Palavra de Baby Siqueira Abrão e Hajj Marcos Tenório no Encontro Islâmico no Brasil

Baby Siqueira Abrão e Hajj Marcos Tenório*

Para entender melhor o que é o terrorismo e qual seu papel ao longo do tempo, seria importante conhecer sua definição e sua história. Mas aí entramos num campo polêmico, pois são variados os conceitos de terror e terrorismo. Em geral, considera-se terrorismo o conjunto de ações violentas provocado por pessoas ou grupos de pessoas em favor de uma causa política, religiosa ou ideológica. Essas ações podem ser cometidas contra indivíduos, populações, instituições e instalações com o objetivo de criar terror entre sociedades e de coagir Estados, grupos sociais e políticos e até mesmo a chamada “comunidade internacional” a atender as reivindicações dos terroristas.

Do mesmo modo, é difícil especificar exatamente quando o uso do terror começou, uma vez que a aventura humana no planeta Terra quase sempre foi acompanhada pela violência. Conflitos tribais, guerras de conquistas, desavenças familiares e entre grupos étnicos são uma constante desde a Antiguidade. Nem mesmo os códigos de conduta ética e a ameaça de castigos aos que os violam, contidos nas três religiões monoteístas e em outras centenas de crenças espalhadas pelo mundo, foram capazes de eliminar o lado violento dos seres humanos.

Além das religiões, também a filosofia se interessou por investigar a violência humana. Para os filósofos, ela não pode ser extinta porque, característica do reino animal, muitas vezes garante a nossa sobrevivência diante de perigos fatais. De Platão e Aristóteles aos contemporâneos, os pensadores vêm procurando entender se é possível ao menos controlar as ações humanas baseadas no ódio, no ciúme, na inveja, na ambição, no desejo. Para grande parte deles, essas emoções podem ser controladas pela razão.

Alguns, porém, discordam. De acordo com filósofos contratualistas como Hobbes e Rousseau, por exemplo, humanos só conseguem conviver em sociedade se um poder maior os mantiver sob domínio: o poder do Soberano – seja ele um indivíduo, seja um grupo de indivíduos – figura que imporia normas e penalizaria com severidade os transgressores, para tornar relativamente possível a convivência entre seres com interesses e sentimentos distintos.

Mais democrático, o holandês Benedito de Espinosa, que viveu no século XVII, demonstrou que nem o Soberano nem a razão podem dominar as emoções. Para Espinosa, uma paixão só pode ser controlada por outra, maior e mais intensa. E a mais forte de todas é a alegria, da qual advêm o amor pela Natureza, a certeza de que a vida e a realidade são nossos bens maiores e podem ser desfrutados por todas e por todos indistintamente.

Infelizmente, terroristas não se interessam por filosofia. A maioria deles, atualmente, é composta por mercenários cujo único objetivo é receber gordos pagamentos pelos trabalhos prestados a grupos políticos obscuros, escondidos por trás de dezenas de denominações como Daesh (palavra árabe para o estado islâmico. Não usamos esta última denominação por entender que não se trata nem de um Estado, nem de uma organização islâmica), al-Qaida, Taleban, al-Nusra. Treinados para obedecer cegamente as chefias, para odiar os que não se alinham com suas práticas e ideias, e quase sempre sob o efeito de drogas pesadas, eles não se contentam em assassinar. Precisam fazer isso com crueldade, degolando, arrancado órgãos, mordendo-os, comendo-os. E praticando ações hediondas contra populações civis desarmadas, as maiores vítimas do terrorismo.

Mas nem sempre foi assim. O conceito de terrorismo como arma política teve um marco importante: o contexto da luta de classes da Revolução Francesa, no século XVIII. Foi sistematizado e oficializado na fase do TERROR, de setembro de 1793 a julho de 1794. Nessa fase, a aliança entre a pequena burguesia, representada pelos jacobinos, e o povo, os sans-culottes, levou à guilhotina milhares de pessoas consideradas traidoras e inimigas da Revolução, a maioria pertencente à monarquia, à aristocracia e a facções políticas adversárias do governo revolucionário liderado pelo jacobino Robespierre e pelo camponês Saint-Just.

