Sermão de Sexta-feira – Seyyed Charif Seyyed – Mesquita Imam Ali (A.S.) – Curitiba – 19/10/2018

Em Nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso


Os dois sermões das orações de sexta-feira na mesquita Imam Ali (A.S.), na cidade de Curitiba – Paraná, em 7-12-2012.


O primeiro sermão de sexta-feira de S. Eminência o Sayed Sharif quanto à bondade para com os animais. Ele disse:


O Islam olha o mundo animal como um todo por causa de sua importância na vida e sua utilidade para os seres humanos e por ser um dos importantes sinais do Criador e uma maravilha de Sua Autoria. Por isso, muito se fala sobre os direitos dos animais em muitas áreas da lei islâmica. Várias Suratas do Alcorão foram reveladas com nomes de animais, como por exemplo: A Vaca, O Gado, As Abelhas, As Formigas, A Aranha, O Elefante.


O Alcorão homenageia em muitos locais os animais, mostrando a sua posição, a especificação de sua função a serviço do ser humano. Depois que Deus mostrou na Surata das Abelhas a Sua Onipotência na criação dos Céus e da Terra, na criação dos seres humanos, seguiu isso com o seguinte: “E criou o gado, do qual obtendes vestimentas, alimento e outros benefícios. E tendes nele encanto, quer quando o conduzis aos abrigos, quer quando, pela manhã, o levais para o pasto. Ainda leva as vossas cargas até as cidades, às quais jamais chegaríeis, senão à custa de grande esforço. Sabei que o vosso Senhor é Compassivo, Misericordiosíssimo. E (criou) o cavalo, o mulo e o asno para serem montados e para o vosso deleite, e cria coisas mais, que ignorais” (16:5-8).


Os jurisprudentes e os comentaristas inferiram desses versículos muitos preceitos e benefícios. Indicaram que Allah, Exaltado seja, chama a atenção do ser humano para a necessidade de se cuidar dos animais, e trata-los com carinho, porque desempenham um papel importante a seu serviço. Ao mesmo tempo, Allah, Glorificado seja, visou com esses versículos que o ser humano evitasse olhar os animais de forma estreita, visando apenas do lado econômico relacionado com o a alimentação, o transporte, as vestimentas e o calor. Ele ampliou a visão, indicando que os animais possuem o seu lado moral e qualidades estéticas que requerem o amor que conduz à compaixão no seu tratamento, e tratando-o com benevolência e amizade, além de que a menção de alguns animais pelo nome nesses versículos não significa que os outros não são dessa forma, mas foram mencionados como exemplo, não por limitação, como indicam Suas palavras: “E cria coisas mais que ignorais.” (16: 8). O Islã comenta que a necessidade que se ser gentil com alguns dos animais pelos seus benefícios de qualidades morais estabelecendo a bondade para com elas.


Por isso, percebemos que o Islam não vê o animal como inferior, mas Deus, Exaltado seja, chama a atenção das pessoas, dizendo: “Não existem seres alguns que andem sobre a terra, nem aves que voem que não constituam comunidades semelhantes à vossa. Nada omitimos no Livro; então, serão congregados ante seu Senhor” (6:38). Alguns versículos do Alcorão trazem desprezo (aparente) a alguns animais, a exemplo das palavras de Deus, Exaltado seja, a respeito daquela classe de pessoas que abandonou a bênção da orientação após Deus tê-la concedido a ele: “O seu exemplo é semelhante ao do cão que, se o acossas, arqueja; se o deixas, assim mesmo arqueja. Tal é o exemplo daqueles que desmentem os Nossos versículos. Refere-lhes estes relatos, a fim de que meditem” (7:176), ou na condenação dos judeus que não fazem o que está incluído em seus livros: “O exemplo daqueles que estão encarregados da Tora, e não a observam, é semelhante ao do asno que carrega grande quantidade de livros. Que péssimo é o exemplo daqueles que desmentem os versículos de Allah! Allah não encaminha o povo dos injustos” (62: 5), a comparação dos judeus e dos idólatras com os animais, (como o cão e o burro) é porque não desempenharam o papel que lhes foi atribuído, tornando-se como o gado “quiçá pior” (7:179). Isto não representa aviltamento aos animais, mas condenação daqueles que viveram os papéis de animais, e não viveram o seu papel. Então, o Islã convidou-nos a termos compaixão dos animais (sermos amigos dos animais). Da mesma forma que o círculo da água se expande quando atiramos uma pedra nela, da mesma forma os círculos da compaixão no Islã está se expandindo e para incluir toda a humanidade. Da compaixão para com os pais, à compaixão para com os parentes, os vizinhos, os amigos, dos irmãos, até a compaixão por todas as pessoas, até a compaixão pelos animais. Este belo objeto correspondente na multiplicidade de suas formas e cores, e o que expressa de lições para os seres humanos, e de conforto que proporciona ao ser humano, transportando-o e às suas cargas, tem direito à compaixão também.


