Nascimento: Medina, 15 de Zul Hijah do ano de 212 hejrita (equivalente a 8 de agosto 828 d.C.)
Martírio: Samarra, 3 de Rajab do ano 254 hejrita (equivalente a 1 de junho de 868 d.C.)
Tempo de Imamato: 34 anos / Sua idade abençoada: 42 anos
Seu assassino: Al-Mu ́taz Al-Abbasi, por envenenamento
Seu abençoado sepultamento: Samarra
Seu pai foi o Imam Mohammad ibn Al-Jawad (A.S.) e sua mãe foi a senhora Samanah, a marroquina. Era uma senhora el, virtuosa e temente. Seu nascimento foi na aldeia de Sarya, próxima da cidade de Medina. O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) anunciou o seu nascimento com uma bela passagem dizendo: “Deus formou em sua geração (geração do Imam Al-Jawad A.S.) uma que jamais transgredirá ou oprimirá, bondosa, abençoada e pura, e a chamou de Ali ibn Mohammad. A agraciou com a paz e a tranquilidade, e concentrou os conhecimentos e os mistérios, em suas mãos, e em seu peito há mistérios…”. O Imam Al-Hadi (A.S.) foi conhecido por várias alcunhas entre tais: “Al-Alem – O Sábio”, “Al-Faqih – O jurista”, “Al-Amin – O Confiável”, “Al-Mo ́taman – O Confiável”, “Al-Tayeb – O bondoso”, “Al-Askari – O militar”, “Al-Naseh – O Aconselhador”, “Al-Motawakel – O apoiador”, “Al-Naghi – O puro”, e foi mais conhecido como “Al-Hadi – O Orientador”.
Assumiu o Imamato quando tinha oito anos, e então assumiu a liderança e a responsabilidade com pouca idade tal como seu pai Imam Al-Jawad (A.S.), o qual assumiu o imamato com oito anos de idade. E sendo o imamato uma escolha divina e pré-determinada por Deus não é de se estranhar este detalhe. Sendo que Deus já cita vários exemplos de profetas que receberam a profecia logo quando crianças, entre tais o Profeta Yahya – João Batista (A.S.), sobre o qual Deus disse no Alcorão Sagrado: “ …Ó Yahia, observa fervorosamente o Livro! E o agraciamos, na infância, com a sabedoria” (19:12) e o profeta Jesus Cristo (A.S.) sobre o qual lemos no Alcorão: “Falará aos homens, ainda no berço…” (3:46).
O Imam Al-Hadi (A.S.) viveu com seus pais disciplinado pela boa conduta revelada pelo Mensageiro de Deus (S.A.A.S.). Em sua personalidade se juntaram todos os elementos da virtude, da perfeição, da humildade e da vida simples e do ascetismo. Ele vivia em um quarto totalmente vazio, sem os luxos desta vida, exceto um pequeno tapete que era seu local de devoção e leitura do Alcorão Sagrado. O Imam Al-Hadi (A.S.) era piedoso com os pobres e necessitados, recebia as pessoas com um sorriso e era conhecido por sua generosidade com as pessoas. Ele (A.S.) alimentava os famintos, vestia os pobres e oferecia ajuda aos necessitados, e tinha uma fazenda na qual trabalhava para sustentar sua própria família.
Entre outras características do Imam (A.S.) era a dele ser generoso com os sábios e homens do conhecimento. Os respeitava e os reverenciava, e dava preferência a eles sobre os outros pois eles eram os orientadores das pessoas e as fontes da luz e conhecimento na Terra. Ele (A.S.) se preocupava de uma forma específica com os desviados e afastados da religião, e procurava orientá-los e trazê-los ao caminho da verdade, e sempre rejeitava os encontros com os ascetas que se demonstravam como tal apenas para enganar as pessoas simples da sociedade. Certo dia, o Imam Al-Hadi (A.S.) estava sentado junto com seus companheiros na Mesquita do Profeta (S.A.A.S.) em Medina, e então entrou um grupo de ascetas e se sentou ao lado dele e começou a repetir o TAHLIL1 , então o Imam (A.S.) olhou para seus companheiros e disse: “Não se enganem, pois eles são os aliados de Satã e destruidores das bases da religião, adoram para desancar seus corpos mas na verdade isso serve para chamar atenção e ter privilégios e ganhos com isso”.
