21ª SURATA

“AL AMBIYÁ”

(OS PROFETAS)

Esta Surata de 112 versículos foi revelada no final do período de Makka da missão do Mensageiro. Esta Surata começa com os obstáculos externos colocados pelo Mal contra as purificações e dá a garantia do poder de Allah para defender os seres humanos, ilustrando isso com referência à luta de Abraão contra a idolatria, a luta de Lot contra a injustiça e a falha em proclamar a glória de Allah para fazer uso completo de Allah, dar faculdades e poderes ao ser humano, do Jó contra a impaciência, de Ismael, Idris e Zul Quifl contra o desejo da constante perseverança, de Zul Nun contra a zanga ligeira, de Zakariya contra o isolamento espiritual e de Maria contra a luxúria deste mundo. Em cada alusão há um ponto especial da purificação da alma.

Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso.

1. Aproxima-se dos homens a prestação de contas os quais, apesar disso, estão desdenhosamente desatentos.

2. Nunca lhes chegou uma nova mensagem de seu Senhor, que não a escutassem, senão com o fito de fazer dela uma brincadeira,

3. Com os seus corações entregues à divagação. Os injustos dizem, confidencialmente: Acaso, este não é um homem como vós? Iríeis à feitiçaria conscientemente?

4. Dize: Meu Senhor conhece tudo quanto é dito nos céus e na terra, porque Ele é o Oniouvinte, o Onisciente.

5. Porém, afirmam: É uma mistura de sonhos! Ele o forjou! Qual! É um poeta! Que nos apresente, então, algum sinal, como os enviados aos primeiros (mensageiros)!

6. Nenhum dos habitantes das cidades que exterminamos, anteriormente a eles, acreditou. Crerão eles?

7. Antes de ti não enviamos nada além de homens, que inspiramos. Perguntai-o, pois, aos adeptos da Mensagem, se o ignorais!

8. Não os dotamos de corpos que pudessem prescindir de alimentos, nem tampouco foram imortais.

9. Então, cumprimos a Nossa promessa para com eles e os salvamos, juntamente com os que quisemos, e exterminamos os transgressores.

10. Enviamos-vos o Livro, que encerra uma Mensagem para vós; não raciocinais?

11. Quantas populações de cidades exterminamos, por sua iniquidade, e as suplantamos por outras?

12. Porém, quando se deram conta do Nosso castigo, eis que tentaram fugir dele precipitadamente.

13. Não fujais! Voltai ao que vos foi concedido e às vossas moradas, a fim de que sejais interrogados!

14. Disseram: Ai de nós! Em verdade, fomos injustos!

15. E não cessou esta sua lamentação, até que os deixamos inertes, tal qual plantas cortadas.

16. Não criamos os céus e a terra e tudo quanto existe entre ambos por mero passatempo.

17. E se quiséssemos diversão, tê-la-íamos encontrado entre as coisas próximas de Nós, se é que faríamos (tal coisa).

18. Qual! Arremessamos a verdade sobre a falsidade, o que a anula. Ei-la desvanecida. Ai de vós, pelas falsas coisas com que (Nos) descreveis!

19. Seu é tudo o que existe nos céus e na terra; e todos quanto se acham em Sua Presença, não se ensoberbecem em adorá-Lo, nem se enfadam disso.

20. Glorificam-No noite e dia, e não ficam exaustos.

21. Ou (será que) adotaram divindades da terra, que podem ressuscitar os mortos?

22. Se houvesse nos céus e na terra outras divindades além de Allah, (céus e terra) já se teriam desordenado. Glorificado seja Allah, Senhor do Trono, por tudo quanto Lhe atribuem!

23. Ele não poderá ser questionado quanto ao que faz; eles sim, serão interpelados.

24. Adotarão, porventura, outras divindades além d’Ele? Dize-lhes: Apresentai vossa prova! Eis aqui a Mensagem daqueles que estão comigo e a Mensagem daqueles que me precederam. Porém, a maioria deles não conhece a verdade, desdenhando-a.

