Ditos do Imam al-Kadhem (A.S.)

1 – Qualquer um que reconheça Allah não deve se queixar quando seu sustento se torna demorado e nem deve duvidar dos decretos de Allah.

2 – Quando um homem o inquiriu acerca da convicção, o Imam al-Kadhem (A.S.) respondeu: “A convicção é confiar em Allah, se submeter a Ele, consentir com Seus decretos e encomendar os assuntos a Ele”.

3 – Abdullah bin Yahia disse: “Na súplica constante na carta que eu escrevi ao Imam Al-Kadhem (A.S.) havia a sentença: “Louvado seja Allah no mesmo tanto do máximo de Seu conhecimento”. O Imam respondeu a minha carta dizendo: “Não digas o máximo de Seu conhecimento, pois o Seu conhecimento não tem limites. Podes dizer “o máximo de Sua satisfação”.”

4 – Quando um homem perguntou sobre o munificente, o Imam Al-Kadhem (A.S.) respondeu: “Tua questão tem duas referências. Se te referes ao munificente criado, posso dizer-te que se trata daquele que observa o que Allah impôs a ele, e que o miserável é aquele que nega a cumprir o que Allah impôs a ele. Se te referes ao Munificente Allah, posso dizer-te que Ele é o Munificente por Excelência quer conceda ou não. Se Ele concede, concede a ti o que não te pertence, se Ele não concede, o priva daquilo que não te pertence”.

5 – O Imam al-Kadhem (A.S.) disse a um de seus seguidores: Teme a Allah e dize a verdade mesmo se isso venha a provocar a tua morte, pois a tua salvação está em falar a verdade. Teme a Allah e abandona o erro mesmo se isso vier a protegê-lo, pois a tua perdição se encontra em falar o que é errado.

6 – Quando seu procurador jurou que não havia lhe traído, o Imam Al-Kadhem (A.S.) disse a ele: “Me trair e desperdiçar o meu dinheiro é a mesma coisa. Contudo, a traição é mais prejudicial a ti”.

7 – Toma cuidado para não privar alguém nos assuntos de obediência a Allah porque poderás perder duas vezes mais em coisas ligadas a desobediência a Allah.

8 – O crente é como dois pratos de uma balança, quanto mais fé possuir mais infortúnios enfrentará.

9 – O Imam Al-Kadhem (A.S.) disse ao parar próximo a um túmulo: “É mais conveniente abandonar no começo uma coisa cujo fim seja este. Também é conveniente temer o fim de uma coisa cujo começo seja este”.

10 – Aquele que falar sobre a essência de Allah perecerá, aquele que buscar poder perecerá e aquele que se tornar presunçoso também perecerá.

11 – As provisões do mundo e a religião são difíceis. Sempre que alguém estender a mão para alguma fonte das provisões do mundo descobrirá que um iníquo chegou antes dele. Quando alguém tencionar obter uma fonte das provisões da religião, não achará ninguém que o ajude.

12 – Quatro ações se originaram da extrema ansiedade: comer barro, esmigalhar terra, roer as unhas e morder o pelo da barba. Contemplar três coisas melhora a visão: a paisagem vegetal, a água corrente e os belos semblantes.

13 – A boa vizinhança não é a abstenção do prejuízo. É tolerar o prejuízo dos vizinhos.

14 – Não tomes liberdades com o teu irmão. Mantém algum respeito entre tu e ele para que não se perca o pudor.

15 – O Imam Al-Kadhem (A.S.) disse para um de seus filhos: “Ó filho, não deixes que Allah te veja cometendo algo contra o qual Ele tenha te avisado, e não deixes que Ele não te encontre praticando algo que Ele tenha ordenado. Mantém a seriedade e não te convenças de que a tua adoração e obediência a Allah sejam perfeitas, pois ninguém pode alcançar a perfeição em matéria de adoração a Allah. Toma cuidado com a pilhéria, que extingue a luz da fé e arruína a personalidade. Cuidado com a indolência e a preguiça que impedem a pessoa de receber seu quinhão dos prazeres mundanos e dos prazeres da vida futura”.