Dois séculos depois, também os anarquistas aderiram ao terrorismo político como instrumento da luta de classes. Na Rússia, depois de cinco tentativas frustradas, o grupo A Vontade do Povo – que, segundo a crítica de Lênin, não possuía base popular, apesar de ter a palavra “povo” no nome – conseguiu acabar, em 13 de março de 1881, com a vida do czar Alexandre II. Mas foi bem no final do século XIX e no início do XX que os atos de terror dos anarquistas tornaram-se mais frequentes: sete autoridades pereceram, entre elas o presidente francês Sadi Carnot (em 1894), a imperatriz Sissi, da Áustria (em 1898), Umberto I, rei da Itália e William McKinley, presidente dos Estados Unidos (ambos em 1901). Os anarquistas encerraram a onda de terror quando perceberam que essa era uma péssima, digamos, “ferramenta de marketing”, acabando com sua reputação e afastando possíveis simpatizantes.

Mas tanto na fase do TERROR da Revolução Francesa como entre os anarquistas, o terrorismo era considerado uma virtude cívica. Os atentados, alegava-se, eram realizados pelo bem do povo e do país, e os militantes orgulhavam-se de denominar a si mesmos “terroristas”.

Objetivos diferentes envolveram os ataques terroristas contra os judeus na Rússia czarista, após o assassinato de Alexandre II. Denominados pogrom – palavra russa que significa “causar estragos, destruir violentamente” –, esses ataques físicos e psicológicos violentos contra a população judaica concentraram-se principalmente na Ucrânia e no sul da Rússia entre 1881 e 1884. Cometidos muitas vezes pela população local, em função de “ressentimentos econômicos, sociais e políticos contra os judeus”, os pogroms acabaram se espalhando pelo território europeu. Foram particularmente violentos na Alemanha e no leste da Europa durante o período nazista.

As milícias sionistas que atuaram na Palestina durante o Mandato Britânico também cometeram atos terroristas. Como acontecia com os revolucionários franceses e os anarquistas, os sionistas tinham orgulho de seus crimes, segundo atestam os diários de alguns de seus líderes, tornados públicos durante os anos 1970. Esse orgulho os levava a contar em detalhes as crueldades cometidas, que horrorizaram vários historiadores judeus e israelenses. Essas milícias provocaram mais de 60 atentados terroristas na Palestina do Mandato Britânico, dos quais o mais famoso é o do hotel King David, que abrigava a sede administrativa do Mandato. Uma explosão fez parte do hotel voar pelos ares, em 1946, matando mais de 90 pessoas. Outros atos terroristas das milícias sionistas tomaram a forma de massacres, como o de Deir Yassin. Há mais de 32 massacres bem documentados, nos quais morreram centenas de palestinos, e a partir dos quais quase 800 mil nativos da Palestina – incluindo judeus – foram obrigados a deixar suas casas e propriedades, tornando-se refugiados. Milhares deles continuam morrendo até hoje sob o regime de terror instalado pelos sionistas em Israel e na Palestina ocupada.

Outros atos terroristas, como os praticados pelos Estados Unidos e pela OTAN no Oriente Médio, no contexto da chamada “guerra ao terror” (As “guerras ao terror” tornaram-se política de Estado nos EUA após os atentados terroristas às torres gêmeas e à torre 7 do World Trade Center (WTC). A autoria da ação ainda é objeto de polêmica. O relatório oficial produzido pelos EUA contém falhas suficientes para conduzir à sua contestação por grupos de direitos civis daquela nação, como o Intelectuais pela Verdade do 11/9. Desde a data do atentado, em 11 de setembro de 2001, seus membros vêm colhendo provas e depoimentos de que ele foi provocado, como denunciam, pela CIA, com a ajuda do Mossad e o dinheiro da Arábia Saudita. O objetivo eram e são as guerras terroristas promovidas por potências, em geral ocidentais, no Oriente Médio, a expansão e o aumento dos lucros da indústria bélica, o controle da produção e da distribuição de gás, petróleo e matéria-prima para drogas, o controle do sistema bancário, a fragmentação da região e o desenvolvimento da islamofobia, campanha internacional contra o Islã e seus seguidores. O grupo Intelectuais pela Verdade defende a reabertura das investigações do atentado às torres do WTC, projeto que conta com a apoio de diversas ONGs internacionais.) – melhor seria usar a expressão “guerras do terror” – e como aqueles assumidos pelo Daesh em território oriental e europeu, acabaram por transformar o mundo num pesadelo. A guerra e o terrorismo, hoje, são commodities, produtos à venda no mercado trilionário da indústria bélica e das empresas que agenciam mercenários para as linhas de frente dos conflitos armados. Estamos falando de grupos poderosos, capazes de impor seus interesses a governos e obrigá-los a assumir a beligerância como política de Estado.

