Como alcançar o grau dos companheiros?

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

Deus, o altíssimo, disse: “Deus afirmará os fiéis com a palavra firme da vida terrena, tão bem como na outra vida; e deixará que os iníquos se desviem, porque procede como Lhe apraz”. (Surata 7)

Na semana passada celebramos um grande evento chamado Al-Ghadir. Este o qual é considerado “a maior das festividades de Deus” pelas palavras do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) ocorreu quando 120 mil muçulmanos o ouviram, compreenderam e confirmaram a ordem de nomeação de Ali ibn abi Taleb (A.S.) como seu sucessor legitimo e guia após seu falecimento.

Mas, uma grande tragédia ocorreu após o falecimento do Profeta (S.A.A.S.). A nação não seguiu seu conselho e um pequeno grupo de pessoas decidiu mudar o rumo da nação seguindo a direção diferente do que foi determinada por Deus e apresentado pelo mensageiro de Deus (S.A.A.S.). A pergunta é: Onde estavam os mais de 120 mil muçulmanos presentes que testemunharam o discurso de Ghadir e ouviram as palavras do Profeta Mohammad (S.A.A.S.) anunciando claramente que Ali (A.S.) seria o seu sucessor e ninguém mais? Por que eles não se empenharam em colocar em prática o testamento do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) e fazer a vontade de Deus?

A resposta é muito triste: Mesmo sendo muitos, a falta de LEALDADE e COMPROMISSO com a mensagem do Islam e com as palavras do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) levou estas pessoas a simplesmente não se empenharem e nem se preocuparem em cumprir o testamento do Profeta Mohammad (S.A.A.S.). Tirando os companheiros próximos e leais do Profeta (S.A.A.S.) e dos Ahlul Bait (A.S.), e pequenas comunidades aqui e ali, os muçulmanos em geral não se preocuparam em corrigir esta falha logo no começo, pois não tinham muito interesse e nem imaginariam que este erro seria o que levaria a tantas divisões, guerras sangrentas e desvios da nação islâmica.

Os companheiros leais

Falando sobre a lealdade e compromisso com o Islam e o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.), alguns dos companheiros mais próximos do Profeta (S.A.A.S.) eram verdadeiramente leais aos ensinamentos e ideais que aprenderam com o seu mestre, o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.). Estes, que eram poucos, se mantiveram na linha até o último momento de suas vidas, sem simplesmente pensarem em abrir mão de seus valores. Não se renderam à vontade dos governantes opressores da época, pois esta não era uma questão de escolha e sim de fé e verdade, pois para eles a verdade estava clara e estavam seguindo seus passos, no caminho certo.

Maitham Attamar

Estes companheiros não foram muitos, mas foram suficientes para ornamentarem e embelezarem as páginas aflitas da história do Islam com seus gestos de lealdade e compromisso com a justiça e a verdade. Um destes homens foi Maitham Attamar, o qual era exemplo de lealdade e fidelidade aos Ahlul Bait (A.S.). O amor e o afeto que ele sentia aos Ahlul Bait (A.S.) não era exagerado, pois ele seguia a ordem de Deus quando revelou o versículo sobre o profeta Mohammad, que dizia: “Não vos peço recompensa alguma por isso, exceto o amor por meus parentes próximos (Ahlul Bait)”. (42:23)

Maitham Attamar, cujo era um escravo e tinha sido comprado e libertado pelo Imam Ali (A.S.), foi leal até em seus últimos momentos de vida, pois ele tinha aprendido do seu mestre, o Profeta Mohammad (S.A.A.S.), e seu primo e sucessor, Ali ibn abi Taleb (A.S.), que: “A lealdade era a mais nobre das condutas”. Este homem era um dos companheiros mais próximos e íntimos do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) e do Imam Ali (A.S.), e em toda sua vida não pensou duas vezes em seguir as orientações e ordens deles, pois sabia que a vontade do Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) é a vontade de Deus, sendo que o Profeta (S.A.A.S.) jamais fala ou ordena por um capricho ou desejo próprio. Este homem foi perseguido, torturado e pressionado, tudo em troca de abrir mão de sua lealdade ao Imam Ali (A.S.), mas ele não se rendeu. Ele continuou firme e leal a seus ideais até que foi mutilado e martirizado em 19 de Zul Hijjah, pelo opressor e governante de Kufa, Ubaidillah ibn Ziyad, que Deus o amaldiçoe.

