teu parentesco com o Mensageiro Mohammad (S.A.A.S.) e estás te esforçando num dia como este?”

Ele respondeu: “Ó Abdullah! Saí em busca do meio de ganhar a vida para não precisar de gente como tu”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse:

“Os Apóstolos de Jesus (A.S.) quando sentiam fome diziam: Ó Espírito de Deus estamos com fome. Então Jesus (A.S.) batia na terra com sua mão, fosse ela plana ou íngrime, e saíam dois pães para cada um deles, e eles comiam. Quando ficavam com sede diziam: Ó Espírito de Deus estamos com sede. Jesus (A.S.) batia na terra com sua mão, fosse ela plana ou íngrime, e saía água, e eles bebiam. Então os Apóstolos perguntaram a Jesus (A.S.): Ó Espírito de Deus, quem é melhor do que nós? Se tivermos fome somos alimentados, se tivermos sede somos saciados e cremos em ti. Ele (A.S.) disse: Melhor que vocês é o trabalhador, que se alimenta com o esforço de suas próprias mãos. Então eles começaram a lavar roupa por aluguel”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “A melhor comida é aquela que vem do seu esforço, e após o trabalho quem se deita cansado acordará perdoado de seus pecados”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “O melhor dos trabalhos é o esforço com as próprias mãos”.

A PERSONALIDADE DO SER HUMANO ATRAVÉS DE SEU TRABALHO

A dignidade e a personalidade íntegra existem sob a égide do trabalho e a capacidade de suportar os esforços. Quem deseja beneficiar a sociedade deve ser um trabalhador. A verdadeira formação da personalidade de um indivíduo reside em sua efetiva participação na sociedade com suas atividades e esforços pessoais. Os jovens da nação devem saber que a ociosidade constitui um grande golpe, dirigido a personalidade e ao prestígio social, e que o trabalho confere-lhe boa posição e respeito, além de caráter livre e brio genuíno.

O Islam, além de considerar o trabalho como fortalecedor da vida, proporcionando-lhe vigor, respeito e honradez, é provedor do necessário para a vida. O Islam o vê, também, a partir de seus reflexos sobre o caráter e do seu papel na formação da personalidade do Muçulmano.

Al-Mullah ibn Khanis diz: “Imam Jafar Assádeq (A.S.), me viu indo atrasado ao mercado e disse-me:“Vai cedo ao que te dá brio”!

Um homem disse ao Imam Jafar Assádeq (A.S.): “Não consigo exercer um trabalho com minhas mãos e não sei fazer comércio. Sou incapaz de ganhar a vida e necessitado”.

Ele respondeu: “Trabalhe, carregue em tua cabeça e deixe de precisar dos outros”.

Vemos que o Imam Jafar Assádeq (A.S.) pede ao homem para carregar pesos na cabeça para não estender a mão de necessidade aos outros, porque a ociosidade e a dependência alheia acabam com a honra e o brio do ser humano.

O Imam Al-Kadhem (A.S.) diz:

“Não cobiçar o que os outros possuem constitui a força do crente em sua fé, o seu brio e a sua confiança em si mesmo, a sua honradez em sua vida, a sua grandeza aos olhos dos outros, a sua magnitude em sua tribo e o seu respeito entre seus familiares. Ele é o mais rico entre os seres humanos, do seu ponto de vista e do de todo mundo”.

É indispensável lembrarmos um ponto muito importante: O trabalho com todo seu valor e todos seus benefícios tem vários motivos, alguns dos quais não são desejáveis ou apreciados. Um dos motivos é suprir o ser humano quanto as suas necessidades pessoais. Entretanto, este não deve ser o único objetivo, devendo o ser humano, ao suprir suas próprias necessidades, suprir também, as necessidades da sociedade e especialmente a de seus dependentes e parentes dentro dos limites possíveis. Se procurarmos nos empenhar no trabalho e na riqueza baseados neste motivo nobre, o nosso empenho será elogiado e deixaremos de ser adoradores do mundo, passando a pleitear o mundo vindouro.

Um homem disse ao Imam Jafar Assádeq (A.S.): “Buscamos este mundo e gostamos de tê-lo”.
O Imam (A.S.) perguntou-lhe: “Tu gostas de fazer o que neste mundo?”

Respondeu o homem: “Fazer o bem para mim e meus familiares, fazer doações, dar esmolas e fazer a peregrinação a Kába”.

Então Imam Jafar Assádeq (A.S.) disse: “Isso não é buscar este mundo, mas buscar o outro”.

Contudo, quando o motivo do trabalho não for para servir aos outros nem para satisfazer as necessidades, o trabalho não pode ser considerado conveniente nem digno de apreciação.

Através do seguinte dito, percebemos os atributos dos bons comerciantes, esclarecidos pelo Profeta Mohammad (S.A.A.S.):

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Os melhores comerciantes são aqueles que quando falam não mentem, quando se confia neles não traem, quando prometem cumprem, quando compram não desvalorizam, quando vendem não valorizam, quando devem não adiam em pagar e quando outros lhes devem eles não são insistentes”.

O GANHO LÍCITO E O ILÍCITO

O Imam Assádeq (A.S.) disse: “O comércio ilícito terá efeito na geração”.

Outro ponto que deve ser levado em consideração é que o trabalho deve ser útil e bom para o indivíduo e a sociedade. Os trabalhos prejudiciais ao indivíduo e a sociedade, quer sejam os que prejudicam o corpo ou o espírito, ou corrompem a moral pública, todos eles são rejeitados e abominados pelo Islam. O Muçulmano é livre para lucrar e exercer trabalhos conquanto isso não crie corrupção e não acarrete prejuízo à outros. Por causa disso, o Islam divide o ganho em duas categorias: O ganho legal e lícito, tal como a agricultura e outras ocupações e profissões úteis e não prejudiciais; e o ganho ilegal e ilícito, tal como a venda de bebidas alcoólicas, tráfico de entorpecentes, prostituição e pornografia, os jogos de azar ou a venda de seus aparelhos, a usura e os outros trabalhos discriminados detalhadamente em outra lição.

Sendo assim, o Islam obriga o Muçulmano a procurar saber, antes de iniciar um trabalho, os tipos de ganhos lícitos e os de ganho ilícito e a aprender os ensinamentos mínimos no campo do comércio e dos negócios para não incorrer no desvio e no erro.

O Príncipe dos Fiéis, Imam Ali (A.S.), dizia do púlpito da mesquita:

“Ó comerciantes! O conhecimento do direito Divino e depois o comércio! O conhecimento do direito Divino e depois o comércio! O conhecimento do direito Divino e depois o comércio! Por Deus! A usura nesta nação é mais oculta do que a marcha lenta das abelhas nas tamareiras fecundas”.

Isto é no sentido de que se o Muçulmano não for consciente das condições minuciosas e das disposições legais para os negócios, ele não conseguirá escapar das armadilhas da usura.

O EFEITO DO TRABALHO SOBRE O CARÁTER

Deve-se saber que a ocupação da pessoa tem efeito direto sobre seu caráter. Se o ser humano deixar de se certificar perfeitamente do que vai fazer, por ocasião da escolha de seu trabalho, dirigindo-se a juntar riquezas através de atividades ilícitas, ele estará causando prejuízos e danos a si mesmo, antes de prejudicar os outros, destruindo sua personalidade.

É natural que o ser humano não pode ser de uma moral espiritual e elevada quando possui um trabalho ilícito. Assim sendo, aquele que ganha a vida através da usura e da burla, do logro de gente simples e de boa fé. Por todos os meios possíveis, da propina, dos trabalhos impuros, do jogo de azar, da venda de bebidas alcoólicas e da provocação de danos a outrem, não pode absolutamente ser uma pessoa honesta e de virtudes louváveis. Por outro lado, o que lucra através de um trabalho correto, o professor esforçado que serve aos seus objetivos e todo e qualquer trabalhador ou artesão que vive de uma ocupação digna, todos eles podem ocupar uma posição honrada e possuir personalidades de um valor que não pode ser negado. Aliás, devemos estar conscientes ao escolhermos o trabalho, porque ele afetará, cedo ou tarde, a nossa personalidade, e imprimirá nela várias modificações.

Devemos nos certificar da licitude do trabalho e da limpeza do ambiente onde será executado, para que seja de melhor proveito a nós na formação de um caráter que busca a virtude, a piedade e que evita o mal, o vício e a vida ilícita. É desejável que não nos limitemos a procurar trabalhos lícitos, mas também os de mais nobre resultados.

Imam Jafar Assádeq (A.S.) diz: “Deus, que é Poderoso e Grande, gosta das coisas supremas e detesta as coisas fúteis”.

RESPONSABILIDADE PERANTE O TRABALHO DOS FILHOS

Outro ponto que afirma a importância do trabalho no Islam é a responsabilidade que coloca nos ombros dos pais quanto ao trabalho de seus filhos. O Islam encarrega o pai, dentre outras responsabilidades, de se ocupar do trabalho do filho e dos efeitos deste sobre seu destino, e de intervir vigorosamente e com controle na escolha do trabalho mais conveniente.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) diz, no campo dos direitos do filho para com o pai, dirigindo-se ao Imam Ali (A.S.):

“Ó Ali, o direito do filho para com o pai é que este lhe dê um bom nome, uma boa educação e o coloque em um lugar bom”.

Este assunto é por si mesmo um dos assuntos educacionais mais importantes, o qual os pais jamais devem ignorar.

11) O SEGREDO DA DIVERGÊNCIA NA VIDA DO SER HUMANO.

Caros irmãos, sem dúvida vocês já ouviram falar da espaçonave Apolo, considerada um modelo universal que deslumbra devido a seu magnífico progresso científico e tecnológico. As naves espaciais levaram o ser humano para além da atmosfera ampliando-lhe seu passo curto, levando-o a descer na superfície lunar e abrindo-lhe as portas de um mundo desconhecido. Se observássemos essa nave, constataríamos que ela é composta de um grande conjunto de pequenas peças variadas e aparelhos de diversos tamanhos, tais como o módulo de comando, a nave-mãe, o módulo lunar com os motores para alunissagem, o estágio de ascensão, as fontes de energia, os aparelhos de radio transmissão, rádio recepção e rádio navegação, os turbo-geradores de energia, os aparelhos de segurança, os meios de suprimento de alimentos, água e outras matérias e demais aparelhos, cada um deles com suas funções específicas. É claro que se não fossem esses diversos e sofisticados aparelhos, com tantas e tamanhas diferenças entre si, a nave não teria sido criada, ou tampouco poderia vencer os variados problemas em sua longa e difícil trajetória, levando os astronautas.

O que concluímos desse exemplo é que a existência de diferença constitui uma necessidade em qualquer conjunto harmonioso interligado. Vejamos, pois, no mundo das criações se a diferença, a inflexão e a retidão existem sem um motivo lógico. Sem dúvida, a estética e a complexidade no mundo são a causa dessa divergência em suas partes. Se o mundo fosse de uma só forma e de um só nível, sem a existência de tantas diferenças, o que amplia as perspectivas, desperta a reflexão e estimula os sentimentos, não teria sentido a existência do ser humano, que bebe a água, cozinha e come as plantas e aprende com o movimento das ondas, a serenidade e o silêncio das rochas, o desabrochar dos brotos na primavera, a pureza das noites que cobrem de sereno as pétalas das flores, a rapidez dos ribeirões e a mansidão dos riachos. Assim sendo, a existência do universo e sua estética são a causa dessa divergência, que não é inútil nem injusta. A injustiça é instituir leis desiguais para circunstâncias completamente idênticas.

A injustiça é imaginar que um determinado grupo tem o direito de beneficiar-se de algo sendo dispensado tratamento desigual aos componentes deste grupo em relação a seus direitos sobre algo. Quanto aos componentes do mundo, estes não possuíam existência anterior e, portanto, não tinham qualquer direito prévio para que a divergência e a distinção entre eles fossem obrigatoriamente consideradas injustiças. Deve-se dizer que o mundo de criações é formado dessa mesma divergência. Se não existisse divergência, não haveria mundo, como, também, não haveria mais que um elemento. Essa divergência dá existência aos átomos, sistemas, galáxias, árvores, plantas e animais. Agora, vamos examinar a divergência existente entre os seres humanos.