O Islã não lhe permite que deixe o seu animal com fome ou sede, nem que o sobrecarregue acima de sua capacidade, nem que o golpeie com violência. Deve permitir-lhe que descanse da fadiga do trabalho do dia. Não deve fazê-lo trabalhar noite e dia. O Islam enfatizou sermos bondosos, para com o animal, contando isso como um dos meios de compaixão e indulgência. Foi narrado, com base no Mensageiro de Deus (S) que ele disse: “Conforme um homem ia percorrendo um caminho, sua sede ia-se tornando insuportável. Com a continuação da caminhada, encontrou um poço, e decidiu descer, e ali bebeu; porém, ao sair, viu um cão que arquejava e ofegava de tanta sede que tinha, e inclusive lambia a areia. O homem disse a si mesmo: ‘Este cão está sofrendo de sede, do mesmo modo que eu sofria!’ Por isso, descendo outra vez ao poço, encheu de água o seu sapato, agarrando-o com a boca enquanto subia, e deu de beber ao cão. Deus aceitou o seu ato e perdoou-lhe as faltas.” Disseram ao Profeta: “Ó Mensageiro de Deus, acaso receberemos também alguma recompensa por tratarmos bem os animais?” Respondeu: “Em cada ser vivente haverá uma recompensa.”


Assim, Deus perdoou o homem, que obteve a misericórdia de Deus por causa de seu sentimento pelo cão e o de lhe dar de beber. Dessa forma, o Mensageiro de Deus (S) estabeleceu que no dar de beber a cada ser vivente haverá uma recompensa. O Islam, também, não aceita o confinamento dos animais e das aves. É famosa a história da mulher que foi condenado ao fogo porque torturou uma gata. Foi narrado que o Imam (A.S.), disse: “Uma mulher foi castigada e conduzida ao Inferno por haver prendido uma gata, até morrer de sede”. O Islam não permite a tortura do s animais nem a sua mutilação. Foi narrado que o Profeta (S) disse: “Não é permitido mutilar mesmo o cão que morde”.


A convocação do Islã de se ter compaixão dos animais é, em primeiro lugar, uma convocação para se respeitar o ser humano e tiver compaixão dele, se o Islã é misericordioso para com a criatura que não fala nem raciocina, nem possui sentimentos, dignidade e valor do ser humano, que dirá com a mais honrada das criaturas e o mais virtuoso dos objetos.


Leia o que os tiranos fazem com as pessoas, os crentes, os liberais, com os virtuosos para descobrir que o animal hoje tem melhor sorte do que o ser humano. Alguns países cuidam dos cães e dos gatos e defendem seus direitos, e não se importam com o massacre de pessoas. Por isso, devemos lembrar que a misericórdia deve ser colocada em seu devido lugar. Da mesma forma, a dureza deve ser colocada em seus devidos lugares. Os Inimigos da comunidade e os usurpadores de seus direitos não podem ter a nossa misericórdia, são severos para com os incrédulos, porém compassivos entre si. Com exceção deles, devem ter a nossa compaixão na totalidade de nossos corações. Algumas preces incluem no recebimento do mês de Ramadan: “Concede-nos o sucesso de revisar quem nos abandonou, de sermos justos com for injusto conosco, a sermos pacíficos com os nossos inimigos. Com exceção de quem se inimizou por você e para você. Ele é o inimigo que não fazemos amizade com ele, o partido que não abraçamos.”


Irmão crente: faz o seu coração sentir compaixão… Preenche-o com ela… Não seja avarento com quem está ao seu redor. Nem a esconda de ninguém. A compaixão é como o conhecimento, aumenta ao ser distribuído. Finalmente, Repete ao final de cada oração: “Ó Allah, a Tua indulgência é mais pesada que meus atos, a Tua misericórdia é mais ampla do que os meus pecados. Ó Allah, se o meu pecado for enorme, o Teu perdão é maior do que o meu pecado. Ó Allah, se eu não for digno de obter a Tua misericórdia, a Tua misericórdia é mais digna de me alcançar porque abrange todas as coisas.”


