Sermão de sexta-feira da Mesquita do Brás – Taklif, o cumprimento do dever / A vitória divina – Sheikh Youssef Ajordi – 21/05/2021

Primeiro sermão

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a bênção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os seus profetas e mensageiros.

Servos de Deus, recomendo a todos a temência a Deus que é o único caminho para a salvação. Deus disse no Alcorão Sagrado: “Ó fiéis, temei a Deus! E que cada alma considere o que tiver oferecido, para o dia de amanhã; temei, pois, a Deus, porque Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis (18) e não sejais como aqueles que se esqueceram de Deus e, por isso mesmo, ele os fez se esquecerem de si próprios. Estes são os depravados! (19) Jamais poderão equiparar-se os condenados ao inferno com os diletos do Paraíso, porque os diletos do Paraíso serão os ganhadores (20)”. (59)

Deus disse no Alcorão Sagrado: “Ó fiéis, obedecei a Deus, ao Mensageiro e às autoridades dentre vós! Se disputarem sobre qualquer questão, recorram a Deus e ao Mensageiro, se crerdes em Deus e no Dia do Juízo Final, porque isso vos será preferível e de melhor alvitre”. (4:59)

O Taklif

Muitas vezes ouvimos este termo, mas não compreendemos o conteúdo e o verdadeiro significado dele. O que este termo significa? O Taklif é o dever que se resume em: cumprir as ordens de Deus e evitar as ilicitudes de Deus. Por isso, quando ouvimos o versículo acima “Ó fiéis, obedecei a Deus, ao Mensageiro e às autoridades dentre vós”, este é o dever a ser cumprido. Em primeiro lugar obedecer as ordens de Deus, em seguida as ordens do Mensageiro de Deus e por fim as ordens das autoridades que são legitimamente os representantes e sucessores deles. Portanto, resumidamente, a essência do Taklif está em a pessoa cumprir a ordem de Deus e evitar suas ilicitudes. Qualquer pessoa que estiver cumprindo as ordens de Deus e obedecendo suas orientações estará cumprindo seu Taklif. Podem existir pessoas que não estão cumprindo corretamente o dever a elas determinado.

O Taklif, se divide em duas bifurcações: uma quando está de acordo com a vontade da pessoa e quando não está de acordo com a vontade da pessoa, e a outra, quando está de acordo com a vontade da pessoa mesmo que a pessoa esteja a cumprindo não lhe será muito recompensador. Mas, quando o cumprimento do dever estiver contrário a própria vontade da pessoa e mesmo assim ela cumprir o dever, é aqui que a pessoa será verdadeiramente recompensada e erguida, pois estará contradizendo a sua vontade e dando preferência a vontade de Deus cumprindo assim Sua orientação.

Uma das belíssimas frases do Imam Khomeini (K.S.) é quando ele dizia: “Todos somos obrigados a cumprir o nosso dever, mas não necessariamente colher os frutos do que fazemos”, ou seja, eu cumpri meu dever e o resultado é Deus que concede. Não é porque eu cumpri o meu Taklif é que eu devo colher e ver os frutos. A pessoa deve ficar bem atenta a esta observação, pois nem sempre haverá este alinhamento e está consequência. Portanto, o cumprimento do Taklif é um dever e a colheita dos frutos ou o resultado da sua ação é Deus quem traça.

Exemplo, a revolução do Imam Al-Hussein (A.S.)

Quando o Imam Al-Hussein (A.S.) se rebelou contra Yazid, ele conseguiu derrotá-lo naquela batalha? Não, ele simplesmente cumpriu o seu dever lutando contra a injustiça e a opressão e pagou o preço do seu Taklif com seu próprio sangue e vida, não apenas a dele e sim a de seus familiares, filhos e companheiros. Imam Al-Hussein (A.S.) dizia: “Deus quis que eu fosse martirizado”. Pronto. Ele cumpriu o seu dever perante Deus e não se importou com os resultados. Simplesmente cumpriu o dever.

