Imam Hassan ibn Ali Al-Askari (A.S.) O décimo primeiro Imam dos Ahlul Bait (A.S.)

Nascimento: Medina, 8 de Rabi Al-Thani do ano de 232 hejrita (equivalente a 5 de dezembro de 846 d.C.)

Martírio: Samarra, 8 de Rabi Al-Awal do ano 260 Hejrita (equivalente a 4 de janeiro de 846 d.C.)

Tempo de Imamato: 6 anos / Sua idade abençoada: 28 anos

Seu assassino: Al-Mu ́tamad Al-Abbasi, por envenenamento

Seu abençoado sepultamento: Samarra (Iraque)

Seu pai foi o Imam Ali ibn Mohammad Al-Hadi Al-Naghi (A.S.) e sua mãe Salil Sousan, uma mulher el, temente a Deus e respeitada, procurada pelos seguidores dos Ahlul Bait (A.S.) em tempos de crise para aprender os assuntos religiosos.

Seu nascimento foi na cidade de Medina no dia 8 de Rabi Al-Thani do ano 232 hejrita (equivalente a 5 de dezembro de 846 d.C.). Entre seus apelidos estão “Al-Zaki – o Puro”, “Al-Taghi – O temente”, “Al-Khales – O puro”, “Al-Siraj – A luz”, “Al-Samet – O silencioso”, Al-Ra q – O Companheiro”, “Al-Mardhi – O Agradado”, “Al-Hadi – O Orientador”, e foi mais conhecido como “Al-Askari – O Militar”. Ele cresceu sob os cuidados diretos do seu pai e viveu ao lado do santuário do seu avô, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.), até ser levado com o seu pai para Samara quando tinha 4 anos de idade, quando seu pai foi chamado pelo governante da época, Mu ́taz Al-Abbasi, e permaneceu com seu pai por 22 anos em Samarra, aprendendo e adquirindo de seus conhecimentos que tinham sido herdados por seus pais, os purificados Imames dos Ahlul Bait (A.S.), e que por sua vez herdaram do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.). Assumiu o Imamato quando tinha 22 anos, após o martírio do pai, o Imam Al-Hadi (A.S.), em 3 de Rajab do ano 254 Hejrita (equivalente a 1 de junho de 868 d.C.). Sua liderança e imamato foi por um período curto de 6 anos numa das épocas mais difíceis, pois o Imam Al-Askari (A.S.) era vigiado o tempo todo pelos homens do estado.

Em sua época o governante abássida Al-Mu ́taz Al-Abbasi foi assassinado pelos turcos, que tinham muita influência em todos os setores do governo e colocaram Al-Muhtadi em seu lugar. Este por sua vez queria aparentar ter fé e religião para ser conhecido de forma diferente de seus antecessores, mas ele era um corrupto e desperdiçador louco, e passava seu tempo em diversão e encontros de lazer, bebidas e paixões diversas da vida. Ele não durou muito, pois os turcos consideraram ele uma ameaça que levaria a um distúrbio interno, e por isso mandaram matar ele e colocaram Mu ́tamad em seu lugar, o qual governou até o ano 270 hejrita. A corrupção e a opressão se espalharam no país todo e as pessoas eram perseguidas, maltratadas e oprimidas de diversas formas. Os turcos aumentaram sua influência no governo e isso ficou evidente para as pessoas, que começaram a protestar e se rebelar contra os abássidas. Hassan ibn Zaid Al-Alawi liderou uma destas revoltas e dominou a região de Jarjan, e matou muitos dos militares dali, tomando para si muitos lucros de guerra. Em seguida os protestos seguiram para a região de Zanajd e foram até Abadan, Ahwaz e muitas outras regiões. O líder destas revoltas chegou a alegar que era um integrante dos Ahlul Bait (A.S.), mas ele praticou massacres, matou mulheres e crianças inocentes, saqueou, roubou e queimou casas e bens, até chegar ao ponto que o Imam Al-Askari (A.S.) precisou declarar que: “O líder ZANAJ não é um integrante dos Ahlul Bait”.