Desde o ataque de terror nuclear contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasáki, em 6 e 9 de agosto de 1945, cerca de 55 milhões de pessoas foram assassinadas como resultado do colonialismo e do neocolonialismo, ou seja, da ação terrorista de governos ocidentais.

Nesse período relativamente curto ocorreu o maior número de massacres da história da humanidade, perpetrados, em sua maioria, pelos Estados Unidos, que alegam agir em nome da “liberdade” e da “democracia”. Na verdade, porém, o objetivo é o saque de riquezas alheias, além da dominação do território e dos povos atacados.

Poderíamos enumerar dezenas de casos, como o do Vietnã, que a força aérea estadunidense bombardeou com armas químicas altamente tóxicas. Até hoje, 46 anos após o fim daquela guerra de agressão terrorista injustificada, nascem crianças com deformações físicas e mentais em consequência das substâncias utilizadas pelos Estados Unidos, como o agente laranja, produzido pela Monsanto. Essas deformações também são comuns no Iraque, invadido e atacado militarmente pelos Estados Unidos e a Inglaterra em março de 2003, decisão unilateral e ilegal do presidente estadunidense George Bush que custou a vida de milhões de pessoas. Ambos os casos exemplificam bem o terrorismo de Estado, traduzido em guerras imperialistas em que foram cometidos crimes contra a humanidade até hoje impunes.

Com Israel não é diferente. Os sionistas se apoiam em fraudes históricas para se considerar inimputáveis perante o mundo. Julgam-se livres para cometer ocupação, roubo de terras e de fontes de água, destruição de um país e de seu povo, genocídio e outros crimes contra a humanidade, em nome de uma suposta preferência de Deus por eles.

Diante desse quadro de extremo terror e violência, cresce a importância das organizações não governamentais, que, em trabalhos humanitários, aliviam um pouco o sofrimento das vítimas do terrorismo e das guerras do terror. Membros de grupos como o Médicos Sem Fronteiras e vários outros, menores e anônimos, muitas vezes pagam com a vida a coragem de levar medicamentos e tratamentos às vítimas do terror. Infelizmente, alguns desses grupos, incluindo o Médicos Sem Fronteiras, vêm sendo criminosamente usados por potências estrangeiras, que neles infiltram agentes para tarefas de espionagem, desestabilização de países e apoio a terroristas. O Sudão do Sul é um exemplo disso, como denuncia o jornalista, escritor e analista de geopolítica F. William Engdahl, autor do livro Geheimakte NGOs (Arquivos secretos de ONGs, em tradução livre), em entrevista ao jornalista e editor alemão Ludwig Watzal.

Na entrevista e no livro, Engdahl explica como a CIA, do governo Reagan em diante, passou a criar ONGs que executam parte do “serviço sujo” realizado pela agência, na tentativa de reduzir sua má reputação e dissimular seus métodos, já bem conhecidos por agentes estrangeiros. Dessa rede fazem parte a NED, National Endowment for Democracy, a Freedom House e a Open Society, de George Soros, que em 2014 abriu escritório no Rio de Janeiro e teria sido uma das patrocinadoras do golpe de Estado que afastou a presidenta Dilma Rousseff. “Cada grande regime atacado pelo governo dos Estados Unidos desde então, entre eles o Solidarnosc, na Polônia, o golpe de Yeltsin apoiado pela CIA, a Revolução Laranja na Ucrânia em 2004, as insurreições no Tibete em 2008, a Primavera Árabe de 2011 até hoje – todos foram elaborados por este grupo de ONGs muito bem selecionadas”, diz o texto, na edição em português.

