Seu sermão sobre a sinceridade da crença na unicidade de Allah

O essencial na adoração a Allah é o Seu reconhecimento. A origem de Seu reconhecimento é a crença em Sua Unicidade. O sistema da crença em Sua Unicidade é a negação de que Seu Ser possua adjetivos, pois a razão afirma que todo adjetivo ou adjetivado é algo novo na criação. Toda criatura testifica que tem um criador que não é uma descrição tampouco algo que possa ser descrito. Todo adjetivo ou adjetivado testifica que possui semelhantes.

Tudo o que possui semelhante é novo, Toda coisa nova testifica que não é eterna, porque a eternidade impede a condição de “novo”. Quem reconhece uma essência de Allah não reconhece a Ele. Aquele que determina um fim para Allah não crê em Sua Unicidade. Quem o compara a qualquer coisa não acredita Nele. Quem o assemelha a qualquer coisa, não reconhece Sua Realidade. Quem O imagina não O expressa. Quem afirma algo de Sua profundidade não crê em Sua Unicidade. Quem declara que Ele tem um fim não crê Nele. Quem O indica não crê em Sua eternidade. Quem admite limitações para Ele não se refere a Ele. Quem reconhece partes para Ele não se submete a Ele. Tudo o que é idiossincrático é algo criado. Exceto Ele, todo existente é imperfeito.

A prova da existência de Allah é Sua criação. O intelecto admite o reconhecimento Dele. A concepção prova Sua a firmação. Seus sinais são Suas evidências contra os seus servos. Quando Allah criou os seres, criou um biombo entre eles e Ele. Sua distinção prova que é diferente das criaturas. A prova de Seu ser livre da materialidade é Seu ato de criar os seres a partir da matéria. Os elementos materiais são evidências da condição de necessidade das criaturas. A prova de Seu ser essencial é Seu ato de originar as criaturas. Toda substância originada é incapaz de originar outras.

Seus nomes são expressões. Suas ações são meios para a compreensão. Sua essência é uma verdade. Sua quintessência O distingue das criaturas. Assim, aquele que declara uma descrição para Allah O ignora; e aquele que declara um semelhante para Ele O perde, e aquele que declara uma essência material para Ele, O rejeita.

Perguntar, “Onde está Allah?” é declarar um local definido para Ele, e perguntar, “Em que substância está Ele?” é Incluí-lo em outra coisa. E perguntar, “Desde quando Ele é?” é definir um fim para Ele, e perguntar, “Para que ele existe?” é a firmar uma razão para Ele; e perguntar, “Como é Ele?” é compará-lo a outras coisas, e perguntar, “Onde está ele?” é afirmar um tempo definido para Ele, e perguntar, “Até quando Ele é?” é declarar um termo para Ele. Declarar um termo para Allah é seccioná-lo. Seccioná-lo significa descrevê-lo, e descrevê-lo conduz à descrença sobre Ele. Aquele que o divide está se distanciando Dele.

Allah não muda quando suas criaturas mudam e não adquire limites quando as criaturas adquirem limites. Ele é único mas não é um número. Ele é peculiar, porém, sem a divisão de necessidades. Ele é invisível, mas não está numa substância. Ele é Evidente, mas não em proximidade física. Ele é patente mas não pode ser detectado pela visão. Ele é Ciente sem ter forma corpórea. Ele age, porém, sem conotação de movimento. Ele planeja, sem o processo de organização intelectual. Ele controla, sem necessidade de movimentos. Ele ouve sem o sentido de audição e vê sem o instrumental da matéria. Ele está próximo sem a proximidade física e distante sem a distância física. Ele é Existente sem que antes tenha sido não-existente. Origem é Sua eternidade.

Uma vez que Ele criou os sentimentos, é sabido que prescinde dos sentimentos. Uma vez que Ele criou as essências, é sabido que não possui essência semelhante a das criaturas. Como Ele deu origem às criaturas, é sabido que Ele não teve originador. Como Ele é diferente das coisas, é sabido que nada se assemelha a Ele. Como Ele criou coisas comparáveis, é sabido que nada se compara a Ele. Ele criou a comparação da luz e da escuridão, do frio e do calor. Formou os opostos das coisas e criou a aproximação de coisa diferentes. A diferença se refere a seu criador e a comparação se refere a seu comparador. Ele, o Glorificado, fez delas as evidências de Sua Divindade, testemunhas de Seu Ser Invisível e declarantes de Sua Sabedoria. A composição dessas coisas fala de sua natureza de serem criadas.