Essa divergência entra no quadro das diferenças gerais. Alguns indagam porque existe tanta divergência no discernimento e na inteligência, e porque não somos todos iguais. Ou ainda, uma indagação equivocada: Porque os objetos não possuem também discernimento e inteligência? Na realidade, não existem dúvidas suscetíveis de crítica com relação a ambas faculdades, porque a crítica e o equívoco surgem quando se verifica a perda de um determinado direito. Ambas faculdades não existiam previamente para que tenham obrigatoriamente qualquer direito e para que a divergência e a distinção entre eles seja sinal de injustiça.

Outro ponto que deve ser abordado é que Deus Altíssimo incumbiu cada indivíduo de encargos condizentes com a sua capacidade e aptidão, sem onerar qualquer ser com um peso superior a sua capacidade física e mental, o que é expressão real de justiça. Como exemplo, se o diretor de um colégio formulasse perguntas do nível de terceira série do segundo grau aos alunos da quarta série do primeiro grau, o seu ato constituiria uma injustiça. Todavia, se ele pedisse a solução de questões simples de matemática aos alunos da quarta série do primeiro grau e a solução de questões de álgebra aos alunos da terceira série do segundo grau, ninguém poderia atribuir-lhe injustiça. Por conseguinte, se as criações fossem olhadas com uma só perspectiva e oneradas com um só encargo, a divergência em sua criação, então, seria contrária a justiça. Entretanto, foi dito que os encargos foram incumbidos de acordo com as capacidades e aptidões. Não existem, pois, injustiças nos casos de diferentes encargos para diferentes criações. Se exigíssemos de um pequeno parafuso do automóvel desempenhar funções do motor do veículo, a nossa exigência constituiria um ato de injustiça. Contudo, se exigíssemos de cada coisa o desempenho de funções condizentes com suas capacidades, estaríamos estabelecendo a justiça. Além disso, ao fato de acreditarmos que Deus, Altíssimo é sábio, que nada existe sem utilidade, e que existe um sistema extraordinário regendo o universo de modo que cada um dos seus pontos é justaposto adequadamente de acordo com cálculos minuciosos, tendo sido exposto nas lições anteriores que nada existe desnecessária e inutilmente, apesar de que algumas coisas pareçam inúteis aos olhos das pessoas superficiais, para as quais a compreensão das coisas é proveniente de seu desconhecimento e de suas aptidões limitadas, o desconhecimento não constitui prova da inexistência.

O ser humano feliz é aquele que aproveita todas as circunstâncias para prosseguir em sua marcha rumo a integração. Se ele for rico, procurará estender a mão aos pobres, humildes e órfãos, ajudando-os a enfrentar a vida, e dará assim mais passos a caminho de sua integração, com magnífico espírito humanitário, ao invés de gastar seu dinheiro em prazeres materiais, sem adquirir qualquer grau na escala da integração. Se for muito pobre, procurará criar no fundo de sua alma paciência, comedimento e forças, e quebrará a rocha dos problemas com o braço do trabalho e do esforço, em lugar de transgredir os direitos dos outros. Todas as etapas de alta e baixa nesta vida constituem caminhos para a integração, devendo a estreiteza do caminho transformar-se em caminhadas nele.

Não queremos dizer com isso que o ser humano deva atirar-se nas dificuldades, nos problemas e na pobreza, porque se ele assim agisse estaria cometendo um ato desagradável, deixando de aproveitar as capacidades e aptidões que lhe foram concedidas por Deus. O que queremos dizer é que se exercêssemos todas as nossas capacidades de trabalho e desempenho, e não conseguíssemos atingir algo ou se acabássemos passando do estado de riqueza e conforto para o de pobreza e dificuldades, não deveríamos nos desesperar, mas lembrar que cada situação de subida ou descida, conforto ou dificuldade, constitui um novo campo de testes espirituais que devemos enfrentar aproveitando as aptidões de nossa mente para nosso crescimento, progresso e integração. Aqueles que possuem semelhante lógica na vida não vêem em qualquer das condições da mesma qualquer divergência com a justiça, e se consideram vitoriosos em todas as circunstâncias que o ser humano enfrenta, o que constitui a essência da graça e da justiça.

Essa é a filosofia da divergência e dos tipos de altas e baixas, a qual não contraria absolutamente o princípio da justiça divina. Se não conseguirmos perceber a filosofia de algum dos acontecimentos do universo, isso não significa que devamos atribuir injustiça ao caso, porque se trata de uma coisa criada por um Criador sem qualquer possibilidade de traço de injustiça. Trata-se de uma verdade que vimos claramente nos acontecimentos de nossa vida e na de outros. Quantos acontecimentos foram imaginados prejudiciais por nós, mas que seu alcance positivo e sua utilidade foram confirmadas depois de decorrido algum tempo? Deus Altíssimo, diz em seu Livro Sagrado:

“(…)É possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia, Allah sabe todo o bem que fizerdes, Allah dele tomará consciência”. (C.2 – V.216)

12) O CASAMENTO.

“Ó jovens! Que se case aquele entre vós que pode pôr-se em condições, porque o casamento recata os olhares e preserva os pudores”.
Profeta Mohammad (S.A.A.S.)

A JUVENTUDE E O DESPERTAR DOS INSTINTOS

Com a chegada da puberdade e o desabrochar dos botões da juventude, brota na alma dos jovens dos dois sexos uma sensação desconhecida em relação ao outro sexo. E, paralelamente ao desenvolvimento corporal, esta sensação torna-se um impulso e uma forte necessidade, que se denomina de instinto sexual.

Deve-se saber:

1. Que esse impulso não é somente para procura do prazer, mas Deus Altíssimo, o fez, em sua infinita sabedoria, como meio de procriação e de preservação da espécie humana. Não existindo tal atração no ser humano, este não encontraria motivos para unir-se em matrimônio, o que resultaria na extinção do gênero humano. A natureza desta atração impele o homem e a mulher a arcarem juntos com as responsabilidades e dificuldades do matrimônio.

2. Que o instinto sexual é uma necessidade natural, que, uma vez não satisfeita de maneira correta, pode estampar seus efeitos malignos no espírito e no corpo, desequilibrando os instintos, especialmente nesta época em que se propagam mais do que em qualquer outra da história os meios de excitação e a sensualidade. Assim sendo, devido a importância desse instinto, deve-se escolher para sua satisfação, um meio que o torne efetivo na marcha humana.

Não se pode desprezar essa necessidade natural ou negligenciar suas exigências, como também, não se deve acabar com ela, porque a sobrevivência do gênero humano é ligada a essa necessidade. Por outro lado, não se deve deixá-la livre para imprimir seus efeitos, pois ela desvia o ser humano e a sociedade da verdade correta da vida humana e empurra-os ao abismo da imoralidade. O único caminho correto é o casamento e a vida conjugal. Alguns imaginaram erroneamente que se reprimissem o instinto sexual, vivendo em estado de celibato e castidade, estariam praticando um ato bom e adequado. Chegando mesmo a considerar o celibato e a castidade como grandes virtudes. No entanto, o Islam não vê nisso um ato adequado; ele pede ao Muçulmano que complete suas virtudes espirituais e morais sob a égide do casamento, para gozar os prazeres proporcionados pelo matrimônio e criar os filhos, arcando com todos os problemas disso. Portanto, o Islam não vê na castidade e no celibato atos aceitáveis, pede a todos para se casarem e faz do casamento algo apreciável.

Assim, o Islam e o Alcorão não aceitam absolutamente as crenças cristãs com respeito a este tema, as quais supõem que o celibato é melhor do que o casamento, segundo o Evangelho atribuído a Mateus, a epístola de Paulo aos Coríntios e o concílio de Elvira, na Espanha. Existe, ainda, um grupo católico chamado “Congregação Religiosa” que alega que para atingir a dignidade sagrada e a piedade, deve-se desprezar o prazer sexual. Nas igrejas ocidentais, vemos os sacerdotes, monges e freiras fazerem votos de castidade, enquanto, nas igrejas orientais os bispos são escolhidos quase sempre dentre os clérigos que não se casaram, que os sacerdotes não podem casar-se depois da ordenação e que os que o fizeram antes, não têm direito de se casar novamente no caso de viuvez. Todavia, o engajamento no celibato e o alcance atingido na piedade e na busca da dignidade sagrada, bem como os nocivos efeitos dessa abstenção, são questões que não se enquadram em nosso tema. O que queremos afirmar é que o Islam não vê o casamento como sendo incompatível com o amor de Deus, a dignidade sagrada e a piedade, e quer que o Muçulmano obtenha a sua virtude espiritual no casamento.

SATISFAÇÃO DOS INSTINTOS SEGUNDO OS EXTREMISTAS

Alguns como Freud e seus pares, seguiram o caminho do extremismo, dando liberdade absoluta ao instinto, a obscenidade e a dissolução. Trata-se de uma das duas: ou desconhecem os grandes e destrutivos vícios provenientes da dissolução da sociedade e do extremismo na satisfação do instinto sexual ou visam conscientemente executar um plano sinistro para envenenar as nações, e especialmente a juventude Islâmica.

Reparem que os líderes sionistas declararam em suas explanações sobre sua política mundial que “é nosso dever procurar agir com mais vigor no campo da disseminação da corrupção moral em todas as partes do mundo para que possamos ter as rédeas das coisas em nossas mãos… Freud é um dos nossos e prossegue divulgando os assuntos sobre o sexo, franca e claramente, a fim de que não fique nada de sagrado nas mentes dos jovens para que não pensem senão nos instintos sexuais e, conseqüentemente, fiquem privados de sua humanidade”.

O equívoco dos que imitaram as idéias de Freud reside na sua suposição de que a satisfação absoluta do instinto sexual pode refreá-lo, suposição esta que fizeram depois de verem a repressão do instinto e suas malévolas conseqüências, concluindo que a repressão do instinto conduz a rebeldia e ao homossexualismo, proclamando que se devia dar liberdade ao instinto e propiciar ao homem e a mulher livre contato entre eles como quisessem.

Todavia, não levaram em consideração que, do mesmo jeito que a repressão absoluta cria complexos e desvios, a liberdade absoluta produz, também, desvios e calamidades. Esta é uma realidade evidente, que tem resultados efetivos tanto no Ocidente, como no Oriente. Às vezes, vemos alguns indivíduos devassos que não conseguem satisfazer todas suas necessidades, ficando seu instinto mais reprimido, afligindo-os com complexos mais profundos dos que afligem os demais. Por isso, para a obtenção da tranqüilidade sexual, precisamos nos livrar do excesso e da dissolução em satisfazermos o instinto sexual.

Do ponto de vista do Islam, a satisfação do instinto sexual se faz com a observância de todas as necessidades efetivas e instintivas. Levando-se em consideração todos os interesses individuais e comunitários para a satisfação do impulso sexual, o Islam seguiu um caminho que afasta o ser humano dos vícios da repressão e da privação, bem como dos complexos e recalques provenientes. Do mesmo jeito que livra este ser humano das péssimas conseqüências e da dissolução provenientes da liberdade absoluta. De um lado, o Islam veda ao ser humano o celibato, a castidade e o isolamento da sociedade, e, do outro lado, sugere a satisfação do impulso sexual dentro dos limites das necessidades naturais do casamento; e obriga o matrimônio onde haja perigo de desvio e predomínio do instinto.

O CELIBATO VISTO PELO ISLAM

O Islam não somente desaprova a castidade e o celibato, mas também, considera-os como motivos de forte censura a seu praticante. Alguns ditos confirmam esta questão:

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Os piores dentre vós são os solteiros, duas genuflexões realizadas pelo casado são melhores do que setenta genuflexões realizadas pelo solteiro”.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) diz: “A elite de minha gente é constituída dos casados e os maus dela são os solteiros”.

Abdullah ibn Massud disse: “Fazíamos as incursões junto com o Mensageiro Mohammad (S.A.A.S.) sem a companhia das mulheres. Perguntamos-lhe se devíamos nos castrar, e ele ordenou que não fizéssemos isso”.

Se considerarmos os perigos da repressão do instinto sexual e suas conseqüências malignas, fica evidente o valor desse ponto de vista.

A VIDA MONÁSTICA

O Islam reprova a vida monástica, isto é, o ato de deixar o mundo e seus prazeres para levar uma vida reclusa, e a proibiu.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Não existe vida monástica em meu povo”.