Nossos problemas

Queridos irmãos e irmãs, posso garantir com toda certeza que grande parte de nossos problemas são oriundos do não cumprimento do nosso dever. Quando ninguém caminha no caminho de Deus e não se importa em cumprir o seu Taklif perante Deus, e caminha e age de acordo com seu interesse e vontade, sempre haverá intrigas e desunião. Porém, quando todos carregam a vontade de satisfazer a Deus em seu coração e lhe dão a preferência sobre sua própria vontade, desta forma a nação permanecerá forte e jamais será derrotada.

De onde se determinam os nossos deveres?

Da doutrina do Islam. Estas determinações e orientações são oriundas de Deus, do Alcorão Sagrado, e da tradição do Profeta e dos Ahlul Bait (A.S.). Algo muito importante a ser observado é que as leis e determinações de Deus devem ter preferência ao serem cumpridas sobre as leis e regulamentos do homem.

Lei civil ou Lei de Deus?

É lógico que a preferência é a lei de Deus. O fiel não deve seguir a lei de Deus apenas quando estiver de acordo com o interesse dele. Sempre a vontade de Deus deve ser a preferência na hora de tomar uma decisão e nunca o contrário. Na verdade, a lei civil não tem nenhum valor e significado se ela for contra a lei de Deus.

Como e de onde conhecer o nosso dever?

O Imam Al-Mahdi (A.F.) dizia: “Os próximos assuntos devem procurar os narradores dos meus ditos, pois eles são a minha prova sobre vocês e eu sou a prova de Deus sobre vocês.” Ou seja, na presença do Imam infalível ele é a prova de Deus e sua palavra e orientação representam a vontade de Deus. Já em sua ausência, os sábios, os Marje, e os líderes que estão de acordo com as condições que ele (A.F.) determinou, são quem devemos procurar.

Como o Imam Khomeini cumpria o seu dever?

O Imam Khomeini (K.S.) dizia: “Não preciso de dinheiro para cumprir o meu dever, só preciso de algumas folhas e uma caneta para esta luta. E se precisar de mais ajuda o povo estará ao meu lado”. E todos nós vimos como o povo iraniano apoiava a revolução e a luta do Imam Khomeini (K.S.). Hoje, este mesmo método se aplica em Gaza na Palestina, pois cada pessoa cumpre o seu dever e não se importa com a opinião alheia, ou até mesmo com os resultados.

O exército de Osama

O profeta Mohammad (S.A.A.S.) amaldiçoou todo aquele que não partiu e se integrou ao exército de Osama. Isso porque o ato deles foi um ato de desobediência à ordem direta de Deus e do seu mensageiro. A pessoa deve ter analisado aquela situação de acordo com seu interesse pessoal e chegou a conclusão de que se ela for irá prejudicar a si mesma, e assim ignorou e deu as costas para a ordem e a vontade de Deus que é a que deve prevalecer. Por isso, todo aquele que não se integrou ao exército de Osama, seja lá qual for sua desculpa, foi amaldiçoado pelo Mensageiro de Deus.

Jamais devemos desobedecer a ordem de Deus, ou do seu mensageiro, ou do representante legítimo do Mensageiro e do Imam, pois este ato será um grande desafio para com a ordem de Deus. Do que adianta a pessoa orar, jejuar, e ler o Alcorão e não cumprir o seu dever e a ordem de Deus ou do mensageiro de Deus, alegando que analisou o dever e a ordem, porém elas não correspondem a seus interesses.

O resultado

O mais importante de tudo, é que a pessoa cumpra o seu dever. O resultado desta ação fica a cargo de Deus. Foi assim no dia da batalha de Karbala, quando o Imam Hussein (A.S.), seus filhos, e companheiros cumpriram o dever que tinham e não se importaram se aquilo daria resultado ou não. O principal, é a pessoa praticar o seu dever e não vincular essa prática a resultados, pois isso está a cargo de Deus e é Ele quem determina quando estes resultados devem aparecer.