Outras ONGs surgiram no rastro da ideia da CIA. Usando falsamente a bandeira de direitos humanos e de trabalho humanitário, elas agem como espiãs de governos e corporações que devastam, ocupam e exploram a riqueza do Oriente Médio. Certos autodenominados “observatórios de direitos humanos” cumpriram esse papel na Líbia e ainda o cumprem na Síria. Com informantes em locais estratégicos, noticiam ataques terroristas como se tivessem sido realizados pelo governo que querem derrubar. Caso dramático é o dos White Helmets, os Capacetes Brancos, suposto grupo de ajuda humanitária acusado de provocar até mesmo ataques químicos terroristas na Síria e filmar seus efeitos na população, responsabilizando o governo de Bashar al-Assad por eles. Também são acusados de treinar e armar os terroristas do Daesh e de grupos afins em ação na Síria.

Do outro lado do espectro político temos os corajosos militantes da Freedom Flotilla, que várias vezes tentaram chegar a Gaza por mar. Seus barcos foram atacados pelas forças armadas sionistas, que não hesitaram em infringir o direito dos povos ao capturar embarcações e ativistas em águas internacionais, torturá-los, confiscar os bens que levavam e mantê-los detidos por longos dias em prisões israelenses. Há também as ONGs que lidam com refugiados em território europeu, salvando-os do mar e tentando protegê-los do preconceito. Seus membros sofrem a rejeição de grande parte dos conterrâneos e dos próprios governos dos países onde vivem e nasceram.

Em outubro de 2011, para evitar a violência dos colonos sionistas contra os agricultores palestinos durante a colheita de azeitona, um grupo de palestinos fundou o Refusing to Die in Silence (Recusamo-nos a Morrer em Silêncio), com o apoio financeiro de uma ONG espanhola. Diversos carros percorriam a Palestina, levando ativistas e jornalistas de vários países. Uma central telefônica em Ramallah recebia os chamados dos agricultores atacados por colonos sionistas e os repassava aos veículos. O que estivesse mais próximo do local do atentado ia até lá. Os ativistas e jornalistas, com câmaras fotográficas e de vídeo, registravam os ataques, constrangendo os colonos sionistas, que então se afastavam. A jornalista brasileira Baby Siqueira Abrão participou da campanha em Nablus e em Burin. Ela conta que também se reuniu a militantes estrangeiros que ajudavam na colheita de azeitonas com o objetivo de desencorajar os ataques terroristas dos colonos sionistas. “Vi plantações arrasadas, oliveiras milenares queimadas, animais mortos; ouvi relatos de agricultores vítimas de pedradas, vi suas lágrimas pela perda de parte dos olivais com os quais planejavam sustentar suas famílias por um ano, até a próxima colheita. Também vi drones deixando rastros brancos no céu, espalhando substâncias químicas que impediram o crescimento das azeitonas, tornando-as menores e mais amargas do que o normal”, conta a jornalista. A colheita da azeitona, é bom que se diga, é a atividade mais importante de uma economia como a palestina, baseada na agricultura.

Há ONGs que denunciam a existência de cárceres sionistas, onde mais de cinco mil prisioneiros palestinos estão amontoados, sem acusação formal e sem processo constituído – portanto, sem direito à defesa. Segundo a ONG israelense B’Tselem, cerca de 93% das crianças palestinas detidas na Cisjordânia foram julgadas por tribunais militares israelenses e condenadas a penas de até 20 anos – como estabelece uma lei recente de Israel – pelo “crime” de atirar pedras em tanques de guerra e outros veículos blindados que matam palestinos com armas modernas.

Outras ONGs que buscam a proteção dos palestinos são o Comitê Palestino pela Paz e a Solidariedade (PCPS), o Comitê de Paz e Solidariedade de Israel (PSCI), Adala (voltada aos prisioneiros palestinos) e o Movimento de Solidariedade Internacional, o ISM, fundado e coordenado conjuntamente por palestinos e israelenses.