O Profeta (S.A.A.S.) ouviu falar que Uthman ibn Mazoun jejuava durante o dia e saía a noite. Ele ficou irritado e foi as pressas ter com ele. Chegando lá, viu-o orando. Quando Uthman viu o Profeta (S.A.A.S.), parou a oração e ouviu-o dizer: “Ó Uthman! Deus não me incumbiu a vida monástica, mas enviou-me com a religião da indulgência, de modo que eu jejuo, oro e toco as coisas com as mãos. Quem abraça a minha fé, segue meu exemplo, e o casamento é um dos meus preceitos”.

O CASAMENTO NO ISLAM

As disposições Islâmicas estimulam o desejo do casamento. Como exemplo, vamos observar o seguinte versículo alcorânico:

“Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós. Por certo que nisto há sinais para os sensatos”. (C.30 – V.21)

O matrimônio, do ponto de vista do Alcorão, não é somente algo bom, mas também, um meio de descanso e uma fonte de amor. Na realidade, o descanso referido só pode ser sentido por quem passou pelos suplícios da solidão e pela agitação do celibato.

O Imam Jáfar Assádiq (A.S.) disse: “Quem se casar completa metade de sua religião, então, deverá temer a Deus para completar a outra metade”.

Quando o instinto sexual fica controlado pelo casamento e o espírito juvenil e inquieto fica calmo, compreendem-se as realidades da vida de modo mais completo, e se dá passos largos no caminho da fé e da felicidade. Para que se alcance tal objetivo, todos têm a obrigação da cooperação social para que se proporcionem os meios para que a juventude tenha acesso facilitado ao matrimônio, evitando assim, o desvio, os pecados, o desgosto e a tristeza. E para que esse objetivo seja atingido, a melhor escolha deve ser feita entre os noivos, o que é esclarecido pelo Profeta Mohammad (S.A.A.S.):

“Casa-se com uma mulher por quatro motivos: sua riqueza, religião, beleza e ascendência. Então procura aquela que é religiosa”.

OS PROBLEMAS DO CASAMENTO E OS MEIOS PARA RESOLVÊ-LOS

– Em 1963, nasceram 250 mil crianças ilegítimas nos EUA.
– Em 1969, de acordo com as últimas estatísticas nos Estados Unidos da América, muitas alunas perderam sua virgindade e caíram na perdição.
– Na Alemanha, cinco milhões de moças tentaram suicídio por não se casarem.
– Na França, 7 crianças são ilegítimas de cada 100 nascidas, enquanto esta proporção na Inglaterra é de 20. Em Londres, 5000 casos ocorreram durante um só ano, na Suécia, onde a população é da ordem de 7 milhões de habitantes, nascem 17 mil crianças ilegítimas a cada ano.

Naturalmente se os obstáculos que impedem o casamento fossem eliminados, e os jovens escolhessem o casamento em idade apropriada, tais calamidades seriam evitadas, ou, ocorreriam em menor escala. Will Durant escreve: “Se houvesse meio para que o casamento ocorresse na idade natural, a obscenidade, as doenças venéreas, a solidão estéril, o isolamento indesejável e os desvios que poluem a vida contemporânea, todos estes cairiam pela metade”.

1. O Problema Econômico.

Em nosso mundo atual, existe um abismo entre a maturação sexual e a econômica, fator este que cria na juventude o tédio quanto ao casamento, porque os jovens imaginam o matrimônio como algo inatingível e ficam acuados diante do peso econômico, justamente quando mais precisam do casamento. O crescimento sexual é rápido, enquanto o crescimento econômico ocorre muito mais tarde. E como o adiamento do casamento é algo difícil e antinatural, vemos a chama do apetite sexual arder ajudada pelos fatores corruptores do ambiente social. Então, a repressão do instinto torna-se um problema.

Diante disso, recomendamos aos jovens que diminuam suas expectativas e os aconselhamos no sentido de que tenham consciência que não há quem consiga arcar, no começo de sua juventude, com todas as suas necessidades e expectativas. Por outro lado, deve-se observar as realidades da vida, quebrar os entraves das cerimônias supérfluas, não fazer caso do que outros fizeram e não imitar erroneamente. Se os jovens percebem que existem condições razoáveis para o casamento, devem se casar.

O Alcorão Sagrado diz: “Casai os celibatários, dentre vós, e também os virtuosos, dentre vossos servos e servas. Se forem pobres, Allah os enriquecerá com Sua graça, porque é Munificente, Sapientíssimo”. (C.24 – V.32)

2. As Altas Despesas do Casamento.

Outro problema é a alta despesa do casamento, tais como a alta dos dotes, as expectativas fúteis, os entraves criados pelas mulheres e pelos donos da decisão e as cerimônias formais impostas ao ato de casamento. Tudo isso faz com que os jovens olhem o matrimônio com precaução e diminuam suas esperanças nele. Cabe formular a pergunta: quem é o responsável por esses preceitos errados? É conveniente que as moças e seus pais tomem conhecimento da mensagem do nobre Profeta Mohammad (S.A.A.S.), dirigida a todos, e se libertem dos seus desejos fúteis.

O Imam Jáfar Assádiq (A.S.) disse:

“Quem deixar de se casar temendo a pobreza, não estará confiando em Deus. Pois Ele, Louvado seja, disse: Se forem pobres Deus os enriquecerá de Sua Virtude”.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Casem-se, pois isto enriquecerá vocês”.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) diz: “Aparecendo alguém cujo caráter e religião sejam exemplares, fazei com que ele se case. Caso contrário, haverá na Terra grande discórdia e corrupção”.

E (S.A.A.S.) disse também: “As melhores mulheres da minha nação são as das belas faces e dos dotes menores”.

Imam Jafar Assádeq (A.S.) diz: “Uma das bênçãos da mulher é a leveza de seu dote”.

O Imam Jáfar Assádiq (A.S.) disse: “A infelicidade da mulher está em seu alto dote e na desobediência ao marido”.

3. Compatibilidade e Igualdade do Nível Social.

O erro na compreensão da compatibilidade é uma das causas das expectativas fúteis e das cerimônias formais errôneas. São muitas as idealizações do ser humano a respeito da questão da compatibilidade e da conveniência com o nível social, sendo todas elas incorretas porque ignoram o conteúdo real da compatibilidade. Alguns dizem: “como é que vamos fazer nossa filha casar se ainda não surgiu o homem ideal, que seja compatível com o nosso nível social quanto a vivência, a fortuna, a posição, a tribo e os recursos?” Outros, que não conseguem mais aturar todos esses entraves atiram a culpa na sociedade, esquecendo a realidade de que nós mesmos constituímos esta sociedade. Entretanto, a compatibilidade no Islam não é a igualdade na situação financeira, na posição social e nos demais aspectos materiais; ela é a afinidade religiosa e moral.

Eis Juwaibir, um homem de Yamamah, que tinha a honra de ficar na presença do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e que era bom em sua fé. E devido o fato dele ter sido de estatura baixa, pobre, mal vestido, de cor negra e de feições feias, o Mensageiro Mohammad (S.A.A.S.) o consolava muito. Ele dormia na mesquita por ordem do Profeta (S.A.A.S.). Gradualmente, o número de imigrantes e forasteiros que não tinham abrigo a não ser na mesquita, cresceu muito. Então, veio a revelação de Deus, pedindo ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.), para que promovesse a moradia deles em outro lugar. O Profeta (S.A.A.S.) agiu de acordo com as ordens do Altíssimo e ordenou que fosse construído um lugar independente, o qual passou a chamar-se Assufa (Estrado da Mesquita), sendo seus ocupantes chamados As-Hab Assufa (Gente da Assufa).

Certo dia, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) dirigiu-se a Juwaibir com compaixão, piedade e consolação e sugeriu-lhe escolher uma esposa. Juwaibir disse: “Ó Mensageiro de Deus! Por meu pai e por minha mãe! Quem é que vai me querer? Por Deus! Onde está a mulher que vai me querer?” O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Ó Juwaibir! Através do Islam, Deus fez os que eram nobres na época da ignorância, modestos, honrou os que eram humildes, deu dignidade aos que estavam aviltados e desprezados e apagou o que era vaidade, presunção, convencimento e jactância tribal e de estirpe da época da ignorância. Hoje, todos, quer sejam brancos ou negros, da estirpe nobre de Quraish ou dos árabes de outras estirpes menos importantes, são descendentes de Adão, que foi criado do barro por Deus. O mais querido dos seres humanos para Deus, o Grande e Poderoso, no Dia da Ressurreição, é o mais obediente e o mais crente. Ó Juwaibir! Não existe hoje, alguém dos Muçulmanos com mais mérito que tu, a não ser quem for mais obediente a Deus e mais crente Nele.” E acrescentou: “Parte, ó Juwaibir, e vai a casa de Ziad ibn Labid, que é um dos mais nobres em estirpe da gente de Bayada. Dize-lhe que és mensageiro do Profeta de Deus enviado a ele e que o Profeta de Deus lhe diz: “ Dá tua filha Al-Zaifa a Juwaibir em casamento”. Juwaibir partiu com a mensagem do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) a presença de Ziad ibn Labid, que se encontrava em casa e transmitiu-lhe as palavras do Profeta (S.A.A.S.). Ziad perguntou: “Foi o Profeta de Deus quem te enviou com esta mensagem para mim?” Juwaibir respondeu: “Sim. Eu não diria mentiras do Profeta Mohammad (S.A.A.S.)”. Então Ziad disse: “Não fazemos nossas moças casarem a não ser com os que tem compatibilidade conosco dentre os Ansar. Parte, ó Juwaibir, e eu contarei ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.) a minha desculpa quando eu o encontrar”. Juwaibir partiu dizendo: “Por Deus! Não foi com isso que o Alcorão foi revelado nem com isso surgiu a profecia de Mohammad (S.A.A.S.)”. Al-Zaifa, filha de Ziad, estava em seu quarto e ouviu os dizeres de Juwaibir. Ela mandou chamar a seu pai, que veio a sua presença, e disse-lhe: “Quais foram as palavras que te ouvi dizer a Juwaibir?” Ziad respondeu: “Ele contou a mim que o Profeta (S.A.A.S.) o enviou, e disse-me: “O Profeta Mohammad te diz para dar tua filha a Juwaibir em casamento.” Al-Zaifa disse: “Por Deus! Juwaibir não diria mentiras em nome do Profeta! Manda já um mensageiro para trazê-lo de volta.” Ziad mandou o mensageiro que alcançou Juwaibir e o trouxe. Então Ziad disse: “Ó Juwaibir. Seja bem vindo. Fica tranqüilo aqui até eu voltar. Ziad foi até o Profeta (S.A.A.S.) e disse-lhe: “Por meu pai e por minha mãe! Juwaibir veio a mim com tua mensagem e eu não fui afável com ele, e achei por bem, encontrar-me contigo, pois não damos nossas filhas em casamento a não ser aos que têm compatibilidade conosco dentre os Ansar.”
O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) respondeu: “Ó Ziad, Juwaibir é um crente e o crente é compatível com a crente; o Muçulmano é compatível com a Muçulmana. Ó Ziad! Dá-lhe tua filha em casamento e não o rejeites!” Ziad voltou para sua casa e contou tudo a sua filha, que lhe pediu com toda a fé, para cumprir aquilo, acrescentando: “Se tu desobedeces ao Profeta Mohammad, serás incrédulo!” Então Ziad aceitou dar sua filha em casamento a Juwaibir. Ele pegou na mão de Juwaibir, conduziu-o a presença de sua gente e deu-lhe sua filha em casamento de acordo com os preceitos de Deus e de seu Profeta (S.A.A.S.), garantindo o dote da filha e dando-lhe uma casa porque não tinham onde morar. Assim Al-Zaifa começou uma nova vida tranqüila ao lado de Juwaibir.