O Imam Al-Hadi (A.S.) viveu na época de seis governantes abássidas:
Al-Mu ́tasem, que era o irmão de Ma ́mun, severo e duro com os Ahlul Bait (A.S.). Foi ele quem ordenou a execução do Imam Al-Jawad (A.S.).
Al-Wategh ibn Al-Mu ́tasem, o qual permaneceu no governo por cinco anos e nove meses. Ele era um grande desordeiro que gostava de diversão e lazer, e era um opressor corrupto.
Al-Mutawakel, o qual em sua época os turcos tiveram grande influência no governo e no estado até chegar ao auge, onde as decisões eram tomadas por eles e Mutawakel era simplesmente um fantoche. Ele tinha muito ódio contra os Ahlul Bait (A.S.) e especialmente contra os visitantes do túmulo do Imam Al-Hussein (A.S.), os perseguiu e matou, e fazia de tudo para apagar os símbolos e a história de Karbala, até que chegou a tentar desviar o rio Eufrates para inundar o túmulo do Imam Al-Hussein (A.S.). Mas não foi bem-sucedido pois ocorreu um milagre divino e este plano foi fracassado com a ordem de Deus, já que Ele disse no Alcorão Sagrado: “Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos” (9:32). Ele vigiava o Imam Al-Hadi (A.S.) em tudo, mesmo ele estando na cidade de Medina. Então o chamou a Samarra e o colocou sob prisão domiciliar e ao mesmo tempo sob vigília total dos mercenários e homens de seu governo. O Imam Al-Hadi (A.S.) sentiu a dor dos piores tipos de perseguição, injustiça e tortura quando o agrediam e invadiam sua casa para prendê-lo em prisões que existem até agora e são testemunhas da injustiça e tortura praticadas contra este grandioso Imam (A.S.) pelos governantes abássidas. O Imam (A.S.) permaneceu por mais de 20 anos na cidade de Samara e sempre estava sob vigilância e controle dos espiões e homens do governo. Narra-se uma história que Mutawakel queria testar o Imam Al-Hadi (A.S.) jogando-o numa cela com felinos selvagens, mas quando o Imam Al-Hadi (A.S.) entrou na cela os animais não o atacaram, mas deitaram no chão e permaneceram ali ao lado do Imam (A.S.) enquanto Mutawakel e seus homens observavam a cena com muito espanto. Quando o Imam (A.S.) saiu da cela os leões passavam suas cabeças nas roupas do Imam Al-Hadi (A.S.) para se abençoar, e então o Imam (A.S.) os ordenou a que voltassem a seus lugares e eles voltaram.
Todos ficaram surpresos com o ocorrido. Mutawakel era como seu pai, severo e duro com os Ahlul Bait (A.S.) e seus seguidores, e dizem que ele era tão severo e sem piedade que matou seu próprio pai, que estava embriagando-se juntamente com um de seus ministros chamado Al-Fatah ibn Khaghan. Ele alegou em seguida que Fatah, o ministro do seu pai, matou o governante e que ele foi lá e o matou depois.
Al-Muntaser, era um bom governante e amante dos Ahlul Bait (A.S.), e garantiu a segurança a eles e seus seguidores. Devolveu Fadak (terra usurpada de Fátima (A.S.), a filha do profeta Mohammad (S.A.A.S.) desde a época do primeiro califa, Abu Bakr) aos Ahlul Bait (A.S.) e não concordava com a política e práticas de seus pais. Não perseguiu nenhum seguidor dos Ahlul Bait (A.S.) e era um homem corajoso, mas ao mesmo tempo muito ingênuo, e por isso os turcos o colocaram numa emboscada e o envenenaram por meio do seu médico, que foi pago para realizar este ato de traição.
Al-Musta ́in ibn Al-Mu ́tasem, que foi escolhido pelos generais após a morte de Muntaser. Seu governo não durou mais de quatro anos e alguns meses. A influência e o poder dos turcos aumentavam no estado e o poder do califa diminuía, até que houveram muitas revoltas e rebeliões em sua época, que criaram instabilidade geral. Sendo que o Imam Al-Hadi (A.S.) durante tudo isso continuava sua caminhada e jornada de expansão e divulgação dos conhecimentos, aproveitando da falta de atenção do estado para com ele. Até que Al-Musta ́in foi assassinado por Mu ́taz, o filho de Mutawakel, por meio de uma pessoa chamada Sa ́id Al-Hajeb.