Louvado seja Deus, o senhor do universo. Que a paz e a bênção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.).

Segundo sermão

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Louvado seja Deus, o Senhor do universo, que a paz e a bênção de Deus estejam com o profeta Mohammad (S.A.A.S.), seus purificados Ahlul Bait (A.S.), seus bons companheiros e todos os seus profetas e mensageiros.

Vivemos juntos uma grande jornada de sacrifício e batalha na querida Palestina, a qual nós aqui acompanhamos pelas telas e os palestinos ali apresentam as mais belas e grandes lições de sacrifício, de fé, e lealdade. Estes são como aqueles jovens que acreditaram em Deus e Ele encheu o coração deles de fé dizendo: “Narramos-te a sua verdadeira história: Eram jovens que acreditavam em seu Senhor, pelo que os aumentamos em orientação” (18:13).

A glória da vitória

Queridos irmãos e irmãs, estamos próximos a reviver a celebração da data do “Dia da resistência e da libertação” do Líbano, dia este que começou em 21/05/2000 às 02:00, e hoje vivemos a mesma data e a mesma vitória dos combatentes e dos resistentes da Palestina. Vinte e um anos depois, a mesma vitória se concretiza na Palestina e o sangue palestino se mistura com o sangue libanês, e com isso se garante ao mundo todo que acabou o tempo das derrotas e começou o tempo das vitórias.

O que ocorreu?

Os impuros invasores invadiram a mesquita de Al-Aqsa, invadiram e poluíram o bairro de Sheikh Jarrah com a intenção de expulsar os moradores deste bairro. Eles achavam que a normalização estava feita e que os povos árabes estavam ao lado deles. Achavam também, que a ação deles teria a solidariedade dos resistentes. Eles estavam enganados, pois os resistentes demonstraram que os cálculos e as análises feitos pelos invasores estavam errados, pois estes ataques e violações aos palestinos mostraram o quanto o povo palestino ainda é unido, e quanto o mundo todo especialmente os muçulmanos e o povo árabe é solidário a causa Palestina.

A vitória é de qual lado?

Para ver quem realmente venceu a batalha basta ver qual dos lados da batalha alcançou seus objetivos. O inimigo tinha como objetivo expulsar os palestinos de Sheikh Jarrah, acabar e esmagar a resistência Palestina, e aumentar o cerco sobre os palestinos. Eles não conseguiram fazer isso, portanto não há dúvida nenhuma de que eles perderam. Já os objetivos alcançados pelos palestinos foram que todos os muçulmanos pudessem entrar na Mesquita de Al-Aqsa quando quisessem, e a não saída dos palestinos de Sheikh Jarrah.

O cenário final

Até o último momento na madrugada de sexta-feira, os donos da razão e do direito ainda com toda sua força atacavam o seu inimigo com muita fé e determinação. Até o último momento na madrugada de sexta-feira, os colonos e invasores sionistas estavam nos abrigos e esconderijos com medo. Até o último momento na madrugada de sexta-feira, os cumpridores do Taklif e do dever ganharam a batalha contra os invasores, os ocupantes, e os inimigos. O que veio depois de 25/05/2000 não será igual ao que foi antes de 25/05/2000, e o que foi antes de 14/08/2006 jamais será o mesmo que depois de 18/08/2006, e com certeza o que foi antes de 21/05/2021 nunca será o mesmo que depois de 21/05/2021. A era das derrotas já acabou, e chegou a era das vitórias em que todos aguardam o reaparecimento do nosso salvador, o Imam Al-Mahdi (A.F.).

A espada de Al-Quds

A espada de Al-Quds foi a mais afetada, pois conseguiu unir todos os povos e nações muçulmanas no mundo. Esta operação é um orgulho para todos os livres do mundo.

Louvado seja Deus, o senhor do universo, que a paz e a bênção de Deus estejam com o profeta Mohammad e sua purificada linhagem.

Que a paz e a bênção de Deus estejam com todos vocês.

 

 

 

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