Sendo assim, não devemos esquecer que aqueles que imaginam que o período escolar é longo, obrigando a retardação do casamento e impedindo a realização do matrimônio, estão equivocados. Pois o casamento não somente não afeta os estudos, mas também, concede o conforto e a tranqüilidade, ajudando no prosseguimento deles. O que se diz sobre que enquanto o jovem não obtenha o diploma ou não consiga uma colocação para que melhore sua situação financeira ele não deve casar-se é um engano sem justificativa ou fundamento. Conforme já dissemos, os obstáculos econômicos são em sua maior parte engendrados por preceitos errados e artificiais. Se as famílias agissem de acordo com os mandamentos do Islam, diminuindo suas expectativas e desistindo dos disparates e de olharem o casamento como algo horrível para os jovens, o mesmo passaria a ser algo fácil, singelo e aceitável. Em outras palavras, se os estudantes desistissem das exigências fúteis e das tendências medíocres, distinguindo entre os valores reais e os princípios hipotéticos, e os pais diminuíssem as despesas do matrimônio, a vista de seus conhecimentos da ética correta do Islam e das prescrições da religião, o caminho do casamento ficaria pavimentado para que os estudantes casassem durante o período de seus estudos.

O CASAMENTO SEM AS CERIMÔNIAS DAS BODAS

A outra solução para o casamento dos estudantes reside em celebrar o contrato oficial depois de escolhida a esposa, ficando as cerimônias formais adiadas para depois do término dos estudos. Desta forma, os estudantes livrar-se-ão do predomínio dos instintos e desvios gerados durante este longo período.

O CASAMENTO PROVISÓRIO

Um outro caminho aberto para aqueles que não podem escolher desde cedo sua companheira ou cujo casamento na forma exposta por nós não se enquadra em suas possibilidades é o casamento provisório. Para que o jovem não saia dos limites da abstenção dos atos ilícitos e não se perca é sugerido o casamento provisório. Trata-se de um caminho legal e legítimo que protege o jovem contra as relações ilegítimas, livrando-o das conseqüências ruinosas.

O Príncipe dos Fiéis, Ali ibn abi Taleb (A.S.), o portal da cidade do conhecimento do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Se não fosse a proibição de Omar ao Mutah, não cometeria o zena senão o miserável”.

Bertrand Russel, discorrendo sobre os problemas sexuais da juventude, escreve: “A minha opinião é que as leis permitam, na adolescência, um tipo de casamento entre moços e moças, que não os onere com despesas de família e que não os deixe se tornar um joguete fácil das paixões desenfreadas e dos vícios perniciosos, sofrendo as conseqüências de doenças; um tipo de casamento que os proteja da perdição e que os treine para a vida a dois antes da idade que permite a formação de um lar”.

O casamento provisório é considerado uma solução religiosa e temporária baseada na razão e na lógica, para servir aos Muçulmanos em todos os lugares e tempos, e isso para evitar que o ser humano possa se guiar ao caminho do desvio e assim orientar de forma lícita o seu instinto sexual. Mas não devemos esquecer que a principal finalidade na relação conjugal é o casamento definitivo que levará ao estabelecimento do homem e da mulher na construção de um lar, de uma família e por fim alcançar a felicidade.

Concluímos através dos ditos sagrados acima que o Islam condena veementemente o zena, o homossexualismo e o celibato, que não se adapta com a clemência e a piedade Islâmica. E devido ao fato que o zena e o homossexualismo são proibidos, e o celibato desencorajado, quando o ser humano não está em condições de se casar definitivamente, o Islam define uma solução temporária que é considerada um refúgio dos pecados e conseqüentemente da Ira de Deus.

Normas Gerais

Como qualquer outro tipo de injunção Islâmica, o casamento provisório está estabelecido dentro de regras e condições, as quais, se porventura, não forem colocadas em consideração a pessoa estará incorrendo em pecado.

Mencionaremos as regras básicas e condições gerais de permissibilidade do casamento provisório:

a) A mulher deve ser Muçulmana ou do Povo do Livro (Cristã ou Judia) e não deve ser de qualquer outra senão dessas doutrinas,
b) A mulher não deve ser dos Maharem,
c) A mulher não deve ser casada,
d) A mulher não deve estar na Oddah,
e) A mulher não deve ser menor de idade, e deverá ser Baleghah.

Fórmula do Casamento Provisório

a) Deve-se mencionar o dote no momento da realização do casamento,
b) Deve-se mencionar o tempo de duração, o qual não poderá ultrapassar o tempo normal ou lógico da vida do casal,
c) Deve-se haver o consentimento de ambas as partes,
d) Cada uma das partes deve pronunciar os seguintes dizeres:

A mulher diz ao homem: “Caso-me com você pelo dote de (…) pelo tempo de (…)” E o homem responde dizendo: “Aceito”.

E dessa forma realiza-se o casamento provisório. O qual também poderá ser concretizado quando ambas as partes, ou uma delas, é representada por um procurador. O qual poderá ser o próprio homem, que depois de obter a procuração e a permissão da mulher, a casa com ele mesmo, dizendo:

“Me caso com quem me passou a procuração pelo dote de (…) pelo tempo de (…)”.

Em seguida o homem completa dizendo: “Aceito”.

A partir daí o casal poderá manter um relacionamento íntimo e deverá se comprometer com qualquer condição previamente acordada entre ambos, tais como a questão da responsabilidade das despesas, de não manter relações sexuais, e etc…

Jurisprudências Importantes:

Mencionaremos aqui alguns pontos importantes que devem ser colocados em consideração para que a pessoa não cometa o ilícito:

a) Deve se pronunciar a fórmula do casamento preferencialmente em língua árabe. E caso não a domine poderá ser pronunciado no idioma que domine, e se for nos dois idiomas será melhor.
b) O casamento provisório, por ser um relacionamento temporário, deve se iniciar e terminar num período determinado. E isto impõe a separação do casal, os quais não devem se relacionar intimamente após o seu término. Salvo nos casos onde o casamento for renovado.
c) A mulher que se casa temporariamente, ao terminar o período do casamento, se não estiver grávida, deve respeitar a Oddah de 1 mês e meio (dois ciclos menstruais).
d) Caso o marido faleça, mesmo se for após um período mínimo à realização do casamento, e mesmo não tendo se relacionado sexualmente com a mulher, a mesma deverá respeitar a Oddah de 4 meses e dez dias.
e) O casamento temporário não é concretizado simplesmente com o consentimento do casal, mas sim, deve-se pronunciar os dizeres, mencionar o dote, mencionar o tempo, e seguir as regras mencionadas acima, para que o mesmo seja válido.
f) A criança gerada pelo casamento provisório é uma criança legítima e tem todas os direitos preservados pela religião Islâmica, tais como a herança e etc.
g) Assim que o casamento temporário é realizado, a mãe e as filhas da esposa tornam-se Maharem para o esposo.

O CASAMENTO PROVISÓRIO NO ALCORÃO E NA TRADIÇÃO

O casamento provisório foi mencionado no Alcorão Sagrado, o qual nos sanciona a sua legitimidade, como também foi confirmado na história e na tradição abençoada do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) e dos Ahlul Bait (A.S.), o qual nunca foi negado posteriormente pelos mesmos, sobre quem o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse:

“Certamente que vos deixo duas coisas preciosas: o Livro de Deus e a minha descendência, Ahlul Bait. Vocês jamais se desviarão após a minha partida se permanecerem apegados a ambos”.

A seguir mencionaremos alguns versículos alcorânicos e ditos que atestam a legitimidade do Mutah:

“(…)Dotai convenientemente aquelas com quem casardes, porque é um dever; contudo, não sereis recriminados, se fizerdes ou receberdes concessões, fora do que prescreve a lei, porque Allah é Sapiente, Prudentíssimo.” (C.4 – V.24)

Omran ibn Al-Hussain (R.A.) disse: “O versículo da Mutah foi revelado no Livro Divino, e desde então não foi revelado nenhum outro versículo o ab-rogou, e então o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) nos recomendou a praticá-lo. O praticamos na época do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), ele faleceu e não nos proibiu”.

O Sahaba Jaber ibn Abdellah Al-Ansari (R.A.) disse: “Praticamos o Mutah na época do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), Abi Bakr e Omar”.

Encerrando, recomendamos a todos os jovens solteiros que sejam conscientes antes do casamento para não permitirem ao instinto sexual subtrair-lhes a vontade e a liberdade, transformando-os em seus escravos. Os jovens devem procurar em primeiro lugar, fortalecer sua vontade e a sua piedade com a fé em Deus, o Altíssimo, porque a condição básica para a preservação da pureza é o temor a Deus. Não é raro prever que os jovens, que não possuem a força da piedade, desviem-se, inclusive depois do casamento, impelidos por seus impulsos diabólicos a obscenidade e ao desvirtuamento sexual.

O Príncipe dos Fiéis, Imam Ali (A.S.), disse:

“Combatei a paixão com vigor antes de seu recrudescimento, porque se ela for mais forte o conquistará e o conduzirá sem conseguires resistir a ela”.

E também disse:

“O vencido pela paixão é mais submisso que o escravo”.

Que permaneça puro e sublime aquele que não foi maculado com a lama desta época! Que vença aquele que escorregando um dia, recorre à força da fé e se levanta, salvando-se da perdição e da corrupção!

A VIDA CONJUGAL

O Islam considera a mulher um membro chave na continuidade da vida, por ser a educadora dos homens do futuro, e que forma as gerações. O Islam repudia todos os tipos de repressão, agressão e ofensa, material ou espiritual, contra a mulher, por qualquer motivo que seja, porque a mulher é um ser delicado, especial e deverá ser tratada e respeitada da melhor forma possível. Por isso, que o Islam repudia o uso da imagem feminina em propagandas onde abusa-se e expõe sua beleza e atração de formas que nunca serão benéficas à sociedade.

No Islam, a mulher tem todos os seus direitos preservados, tais como o direito de trabalhar, de estudar, opinar, eleger, se candidatar, expressar-se, manifestar, criticar, educar, enfim, ter o direito de viver com orgulho e todo o respeito, como ser humano.

No Islam, o casal, e especialmente a mulher, são encarregados com a grande responsabilidade de construir uma geração sadia e uma família virtuosa.

O casamento no Islam é considerado um projeto amplo, um contrato firme e uma sociedade na elevação da vida entre o casal. Para esta grandiosa mensagem, o fundamento da felicidade de um casal e uma família baseia-se nos seguintes itens:

1. Ser fiel a Deus e seguir uma boa conduta;
2. Confiar, amar, respeitar e se tranqüilizar um com o outro;
3. Ser piedoso e flexível na convivência;
4. Ser paciente no que tange a solução dos problemas;
5. Ser franco e transparente em todas as situações;
6. Deixar de lado as reações desequilibradas e impulsivas;
7. Jamais expor os segredos e os problemas do lar;
8. Estar presente nas diversas ocasiões da vida, boas ou ruins;
9. Respeitar os direitos e cumprir as obrigações;
10. Proteger o conjugue de qualquer mal, moral ou material;
11. Cumprir as responsabilidades do lar e da educação dos filhos;

A seguir apresentamos alguns dos milhares de ditos a respeito da vida conjugal:

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “O homem é recompensado pelo ato de por comida na boca de sua esposa”.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “É mais amado para Deus quando a pessoa está entre sua família do que quando está na mesquita em situação de devoção total”.

O Imam Ali ibn Hussein (A.S.) disse: “Certamente, entre vocês, quem mais agrada a Deus é
quem se apressa em servir mais a sua família”.

O Imam Assádeq (A.S.) disse: “Deus prolongará a vida de quem tiver uma boa conduta com sua família,”.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “Em verdade, Deus e Seu Mensageiro são inocentes daquele que prejudica sua mulher, até que ela se separe dele”.

O ZENA

Através dos ditos acima percebemos o grau de importância e incentivo Islâmico perante o casamento. O qual é considerado um sagrado e abençoado ato, que é o verdadeiro relacionamento legítimo entre o homem e a mulher. Sendo assim percebemos o grau de perversão do Zena, que é o relacionamento sexual entre um homem e uma mulher realizado fora do âmbito do casamento.

O Zena e o homossexualismo são relacionamentos ilegítimos considerados dois dos maiores pecados na religião Islâmica a qual os condena. Lembrando também que o grau mais alto de Zena, ou seja, o pior tipo de Zena, é com os Maharem, e o mais vil é quando uma mulher casada deita-se com um homem, engravida dele e clama a paternidade ao seu marido.