25. Jamais enviamos mensageiro algum, antes de ti, sem que lhe tivéssemos revelado que: Não há outra divindade além de Mim, portanto, adora-Me!

26. E dizem: O Clemente teve um filho! Glorificado seja! Qual! São apenas servos veneráveis (esses a quem chamam de filhos),

27. Que jamais se antecipam a Ele no falar, e que agem sob o Seu comando.

28. Ele conhece tanto o que houve antes deles como o que haverá depois deles, e não poderão interceder em favor de ninguém, salvo de quem a Ele aprouver; ficam temerosos e reverentes perante a Sua glória.

29. E quem quer que seja, entre eles, que disser: Em verdade eu sou Allah, junto a Ele! condená-lo-emos ao inferno. Assim castigamos os injustos.

30. Não veem, acaso, os incrédulos, que os céus e a terra eram uma só massa, que desagregamos, e que criamos todos os seres vivos da água? Não creem ainda?

31. E produzimos firmes montanhas na terra, para que esta não oscilasse com eles, e traçamos, entre aquelas, desfiladeiros como caminhos, para que se orientassem.

32. E fizemos o céu como abóbada bem protegida; e, apesar disso, desdenham os sinais para as quais essas coisas apontam.

33. Ele foi Quem criou a noite e o dia, o sol e a lua; cada qual (dos corpos celestes) gravita em sua respectiva órbita.

34. Jamais concedemos imortalidade a ser humano algum, anterior a ti. Porventura, se tu morresses, iriam eles viver permanentemente?

35. Toda a alma provará o gosto da morte, e vos provaremos com o mal e com o bem, à guisa de tentação, e a Nós retornareis.

36. E, quando os incrédulos te veem, não te tratam senão com zombarias, dizendo: É este que fala sobre os vossos deuses? E blasfemam, à menção do Clemente.

37. O homem é, por natureza, impaciente. Não vos apresseis, pois logo vos mostrarei os Meus sinais!

38. E perguntaram: Quando se cumprirá esta promessa, se estais certos?

39. Ah, se os incrédulos conhecessem o momento em que não poderão evitar o fogo sobre seus rostos e suas espáduas, nem tampouco serem socorridos!

40. Pelo contrário, surpreendê-los-á (o fogo) inadvertidamente e os aniquilará. Não poderão desviar-se dele, nem serão tolerados.

41. Mensageiros anteriores a ti foram escarnecidos; porém, os escarnecedores envolveram-se naquilo de que escarneciam.

42. Dize: Quem poderá proteger-vos, à noite e de dia, (do castigo) do Clemente? Sem dúvida, eles desdenham à menção do seu Senhor.

43. Ou têm, acaso, divindades que os defendem de Nós? Não podem sequer socorrer a si mesmos, nem estarão a salvo de Nós!

44. Contudo, agraciamo-los, tanto a eles como a seus pais, e até lhes prolongamos a vida. Porém, não reparam, acaso, em que temos assolado a terra, reduzindo-a em suas bordas? São eles, porventura, os vencedores?

45. Dize-lhes: Só vos admoesto com a revelação; no entanto, os surdos não ouvem a predicação, mesmo quando são admoestados.

46. Mas, quando um resquício do castigo de teu Senhor os toca, dizem: Ai de nós! Em verdade, fomos injustos!

47. E instalaremos as balanças da justiça para o Dia da Ressurreição. Nenhuma alma será defraudada no mínimo que seja; mesmo se for do peso de um grão de mostarda, tê-lo-emos em conta. Bastamos Nós por cômputo.