A extinção delas declara que seu Criador nunca morre. Este é o dizer de Allah: “E criamos de cada coisa um casal para que mediteis” (Alcorão Sagrado, C.51 – V.49). Ele criou a diferença entre “o antes” e “o depois” para que se reconheça que nada era antes Dele e que nada será depois Dele. O instinto natural das criaturas prova que seu Criador não possui instinto algum. A mutabilidade das criaturas prova que o Criador de suas mudanças é imutável. O tempo das criaturas prova que o Criador de seu tempo não possui tempo algum. Ele criou véus (divisórias) entre as criaturas para que percebam que não há nenhum véu entre elas e Ele. A confirmação da divindade se provou para Ele antes da criação dos servos. A veracidade da autoridade foi provada quanto a Ele antes da criação dos servos. A interpretação da audição se provou para Ele antes da existência de algo que fosse ouvido. O significado do conhecimento foi provado para Ele antes da existência de algo que fosse conhecido. A obrigação da aptidão foi provada para Ele antes da existência de algo que estivesse sob a aptidão.

Ele mereceu o nome de “Criador” antes que criasse as criaturas, e mereceu o nome de “Feitor!” antes que originasse as coisas. Ele distinguiu as coisas sem quaisquer meios e as reuniu sem quaisquer meios. Ele ordenou-as sem quaisquer esforços. Os intelectos não alcançam Sua essência e a capacidade de compreensão não apreende Sua quintessência. “Quando?” não se aplica a Ele, “Possivelmente” não O torna mais próximo, “provavelmente” não O oculta, “com” não cria comparação para Ele, e “Ele” não O abrange. Os instrumentos se limitam. A função deles se refere aos seus a fins. As ações são encontradas nas próprias coisas. Os aparatos falam de suas utilidades. A oposição diz respeito ao oposto. Os pares se referem aos seus iguais. Os tempos se referem aos fatos. As descrições são distinguíveis com o auxílio dos nomes. Os iguais foram discriminados a partir dos nomes. Seus eventos são referidos a eles. “Desde” os afasta da eternidade. “Pode ser” para diante de sua in nidade. “A menos que” nega seu fatalismo. Já que elas – as coisas – se separaram, dizem respeito ao seu separador. Uma vez que se diversificaram, dizem respeito a Quem originou sua variação. O Criador é óbvio para as mentes por intermédio das coisas. E Ele se oculta da visão por meio delas.

As coisas provaram que o Criador é Mais Elevado do que “ser entendido pelos intelectos”. Provaram as lições. As evidências foram inferidas delas. Por intermédio dos intelectos, a crença em Allah é provada, e por meio da declaração de Allah, a fé é aperfeiçoada. Não há religião sem reconhecimento. Não há reconhecimento sem crença. Não há crença sem o monoteísmo puro, a crença na unicidade de Allah. Não há monoteísmo sem sinceridade. Nenhuma sinceridade se houver antropomorfismo. Nenhuma negação ocorre com a confirmação das descrições. Nenhuma crença pura ocorre sem o abandono total da negação. Provar uma parte do antropomorfismo é o mesmo que prová-lo inteiramente. A crença absoluta na unicidade de Allah não materializa algo da negação. Declaração é a negação da rejeição. A sinceridade não pode ser alcançada se houver algo de negação. Tudo o que é encontrado numa coisa criada é não-existente no Criador. Tudo o que possivelmente ocorre a uma coisa criada é impossível de ocorrer ao Criador. Movimento, divisão e contatos não são aplicáveis ao Criador. Como se pode aceitar que uma coisa que Ele criou possa se aplicar a Ele, que algo que Ele originou possa afetá-lo, ou que Ele deu início possa ocorrer a Ele? Se não fosse assim, Sua essência seria variável, Sua quintessência seria divisível e a eternidade não seria atribuída a Ele. Ademais, a eternidade não teria sentido diferente do sentido de “extinção”, e criador não teria um sentido diferente de “criado”.

Se Ele tivesse retaguarda, teria frente. Se Ele buscasse aperfeiçoamento, seria imperfeito. Como então aceitar que algo que seja variável tenha o nome de eternidade? Como aceitar que algo que seja influenciado pelos eventos e pelos anos seja digno da condição de perpetuidade? Como aceitar que algo que possui partes tenha originado partes? Nesse caso, ele teria instrumentos, e seria transformado em algo orientado depois de ter sido um orientador, e Sua descrição se compararia as descrições das criaturas. A hipótese impossível não possui evidência e nenhuma resposta pode ser encontrada para a questão impossível.

(Essa é uma parte do sermão do Imam)

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