“ Evitai a fornicação, porque é uma obscenidade e um péssimo exemplo!” (C.17 – V.32)

O Imam Jáfar Assádiq (A.S.) disse: “O Profeta (S.A.A.S.) disse que o Filho de Adão não fez nada pior para Deus, Louvado seja, do que matar um Profeta ou Imam, destruir a Kába que Deus a deixou como Quiblah de Seus servos ou esvaziar sua essência em uma mulher praticando o zena”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Quando realizei a Viagem Noturna passei na frente de mulheres penduradas pelos seus seios. Perguntei: Quem são elas, ó Gabriel? Ele disse: Essas são aquelas que herdam a riqueza do marido com filhos dos quais eles não são os pais”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse sobre o pior grau de zena:

“A ira de Deus cerca a mulher casada que enche os olhos por um outro homem, ou não é de seus Maharem, pois, se fizer algo, Deus ignorará todas as suas atitudes (boas ações), e se relacionando sexualmente com ele, Deus terá todo o direito de queimá-la no Fogo do Inferno depois de castigá-la em seu túmulo”.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse:

“Há quatro coisas as quais se uma delas entrarem numa casa a destroem, e a mesma nunca será elevada com bênçãos. A traição, o roubo, a bebida alcoólica e o zena”.

O Imam Jáfar Assádiq (A.S.) disse que: “… não cometam o zena, porque o mesmo será cometido com as vossas mulheres, e quem deitar na cama de um muçulmano, alguém deitará na sua, será tratado como trata os demais”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Quem cometer o zena com uma mulher, continuando a insistir nisto, seja esta mulher Muçulmana, Judia, Cristã ou Zoroastra, seja ela livre ou serva, e ele morrer sem pedir perdão, Deus abrirá trezentas portas no seu túmulo as quais delas sairão as cobras, escorpiões e lobos do Inferno até o Dia do Juízo Final. E quando ele for ressuscitado para ser julgado e sair do seu túmulo, as pessoas o rejeitarão pelo seu cheiro nojento que o fará ser reconhecido pelas suas atitudes na Terra, até que a ordem seja dada para guiá-lo ao Fogo do Inferno”.

O HOMOSSEXUALISMO

O homossexualismo é considerado um desvio mental que leva o ser humano a se relacionar sexualmente com pessoas do seu mesmo sexo. Isto contradiz as leis divinas, e é condenado brutalmente com as mais severas penas, as quais são aplicadas nos homens que se relacionam com outros homens e mulheres que se relacionam com outras. A seguir mencionamos alguns ditos sobre esta prática abominável:

O Imam Jáfar Assádiq (A.S.) é perguntado: “O que nos diz das mulheres que se relacionam com outras?” O Imam (A.S.) respondeu: “Elas estão no fogo do inferno. Quando for o Dia do Juízo Final, elas serão trazidas e vestidas com uma veste e máscara de fogo”.

O Profeta de Deus (S.A.A.S.) disse: “O que mais temo na minha nação são as práticas do povo de Lut”.

O Imam Assádeq (A.S.) disse: “Quem comete o homossexualismo é proibido por Deus
de se sentar no Paraíso”.

13) OS JOGOS DE AZAR.

Deus disse no Alcorão Sagrado: “Interrogam-te a respeito da bebida inebriante e do jogo de azar; dize-lhes: Em ambos há benefícios e malefícios para o homem; porém, os seus malefícios são maiores do que os seus benefícios. Perguntam-te o que devem gastar (em caridade). Dize-lhes: Gastai o que sobrar das vossas necessidades. Assim Allah vos elucida os Seus versículos, a fim de que mediteis”. (C.2 – V.219)

Por que em lugar de jogarmos cartas não procuramos ler um livro e em lugar de ficarmos sentados a mesa de jogo não nos sentamos à mesa de laboratório? Por que não procuramos resolver equações matemáticas e questões intelectuais em vez de jogarmos gamão ou xadrez? Por que não fazemos planos para a vitória e a evolução nos campos da vida e não procuramos identificar os fatores da derrota e do atraso em vez de fazermos planos para ganhar no jogo e limpar os bolsos do adversário? Aliás, por que não fazemos atos úteis em lugar de jogos nocivos, percorrendo com isso, a correta estrada da vida? Por que?

O COLONIALISMO INTELECTUAL

O valor do ser humano é avaliado pela capacidade intelectual que possui, pois a medida que seu intelecto fique mais elevado e os seus horizontes se tornem amplos, a sua personalidade fica mais forte no campo da avaliação.

Se a sociedade ficar desprovida do pensamento pesquisador e da reflexão perspicaz, não passará longo tempo para vê-la vítima da decadência e do desaparecimento. As perdas materiais nada contam, enquanto a perda dos tesouros morais constitui dano irreparável, não podendo absolutamente ser comparada com a perda da riqueza financeira. A sociedade que perdeu sua riqueza financeira, mas que permaneceu com suas capacidades intelectuais, pode rapidamente ativar essas potencialidades criativas e recuperar a posição financeira e a sua força anterior. As mentes criativas são as mais valiosas riquezas e os mais preciosos capitais sociais, e nenhuma sociedade pode jamais ver os traços de felicidade sem elas.

Sabemos que os colonialistas mudam de cor e de roupagem de acordo com a época para influenciar a sociedade. A influência imperialista de outrora tomava a forma de dominação militar, política e econômica. Atualmente, ela visa a dominação intelectual dos povos de modo que não fique gravado nas mentes dos intelectuais desses povos, nada, a não ser o que os imperialistas desejam, e que esses intelectuais não pensem e não ajam em nada a não ser em consonância com as diretrizes e as inspirações imperialistas, para que permaneçam como verdadeiros escravos e consumidores submissos do imperialismo. A melhor prova disso é essa situação aviltante dos povos do terceiro mundo, que vivem sob a influência do ocidente; pois assistimos a essas sociedades serem dominadas pela liberação sexual, pela adoração do dinheiro e pelos demais tipos de conduta entorpecente. Tais coisas são consideradas como os mais graves problemas e na verdade não passam do que foi plantado pela mão imperialista generosa com tais dádivas.

À sombra desta maldita árvore de corrupção se dissipam as oportunidades e as capacidades intelectuais e se enraízam as condições de detestável retrocesso. Os jogos sazonais e a fundação de clubes fúteis são considerados modelos dessa situação lamentável, pois assistimos hoje a forte afirmação da propagação de tais programas insignificantes e jogos entorpecentes no âmbito mundial, e vemos como são recebidos com a maior importância e acompanhados atentamente a toda hora. Quão numerosos são os danos que afetam as nações e inumeráveis as capacidades perdidas em conseqüência disso?

Os imperialistas planejaram muito para incutir na mente da juventude um interesse desmedido nos esportes e certames esportivos, tão grande que nunca pode ser comparada com ele a importância dada as questões científicas e as carreiras no campo do conhecimento. Ademais, os jovens foram moldados de forma tal que olham os esportes como um fim e não como um meio, parecendo a reverência prestada aos heróis esportivos muito superior a dada aos professores e cientistas. Tudo isso é para que os povos pensem em escala menor ou até para que não tenham a oportunidade de pensar, ficando impossibilitados de conhecer os problemas e as demais questões vitais, que lhes afetam o destino e o futuro, e os obriga a ativar as mentes para achar o remédio e a salvação. De fato, o imperialismo intelectual é o mais perigoso de todos os tipos de imperialismo, já que sob sua sombra os pensamentos e as capacidades intelectuais ficam entorpecidos, e os indivíduos crescem desprovidos de força de vontade pessoal. A nação flagelada por semelhante imperialismo trabalha para seus inimigos do mesmo jeito que o escravo trabalha para seu dono, e caminha cegamente para concretizar os nefastos objetivos e os interesses destrutivos prescritos por eles.

O Imam Assádeq (A.S.) disse sobre o versículo alcorânico “E não se alimentem entre si com riquezas ilícitas”: “Os homens de Quraish apostavam suas riquezas e até suas mulheres, e então Deus, o Altíssimo, os proibiu”.

ENTORPECIMENTO

Entre os jogos que foram denominados enganosamente de “esportes intelectuais” e que para sua propagação mundial foram despendidos muitos esforços estão os “jogos de azar”. Se as estatísticas precisas fossem disponíveis, não nos seria possível avaliar as preciosas capacidades inutilmente desperdiçadas para esse fim nem tampouco a criatividade e o tempo gasto nesta insólita atividade. Na verdade, não podemos conhecer o tamanho dos danos provenientes de tais modelos de entorpecimento, a não ser pensando nos resultados que poderiam ter sido obtidos se as potencialidades e intelectos tivessem sido dirigidas à leitura e à ciência, ao trabalho e à indústria, ao invés de exaurirem-se sem qualquer retorno.

Estudando as biografias das grandes personalidades, constatamos que as suas conquistas foram produto de seu perfeito aproveitamento de seu tempo e de suas oportunidades, ao ponto deles não deixarem de pensar até quando eram atirados nas prisões, e de aproveitarem ao máximo as oportunidades chegando a produzir algumas de suas obras-primas em reclusão. Eis o saudoso mártir Jamaluddin Maki, o grande sábio Islâmico nascido no ano de 734 hejrita e que faleceu em 786 hejrita, em razão dos seus ideais. Deixou obras científicas muito valiosas entre as quais o “Al-Lumaa Al-Dimachkya”, um dos melhores compêndios de jurisprudência, e que foi composto por ele na prisão. Na realidade, o segredo do êxito desse grande sábio reside no aproveitamento e em seu conhecimento do valor do tempo.

A história é rica de personalidades semelhantes, de esforços construtivos e aproveitamento racional do tempo. Assim, a alegação de “esportes intelectuais” não passa de um embuste através do qual se pretende arrebatar o tempo e promover o desperdício. Muito do que foi entendido como “entretenimento filantrópico” não somente não contribui com o crescimento intelectual como também provoca muitos danos: danos econômicos, perda de oportunidades, a prestação de serviços ao imperialismo e seus interesses criminosos.

Ao julgarmos com discernimento percebemos a razão pela qual o Islam avalia desta forma o pensamento e a reflexão, visto que não se pode obter o progresso espiritual e material a não ser à sombra do pensamento correto e da reflexão perspicaz. As nações não evoluíram senão por meio de seus pensadores e grandes personalidades. As pessoas devotadas a Deus e os eruditos da Lei Divina não atingiram as suas altas posições a não ser pela reflexão constante após um estudo amplo que lhes conduziu ao aperfeiçoamento moral e altos graus de aproximação de Deus.

O Nobre Profeta Mohammad (S.A.A.S.) diz: “A meditação e uma hora é melhor que a adoração de um ano”.

O Islam, devido a esse grande valor que dá ao pensamento, e ao importante papel que lhe atribui na formação do futuro do indivíduo e da sociedade, rejeita tudo o que possa causar entorpecimento da mente e o desperdício do valioso tempo. Em razão disso, o Islam proclamou sua recusa a jogatina e a inclinação aos passatempos inúteis. Os jogos de azar foram proibidos claramente pelo Alcorão Sagrado, tendo Deus Altíssimo, demonstrado suas conseqüências malignas com os seguintes dizeres:

“90. Ó fiéis, as bebidas inebriantes, os jogos de azar, a dedicação às pedras e as adivinhações com setas, são manobras abomináveis de Satanás. Evitai-os, pois, para que prospereis. 91. Satanás só ambiciona infundir-vos a inimizade e o rancor, mediante as bebidas inebriantes e os jogos de azar, bem como afastar-vos da recordação de Allah e da oração. Não desistireis, diante disso?” (C.5)

Fica claro que o Alcorão, além de abominar os jogos de azar coloca-os no mesmo nível de outros dois grandes pecados: o consumo de bebidas inebriantes e a adoração dos ídolos, e refere-se a duas desgraças decorrentes dos jogos de azar:

1. Os jogos de azar são impulsores à separação e a inimizade.

Ao meditarmos com razão correta constataremos que cada perda nos jogos de azar cria no espírito de quem perde, tristeza e mágoa seguidas de ódio e repulsa ao ganhador, enquanto o ganho cria neste maior desejo e avidez de pilhar a quem perde e, finalmente, nenhuma importância para com os direitos alheios. Todos esses elementos são fatores capazes de cortar as relações amigáveis e os demais laços sociais, e entregar os indivíduos à hipocrisia, ao ódio e à aversão mútua. São incontáveis os casos em que as relações amigáveis entre as pessoas sentadas à mesa de jogo terminam em inimizade e afastamento, e não raro em brigas e mortes.