48. Havíamos concedido a Moisés e a Aarão o Discernimento, luz e mensagem para os devotos,

49. Que temem intimamente seu Senhor e são reverentes, quanto à Hora.

50. Esta é uma Mensagem bendita, que revelamos. Atrever-vos-eis a negá-la?

51. Anteriormente concedemos a Abraão a sua integridade, porque o sabíamos digno disso.

52. Ao perguntar ao seu pai e ao seu povo: Que significam esses ídolos, aos quais vos devotais?

53. Responderam: Encontramos nossos pais a adorá-los.

54. Disse-lhes (Abraão): Sem dúvida que vós e os vossos pais estais em evidente erro.

55. Inquiriram-no: Trouxeste-nos a verdade, ou tu és um dos tantos brincalhões?

56. Respondeu-lhes: Não! Vosso Senhor é o Senhor dos céus e da terra, os quais criou, e eu sou um dos testemunhadores disso.

57. Por Allah que tenho um plano para os vossos ídolos, logo que tiverdes partido…

58. E os reduziu a fragmentos, menos o maior deles, para que, quando voltassem, se recordassem dele.

59. Perguntaram, então: Quem fez isto com os nossos deuses? Ele deve ser um dos injustos!

60. Disseram: Temos conhecimento de um jovem que falava deles. É chamado Abraão.

61. Disseram: Trazei-o à presença do povo, para que testemunhem.

62. Perguntaram: Foste tu, ó Abraão, que fizeste isso com os nossos deuses?

63. Respondeu: Não! Foi o maior deles. Interrogai-os, pois, se é que podem falar inteligivelmente.

64. E confabularam, dizendo entre si: Em verdade, vós estais em erro.

65. Logo voltaram a cair em confusão e disseram: Tu bem sabes que eles não falam.

66. Então, (Abraão) lhes disse: Porventura, adorais, em vez de Allah, quem não pode beneficiar-vos ou prejudicar-vos em nada?

67. Que vergonha para vós e para os que adorais, em vez de Allah! Não raciocinais?

68. Disseram: Queimai-o e protegei os vossos deuses, se o puderdes (de algum modo)!

69. Porém, ordenamos: Ó fogo, sê frescor e poupa Abraão!

70. Intentaram conspirar contra ele, porém, fizemo-los perdedores.

71. E o salvamos, juntamente com Lot, conduzindo-os à terra que abençoamos para a humanidade.

72. E o agraciamos com Isaac e Jacó, como um dom adicional, e a todos fizemos virtuosos.

73. E os designamos líderes, para que guiassem os demais segundo os Nossos desígnios, e lhes inspiramos a prática do bem, a observância da oração, o pagamento do zakat, e foram Nossos adoradores.

74. E concedemos a Lot a prudência e a sabedoria, salvando-o da cidade que se havia entregue às obscenidades, porque era habitada por um povo vil e depravado.

75. E o amparamos em Nossa misericórdia, porque era um dos virtuosos.

76. E (recorda-te de) Noé quando, tempos atrás, nos implorou e o atendemos e o salvamos, juntamente com a sua família, da grande aflição.

77. E o socorremos contra o povo que desmentia os Nossos versículos, porquanto era um povo vil; eis que os afogamos a todos!

78. E de Davi e de Salomão, quando emitiram um julgamento sobre certa plantação, onde as ovelhas de certo povo haviam pastado durante a noite, sendo Nós Testemunha do seu juízo.

79. E fizemos Salomão compreender a causa. E dotamos ambos de prudência e sabedoria. E submetemos a ele e a Davi as montanhas e os pássaros, para que Nos glorificassem. E fomos Nós o Autor.

80. E lhe ensinamos a arte de fazer armaduras para vós, a fim de vos protegerem das vossas violências mútuas. Não estais agradecidos?

81. E submetemos a Salomão o vento impetuoso, que sopra a seu capricho, para a terra que Nós abençoamos, porque somos Onisciente.

82. E também (lhe submetemos) alguns demônios que, no mar, mergulhavam para ele, além de outras tarefas, sendo Nós o seu custódio.

83. E (recorda-te) de quando Jó invocou ao seu Senhor (dizendo): Em verdade, a adversidade tem-me açoitado; porém, Tu és o mais clemente dos misericordiosos!