Ao mesmo tempo houve um outro movimento de Ibn Sou Al-Alawi na região do Egito, que fez muitas vítimas, entre muitos outros ocorridos durante o governo abássida que apontavam a insatisfação total das pessoas com o governo e o distanciamento dos governantes dos princípios e valores islâmicos. Estes movimentos continuaram até após o Imam Al-Hassan Al-Askari (A.S.) e depois da queda de Bagdá pelas mãos dos Tatar no ano 656 hejrita (equivalente a 1258 d.C.).

As repressões e as perseguições do governo abássida contra os xiitas e seguidores dos Ahlul Bait (A.S.) continuaram durante o governo de Mu ́tamed. A situação simplesmente continuou de um governante para outro como se tivesse sido uma tradição dos governos contra os Ahlul Bait (A.S.) e seus seguidores. Na verdade, está perseguição tinha como motivo o medo que os abássidas tinham dos Ahlul Bait (A.S.), já que eles eram os legítimos líderes e califas desta nação, e os seguidores ao seu redor cariam mais fortes e mais poderosos. Por isso, os governantes tentavam diminuir sempre suas influências, colocando-os em vigília e controle absoluto, cercando o círculo em volta deles e tentando minar seu poder. Seguem algumas políticas que os abássidas praticaram contra os movimentos xiitas:

Primeiro: Vigília e controle dos companheiros do Imam (A.S.) já que eles eram os elementos ativos da nação.

Segundo: A perseguição dos companheiros do Imam (A.S.), repressão, prisão e tortura, tudo isso para limitar suas atividades e movimentos.

Terceiro: Execução, foi o meio mais comum usado pelos governantes quando viam que a atividade de um dos companheiros ou sua personalidade estava se destacando, eles o executavam, o eliminavam.

Como também percebemos que a repressão e as perseguições foram aumentando na época do Imam Al-Askari (A.S.), pois todos sabiam que seu filho, seria o décimo segundo Imam (A.S.), o qual é considerado o aguardado e o salvador desta nação da injustiça e da opressão, como é citado nas narrativas do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) e demais tradições. Ele (A.F.) encherá a terra com justiça e verdade da mesma forma que tinha sido preenchida por opressão e injustiça. O Imam (A.S.) chegou a revelar o motivo do medo que os governantes tinham deles e o motivo desta repressão e matança contra seus seguidores. Ele disse: “Bani Umaya e Bani Abbas colocaram suas espadas em nosso pescoço por dois motivos, primeiro que eles sabiam que não tinham o direito legal ao califado e que este direito pertencia a nós e nós o representamos. E segundo que eles sabiam que a eliminação do estado da tirania ocorrerá por meio do nosso último Imam e eles não duvidavam que representavam a tirania e a opressão, portanto, buscaram matar os Ahlul Bait (A.S.) e tentaram eliminar a geração do Profeta (S.A.A.S.) para que o Salvador não venha a nascer. Certamente Deus não deixou que isso ocorresse e sua luz prevalecerá mesmo se os incrédulos não concordem com isso”.

O Imam Al-Askari (A.S.) sofreu muita repressão e tortura. Ele foi preso nas piores prisões da época e era vigiado pelos piores e mais severos carcereiros, que não tinham um pingo de conduta e moral. Mas quando os mesmos viam a grandiosa personalidade do Imam (A.S.) e sua devoção e espiritualidade cavam sob seu efeito e pouco a pouco seguiam o caminho certo até que se transformavam em pessoas devotas e religiosas. Isso não é impossível já que a personalidade dos Imames (A.S.) influenciou até mesmo os leões, que não os atacavam na cela e deitavam ao lado deles.