16 – Quando a injustiça predomina sobre o direito, não é aceitável ter boas expectativas em relação a ninguém antes de um devido exame.

17 – O beijo na boca só é aceitável no caso da esposa.

18 – Tenta dividir teu tempo em quatro partes. A primeira deve ser dedicada à súplica reservada a Allah. A segunda à busca do sustento, a terceira ao relacionamento com os irmãos e com as pessoas dignas de confiança que mostram os teus defeitos e te tratam com sinceridade, e a quarta aos prazeres lícitos. Aproveitando essa última parte, poderás administrar as outras três. Não penses na pobreza nem na longevidade. Aquele que pensa na pobreza se torna mesquinho e aquele que pensa na longevidade se torna ganancioso. Dê uma parcela dos prazeres mundanos a ti mesmo gozando com moderação os prazeres lícitos que não arruínem o teu caráter. Faze com que tais prazeres te auxiliem a cumprir corretamente teus deveres religiosos. Aqueles que abandonam inteiramente os prazeres lícitos do mundo para se apegar aos deveres religiosos e aqueles que abandonam inteiramente os deveres religiosos para se apegarem aos prazeres do mundo, ambos não fazem parte dos nossos.

19 – Instrui-vos na religião de Allah pois a jurisprudência é a chave do intelecto, o aperfeiçoamento da adoração e as vias para as altas e honoráveis posições neste mundo e no outro. A prioridade dos instruídos sobre os demais adoradores é similar a prioridade do sol sobre as demais estrelas. Allah não aceitará as obras daqueles que se negam a aprender os assuntos da religião.

20 – O Imam Al-Kadhem (A.S.) disse a Ali bin Yaqin: “A expiação do pecado de trabalhar para os governantes injustos é tratar os irmãos na fé com bondade”.

21 – Sempre que as pessoas cometem pecados que não haviam cometido antes, Allah envia sobre elas tribulações que não haviam sofrido antes.

22 – Na época de um governante justo, sede gratos e ele será recompensado. Na época de um governante injusto, sede pacientes e ele será sobrecarregado com o castigo do pecado.

23 – Abu Hanifa narrou: “Depois de cumprir o hajj, fui a Medina e visitei Abu Adillah Assadeq (A.S.). Entrei na área de sua propriedade e sentei na entrada da casa esperando sua permissão para entrar. Pouco tempo depois, um garotinho saiu. “Ó garoto”, perguntei, “Onde deve um forasteiro satisfazer suas necessidades em vosso território?” O menino pediu-me um momento para que se sentasse junto a um muro e então falou: “Ele deve se afastar das margens dos rios, dos lugares onde os frutos caem, das áreas das mesquitas e dos caminhos. Deve também se ocultar atrás de um muro, erguer suas vestes, ter o cuidado de não estar voltado para a Qiblah nem de costas para a sua direção, observando essas orientações, poderá então satisfazer suas necessidades”. Eu fiquei muito admirado com as palavras do garoto; perguntei então o seu nome. “Eu sou Musa bin Ja’far bin Mohammad bin Ali bin Al Hussein bin Ali bin Abi Talib”, respondeu. Em seguida, perguntei a ele sobre a fonte dos atos de desobediência a Allah. Respondeu: “A fonte de qualquer pecado pode ser uma das três: ou é Allah, ou Allah e o servo, ou somente o servo. Se fosse Allah a fonte dos pecados, embora Ele não seja, então seria inapropriado que Ele punisse os servos por algo que não cometeram. Se Allah e os servos fossem juntos a fonte dos pecados, embora tal hipótese também seja errônea, então seria inapropriado que o parceiro mais forte oprimisse o mais fraco. Se admitirmos que o servo seja a fonte dos pecados, e essa hipótese é absolutamente certa, então o Senhor pode perdoar e redimir por Sua generosidade ou punir pela prática de um pecado”. Depois de ouvir isso, fui embora antes de encontrar Abu Abdillah uma vez que aquelas palavras haviam sido o bastante para mim”.