Interromper a ação terrorista no mundo é possível, a nosso ver, se todas as pessoas que desejam a prevalência da cultura da paz trabalharem dia e noite pelo respeito aos direitos humanos e à soberania dos povos. Essas pessoas podem criar ONGs e unir-se a entidades como o Conselho Mundial da Paz (World Peace Council), fundado na Europa em 1949 por membros da Resistência antifascista para lutar contra as guerras e pelo desarmamento nuclear, contra a opressão, o colonialismo e o imperialismo. O Conselho tem se destacado igualmente em campanhas contra a ocupação sionista da Palestina.

No Brasil, temos, entre outros, o Cebrapaz, Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, uma organização que mobiliza indivíduos e grupos empenhados na luta internacional por justiça, soberania dos povos e nações, por direitos humanos e pela paz, em oposição resoluta à opressão, à exploração, às guerras, ao colonialismo, ao neocolonialismo e ao imperialismo.

A rigor, porém, as ONGs e os movimentos sociais pouco podem fazer para proteger efetivamente as populações vítimas de terrorismo, uma vez que não dispõem de sistemas antimísseis, por exemplo, nem infraestrutura militar, necessários para o enfrentamento de grupos terroristas portadores de armas sofisticadas, fartamente patrocinados por EUA-OTAN-Israel.

Mas existem aquelas abnegadas que lutam pela paz, que disseminam a cultura da paz, que denunciam e condenam fortemente o terrorismo e o extremismo.

Infelizmente, a constatação que fazemos é a de que a nossa Jihad, isto é, o nosso esforço para vencer o terrorismo e o extremismo, ainda está longe de se concretizar. E deverá ser longa, porque a principal fonte do terrorismo e do extremismo, os Estados Unidos, atuam imunes a todo tipo de julgamento.

Quando foi constituída a Corte Mundial, em 1946, sucedida pela Corte Internacional de Justiça, os Estados Unidos só aderiram a ela sob a condição de que o país não seria ajuizado sob nenhum tratado internacional, ou seja, não seria processado com base na Carta das Nações Unidas, na Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA), nas Convenções de Genebra. Assim, os Estados Unidos tornaram-se imunes a penalidades pelos crimes que cometem no mundo.

Além disso, o Congresso estadunidense aprovou a Lei de Proteção aos Membros de Serviços Americanos (American Service Members Protection Act), sancionada pelo presidente George W. Bush em 2012. Essa lei tem o propósito declarado e nada sutil de “proteger o pessoal militar dos Estados Unidos e outras autoridades eleitas ou indicadas do governo dos Estados Unidos contra processo criminal pelo Tribunal Penal Internacional, do qual os Estados Unidos não são signatários”.

Esse absurdo jurídico autoriza o presidente dos Estados Unidos a usar de “todos os meios necessários e apropriados para viabilizar a liberação de qualquer pessoal dos EUA, ou de países aliados, que for detido ou encarcerado pela, em nome de, ou à requisição do Tribunal Penal Internacional”.

Ou seja, o presidente dos Estados Unidos pode, por exemplo, enviar seus mariners para invadir o Tribunal de Haia a fim de libertar qualquer cidadão estadunidense detido pelo TPI. Por isso, a lei é frequentemente chamada de Lei da Invasão de Haia (The Hague Invasion Act).

Apesar da dura realidade dos nossos dias, porém, nós não desanimamos. Somos sabirin, perseverantes. Seguimos firmes, inspirados por Allah, Exaltado seja, que nos diz, por meio do profeta Mohammed, seu Mensageiro, no Alcorão Sagrado: “Ó vós que credes! Sedes firmes na justiça, como testemunhas de Deus, ainda que seja contra vós mesmos, ou contra seus pais e parentes, ou que seja contra rico ou pobre” (Alcorão 4:135).

*Baby Siqueira Abrão, jornalista e escritora, foi correspondente do jornal Brasil de Fato no Oriente Médio, sediada da Palestina, e é membro do Cebrapaz-SP. Marcos Tenório é diretor do Cebrapaz, Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz. Ambos são muçulmanos, militantes por justiça social, direitos, soberania e paz entre os povos.

 

 

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