Uma Abordagem da Cosmovisão Islâmica

Em nome de Deus o Clemente o Misericordioso

Por: Ahmed Ismail

O fundamento do TAWHID (unidade divina), que é a essência de todo conceito e preceito do dín é perfeitamente aplicável se desejamos compreender as razões da problemática humana e de todas as difíceis e aparentemente insolúveis situações em que a humanidade se encontra.

De fato, Deus, o Altíssimo, revelou este dín como um plano prático e perfeito de emancipação do homem e das sociedades, libertando-os das amarras da ignorância.

Ao analisarmos as sociedades e a história do homem depararemos de imediato com condições constantes e gerais: A desigualdade na distribuição dos bens naturais e o interminável conflito resultante disso.

Diante dessas duas condições aflitivas para a maior parte da humanidade surgiram sistemas sócio-econômicos que se propunham resolve-las. Contudo esses sistemas demonstraram-se absolutamente incapazes dessa tarefa, muito ao contrário, tais sistemas sempre reproduzem e ampliam esses problemas gerando maior convulsão social. Alguns de seus defensores argumentam que os recursos e as riquezas naturais são insuficientes para gerar bem-estar para todos, sob este enganoso pretexto preconizam que determinada classe ou nação deve ser favorecida e dominar as demais, regendo os interesses das demais de modo a garantir o bem-estar de ao menos uma parcela da humanidade.

Na prática, o capital e os seus detentores, ou uma classe dirigente estabelece regras que lhes garantem privilégios vitalícios enquanto a maior parte da humanidade sobrevive em condições sub-humanas.

A despeito das imensas riquezas que circulam nas mãos dos líderes mundiais a maior parte das populações das nações vivem alijadas das mínimas condições dignas de sobrevivência. Em razão disso surgem situações que envergonham o gênero humano tais como as toneladas de alimento estragado nos celeiros das nações ricas e as outras toneladas de alimentos destinadas aos animais domésticos dessas nações enquanto em outras partes do mundo a fome ceifa milhões de vidas todos os anos.

O Islam nos ensina que DEUS, o criador e sustentador de todas as formas de vida do universo dispôs às criaturas recursos e bens naturais perfeitamente suficientes para o bem estar de todas e cada uma delas. E o Islam também afirma que estas duas condições de miséria em que a humanidade se encontra: a escassez e o conflito conseqüente disso não podem ser resolvidos por nenhum sistema econômico a menos que este seja resultado da aceitação por parte dos homens do Plano Divino e da compreensão de certas realidades universais que regem o Cosmo.

A primeira delas é que TODOS OS BENS E RIQUEZAS DO UNIVERSO TÊM UM ÚNICO DONO: DEUS.

A segunda é que todos esses bens e riquezas foram proporcionados para o usufruto de TODAS AS CRIATURAS e esta é uma DETERMINAÇÃO DIVINA. Sempre que a humanidade desobedecer estes princípios, sentirá sobre si as conseqüências.

A história da humanidade tem dois períodos distintos: A era primitiva, em que os povos mantinham uma relação mais ou menos harmônica com a natureza, extraiam dela o que necessitavam e tinham um certo grau de consciência dessa lei elementar: que a abundância estaria garantida se o homem extraísse apenas o necessário.

Um segundo período teve lugar quando a concepção de Estado surgiu e com ela uma nova relação com a natureza: a de domínio.

Uma visão de acúmulo passou a ser o estilo de vida dos povos, o necessário já não era suficiente, o arquétipo do conquistador entrou em cena e os mais fortes passaram a estender seus territórios e os recursos naturais já não eram mais bens a serem usufruídos mas sim, acumulados, e a natureza algo a ser dominado.

As condições atuais são portanto resultantes de duas atitudes igualmente pecaminosas (pois transgridem as leis naturais): A filosofia do acúmulo e a apropriação injusta. Ambas desconhecem a propriedade divina sobre os bens e riquezas do universo e sua destinação divina a todas as criaturas. Logo, se um homem, uma classe, sociedade ou nação se apropria de algo acima de suas necessidades está a transgredir as leis naturais invariavelmente.

E esta uma das razões de que nenhum sistema econômico resultante de tal mentalidade jamais poderá solucionar a escassez e o conflito resultante.

Esses sistemas apenas reafirmam o acúmulo e a apropriação injusta que se refletem na constante criação de necessidades supérfluas que surgem para a satisfação das paixões humanas, o que aumenta a frustração e o ódio, pois nunca há o suficiente para todos.

O Islam nos ensina que seja um indivíduo ou uma sociedade, só encontrará o verdadeiro bem-estar quando acatar as leis naturais estabelecidas por Deus, adotando os princípios que garantam os direitos de todas as criaturas e isto requer a adoção de um estilo de vida em que o acúmulo e a apropriação injusta sejam rejeitados, e este é o mais alto conceito de CIVILIZAÇÃO.

Tanto mais as nações prossigam com sua escalada materialista, se apropriando dos bens naturais e negando o direito ao bem-estar as nações pobres, tanto mais a filosofia do acúmulo e do desperdício seja aclamada como sinal de prosperidade, mais os conflitos se agravarão e a escassez e a fome se farão presentes.

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