No segundo sermão sobre a civilidade social no Islã, disse:


Há um fenômeno geral representado na nossa vida comportamental como muçulmanos; é o fenômeno das relações sociais na nossa conduta prática. Vivemos de acordo com o nosso gosto, e não nos importamos se o nosso gosto perturba o humor dos outros ou prejudica suas vidas. Como exemplo: o fenômeno do ruído perturbador que ataca a calma interna e externa do ser humano nessas sociedades, quer esse ruído seja uma voz alta, um radio e uma televisão, ou gerador de energia, ou um alto falante em seu carro que você liga. Por que tudo isso? É o temperamento pessoal que leva muitas pessoas a levantar a voz, sem a necessidade ou exigência. Quando você reclama disso, a pessoa o surpreende dizendo: “Eu sou livre”. Assim, fica desacordado o cansado, o enfermo sofre, o estudante não consegue estudar, os nervos das pessoas são abalados, porque ele deseja continuar a exercer a sua liberdade. Mas este homem egoísta arrogante, não presta nenhuma atenção de que essa liberdade termina quando a dos outros começa. Porém, quando eu ultrapasso os limites de sua liberdade e você ultrapassa os limites da minha liberdade, cadê a minha e a sua liberdade? O nobre hadice diz: “O homem só será verdadeiro crente quando desejar ao irmão o que deseja para si mesmo.”


E disse: “Faça de você uma balança entre você e entre os outros. Ame aos outros o que você ama para si mesmo e odeie o que odeia para si mesmo.”O conselho de Lucman ao filho: “… e baixa a tua voz, porque o mais desagradável dos sons é o zurro dos asnos”. É como se lhe dissesse: “Se você levantar o tom de sua voz não conseguirá com esses zurros a alcançar os zurros dos asnos. Apesar disso, você sente incômodo por isso como os outros sentem porque é o mais desagradável dos sons. O que você acha deste nível e desta analogia? Outro versículo diz: “Não é necessário que o homem levante a voz, porque Ele conhece o que é secreto e ainda o que é mais oculto” (20:7). Ele indica que você não precisa levantar a voz para falar com Deus, porque Ele conhece o segredo e o mais oculto. Para que você precisa levantar a vós depois disso? À luz disso, surgiu o nobre versículo: “Recorda-te do teu Senhor intimamente, com humildade e temor, sem manifestação de palavras, ao amanhecer e ao entardecer, e não sejas um dos tantos negligentes.” (7:205).


O propósito por trás desses métodos alcorânicos é educar o temperamento humano para exercer as funções de seus membros com sabedoria e calma, sem prejuízo para si mesmo e para os outros. Deus quis que isso fizesse parte da educação obrigatória dos muçulmanos com o Profeta (S): “Ó crentes, não altereis as vossas vozes acima da voz do Profeta, nem lhe faleis em voz alta, como fazeis entre vós, para não tornardes sem efeito as vossas obras, involuntariamente. Sabei que os que baixam as suas vozes na presença do Mensageiro de Allah, são aqueles cujos corações Allah testou para a piedade; obterão o perdão e uma magnífica recompensa. Em verdade, a maioria daqueles que gritam (o teu nome), do lado de fora dos (teus) aposentos, é insensata. Mas, se aguardassem pacientemente, até que tu saísses ao seu encontro, seria muito melhor para eles. Allah é Indulgente, Misericordiosíssimo” (49:2-5).


Alguns sábios emitiram pareceres jurídicos quanto à proibição do sistema oral de forma perturbadora se for prejudicial às pessoas e garanta a recitação do Alcorão.


Entre as regras de polidez social no Islã é respeitar a liberdade da pessoa, em sua casa. Não lhe é permitido adentrá-la sem a sua autorização, quer esteja presente nela ou ausente, porque pode ser que a situação interna não esteja preparada para recebê-lo. Você não deve reagir ou ter atitude hostil quando a pessoa se recusa a atendê-lo, e você foi ter com ele sem aviso porque é possível que não esteja em estado saudável, psicológica ou intelectual que lhe permita recebê-lo. O Alcorão desenhou essas duas situações nas palavras de Deus, Exaltado seja: “Ó crentes, não entreis em casa alguma além da vossa, a menos que peçais permissão e saudeis os seus moradores. Isso é preferível para vós; quiçá, assim, mediteis. Porém, se nelas não achardes ninguém, não entreis, até que vo-lo tenham permitido. E se vos disserem: Retirai-vos!, atendei-os, então; isso vos será mais benéfico. Sabei que Allah é Sabedor de tudo quanto fazeis” (24:27-28).


Esta é outra regra de disciplina social no Islã, onde o Islã tentou afastar os muçulmanos das complexidade nas regras de comportamento em locais escolhidos pelas pessoas no Conselho, que difere conforme a sua posição social. O Islam, porém, considerou os locais em que o ser humano senta não representa o valor real dos valores da vida, quer o indivíduo sente na primeira ou na última fila. Daí, a tradição: “Quando alguém for a uma reunião, que sente onde termina a fila”.


O Livro de Allah é o mais fidedigno e que narra as histórias mais fidedignas: “Anuncia, pois, as boas notícias aos Meus servos, que escutam as palavras e seguem o melhor (significado) delas! São aqueles a quem Allah encaminha, e são os sensatos” (39:17-18).

 

 

 

 

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