84. E o atendemos e o libertamos do mal que o afligia; restituímos-lhe a família, duplicando-a, como acréscimo, em virtude da Nossa misericórdia, e para que servisse de mensagem para os adoradores.

85. E (recorda-te) de Ismael, de Idris (Enoc) e de Zul-Quifl, porque todos se contavam entre os perseverantes.

86. Amparamo-los em Nossa misericórdia, porque se contavam entre os virtuosos.

87. E (recorda-te) de Zan-Nun quando partiu, bravo, crendo que não poderíamos controlá-lo. (Depois) Clamou nas trevas: Não há mais divindade do que Tu! Glorificado sejas! É certo que me contava entre os injustos!

88. E o atendemos e o libertamos da angústia. Assim salvamos os crentes.

89. E (recorda-te) de Zacarias quando implorou ao seu Senhor: Ó Senhor meu, não me deixes sem prole, não obstante seres Tu o melhor dos herdeiros!

90. E o atendemos e o agraciamos com Yahia (João), e curamos sua mulher (da esterilidade); um procurava sobrepujar o outro nas boas ações, recorrendo a Nós com afeição e temor, e sendo humildes a Nós.

91. E (recorda-te) também daquela que conservou a sua castidade (Maria) e a quem alentamos com o Nosso Espírito, fazendo dela e de seu filho sinais para a humanidade.

92. Esta vossa comunidade é uma comunidade única, e Eu sou o vosso Senhor. Adorai-Me, portanto (e a nenhum outro)!

93. Mas (as gerações posteriores) se dividiram mutuamente em sua unidade; e todos voltarão a Nós!

94. Mas quem praticar o bem e for, ademais, crente, saberá que seus esforços não serão inutilizados, porque os anotamos todos.

95. Está proibido o ressurgimento de toda população que temos destruído; seus integrantes não retornarão,

96. Até ao instante em que for aberta a barreira do (povo de) Gog e Magog e todos se precipitarem por todas as colinas,

97. E se aproximar a verdadeira promessa. E eis os olhares fixos dos incrédulos, que exclamarão: Ai de nós! Estivemos desatentos quanto a isto; qual, fomos uns injustos!

98. Vós, com tudo quanto adorais, em vez de Allah, sereis combustíveis do inferno, no qual entrareis, por certo.

99. Se houvessem aqueles sido deuses, não o teriam adentrado; ali todos permanecerão eternamente,

100. Onde se lamentarão, mas não serão ouvidos.

101. Em verdade, aqueles a quem predestinamos o Nosso bem, serão afastados disso.

102. Não ouvirão a crepitação (da fogueira) e desfrutarão eternamente de tudo quanto à sua alma apetecer.

103. E o grande terror não os atribulará, e os anjos os receberão, dizendo-lhes: Eis aqui o dia que vos fora prometido!

104. Será o dia em que enrolaremos o firmamento como a um rolo de pergaminho. Do mesmo modo como originamos a criação, reproduzi-la-emos. É uma promessa que fazemos, e certamente a cumpriremos.

105. Temos prescrito, nos Salmos, depois da Mensagem (dada a Moisés), que a terra, herdá-la-ão os Meus servos virtuosos.

106. Nisto há uma mensagem para os adoradores.

107. E não te enviamos, senão como misericórdia para a humanidade.

108. Dize: Em verdade, tem-me sido revelado que o vosso Deus é um Deus Único. Sereis portanto submissos?

109. Todavia, se se recusarem a sê-lo, dize-lhes: Tenho proclamado a mensagem a todos por igual, mas não sei se está próximo ou remoto o que vos foi prometido.

110. Ele sabe tanto o que manifestais por palavras, como conhece o que ocultais.

111. Ignoro se isto constitui para vós uma prova ou um gozo transitório.

112. Dize: Ó meu Senhor, julga com equidade! Nosso Senhor é o Clemente, a Quem se recorre, contra o que blasfemais.

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