Numa cidade do estado de New England, um fabricante de chumbo levava uma vida melhor do que a dos outros. Entretanto, ele foi afligido por um dos mais pesados jogos de azar, o pôquer, e para recuperar as suas perdas, insistiu em prosseguir jogando até perder o seu trabalho, depois de ficar endividado disse a um amigo: “Não posso mais controlar as rédeas de minha vontade e tenho que me vingar”. A raiva e a repulsa decorrentes do jogo têm os seus reflexos sinistros que ameaçam a vida privada do jogador com divergências familiares, separações e a dissolução dos laços familiares.

2. O jogador esquece-se de recordar de Deus.

Sabemos que o Islam considera a recordação de Deus, o dirigir-se a Ele e lembrar-se de Sua grandeza e de Suas graças, como bases da religião e da felicidade. Quão verídico é o Alcorão Sagrado ao dizer:

“Que são fiéis e cujos corações sossegam com a recordação de Allah. Não é, acaso, certo, que à recordação de Allah sossega os corações?” (C.13 – V.28)

Isso é porque se dirigir a Deus e lembrar-se Dele formam as mais sólidas bases, o mais seguro refúgio e o mais forte apoio para o ser humano quando se encontra face a face com seus problemas. Por outro lado, vemos aqueles que não crêem em Deus sentirem, em tais situações, forte inquietação, grande pavor e solidão mortificante, apesar de todos os meios materiais estarem ao seu alcance, e por isso terminam freqüentemente por recorrer ao suicídio.
Constatamos, pois, como muitos dos jogadores são acometidos de loucura, agitação nervosa, desespero e forte tendência suicida, ao ponto de podermos considerar os jogos de azar como perigosos inimigos da tranqüilidade e do equilíbrio social.

Uma das publicações do “The Public Affairs Committee”, de Nova York, escreveu: “vimos várias cenas. Eis uma mulher atemorizada, trêmula e pálida, que fica parada horas a fio diante de um aparelho de jogo, e eis um homem de rosto amarelado, sisudo e franzido, manobrando a alavanca do aparelho de jogo como se as rodas do aparelho tivessem-no hipnotizado, deixando-o cair num transe profundo”. Um jogador inveterado disse ao “The New York Times”: “fui acometido da desgraça de cair neste abismo a ponto de me ver obrigado a escolher entre cair fora ou me suicidar”.

OS DANOS INDIVIDUAIS, SOCIAIS E FINANCEIROS

Os danos dos jogos de azar são numerosos. O relatório “The Public Affairs Committee” apresenta alguns desses danos. Embora focalize as circunstâncias sociais norte-americanas não deixa de ser útil a todas as sociedades. A referida publicação cita: “Um dos funcionários da prefeitura de Los Angeles surrupiou da tesouraria municipal milhares de dólares durante um ano para pagar as suas dívidas do jogo “Atari”. Na cidade de Nova York, um dos empregados das docas participava de jogos diários de gamão e chegou a perder uma quantia muito grande, o que o levou a pegar empréstimos com um agiota. E, para conseguir saldar suas dívidas, foi obrigado a roubar mercadorias do porto, acusando um dos trabalhadores responsáveis pelas mesmas de prática de roubo.”

Existem inúmeros e penosos casos semelhantes, que ocorreram na vida de indivíduos em razão do envolvimento com jogos. A publicação acrescentou: “Os reflexos dos jogos de azar sobre nossa vida nacional são muito danosos, constituindo esses jogos um problema social complicadíssimo, que continua se ampliando. O montante de dinheiro gasto nos jogos de azar anualmente é avaliado em mais de 50 bilhões de dólares. Se observarmos que o povo norte-americano gasta anualmente cerca de 25 bilhões de dólares com o tratamento de saúde, podemos perceber as verdadeiras dimensões e o real alcance dos jogos de azar nos E.U.A. de hoje. Diz-se que das dezenas de bilhões de dólares gastos anualmente em jogos, 9 a 10 bilhões vão aos bolsos dos profissionais que os controlam. Isto posto, verifica-se que o lucro desses profissionais supera em muito os 5 bilhões de dólares gastos anualmente com todos os tipos de pesquisas e com o ensino e a educação do setor privado, e é muito maior que a quantia consignada para todos os efetivos religiosos e o bem estar social.” Prosseguindo, a publicação cita: “Sem dúvida, os jogos de azar têm efeitos destrutivos na vida familiar…”

Peterson, ex-investigador do FBI considera esses jogos como a causa principal que leva os empregados a prática da apropriação indébita dos bens onde trabalham. Sylvanus Du Val que se dedicou a investigar os problemas de jogos de azar, diz: “As famílias de classe média e pobre chegam a imaginar que o “Jack Pot” (um tipo de loteria similar a loto) é o único meio de se livrar dos grilhões da vida vil e se transformam em vítimas desse jogo, passando a sua correr atrás dos ganhos fáceis, e isso se constitui num fator não somente de fazer com que essas famílias se afundem mais e mais na pobreza, mas também, em muitos casos, à perda das condições para a melhora de vida”.

A publicação mencionou que Licurbus Stroakey Jr., professor de uma das escolas de Saint Paul diz: “O jogador inveterado, em geral, vê nos jogos de azar um meio de fuga ou de compensação dos problemas pessoais… o jogador nervoso procura a solução para todos os seus problemas jogando cartas ou manobrando as máquinas de jogo, embora seja claro que raramente os problemas seriam resolvidos dessa maneira, a qual, ao contrário, os faz aumentar”.

Em 1783, George Washington fez um estudo analítico dos jogos de azar e chegou ao seguinte resultado, muito preciso e importante do ponto de vista psicológico: “Os jogos de azar são as fontes de destruição de muitas famílias honradas e respeitadas, e os motivos de perda de sua honradez e seu status. Eles são as causas do suicídio e o agente de ilusão dos que fazem parte dos grupos de jogadores. O jogador que ganha prossegue no jogo até sofrer perdas e o jogador que perde prossegue no jogo com a esperança de compensar sua má sorte até perder tudo. São pouquíssimos os que se beneficiam em algo com os jogos de azar em comparação com os que sofrem danos que se contam aos milhares”.

O VÍCIO

Porque vemos um artesão que consegue auferir uma boa renda deixar seu ofício para afundar-se no jogo? Ou porque encontramos um vendedor deixar seu trabalho para passar as noites nas casas de jogos? Pode parecer à primeira vista que esses divertimentos não representam perigo. Entretanto, o perigo crescente reside no fato desses divertimentos conduzirem as pessoas quase sempre ao endividamento e aos jogos de azar, sendo a dificuldade encontrada pelos jogadores inveterados para se livrarem do vício comparável a encontrada pelos alcoólatras e toxicômanos. Os jogos de azar não opcionais transformaram-se em problemas muito perigosos e ameaçadores da sociedade. Os homens e mulheres presos nas garras desse vício conhecem melhor o significado da inquietação e do desespero. Esta verdade foi pronunciada por um veterano nos jogos de azar, que foi jogador compulsivo, e que conseguiu se livrar da forte pressão assoladora. Do ponto de vista dos médicos especializados ou dos jogadores, os jogos de azar não são somente considerados como atos contrários a moral ou desagradáveis, mas também, como doenças que exprimem muitos dos problemas sentimentais agudos.

Os jogadores inveterados comparam, quase sempre, em seus depoimentos, a sua assiduidade ao jogo com o “câncer” e o denominam de “doença” que os extenua, dizendo: “como se nós e nossos parceiros estivéssemos decididos a pôr termo a nossas vidas”.

A VISÃO ISLÂMICA

Observando o que foi exposto, apresentaremos o conceito da jurisprudência Islâmica sobre o tema. A proibição dos jogos de azar pelo Islam é indiscutível em conformidade com as disposições do Alcorão Sagrado e de muitos dos nobres relatos da tradição. Os jurisconsultos Muçulmanos são todos de pleno acordo que a proibição dos jogos de azar é uma necessidade da religião, isto é, quem nega essa proibição é considerado como apóstata. Jogar, ensinar e aprender jogos de azar, ajudar o jogador nos jogos, vender, comprar e fabricar aparelhos de jogos, sentar-se onde haja jogos; todos estes atos são proibidos e constituem pecado. Até saudar o jogador é proibido nas disposições Islâmicas. Para melhor conhecimento dos jogos de azar e dos demais jogos proibidos, deve-se observar a seguinte explicação:

É considerado um jogo de azar, qualquer aposta feita em qualquer tipo de jogo, usando-se máquinas ou não, e sendo assim, mesmo jogos permitidos como o futebol ou o vôlei podem se transformar em jogos de azar.

O Imam Al-Redha (A.S.) disse: “Os jogos de azar são o Quemar (aposta)”.

O Imam Al-Báquer (A.S.) disse: “Quando Deus revelou ao Seu Mensageiro sobre a bebida alcoólica e os jogos de azar … perguntaram o que são os jogos de azar. Ele (S.A.A.S.) disse que são tudo que envolve o Quemar”.

Deve-se prestar atenção ao fato de que o Islam proíbe tudo o que resulta em danos ao indivíduo e a sociedade e combate tudo o que causa mal ao corpo, ao espírito, a moral e a economia sã. Ele procura extirpar a corrupção pelas raízes recusando qualquer tendência a corrupção por menor e mais simples que seja. De modo similar, o Islam procura prevenir os seres humanos quanto a ingestão de bebidas alcoólicas e os seus males subseqüentes, proibindo o consumo de mesmo uma gota de álcool; procura extinguir os jogos de azar e seus males, fechando todos os meios que conduzam a eles. Por isso, o Islam não permite a fabricação, a venda e a compra dos aparelhos de jogos de azar, nem se sentar onde haja tais jogos, para proteger os pensamentos dos Muçulmanos da tendência para esse abismo. É conhecido que o Islam, por princípio, proíbe o indivíduo de dispor dos bens alheios a não ser através do comércio lícito e da compensação. O Alcorão Sagrado diz:

“Ó fiéis, não consumais reciprocamente os vossos bens, por vaidades, realizai comércio de mútuo consentimento e não cometais suicídio, porque Allah é Misericordioso para convosco”. (C. 4 – V.29)

E o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Em verdade, Deus proibiu-me a bebida alcoólica e os jogos de azar”.

Se os jogos fúteis obrigarem o ser humano ao divertimento e a distração excessiva ao ponto de se esquecerem de Deus, se aplicará a eles as mesmas disposições aplicadas aos jogos de azar, e serão considerados proibidos, porque “tudo o que provoca o afastamento da recordação de Deus é jogo de azar.”

COMO COMBATER

A luta contra a doença dos jogos de azar pode ser de dois tipos:

1. A Prevenção

O caminho para a prevenção é o planejado pelo Islam que, antes de tudo, declarou os jogos de azar como atos desagradáveis e proibidos, e fechou todos os meios que conduzem a eles para seus seguidores, pois os atos de produzir, vender, comprar aparelhos de jogos de azar, bem como aprender ou ensinar como usá-los, foram proibidos pelo Islam, o qual chega a proibir ao Muçulmano de sentar-se num lugar onde Deus seja desobedecido com a prática de jogos de azar e outros. Além disso, a lei, que determina que se faça o bem e que se proíbe que se pratique o que desagrada a Deus, obriga todos os indivíduos a não praticar atos proibidos. Este método é o mais bem sucedido na ação contra qualquer corrupção ou desobediência a Deus. Sugerimos os seguintes meios para a prevenção aos jogos de azar:

a) Insistir no bom caráter da sociedade e levantar o nível de fé da sociedade, sendo este o primeiro dos meios e o melhor dentre eles.

b) Desencorajar continuamente os fatores de propagação dos jogos de azar e clubes que promovem tais jogos, insistindo no fechamento dos clubes que trazem denominações ilusórias para encobrir a aplicação de penas aos infratores, não podendo este desencorajamento restringir-se aos centros de jogos de azar sem licença, mas devendo manter um desencorajamento geral em todos os campos sem deixar qualquer clube de jogos de azar sob a alegação de estabelecimento legal perante a lei.

c) Devem ser proibidos a ociosidade e o divertimento ilícito bem como os lugares de passatempo, que são fatores de expansão do desvio moral e da atração para os jogos de azar, que se convoque os seres humanos para meditarem nas questões construtivas e atividades genuínas, em lugar de pensarem na sorte, na sina ou coisas parecidas.