Al-Musta ́in, que se tornou califa quando ainda não tinha atingido os vinte anos de idade e por isso virou um fantoche na mão dos turcos, sendo que a situação interna se tornava pior dia após dia, e tudo estava na mão dos turcos e o califa era simplesmente alguém sem poder. Os xiitas e seguidores dos Ahlul Bait (A.S.) eram perseguidos e assassinados, muitas vezes presos e torturados durante esta época, e Mu ́taz planejou por meio de seus homens o assassinato do Imam Al-Hadi (A.S.) por meio do veneno que o matou e martirizou no dia 3 de Rajab do ano 254 hejrita (equivalente a 1 de junho de 868 d.C.) quando tinha 42 anos de idade. O Imam (A.S.) foi enterrado em sua própria casa numa região de muita presença militar na cidade de Samarra, e seu túmulo hoje tem a maior cúpula e seu santuário é o destino de milhões de muçulmanos que se abençoam com a visita.
O legado do Imam Al-Hadi (A.S.), mesmo com toda a perseguição e pressão que havia contra o Imam (A.S.) por parte do governo abássida se estende até hoje no campo social e religioso em dois sentidos:
Primeiro: Um papel transformador, ideológico, educacional, social e moral.
Segundo: A construção de uma bancada benfeitora e bondosa de homens responsáveis e cultos que tinham o sentimento de se verem responsáveis por carregar a mensagem e garantir sua continuidade através do treinamento de mais homens e narradores que pudessem levar adiante o pensamento dos Ahlul Bait (A.S.). O número de companheiros próximos e leais ao Imam (A.S.) ultrapassou o de 346 pessoas, que tinham contato direto e narraram fatos sobre o Imam (A.S.), e isso tudo dentro de total sigilo e cuidados que eles possuíam para não comprometer o Imam (A.S.) e nem eles por estes encontros e reuniões. Aqui citaremos alguns dos companheiros do Imam (A.S.):
Ibrahim ibn Abdah Al-Nisabouri. Ibrahim ibn Mohammad Al-Hamadani. Ibrahim ibn Mahyaz.
Al-Hassan ibn Washa, o narrador do famoso dito onde o Imam Assadeq (A.S.) disse: “Juro por Deus que o servo amante de Deus, de Seu Mensageiro e de Seus Imames não morrerá. Este não será tocado pelo fogo”.
Daoud ibn Al-Qasem Al-Jafari.
Abdel Azim Al-Hassani, o qual era muito perseguido pelos abássidas e se escondeu no sul de Teerã onde morou e faleceu, e foi enterrado no mesmo local, e hoje é visitado por milhões de muçulmanos.
Al-Hassan Al-Ahwazi, o qual era um companheiro do Imam Al-Jawad (A.S.) e se estabeleceu em Qom. Ele possui diversos livros e obras, e faleceu nesta cidade.
Al-Fadhl ibn Sa ́id Al-Amri Al-Saman, chamado de Aba Amro, o confiável, o puro, o servidor do Imam Al-Hadi (A.S.), tinha apenas onze anos de idade e ocupava uma grande posição perante o Imam (A.S.).
Al-Hassan ibn Ali ibn Omar ibn Ali ibnol Hussein ibn Ali ibn abi Taleb, Naser Al-Haq, o vitorioso pela verdade.
A senhora Kaltham Al-Karkhiyahm que foi citada por Abdel Rahman Al-Shu ́airi (Abu Abdel Rahman ibn Dadoud Al-Baghdadi).
No nível intelectual, cultural e transformador, o Imam Al-Hadi (A.S.) nos deixou uma grande herança intelectual e cultural nas ciências da interpretação do Alcorão Sagrado e nas ciências da locução, jurisprudência, educação, moral e súplicas. Fora a sabedoria das palavras que nos deixou de herança para erguermos uma civilização verdadeira. Certamente temos muito o que aprender e colocar em prática com estes sábios ensinamentos, para alcançarmos uma vida digna e a felicidade.
1 O ato de dizer: La Ilaha Illah Allah (Não há divindade além de Deus). É uma prática comum entre os ascetas, que se sentam em rodas para repetir esta frase com um único tom, e até mesmo com algum tipo de movimentação corporal rítmica.