Mesmo com todas estas condições os xiitas se espalhavam de uma forma rápida e o movimento ideológico deles não parava de crescer. O nome do Imam Al-Askari (A.S.) começou a ser mais ouvido e respeitado entre as pessoas mesmo ele (A.S.) sendo privado de ter contato com elas, e ele (A.S.) mesmo evitava isso para não comprometer seus companheiros e seguidores. Talvez isso tudo também tenha servido para preparar o ambiente para o último Imam (A.S.), o qual caria oculto, e para preparar a nação para a nova situação que estava por iniciar, que seria a ausência total do líder da nação. Por isso, o Imam Al-Askari (A.S.) se mantinha em contato com as pessoas por meio de seus companheiros e representantes, os quais davam as lições e aulas e se espalhavam por diversos centros de ensino na cidade de Kufa e Bagdá, e até mesmo na península arábica e no atual Irã. Um dos principais pontos de referência deles foi a cidade de Qom, sendo que os alunos absorviam o conhecimento do Imam (A.S.) e se espalhavam pelo mundo até que eles chegaram ao número de 18 mil, e este número não é pouco mediante a repressão e o cerco que o Imam Al-Askari (A.S.) viveu em seu curto tempo de vida.

Narra-se que um cristão se encontrou com o Imam Al-Askari (A.S.) e ficou maravilhado com sua pessoa e se converteu ao Islam, e quando ele foi questionado disse: “Vi nele (no Imam Al-Askari) as características do Profeta Jesus Cristo”. A grande maioria dos conselhos do Imam (A.S.) eram para estabelecer a justiça e a bondade e o sacrifício. Em uma carta ele (A.S.) disse a um de seus seguidores: “…Tenha paciência e aguarde a salvação pois o Profeta Mohammad disse que a melhor ação da minha nação é aguardar a salvação. Meus xiitas sempre estarão em tristeza até que venha o meu filho, o qual foi anunciado pelo Profeta Mohammad (S.A.A.S.), e encherá a terra de justiça depois que for preenchida de injustiça e opressão”.

O Imam Al-Askari (A.S.) estava sob um forte esquema de segurança e controle, sendo vigiado por pessoas muito próximas, até mesmo de dentro de sua própria casa. Mulheres espiãs que eram agentes do governo trabalhavam para levar notícias do Imam (A.S.) ao governante abássida, que queria conhecer tudo sobre seus vínculos e também saber quando nasceria o filho do Imam Al-Askari (A.S.). Uma passagem do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse: “A última prova de Deus sobre a terra e o vingador de seus inimigos, o carregador da bandeira da verdade, será ele que reaparecerá e encherá a terra de justiça e verdade após ter sido preenchida de injustiça e opressão”. E por isso que vemos que o Imam (A.S.) agia de acordo com um plano preciso e genial, e muito con dencial e seguro, e ele conseguiu esconder várias situações, mesmo que os abássidas utilizassem diferentes modos de espionagem, e um deles foi até mesmo o irmão do Imam Al-Askari (A.S.), Jafar, conhecido como Al-Kazzab (o mentiroso), que alegava o Imamato mentirosamente. Foi no meio de toda esta situação complicada e de repressão que o Imam Al-Mahdi (A.F.) nasceu, no dia 15 de Sha ́ban do ano 255 hejrita (equivalente a 1 de agosto de 869 d.C.), em sua casa, em condições confidenciais. Até mesmo a tia do Imam Al-Askari (A.S.), Hakimah, não sabia da gravidez da mãe do Imam Al-Mahdi (A.F.). Imaginem as outras mulheres então! As condições do nascimento do Imam Al-Mahdi (A.F.) foram muito semelhantes às condições do nascimento do Profeta Moisés (A.S.) na época do Faraó. Ocorreu no meio da madrugada e em um tempo cujo apenas os fiéis mais sinceros a Deus estavam ali voltados em adoração a Deus.