A pergunta que fazemos é: Como Maitham e demais companheiros chegaram a este grau tão elevado? Como ele conquistou esta fé e lealdade?

A resposta desta pergunta está no versículo que citamos acima, onde Deus cita um termo que é “Al-Qaul Al-Thabet”, cujo a tradução é “a palavra firme”. Qual é a interpretação deste termo?

Al-Qaul Al-Thabet, ou “a palavra firme”, significa a pratica e a execução da fé e da crença. É de extrema importância que quando alegamos fé em Deus e em sua mensagem, que façamos isso em prática, e que a crença em Deus e em sua mensagem possa ser traduzida em nossa conduta não apenas em nossa mente e língua.

Do que adianta alegar que eu amo a Deus, mas não faço o que Deus gosta?

Do que adianta alegar que ama o bem e não fazer o bem?

Do que adianta alegar que é contra o mal, e nós mesmos não evitamos a pratica do mal?

E assim por diante, a fé ou crença se não for executada não tem a mínima validade, e foi este o principal diferencial dos companheiros leais aos Ahlul Bait (A.S.), pois de nada valeria se eles alegassem amor aos Ahlul Bait (A.S.) e não provassem isso.

É justamente por isso que Deus cita no Alcorão Sagrado: “… Os fiéis que praticam o bem…” (2:25) Pois a fé sempre estará vinculada a prática, e sem prática a fé é incompleta.

Sala de Aula

Sendo assim a principal diferença entre os próprios fiéis é esta, a prática e ação, e só depois que começamos a agir e praticar nossa fé que podemos ser verdadeiramente considerados fieis e obedientes a Deus, só a partir deste momento que Deus começará a nos firmar mais ainda na fé e nos agraciar com Sua orientação. Não é que Deus só orienta e os fiéis, mas é que eles são as pessoas mais atentas a Deus e aos seus ensinamentos, e portanto sua parcela será diferente dos outros. É como uma sala de aula, quando um professor dá a sua aula todos ouvem e são iguais, mas entre os alunos há alguns que são desatentos, alguns que não estão nem aí com a aula pensando em outras coisas, alguns conversando, já outros estão bem atentos, anotando tudo e bem alertas com tudo que o professor diz. Estes alunos aproveitaram mais da aula e em contra partida o professor se dedicará mais a eles, mas isso não significa que os outros estão sendo excluídos, e sim são eles que estão desatentos e não querem aproveitar do momento de aprendizado.

Amor e rejeição

Além do amor aos Ahlul Bait (A.S.) é extremamente importante rejeitarmos e condenarmos os inimigos dos Ahlul Bait (A.S.), cujo são inimigos de Deus. Esta ligação entre uma questão e outra é de extrema importância, pois não tem como amar a Deus e Satã ao mesmo tempo. Do mesmo modo e na mesma medida que o afeto, a obediência e o amor aos Ahlul Bait (A.S.) são de extrema importância para alcançarmos a salvação nesta e na outra vida, condenarmos os inimigos dos Ahlul Bait (A.S.) representa e tem um valor imenso. São duas caras para a mesma moeda que se chamada Al-Wala´, ou seja, lealdade e obediência, sendo que a obediência aos Ahlul Bait (A.S.) é uma das mais certas que levará ao destino da felicidade.

O Profeta Mohammad (S.A.A.S.) tem centenas de ditos sobre esta questão. Em um deles ele disse a Ali (A.S.): “Ó Ali, juro pelo que me enviou com a profecia e me escolheu entre toda a humanidade, se um servo adorar a Deus por mil anos está adoração não será acatada exceto se estiver acompanhada de sua Wilayah e da Wilayah dos Imames de sua descendência. Ao mesmo tempo a Wilayah a ti não será acatada exceto se for acompanhada da rejeição aos seus inimigos e aos inimigos dos Imames de sua descendência. Isso me foi revelado por Gabriel…”.

Ao mesmo tempo, se apegar na Wilayah não é simplesmente uma fala na língua e sim uma prática, pois o Imam Assadiq (A.S.) dizia quem eram os verdadeiros seguidores e xiitas dos Ahlul Bait (A.S.): “Os nossos seguidores são os tementes, diligentes, leais, confiáveis, o povo da mística e da devoção”.

Louvado seja, Deus, o Senhor do Universo.

Aula ministrada por: Nasser Khazraji
Data: 25/07/2020

 

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