24 – Abu Ahmad Al Khurasaini perguntou a Umam Al-Kadhem (A.S.) se a descrença precedera o politeísmo ou o oposto. O Imam respondeu: “Tu não estás acostumado a fazer esse tipo de pergunta. Não sei o que o fez se meter em discussões teológicas”. Abu Ahmad confessou que havia sido Husham bin Al Hakam quem solicitara que apresentasse a questão ao Imam. Então, o Imam respondeu: “A descrença precedeu o politeísmo. O primeiro descrente foi Iblis, sobre quem Allah diz: “Todos se prostraram, exceto Iblis, que cheio de soberba, se contou entre os descrentes”. (Alcorão Sagrado, C.2 – V.34) A descrença é algo que o politeísmo não é. Politeísmo é crer em um (Deus) e associar outros a ele”.

25 – Quando presenciou dois homens se ofendendo, Imam al-Kadhem (A.S.) comentou: “O primeiro a ofender é o mais errado. Ele deverá carregar a inconveniência de seu pecado e também o pecado do outro a menos que o segundo seja o agressor”.

26 – No Dia da Ressurreição um anunciador intimará aqueles cujas recompensas serão apresentadas individualmente por Allah. Com exceção daqueles que perdoaram e reformaram a si mesmos, ninguém comparecerá.

27 – Os de natureza bondosa e que são generosos estão sob a proteção de Allah que não os abandonará até que se instalem no Paraíso. Allah não enviou senão profetas generosos. Meu pai ordenou-me incessantemente o apego à generosidade e as características nobres até que partiu deste mundo.

28 – As Sindi bin Shahek4 narrou: “Quando o Imam Al-Kadhem (A.S.) estava morrendo, eu me ofereci para amortalhá-lo. Ele respondeu: “Nós, a família do Profeta, devemos cobrir as despesas de nossa primeira peregrinação, dos dotes de nossas mulheres e de nossas mortalhas com o nosso capital ganho licitamente”.

29 – O Imam Al-Kadhem (A.S.) disse a Fadl bin Yunus: “Transmite o que é bom, dize o que é benéfuco e não sejas o sempre concordante”. “O que é o sempre concordante?” perguntou Fadl, e o Imam respondeu: “Não digas “eu estou com as pessoas” ou “eu sou como os outros”, pois o Profeta (S.A.A.S.) disse: “Ó povo, são apenas modos de agir ou é o bom ou é o mal. Não deveis escolher o mal”.”

30 – O Imam Al-Kadhem (A.S.) passou por um homem de má aparência, saudou-o e sentou ao seu lado, conversando com ele por um bom tempo. Em seguida, apresentou sua disposição em ajudá-lo, sempre ele que precisasse. Algumas pessoas disseram: “Ó filho do mensageiro de Allah, como te sentas com aquele homem e te dispões a ajudá-lo quando precisar?” O Imam (A.S.) respondeu: “Era um dos servos de Allah. Um irmão no Livro de Allah e um vizinho nas terras de Allah. Ele e nós temos o mesmo e melhor pai, Adão(A.S.), e a mesma e melhor religião: o Islam. Talvez, nossa necessidade algum dia poderá estar nas mãos dele e teremos que nos sentar humildemente diante dele”. Então, o Imam Al-Kadhem (A.S.) recitou um verso poético: “Respeitamos mesmo aqueles que não merecem o nosso respeito para que não se tornem hostis”.”

31 – A solicitação de ajuda financeira só é aceitável nos casos de indenização por danos a vida que seja imposta a algum inadimplente, dívidas altas ou extrema pobreza.

32 – O melhor gênero de caridade é ajudar os fracos.

33 – A admiração do ignorante com o inteligente é melhor do que a admiração do inteligente com o ignorante.

34 – O infortúnio para o paciente é apenas um, para o que não tem paciência se torna dois.

35 – Somente os que sofrem a injustiça podem conhecer a intensidade desse sofrimento.


2 Harun al Rashid foi o quinto califa abássida (763-809). Escolhemos as principais sentenças desta longa narrativa.

3 Al Abbas era tio do Profeta (S.A.A.S.) e antepassado direto de Ar Rashid.

4 As Sindi bin Shahek foi designado por Harun ar Rashid para ser o carcereiro do Imam Musa Al-Kadhem (A.S.).

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