O Imam Al-Mahdi (A.F.) cresceu sob os cuidados do seu pai, o Imam Al-Askari (A.S.), o qual não expôs seu filho a ninguém, exceto aos mais próximos e sinceros entre seus companheiros e alunos, e dizia a eles: “Este será o Imam após a mim e ele executará as tradições e as reformas dos profetas. Os corações carão duros pela sua ausência. Os corações carão duros por sua longa ocultação, exceto aquele cujo Deus registrará em seu coração a fé e o auxiliará com Seu espírito”. E o Profeta Mohammad (S.A.A.S.) disse também: “O meu filho Mohammad é o Imam e a prova depois de mim. Aquele que morrer sem o conhecer morrerá a morte da ignorância. E ele terá uma ausência cujo os ignorantes carão confusos com ela e se exterminarão os falsos, muitos mentirão sobre ela, e então ele reaparecerá e veremos as bandeiras brancas sobre o topo de Kufa e Najaf”.

O governo abássida prendeu o Imam Al-Askari (A.S.) diversas vezes e ele (A.S.) era perseguido e vigiado sempre. O mesmo governo tentou exilá-lo em Kufa, dentre outras decisões repressoras contra ele (A.S.) e seus seguidores. Mas mesmo assim todas estas medidas não tiveram êxito, e por isso Mu ́tamad Al-Abbasi decidiu eliminar o Imam (A.S.). Ele (A.S.) já imaginava isso e dizia: “Certamente aquilo que Deus determinou ocorrerá…”. E então aconteceu a tragédia, Mu ́tamad mandou envenenar o Imam Al-Askari (A.S.) e o martirizou no dia 8 de Rabi Al-Awal do ano 260 hejrita. As pessoas foram até sua casa quando souberam do seu martírio, o levantaram e o velaram, e por esta triste ocasião as lojas e o mercado da cidade ficaram em luto e fechadas, e todos, membros da família de Banu Hashem, escritores, juízes, comerciantes, sábios e as pessoas em geral participaram do velório e do enterro do Imam Al-Askari (A.S.).

Depois que o Imam Al-Askari (A.S.) foi banhado chamaram Jafar, o irmão do Imam Al-Askari, conhecido como “o mentiroso”, para colocar-lhe a mortalha e em seguida orar pelo irmão. Neste instante Jafar, juntamente com os seguidores do Imam (A.S.), liderados por Othman ibn Sa ́id Al-Amri, um dos representantes do Imam Al-Mahdi (A.F.), colocaram a mortalha, e quando Jafar se preparava para começar a orar um garoto novo com rosto amigável disse a Jafar: “Ó tio, eu mereço orar pelo meu pai”. Então, Jafar ficou amarelado e se afastou, e o garoto se aproximou e orou pelo Imam Al-Askari (A.S.), e quando terminou a oração o corpo do Imam (A.S.) saiu do lavatório e Abu Issa orou pelo Imam novamente por ordem do Califa abássida, apenas para disfarçar a questão sobre a opinião pública sobre ter matado o Imam, um jogo de cena que incluiu ele ter mandado os seus assistentes, auxiliares e ministros não participarem do velório. O Imam (A.S.) foi enterrado em sua própria casa juntamente com seu pai, o Imam Al-Hadi (A.S.), na cidade de Samarra, e ele nos deixou um grande legado de herança, um exemplo é a obra chamada “Al-Manghabah”, uma coletânea que possui detalhes de grande parte dos Halal e Haram esclarecidos nos conselhos e orientações do Imam Al-Askari (A.S.), com tradições e ditos sobre diversos campos. Ela representa um conjunto completo e elevado que merece ser estuado e analisado. Fora isso o Imam (A.S.) possuía alunos e companheiros que valiam cada um por uma escola inteira.

As narrativas seguintes foram comunicadas do Imam Abu Mohammad Al Hassan Ali Al Askari (A.S.), o puro, o orientador.

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