2. A Cura

a) É preferível para o indivíduo que tenha caído presa do vício dos jogos de azar recorrer, em suas horas vagas, à prática de trabalhos manuais, a leitura, a prática de esportes, presença no meio social ou religioso. Ainda que não faça isso com freqüência, até acostumar-se, pois os psicólogos acreditam na obrigatoriedade do hábito através da substituição de um mau costume por um bom.

b) Os viciados nos jogos de azar devem deixar de conviver com outros em sua mesma situação, especialmente os jogadores profissionais, e procurar pessoas não ligadas a essa prática.

c) Quando necessário e quando não se pode se livrar das armadilhas do ambiente corrupto e repleto de jogadores, deve-se emigrar, pois o Islam obriga o Muçulmano, diante de circunstâncias que ameacem sua fé e moral, a emigrar para levar em outro lugar uma vida melhor e mais segura.

d) Deve-se explicar os diversos danos provenientes dos jogos de azar. Sábios, escritores, pregadores e oradores devem orientar os afligidos pelo vício.

e) Os pais devem proibir seus filhos de tomar parte ou freqüentar os lugares onde se praticam jogos de azar; orientá-los para a prática de outros atos, observá-los cuidadosamente dentro de um quadro de amor e afabilidade, além de absterem-se dos jogos de azar. Uma das publicações do “The Public Affairs Committe” cita: “Quando os pais jogam, os filhos ficam desejosos de fazer o mesmo, e se movimentam nesse sentido, e embora haja possibilidade dos pais convencerem seus filhos a não praticar jogos de azar, eles não terão sucesso enquanto seus filhos os vejam jogando”.

f) As esposas devem desempenhar seu papel fazendo com que seus companheiros se apeguem mais ao ambiente familiar, para que se abstenham desses atos passionais e desvios diabólicos.

g) Um dos meios mais eficazes na prevenção dos jogos de azar e de qualquer outro pecado, é o de sensibilizar a pessoa quanto às más conseqüências do pecado chamando sua atenção para os sofrimentos e penas que sofrerá na outra vida.

Os jogos de azar são por si só grandes pecados. O dinheiro ganho através dele não é propriedade do jogador que o ganha. Dispor-se de qualquer modo do dinheiro ganho no jogo é proibido e constitui outro pecado, porque o pecado só pode gerar outro pecado. O resultado será que o jogador se tornará uma pessoa que não se importa com a obediência dos mandamentos divinos. Desta forma, dia após dia ele onera a si mesmo com pecados, o infortúnio e o sofrimento nesta e no outra vida. Deus disse no Alcorão Sagrado:

“Aqueles que tiverem cometido más ações, porém, serão precipitados, de bruços, no fogo infernal. Sereis retribuídos, senão pelo que fizestes?” (C.27 – V.90)

14) AS BEBIDAS ALCOÓLICAS.

“Investigando os crimes de quatro indivíduos que mataram seus próprios filhos, foi constatado que todos eles se encontravam embriagados quando praticaram o filicídio”. (Nota da Imprensa)

Porventura, vocês já observaram as enchentes turbulentas e devastadoras dos grandes rios, que não respeitam represas nem açudes e que avançam enfurecidas, arrastando tudo o que encontram em seu curso, grandes rochas, troncos e galhos, deixando a superfície arrasada e em ruínas desérticas? Ou já viram o cavalo descontrolado, tomando o freio nos dentes e não obedecendo as rédeas, quebrar com as batidas mortíferas de seus cascos tudo o que pisa até chocar-se com um obstáculo maior e mais forte que ele e se espatifar? As bebidas inebriantes têm efeito semelhante à enchente do rio e à disparada louca do cavalo. O embriagado esbraveja, vocifera, grita, xinga, espuma e vive toda a desgraça em seu estado horrível e hediondo. Quantos são os amigos que se sentam a mesma mesa, trocando votos de amizade sincera e vivendo momentos de alegria, mas que, ao ficarem embriagados, trocam a amizade pela repulsa, passando às discussões e aos ataques e terminando em muitos casos em crimes mortais?

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “A bebida alcoólica é a união de todos os pecados, a mãe dos malefícios, e a chave de todos os danos”

O MAIOR INIMIGO DO SER HUMANO

O Alcorão Sagrado define as bebidas inebriantes com as seguintes palavras:

“90. Ó fiéis, as bebidas inebriantes, os jogos de azar, a dedicação às pedras e as adivinhações com setas, são manobras abomináveis de Satanás. Evitai-os, pois, para que prospereis. 91. Satanás só ambiciona infundir-vos a inimizade e o rancor, mediante as bebidas inebriantes e os jogos de azar, bem como afastar-vos da recordação de Allah e da oração. Não desistireis, diante disso?” (C.5)

As bebidas inebriantes com sua força destrutiva prejudicam o funcionamento da mente, que é o indicador do discernimento entre o bem e o mal; e tem seus indícios de conseqüências terríveis em nossa época. Especialmente nas cidades industriais, onde mostram sua face sombria e nefasta, constituindo-se num problema gravíssimo que deixa os responsáveis perplexos. Os crimes e desvios comportamentais provenientes do alcoolismo cresceram rapidamente e vão consumindo os sacrifícios em seu altar, um após outro. Alarmados com tamanho perigo, médicos de todas as partes do mundo realizaram há algum tempo, uma importante conferência, e declararam ao mundo, mais uma vez, que as bebidas inebriantes são o inimigo número um da humanidade.

O Imam Assádeq (A.S.) disse: “Beber álcool é a chave de todo mal, e o bebedor de álcool renega o livro de Deus. Pois se ele acreditasse iria se advertir das suas ilicitudes”.

Raymond Poincare, Presidente da França antes da ocupação alemã, dirigiu seu apelo ao povo nos seguintes termos: “Ó filhos da França! Vosso maior inimigo são as bebidas alcoólicas. Antes de fazerdes vossa guerra contra a Alemanha, erguei-vos para combater as bebidas alcoólicas, porque as perdas em pessoas e bens provenientes delas em nosso país, desde o ano de 1870, são muito maiores do que as perdas com a guerra…”

O PORQUE DA PROIBIÇÃO

Al-Mufaddal ibn Omar perguntou ao Imam Jafar Assádeq (A.S.): “Por que as bebidas inebriantes são proibidas?” O Imam (A.S.) respondeu: “Deus as proibiu por causa de sua ação, sua corrupção e seus efeitos maléficos, porque causam ao viciado agitação convulsiva, perda de vitalidade e privação de hombridade e levam-no ao atrevimento de praticar atos proibidos, perpetrar assassinatos e cometer adultério, não vacilando, quando embriagado, a lançar-se inconscientemente com ímpeto contra sua mulher. Elas só acrescentam ao que as bebe tudo o que é mau”.

A uma pergunta feita por um ateu nos seguintes termos: “Porque Deus proibiu as bebidas inebriantes quando nada é mais deleitável que elas?” O Imam Jafar Assádeq (A.S.) respondeu: “Deus as proibiu porque é a fonte dos maus e ignóbeis atos, e encabeçam todos os males que são praticados por seu consumidor quando lhe roubam a razão, fazem-no esquecer de Deus e levam-no a praticar todos os atos ilícitos, e cometer todos os atos proibidos. O embriagado fica com o domínio físico e psíquico de si mesmo nas mãos de Satanás, adorando os ídolos se Satanás o ordenasse a fazê-lo, e deixando-se ser conduzido por Satanás”.

O Imam Al-Redha (A.S.) disse: “Deus proibiu a bebida alcoólica por seu malefício, transformação na pessoa e por levar à renegar a Deus, desmentindo-o e a suas Mensagens”…

O Imam Assádeq (A.S.) disse: “Sabem por que beber álcool é pior do que deixar de rezar?” Disseram: “Não”. O Imam (A.S.) respondeu: “Porque o bêbado vive numa situação que nem do seu Senhor é capaz de lembrar”.

ALGUNS DOS SEUS MALES

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “A bebida alcoólica é a mãe das maleficências e o maior dos pecados”.

1. Mentais e Psicológicos

O psiquiatra francês, Prof. Baroque, disse: “A linha gráfica do crescimento das doenças psiquiátricas coincide com a linha do crescimento da propagação das bebidas alcoólicas. A impossibilidade de obtenção de bebidas durante a guerra, foi então, um dos motivos da diminuição do número de doentes psiquiátricos”.

O secretário geral da Comissão de Combate as Bebidas Alcoólicas, falando a respeito dos efeitos danosos do álcool sobre o espírito e a mente, na XXIV Conferência de Combate as Bebidas Alcoólicas, disse: “80% dos casos de acometimento de loucura e 40% dos casos de doenças neurológicas e perturbações psíquicas são resultado da ingestão contínua de bebidas alcoólicas”.

A forte relação entre a loucura e as bebidas inebriantes fica clara nos estudos e estatísticas dos pesquisadores, chegando o Dr. Parker, atribuir metade dos casos de loucura e perturbação psíquica às bebidas, e a acreditar que existe proporção direta, nos grandes países, entre o número de bares e de loucos, já que as primeiras coisas que o álcool leva o ser humano a perder são a razão e a percepção. Sendo assim, vemos que o Islam, considerando os males provocados, insiste energicamente sobre o combate das bebidas inebriantes e declara a proibição das mesmas.

2. Sobre a Procriação

Esses efeitos são muito importantes ao ponto que a prole dos descendentes do viciado até a sétima geração não escapa de tais efeitos. Se colocássemos o espermatozóide do viciado, logo quando da formação do embrião no útero, num microscópio, observaríamos sua forte agitação em lugar do movimento normal. De um modo similar que as bebidas inebriantes exercem efeito sobre o cérebro da mãe e exercem efeito sobre os genes embrionários.

Observemos a seguir as estatísticas pertinentes: Somente 1% dos filhos dos viciados goza de perfeita saúde enquanto os 99% restantes são acometidos de várias doenças fisiológicas e psíquicas. De acordo com estatísticas elaboradas com a observação do estado de 353 crianças de famílias viciadas em bebidas, 142 dessas crianças se transformaram em doentes, mendigos e indigentes, 74 perderam a força física, 76 descambaram para o crime e 61 mulheres adotaram a profissão de “dançarina”.

As mulheres grávidas devem saber que, além dos males que lhes causam as bebidas, seus embriões são suscetíveis a esses males, ao ponto que não se recomenda a entrega de crianças a amas-de-leite que consomem bebidas alcoólicas, porque seu leite é contaminado pelo álcool. As bebidas inebriantes têm efeito direto e maléfico sobre os órgãos genitais, ameaçando a integridade do feto. Citamos as estatísticas que registram que mais de 25 mil crianças nasceram com anomalias congênitas nos EUA em 1961. Ao mesmo tempo, não podemos ignorar os males psíquicos provenientes do crescimento de crianças em ambiente de famílias viciadas em álcool, além dos efeitos diretos dessas bebidas.

3. Fisiológicos

As ciências modernas provaram que as bebidas inebriantes exercem efeitos maléficos sobre todas as partes do corpo, especialmente no sistema nervoso, e que aumentam a pressão arterial, causam a taquicardia, dificultam a respiração e podem causar gastrites, hemorragias estomacais e cirrose hepática, e até mesmo levar a morte. Além disso, as bebidas inebriantes têm grande relação com o aparecimento da tuberculose. Segundo os dados de óbitos no hospital Coot de Chicago, 49% dos casos de morte causada por tuberculoso, num total de 3422 óbitos, eram alcoólatras e 34% desses casos eram consumidores costumeiros de bebidas.

As companhias de seguros de vida afirmam que sabem por experiência que os viciados em bebida vivem entre 25 e 35 anos menos que os não viciados. De acordo com as estatísticas do boletim francês “La Santé” as bebidas alcoólicas na França matam uma pessoa a cada 26 minutos. No ano de 1962, 14.194 pessoas morreram no país por causa da cirrose hepática, que é a doença dos alcoólatras. Podemos acrescentar a esses números de óbitos outros que aparecem nas estatísticas sob outros títulos, mas cuja causa real é o alcoolismo. Por exemplo: 80% dos vitimados pelo câncer de esôfago, 75% dos casos de acidentes rodoviários, 3% dos acidentes de trabalho.

A revista científica iraniana “Nizam Pezeshqui” cita: “É conhecido hoje, que as bebidas inebriantes não são motoras centrais do cérebro, mas causadoras da depressão, podendo uma dose média bloquear a capacidade de manifestação de qualquer atividade inteligente”.

O uso prolongado das bebidas inebriantes causa encefalopatias carenciais que ataca gradualmente os alcoólatras fazendo aumentar a pressão arterial e provocando a dilatação do fígado, o que é seguido por dificuldades de movimentação e tremores. Talvez, as causas desses sintomas sejam as deficiências metabólicas, pois, na realidade, trata-se de um tipo de má nutrição própria da maioria dos alcoólatras.

4. Crimes

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) contou: “Um dos reis israelitas prendeu um homem e ordenou-lhe que optasse entre ingerir bebida alcoólica, praticar homicídio, cometer adultério, comer carne suína ou ser executado, e o homem escolheu a bebida alcoólica, não se abstendo depois de ingeri-la de fazer tudo o que o rei pedisse”.

A criminologia, baseada em dados irrefutáveis considera, também, as bebidas inebriantes como a causa de muitos crimes e como sendo uma das grandes desgraças nas sociedades industriais.

Um cientista chamado Huger relatou, em uma palestra proferida por ocasião da cerimônia de aniversário da fundação da “Revista das Ciências” em 1956, estatísticas dos crimes resultantes do consumo de bebidas na França da seguinte forma: 20% dos crimes de roubo, 30% dos crimes contra os costumes, 60% dos crimes de homicídio premeditado, 80% dos crimes de incêndio, 20% dos crimes de má fé e ultraje público ao pudor. Ele disse em sua palestra que 75% das brigas acompanhadas de espancamentos e ferimentos são causadas pelo consumo de bebidas e pelo estado de embriaguez.

O Imam Jafar Assádeq (A.S.) disse: “Deus criou fechaduras para o mal, e fez com que a chave delas fosse a bebida alcoólica”…

5. Econômicos e Financeiros

As bebidas inebriantes constituem um forte baque para a conjuntura econômica dos povos, porque as importâncias gastas pelas famílias com elas seriam, se fossem poupadas, uma grande soma de dinheiro que poderia resolver muitos dos problemas dessas famílias. A revista suíça “Gazette de Lausanne” escreveu, em sua edição de fevereiro de 1960, o seguinte: “O povo norte-americano gastou com bebidas alcoólicas, durante o último quarto do século passado, o dobro de seus gastos com as instituições culturais, os quais atingiram U$$ 181.900.000,000”.

Infelizmente, o que se observa é que os países provocam a ampliação do consumo de bebidas alcoólicas com vistas fixas nos impostos recolhidos, e sem levar em consideração as grandes somas gastas na reparação dos estragos causados por elas. A economia britânica sofre anualmente um prejuízo avaliado em 250 milhões de dólares em conseqüência das faltas de operários e funcionários consumidores de álcool ao trabalho, porque 250 mil deles não conseguem empreender seus serviços normalmente devido à embriaguez no primeiro dia útil após o descanso semanal. No ano de 1955, a receita francesa de impostos, taxas e tributos sobre bebidas alcoólicas atingiram 62 bilhões de francos, enquanto os prejuízos sofridos pelo Estado e pelo povo naquele mesmo ano em razão da liberação da ingestão de bebidas alcoólicas atingiram 1.125 bilhões de francos.

Apresentamos exemplos dos danos sofridos pelo estado e pelo povo em razão das bebidas alcoólicas, contudo, não se pode deixar de se considerar outros grandes danos, tais como os grandes orçamentos para prisões e hospitais. Todos os danos apresentados testemunham claramente a grandiosidade das palavras do Alcorão Sagrado a respeito das bebidas inebriantes e dos jogos de azar, dizendo que os benefícios deles são insignificantes em comparação com seus males:

“Interrogam-te a respeito da bebida inebriante e do jogo de azar, dize-lhes: Em ambos há benefícios e malefícios para o homem; porém, os seus malefícios são maiores do que os seus benefícios. Perguntam-te o que devem gastar (em caridade). Dize-lhes: Gastai o que sobrar das vossas necessidades. Assim Allah vos elucida os Seus versículos, a fim de que mediteis”. (C.2 – V.219)

Alguns indagam: O corpo necessita de álcool, porque então o álcool é proibido?

Respondemos: As necessidades do corpo são satisfeitas naturalmente por meio dos alimentos, porque a estrutura interior do corpo se assemelha a um laboratório que obtém suas necessidades de ferro, cobre e outros elementos dos componentes disponíveis nos alimentos, para suprir o organismo. Acaso, os seres racionais determinariam, para suprimento de seu corpo em ferro ou óxido de cálcio, por exemplo, comer limalhas de ferro ou beber solução de óxido de cálcio? O corpo pode satisfazer suas necessidades de álcool da mesma forma que faz com suas necessidades de minerais e outros elementos.

Não há razão para qualquer ser humano racional beber álcool, alegando para isso satisfazer as necessidades de seu corpo, porque do mesmo jeito que beber a água de cal e enxofre tem seus efeitos mortais, ingerir bebidas alcoólicas tem seus efeitos maléficos e mortíferos também. Não existem milhões de pessoas que nunca ingeriram bebidas alcoólicas embora seus corpos precisem de álcool? Como é que se explica que esses seres humanos abstêmios estejam vivos se nunca ingeriram álcool? E como se explica que esses seres abstêmios sejam mais saudáveis e vivam mais tempo do que os consumidores de bebidas alcoólicas? Tais alegações são apresentadas por gente desprovida de consistência, vontade e fé, e não constitui razão nem justificativa para que se permita a ingestão de bebidas alcoólicas, mesmo em pequenas quantidades. A natureza humana que deseja mais e mais as coisas, não para nas pequenas quantidades quando vê que não há impedimento. Começando com uma dose, o ser humano é arrastado ao abismo, gritando: “Ó amigo! Vem afogar-te num mar de bebida!”

O Imam Jafar Assádeq (A.S.) relata que o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “tudo o que é inebriante é proibido”. Alguém lhe perguntou: Tudo? Respondeu o Profeta (S.A.A.S.): Sim, a pequena dose também… e acrescentou: “Deus proibiu as bebidas inebriantes como espécie, seja em pequena ou grande quantidade, do mesmo jeito que proibiu a carniça de animais mortos (não abatidos), o sangue e a carne suína.”

O Imam Assádeq (A.S.) disse: “Deus nunca enviou um Profeta antes de o fazer saber a proibição da bebida alcoólica quando a religião divina for completada. A bebida alcoólica sempre foi ilícita”…

Então parabéns para aqueles que não se contaminaram com os males e imundícies das bebidas alcoólicas. Saudações para aquele que, por ignorância ou descuido, foi arrastado a esse vício desprezível, mas resolveu decididamente salvar-se desse abismo e fazer com que seu corpo e espírito retornassem a pureza. E que a paz esteja com quem trilha o bom caminho.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Quem deixar de beber álcool, mesmo se não for por Deus, Ele o recompensará com a Bebida Lacrada”. E então Ali (A.S.) disse: “Mesmo se não for por Deus?” O Profeta (S.A.A.S.) disse: “Juro por Deus que sim. Isso para se proteger, e Deus será grato a ele”.

OS CASTIGADOS PELA BEBIDA ALCOÓLICA

Apresentaremos a seguir, alguns ditos do Profeta Muhammad (S.A.A.S.) e dos abençoados Imames dos Ahlul Bait (A.S.) que confirmam o tamanho da vergonha, castigos e sofrimentos, que o bebedor de álcool impõe sobre si por causa de um prazer fútil e ilusório.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “O bebedor de álcool sairá de seu túmulo com um registro na sua testa (entre seus olhos): desesperançoso da clemência de Deus”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Por quem me enviou como Profeta, quem bebe o álcool virá no Dia do Juízo Final com o rosto sombrio, batendo sua cabeça no chão, gritando: Que sede…”

O Imam Assádeq (A.S.) disse: “Três jamais entrarão no paraíso, o derramador de sangue, o bebedor de álcool e o fofoqueiro”.

O Imam Al-Báquer (A.S.) disse: “O Mensageiro de Deus amaldiçoou dez classes ligadas à bebida alcoólica: o seu plantador, guarda, espremedor, bebedor, regador, carregador, a quem é carregada, seu vendedor, comprador e quem lucra com isso”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Amaldiçoado, amaldiçoado, seja aquele que senta voluntariamente numa mesa onde se serve bebida alcoólica”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Quem tiver fé em Deus e no Dia do Juízo Final, não sentará numa mesa onde se serve bebida alcoólica”.

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “Não acreditem no bebedor de álcool se falar, não o casem se pedir alguém em casamento, não o visitem se ficar enfermo, não participem de seu funeral e não confiem nele”.

Deus, o altíssimo, disse: “Qual! Arremessamos a verdade sobre a falsidade, o que a anula. Ei-la desvanecida. Ai de vós, pela falsidade que (Nos) descreveis!” (C. 21 – V. 18)

Deus, o altíssimo, disse: “Temos-vos apresentado a Verdade; porém,a maioria de vós a aborrece”. (C. 43 – V. 78)

Deus, o altíssimo, disse: “E se a verdade tivesse satisfeito os seus interesses, os céus e a terra, com tudo quanto enceram, transformar-se-iam num caos. Qual! Enviamos-lhes a Mensagem e assim mesmo a desdenharam”. (C. 23 – V. 71)

Deus, o altíssimo, disse: “Dize também: Chegou a Verdade, e a falsidade desvaneceu-se, porque a falsidade é pouco durável”. (C. 17 – V. 81)

Deus, o altíssimo, disse: “De pronto lhes mostraremos os Nossos sinais em todas as regiões (da terra), assim como em suas próprias pessoas, até que lhes seja esclarecido que ele (o Alcorão) é a verdade(…)”.(C. 41 – V. 53)

Deus, o altíssimo, disse: “Ó humanos, a promessa de Allah é inexorável! Que a vida terrena não vos iluda, nem vos engane o sedutor, com respeito a Allah”. (C. 35 – V. 5)

Deus, o altíssimo, disse: “Outrossim, quanto aos fiéis, que praticam o bem e crêem no que foi revelado a Mohammad – esta é a verdade do seu Senhor – Allah absolverá as suas faltas e lhes melhorará as condições”. (C. 47 – V. 2)

O Príncipe dos Fiéis, Ali ibn abi Taleb (A.S.) disse: “Quem combater a verdade será derrotado”. Bihar Al-Anuar, V. 77 – P. 420

O Imam Hassan Al-Askari (A.S.) disse: “O honrado que abandona a verdade se humilha, e o humilhado que se apega à verdade se honra”. Bihar Al-Anuar, V. 72 – P. 232

O Imam Ali (A.S.) disse: “O ato da verdade não é tolerado por quem possui um peito insatisfeito”.
Bihar Al-Anuar, V. 78 – P. 90

O Imam Jafar Assádeq (A.S.): “Saibam que Deus, dentre suas criaturas, odeia as hipócritas, portanto, não se afastem da verdade e seus seguidores, pois, quem insistir no erro e seus seguidores, se arruinará e perderá a vida…”. Bihar Al-Anuar, V. 72 – P. 126

O Príncipe dos Fiéis, Imam Ali (A.S.), disse: “A religião divina não é conhecida por seus homens, mas, pelos sinais da verdade, então, conheça a verdade para conhecer os seus seguidores”. Nahjul Balaghah

O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: “A mais temente entre as pessoas é aquela que diz a verdade, sendo-lhe favorável ou não”. Bihar Al-Anuar, V. 70 – P. 288

O Imam Ali (A.S.) disse: “Quem buscar a honra injustamente se humilhará, e quem teimar contra a verdade, estará sendo dominado pela fraqueza”. Bihar Al-Anuar, V. 77 – P. 283

O Imam Ali (A.S.) disse: “Quem vence injustamente foi vencido, e quem combate a verdade é combatido”. Ghorar Al-Hekam fi Quesar Al-Kalem

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